sábado, 16 de fevereiro de 2013

Breve Introdução ao Racionalismo crítico de Popper



Breve Introdução ao Racionalismo crítico de Karl Raimund Popper


O físico, matemático e filósofo britânico Karl Popper (1902-1994) propôs como única possibilidade para o saber científico o 'critério da falseabilidade' ou da 'não refutabilidade'.










Popper defendeu que houve mudança no conceito filosófico-científico da 'verdade'. Durante muitos séculos, a verdade foi considerada como a "correspondência exata entre uma ideia ou um conceito e a realidade", mas, em fins do século XIX, foi proposta uma teoria da "verdade como coerência interna entre conceitos". Na concepção anterior, o falso acontecia quando uma ideia não correspondia à coisa que deveria representar. Na nova concepção, o falso é a perda da coerência de uma teoria, quando comparada aos fatos, ou seja, a "existência de contradições entre seus princípios ou entre estes e alguns de seus conceitos".

Popper também afirmou que "mudanças científicas são uma consequência da concepção da verdade como coerência teórica", propondo que uma teoria científica seja avaliada pela possibilidade de ser falsa ou de ser falsificada. (Popper contraria, assim, o critério da verificabilidade, que estudaremos melhor quando abordarmos as análises de outro grande filósofo, T. Kuhn).

Assim, em síntese, segundo Popper, uma teoria científica é tão "mais boa", quanto mais estiver aberta a fatos novos que possam tornar falsos os princípios e os conceitos em que essa mesma teoria se baseia. Noutras palavras, o valor de uma teoria não se mede por sua verdade, mas pela maior possibilidade de ser falsificável.

A falseabilidade seria o critério de avaliação das teorias científicas e garantiria a ideia de progresso científico. Qualquer teoria não passa, portanto, de uma conjectura. Nenhuma teoria pode ser de fato verificada empiricamente. Do “ponto de vista lógico”, diz Popper:
“não é nada óbvio que se justifique inferir assertivas universais a partir de assertivas singulares, por mais numerosas que sejam estas últimas. Com efeito, qualquer conclusão tirada desse modo, sempre se revelará falsa: por mais numerosos que sejam os casos de cisnes brancos que possamos ter observado, isso não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos”.


Contudo, parte dos filósofos da ciência, dentre os quais se destaca Thomas Kuhn, discorda da posição de Popper. Afirmam que jamais houve um único caso em que uma teoria tivesse sido "falsificada por fatos científicos" ou que os cientistas resolvessem "abandonar um paradigma simplesmente porque um fato novo garantisse a coerência de uma nova teoria em detrimento de outra".

Cada vez que fatos provocaram verdadeiras e grandes mudanças teóricas, essas mudanças não foram feitas no sentido de “melhorar” ou “aprimorar” uma teoria existente, mas no sentido de abandoná-la por uma outra. Assim, segundo os críticos de Popper, o papel do fato científico não seria o de falsear ou falsificar uma teoria, mas sim o de provocar o surgimento de uma nova teoria, a qual dê conta de solucionar os enigmas propostos pela comunidade científica ou mesmo os problemas não solucionados pelo modelo (paradigma) anterior.

síntese elaborada por Silvio Motta Maximino

principal referência bibliográfica: O que é Ciência afinal? de A. F. Chalmers

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