sábado, 30 de março de 2013

O que NÃO é filosofia

O que NÃO é filosofia

filosofia não se faz para "provar" alguma teoria.
Essa nunca foi sua autêntica função.
A filosofia não consiste num “sistema de provas”, ou em algum “método para se provar alguma coisa”...

Encare a filosofia como um "controle de qualidade" do seu pensamento.

Será que nossos pensamentos podem resistir aos mais simples desafios e objeções?

Os argumentos precisam ser testados. Há que verificar seus pontos fracos (falácias), testá-los à exaustão para ver até onde resistem...



A filosofia nao é um bálsamo ou remédio anestésico para as dores humanas...
Inúmeras vezes a mesma filosofia que muitos juram defender, é a mesma que trará incômodos problemas onde antes aparentava reinar paz e tranquilidade...
aí é um "deus nos acuda", cada um corre para um lado, buscando esconder-se nas respostas prontas veiculadas na famosa revista quinzenal ou no telejornal estéril e pasteurizado.

Por vezes cremos que estamos certos, que somos dotados de brilhante raciocínio, que nossas crenças são ótimas e nossas análises, irrefutáveis...
aí vem a filosofia e "puxa o tapete"... a nos tirar de nossa "zona de conforto", nos empurrando do alto das nuvens insanas de nossas opiniões até darmos de cara com o chão duro da realidade dos fatos, bem calçada pela nossa suprema e quase infinita ignorância humana...

A filosofia é “fiscalizadora”: do juízo apressado, do julgamento dogmático, do argumento falacioso, da conclusão apressada, da fantasias da razão...

Então, ao contrário do que muitos pensam, a filosofia veio menos para trazer respostas, do que para propor questões...
veio ela mais para colocar em xeque as respostas já prontas, do que para nos confortar diante da tragédia humana e da incógnita do mundo.


Ela desmascara as ideologias? Pode ser, mas nem sempre é assim. 
Ela pode responder algumas dúvidas? Por certo que sim, mas não é a última nem a melhor das respostas...

O fato é que a filosofia não é uma “doutrina”...  a filosofia não é uma crença, que você se dá ao luxo de adotar...

Ela é apenas a estrada por onde você deve trilhar, goste ou não, se quer que seu pensamento seja razoavelmente entendido pelo seu interlocutor...

Sem seguir as normas elementares do raciocínio lógico, nem o meu, nem o seu discurso poderiam ter sido elaborados, nem tampouco compreendidos...

Ou seja, se você não entendeu ainda, pense que mesmo você execrando a filosofia, mesmo desdenhando dela ou criticando sua aparente "inutilidade", isso em nada muda o fato de que você precisou dela para elaborar seu argumento.
Do contrário, seu discurso seria imprestável para qualquer fim.

Essa advertência é necessária porque é comum confundirem filosofia com algum tipo rigoroso de doutrina, com se ela fosse alguma bula de conselhos morais ou espiritualistas... não se confunda, pois, "doutrina filosófica" com a filosofia, ou com a mesma "atitude de filosofar"...


Filosofar não exige conversão nem aceitação de autoridades, exceto aquela advinda da própria razão impessoal...
Mas, espera um pouco... existe isso que se chama "razão impessoal"?

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