segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O que é uma 'ruptura epistemológica'?


A ruptura epistemológica na visão dos verificacionistas






O filósofo da ciência norte-americano Thomas Kuhn (1922-1996), físico e historiador, designa tais momentos de abandono de um paradigma por outro, como sendo de “ruptura epistemológica”, ou ainda “revolução científica”.








sábado, 16 de fevereiro de 2013

Breve Introdução ao Racionalismo crítico de Popper



Breve Introdução ao Racionalismo crítico de Karl Raimund Popper


O físico, matemático e filósofo britânico Karl Popper (1902-1994) propôs como única possibilidade para o saber científico o 'critério da falseabilidade' ou da 'não refutabilidade'.









sábado, 9 de fevereiro de 2013

Surgimento e Queda de Paradigmas: Há progresso na Ciência?



Surgimento e Queda de Paradigmas
Há progresso na ciência?


Comte - Pai do Positivismo

Houve um tempo em que se pensava que a ciência (assim como ocorreria com a sociedade) evoluia e progredia continuamente, de modo ininterrupto. Tal noção de evolução e de progresso contínuos parte da suposição aparentemente óbvia de que o tempo é uma linha reta sem interrupção, homogênea. Contínuo e cumulativo, o tempo garantiria aperfeiçoamento a todos os seres (naturais e humanos), bem como a todos os produtos culturais de uma certa sociedade. 





O ‘cientificamente provado’ e a questão da ‘verdade’



O ‘cientificamente provado’ e a questão da ‘verdade’


Para o indutivismo clássico, a ciência começa com a observação pura. O observador científico deve ser capaz de registrar objetiva e fielmente o que puder ver, ouvir etc. Ou seja, nesta concepção, preconceitos e subjetivismos de qualquer natureza não cabem no trabalho do homem da ciência. 

Seguindo este raciocínio, devemos concluir que é perfeitamente possível descrever o mundo por meio de afirmações advindas da observação direta, graças ao uso dos sentidos do observador não preconceituoso: o cientista, é lógico! As afirmações a que se chega (proposições de observação) formariam assim a base segura e legítima a partir da qual poderíamos derivar as leis universais e as teorias científicas responsáveis pela descrição objetiva e matematicamente clara destas mesmas leis. Poderíamos discordar deste raciocínioque acabamos de enunciar?

Obviamente que as observações, por mais exaustivas que sejam, sempre serão em número limitado. Sendo a ciência baseada na experiência, por que meios é possível extrair de afirmações singulares e numericamente limitadas (resultantes da observação), as afirmações universais constituintes do conhecimento científico? 

Segundo o epistemólogo A. Chalmers, “a resposta indutivista é que, desde que certas condições sejam satisfeitas, é legítimo generalizar a partir de uma lista finita de proposições de observação singulares para uma lei universal”. Por exemplo, pode ser legítimo generalizar a partir de uma lista finita de proposições de observação referentes a metais aquecidos para a lei “TODOS os metais se expandem quando aquecidos”.

Em síntese, para um indutivista, quais as condições que devem ser satisfeitas para que generalizações sejam consideradas legítimas?

1. o número de proposições de observação que forma a base de uma generalização deve ser grande;

2. as observações devem ser repetidas sob uma ampla variedade de condições;

3. nenhuma proposição de observação deve conflitar com a lei universal derivada

Para entender a visão do indutivista, observe a figura 1 abaixo:


Uma vez que um cientista tem leis e teorias universais à sua disposição, é possível derivar delas várias explicações e previsões. Exemplo: dado que os metais se expandem quando aquecidos, é possível derivar que trilhos contínuos de ferrovias, não interrompidos por pequenos espaços, se alterarão sob o calor do Sol. (O que é ciência, afinal? Chalmers, Alan F.  Tradução: Raul Filker. Editora Brasiliense, 1993)

Chalmers ainda salienta que, segundo essa visão indutivista:

(...) A validade das proposições de observação, quando corretamente alcançada, não vai depender do gosto, da opinião, das esperanças ou expectativas do observador. O mesmo vale para o raciocínio indutivo por meio do qual o conhecimento científico é derivado a partir das proposições de observação”. As proposições de observação que formam a base da ciência são seguras e confiáveis porque sua verdade pode ser averiguada pelo uso direto dos sentidos. Além disso, a confiabilidade das proposições de observação será transmitida às leis e teorias delas derivadas, desde que as condições para as induções legítimas estejam satisfeitas”. (...)


Contudo, contrapondo essa visão do que é o conhecimento científico, ao assistirmos às exposições de diversos físicos em um simpósio, verificamos que existem diversos modelos e abordagens para um mesmo fenômeno físico, apesar de todos eles estarem utilizando o método indutivo e estarem se baseando na “observação sistemática” do comportamento dos átomos.

Todos eles possuem apaixonados defensores que sustentam suas respectivas abordagens com grande entusiasmo, como se eles os levassem ao conhecimento de uma realidade suprema. Muitas vezes duas ou mais abordagens (que podem ser contraditórias entre si) "explicam", aparentemente, um mesmo fenômeno físico cujas divergências estão, invariavelmente, fundamentadas nos diferentes comportamentos dos seus constituintes, quando submetidos a diferentes condições e/ou nos tratamentos teóricos que lhes são dados posteriormente.

Se fôssemos ingênuos para acreditar em todos esses modelos, teríamos tantas realidades quanto temos teorias para “explicá-las”. Segundo alguns filósofos, a causa da divergência no entendimento de uma realidade pode estar relacionada ao método científico utilizado. Assim, tal método não poderia determinar o que é a nossa realidade, mas tão somente o que ela aparenta ser.

Mas, poder-se-ia questionar: como não confiar na ciência se os seus resultados são extremamente relevantes? E como pode obter esses resultados sem conhecer a realidade que está manipulando?

Há uma tendência em aceitarmos como verdades permanentes as teorias propostas pela ciência, nos colocando em uma posição passiva sob o argumento de que: "isso não se pode contestar, pois está provado cientificamente". Será que quando adotamos essa atitude não estamos nos esquecendo de que os cientistas estão condicionados a pressupostos culturais e sociais que os impede de atingirem um conhecimento absoluto da realidade? 


Texto elaborado por Silvio Motta Maximino com base nas seguintes referências bibliográficas:

“A Ciência como atividade humana”, p. 149-52., de George F. Kneller
“Fundamentos da Filosofia”, p. 242, São Paulo, ed. Saraiva, de G. Cotrim
Artigo "O que está cientificamente provado é uma Verdade?" de José Pedro Andreeta.

As regras do método segundo o empirismo e o racionalismo



As regras do método científico segundo o empirismo e o racionalismo


Ptolomeu
Atualmente, há uma crença amplamente aceita de que há “algo de especial a respeito da ciência e de seus métodos”. A atribuição do termo “científico” a alguma afirmação ou pesquisa é feita de modo a pretender que se possa atribuir-lhe algum mérito ou confiabilidade especial. Mas o que é tão especial em relação à ciência? O que vem a ser esse “método científico” que comprovadamente leva a resultados especialmente meritórios ou confiáveis?

A alta estima pela ciência é especialmente evidente no mundo escolar e acadêmico. Conforme lembra Chalmers:

“(...) muitas áreas de estudo são descritas como ciências por seus defensores, presumivelmente num esforço para demonstrar que os métodos usados são tão firmemente embasados e tão potencialmente frutíferos quanto os de uma ciência tradicional como a física. Ciência Política e Ciências Sociais são agora lugares-comuns. Os marxistas tendem a insistir que o materialismo histórico é uma ciência.

Porém, existe de fato um ou mais métodos que possibilitem às teorias científicas serem provadas verdadeiras ou mesmo provavelmente verdadeiras?

O senso comum, a explicação religiosa e o conhecimento filosófico eram as principais modalidades de conhecimento norteadoras dos seres humanos até fins da Idade Média. Contudo, a partir do século XVI, os cientistas passaram a pensar na elaboração de um conhecimento que estivesse embasado em maiores garantias. A busca pelas causas absolutas ou pela natureza íntima das coisas deixou de ser a prioridade do cientista; ao contrário, procura-se agora compreender as relações entre as coisas, a explicação dos acontecimentos, utilizando a observação científica aliada ao raciocínio.

Assim como o conhecimento e as técnicas se desenvolveram, seus métodos também sofreram e ainda sofrem transformações. Os pioneiros no âmbito do conhecimento científico foram Francis Bacon, Descartes e Galileu Galilei. Ao invés de buscarem, como os seguidores de Aristóteles, a “essência íntima das substâncias individuais”, o objetivo das investigações passa a ser a descoberta das leis que presidem os fenômenos (as relações quantitativas).

Eles concluíram que o processo de abstração e o silogismo (dedução formal que, partindo de duas proposições –premissas- conclui uma terceira -chamada conclusão), não propiciam um conhecimento completo do universo. O conhecimento científico é o único que nos permitiria acesso à verdade dos fatos. Os seguintes passos são fundamentais: experimentação; formulação de hipóteses; repetição exaustiva de testes das hipóteses, formulação de generalizações e leis. 

Descartes (em sua obra Discurso do Método), porém, afasta-se dos processos indutivos, enfatizando o método dedutivo, já que, para ele, só se pode chegar à certeza por meio da razão, a qual identifica-se como o “princípio absoluto do conhecimento”.

Postula ele, então, quatro regras básicas, as quais já estudamos em nosso curso de história da filosofia:



Evidência: não acolher jamais como verdadeira uma ideia ou coisa que não se reconheça como evidentemente clara e incontestável perante a razão (ou seja, evitar a precipitação e o preconceito, só aceitando aquilo que se apresente com absoluta clareza ao espírito, de tal modo que a dúvida seja impossível);


Análise: dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas necessárias para melhor compreendê-las ou resolvê-las (processo que permite a decomposição do todo em suas partes constitutivas, indo sempre do mais para o menos complexo);


Síntese: processo que leva à reconstituição do todo, previamente decomposto pela análise (ou seja, conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para ascender, em seguida, pouco a pouco, até o conhecimento dos objetos não dispostos de forma natural, em seqüências de complexidade crescente);


Enumeração: consiste em realizar enumerações tão cuidadosas e revisões tão gerais que se tenha certeza de nada ter omitido. 

Com o passar do tempo, muitas outras concepções foram sendo incorporadas aos métodos existentes e também surgiram outros métodos, conforme veremos nas próximas aulas.

Apesar de muitos cientistas alegarem a infalibilidade de seus métodos e jurarem fidelidade a eles, seria correto aceitar a Ciência como um conhecimento de tipo superior aos demais saberes produzidos pelo homem? Será que se olharmos rigorosamente para as regras do método, não encontraremos algumas deficiências que tornariam relativos os conhecimentos produzidos a partir delas?


Texto elaborado por Silvio Motta Maximino

Fontes consultadas:
O QUE É CIÊNCIA AFINAL?, de Alan F. Chalmers – Tradução: Raul Filker Editora Brasiliense 1993

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

o que é ciência?



O que é ciência?


Contemporaneamente, há dezenas de conceituações e pouco consenso sobre quais são os pressupostos definidores do que é “conhecimento científico”. Para chegarmos a um conceito razoável de ciência, devemos recorrer à filosofia da ciência.

Observando inúmeros fatos do nosso dia a dia, percebemos a ocorrência de fenômenos regulares, que se repetem: as estações do ano, a atração dos corpos, os ciclos da natureza em geral... Ao examinar as regularidades, a ciência procura chegar a uma conclusão geral que possa ser aplicada a todos os fenômenos semelhantes; ela procura estabelecer “enunciados generalizadores”, descobrir as leis que regem o mundo, tanto no âmbito macrocósmico quanto no nível microcósmico.

Conforme nos adverte Paul Davies, a ciência “envolve mais do que a mera catalogação de fatos ou a descoberta por meio da tentativa e erro, dos modos de proceder para que as coisas funcionem”. A “verdadeira ciência” envolve “a descoberta de princípios que subjazem e conectam os fenômenos naturais”. Tais princípios, para serem válidos, devem operar como leis (serem universais e necessárias). A função básica destes enunciados é explicar sinteticamente como o mundo funciona e prever novos fenômenos.

Para sabermos melhor o que é “conhecimento científico”, precisamos distingui-lo do chamado conhecimento do senso comum. Se pensarmos em como os antigos interpretavam o mundo, poderemos igualmente nos perguntar: como duvidar que o sol seja menor do que a Terra se, todo dia, vemos um pequeno círculo brilhante percorrendo o céu? Como duvidar que a terra seja imóvel se diariamente vemos apenas o sol e as estrelas se moverem e percorrer o céu? Como cada espécie de animal surgiu? Como imaginar um peixe evoluindo até tornar-se réptil ou pássaro, se não presenciamos ditas transformações em nosso cotidiano? 

Questões como estas estão presentes na nossa vida e expressam o que nós chamamos de "senso comum". Porém a astronomia nos revela que o sol é muitas vezes maior do que a Terra e que é a Terra que se move em torno deste sol, ou ainda a biologia nos sugere que certas espécies complexas surgiram de outras mais simples.

O senso comum encerra um saber não-sistematizado, mas útil para o homem na sua vida cotidiana. É obtido geralmente pelas observações realizadas pelos sentidos, sem preocupar-se com a investigação e o questionamento, ao contrário da ciência.


Classificação das ciências

Se dissermos “Ciência” (no singular), nos referimos a um modo ou ideal de conhecimento. Ao dizermos “Ciências” (no plural), referimo-nos às diferentes maneiras de realização do ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos investigados e os diferentes métodos e tecnologias empregados. Conforme salienta Marilena Chauí, a partir do século XVII, a filosofia tende a desaparecer nas classificações científicas, pois cientistas e filósofos acabam chegando ao consenso de que a filosofia é um “saber” diferente do científico.

Chauí ainda ressalta que, das inúmeras classificações propostas, as mais conhecidas e utilizadas foram feitas por filósofos franceses e alemães do século XIX, baseando-se em três critérios: tipo de objeto estudado, tipo de método empregado, tipo de resultado obtido.

Veremos a seguir um exemplo de classificação das ciências que se costuma utilizar na atualidade:

ciências matemáticas ou lógico-matemáticas (aritmética, geometria, álgebra, trigonometria, lógica, física pura, astronomia pura, etc.);

ciências naturais (física, química, biologia, geologia, astronomia, geografia física, paleontologia, etc.);

ciências humanas ou sociais (psicologia, sociologia, antropologia, geografia humana, economia, lingüística, psicanálise, arqueologia, história, etc.);

ciências aplicadas (todas as ciências que conduzem à invenção de tecnologias para intervir na Natureza, na vida humana e nas sociedades, como por exemplo, direito, engenharia, medicina, arquitetura, informática, etc.).


Cada uma destas ciências, por sua vez, subdivide-se em ramos específicos, com nova delimitação do objeto e do método de investigação. Assim, por exemplo, a física subdivide-se em mecânica, acústica, óptica, etc; a biologia em botânica, zoologia, fisiologia, genética, etc.; a psicologia subdivide-se em psicologia do comportamento, do desenvolvimento, psicologia clínica, psicologia social, etc. E assim sucessivamente. Por sua vez, os próprios ramos de cada ciência subdividem-se em disciplinas cada vez mais específicas, à medida que seus objetos conduzem a pesquisas cada vez mais detalhadas e especializadas.


Síntese produzida por Silvio Motta Maximino

Fonte bibliográfica consultada:
Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.