domingo, 16 de março de 2014

quando meditar?

“Quando sua mente está mais desequilibrada é que você mais precisa meditar” 

(Alan Wallace)

 

Abaixo segue um conjunto sucinto de instruções para a prática da meditação shamatha, um dos tipos de meditação destinada ao apaziguamento da mente (geralmente através da atenção na respiração).
A entrevista trata da importância de 'meditar' quando estamos vivenciando desequilíbrio ou confusão em nossas mentes.
A apresentação é feita por Alan Wallace*, que traz uma abordagem sempre muito clara e detalhada sobre o contato e o trabalho sobre a mente. 
Na essência da mensagem, a importância de meditar quando mais a mente precisa, ou seja, no desequilíbrio.

Segue abaixo o trecho das instruções, com agradecimentos ao professor Alan Wallace* e à Jeanne Pilli**.


Alan Wallace traz sempre uma abordagem bastante clara e detalhada sobre o trabalho que deve ser fazer com a mente.



“Para avaliarmos se estamos fazendo a prática de shamatha corretamente, há sempre duas coisas a serem consideradas: o que a sua mente está trazendo para você e o que você está trazendo para a sua mente. São duas coisas bem diferentes.
Algumas vezes durante a prática surgirão muitos pensamentos, não há como controlar, não há como escolher que isso seja diferente. Então você simplesmente repousa: muitos pensamentos vêm, muitos pensamentos vão. Você não está fazendo nada de errado; é assim que as coisas são. Mas se quando surgirem muitos pensamentos você for carregado por eles, aí sim: isso é distração, agitação.
Outras vezes, sua mente estará bem quieta, com poucos pensamentos. E isso também não quer dizer que você esteja fazendo a prática corretamente. Sua mente está simplesmente quieta. Neste caso, a mente está trazendo pouco pra você.
O que nós devemos trazer para a prática, seja lá como estiver a nossa mente, é a habilidade de não sermos carregados pelos pensamentos, de permitir que a nossa consciência permaneça em repouso, iluminando o nosso objeto de meditação, seja a respiração, seja o espaço da mente e eventos mentais, seja a própria consciência.
Portanto, é importante avaliar a sua prática em termos do que você está trazendo para a prática e não com base no que a mente está trazendo pra você.
Essa distinção é muito importante. Na nossa vida, alguns dias serão piores que outros. Haverá dias muito conturbados, com muito trabalho, muitas preocupações, dias ruins. A mente estará bastante irritada, toda a nossa energia estará perturbada. Pode ser que você se sente para praticar e dois minutos depois desista: “Esqueça! Hoje não vai dar pra meditar!” E então se levante, vá ver TV, ou vá para a internet. Isso é como estar muito doente e pensar: “Ah… estou tão doente! Estou muito doente pra tomar remédio! Vou deixar pra quando estiver me sentindo melhor!”
Nesses dias em que a sua mente estiver verdadeiramente uma confusão, você pode simplesmente se deitar na sua cama, com um travesseiro macio sob a sua cabeça e soltar completamente a tensão do corpo, a cada expiração, relaxar completamente, deixar o corpo respirar sem esforço, em seu ritmo natural. Relaxe até o finalzinho da expiração e nesse momento deixe a mente bem quieta, sem nenhum blá, blá, blá. E então permita que o ar entre novamente, sem puxá-lo, em total quietude.
Faça isso por 24 minutos. A mente que você trouxe para a prática pode estar completamente perturbada, atirando pensamentos, pedras, lama, tudo o que é tipo de coisa em você. Não há como controlar isso! É o que a mente está trazendo para você. Mas o que você está trazendo para a sua mente é tão doce, tão suave, tão tranquilizador, que após 24 minutos sua mente estará mais calma, quieta, equilibrada. E aí sim, no final da sessão avalie: esta foi uma boa sessão ou não? Talvez uma sessão difícil em termos do que a mente trouxe para você mas uma boa sessão em termos do que você trouxe para a mente.
É nos momentos em que a sua mente está mais desequilibrada que você mais precisa meditar.”

~ Alan Wallace, Retiro sobre os “Seis Bardos em A Essência Vajra”, Viamão, 23 de janeiro de 2014

FONTE: http://dharmalog.com/2014/02/04/alan-wallace-mente-meditar-meditacao/


*PhD em Estudos Religiosos na Stanford University (EUA), fundador da Santa Barbara Institute for Consciousness Studies (EUA) e autor de livros como “A Revolução da Atenção” e “Hidden Dimensions: The Unification of Physics and Consciousness”,

**Jeanne Pilli foi quem traduziu e transcreveu (Equilibrando.Me) as instruções supracitadas, gentilmente permitindo sua reprodução.
 

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