sábado, 14 de junho de 2014

você está no comando de você mesmo?

Você é mesmo o dono de sua mente e do seu corpo?

Você crê que sua visão da realidade é objetiva?

 

Você sabe dizer qual o grau de objetividade daquilo que você percebe com seus sentidos? 


Percebemos o mundo objetivamente ou nossa 'percepção' é, de algum modo, determinada ou condicionada? 

A neurociência, a biologia, a ciência da cognição e muitas das ciências humanas já demonstraram, à exaustão, que é possível sermos facilmente manipulados e literalmente enganados... tanto pelo nosso cérebro, quanto pelo paradigma sociocultural no qual estamos mergulhados. 

Contudo, nem a ciência, nem a filosofia conhecem satisfatoriamente os processos que ocorrem dentro do complexo mente-cérebro, ou do socioambiental. Não só o mundo das emoções e dos pensamentos são um grande mistério para a ciência humana... Nem os melhores pesquisadores tem consciência de como nosso cérebro "constrói" a realidade que chamamos de "mundo exterior".

O assunto está muito pesado para você? 
Então descanse um pouco assistindo esse interessante documentário sobre como nosso cérebro pode ser enganado: Em  Jogos Mentais(veiculado originalmente no canal NatGeo), você vai se deparar com questões inusitadas. Por exemplo, você acha que poderia ficar bêbado sem ter tomado sequer uma gota de álcool?

🔺Assista e tire suas próprias conclusões.🔻



Agora que você assistiu ao documentário, responda: o que é que determina como nos sentimos fisicamente ou psicologicamente? 
Se você seguiu minha sugestão e assistiu ao referido documentário, viu como é relativamente fácil "enganar" nosso cérebro, a respeito daquilo que ele pensar ser a realidade. Num dos experimentos realizados, por exemplo, pessoas sentiram todos os sintomas físicos de embriaguez, sem terem ingerido uma única gota de álcool!
Quem/o que realmente governa o que sentimos fisicamente ou psicologicamente?

Noutras palavras, o que está por trás de todas as decisões conscientes que tomamos durante todo o nosso dia?
Se você assistiu ao documentário, já sabe agora o mesmo que a neurociência já sabe: que uma série de processos neurais e psíquicos acontecem, sem que estejamos cientes, senão de uma pequenina parcela deles. 

Aqui, abro parênteses para o desenvolvimento uma reflexão que considero importante aprofundar um pouco:
A ciência também descobriu recentemente que nosso cérebro é capaz de processar uma quantidade apenas relativa de informações (bits*) por segundo**. Além disso, somente uma pequena parcela delas é 'percebida conscientemente' pelo sujeito pensante.
Noutras palavras, a quantidade de bits que nosso cérebro é capaz de processar simultaneamente não abrange mais do que uma pequeníssima porcentagem da quantidade total de informações disponíveis em nosso ambiente. Isso porque a quantidade de dados disponíveis no ambiente é absurdamente maior do que aquela que nosso corpo biológico consegue captar e processar. 
Essa descoberta fantástica nos abre um novo campo de investigação, filosoficamente fértil e cientificamente promissor, não acha?

Prossigamos com o raciocínio: seria correto dizer que, a partir dos dados captados pelo corpo todo (os quais são em parte simultânea e imediatamente processados eletroquimicamente), inúmeros ajustes somáticos serão executados, e tudo a uma incrível velocidade. 
É certo também dizer que a maioria dessas 'decisões' relaciona-se com o desempenho de processos vitais físicos/corporais involuntários/inconscientes. Ou seja: não temos a menor percepção ou controle consciente de tais processos bioquímicos (por exemplo, controle da temperatura corporal, metabolismo dos alimentos, funcionamento dos diferentes sistemas - imunológico, respiratório, circulatório, excretor etc).


Assim: só nos tornamos conscientes de uma parte ínfima dos dados captados do meio que nos cerca. Da ínfima parcela de dados efetivamente captados, só chegamos a ter plena consciência de uma fração ainda mais diminuta.

É... o "mundo ao nosso redor" definitivamente não é o que pensamos que é... considere que todas as decisões que tomamos e julgamentos que fazemos são baseadas em quantidade ínfima (insuficiente?) de dados. Nossos sentidos nos enganam... nosso cérebro nos engana e nossa cultura ainda filtra tudo isso, interpretando segundo um paradigma bastante estreito, esse pouco de informação que nos chega.
O mundo é absurdamente muito mais... 
Simplesmente não temos a capacidade biológica ou mental de percebê-lo integralmente e, portanto, objetivamente...  Tudo que sabemos (que pensamos saber) sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre Deus, sobre o cosmos, sobre a matéria e a energia... não passa de metáforas imprecisas... maquetes e esquemas construídos para descrever uma verdade que conhecemos apenas relativamente.


e o nosso livre-arbítrio?

E tem mais! 
Considere a seguinte citação que pode ser encontrada na obra "Limite Zero", de Joe Vitale & Ihaleakala Hew Len... Precisamente na pág. 218 pode-se ler:

"No livro 'User Illusion: Reduzindo a Consciência de Tamanho', o jornalista da ciência Tor Norretranders pinta uma imagem diferente da Consciência. Ele cita estudos e pesquisas, particularmente do neurocientista e professor Benjamin Libet, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que mostram que decisões são tomadas antes que a Consciência as faça. E que o intelecto não é sabedor disso, acreditando que ele decide. Norretranders também cita pesquisa que mostra que o Intelecto é consciente de somente 15 a 20 bits de informação por segundo, dos milhões de reações anunciadas.
(...)


"Nossa mente consciente não tem a menor ideia do que está acontecendo.(...) A cada segundo, milhões de informações invadem os nossos sentidos. No entanto, a nossa consciência processa apenas talvez quarenta informações por segundo - no máximo. Milhões e milhões de informações são condensadas em uma experiência consciente que não contém praticamente nenhuma informação". (idem, pág. 42)


Nosso cérebro é realmente algo maravilhoso, mas toda essa eficiência tem um preço: este mesmo cérebro toma decisões antes de mesmo que a gente perceba. Parece que ele faz escolhas (inconscientes) por nós. Esse estudo da década de 1980, demonstrando que decisões racionais ocorrem momentos após processos neurais inconscientes se ativarem, pode colocar em xeque nossa antiga crença no livre-arbítrio humano. 
Segundo publicação recente na revista "Superinteressante"****, de lá para cá, munidos de aparelhos de ressonância magnética, outros cientistas analisaram cérebros de voluntários e comprovaram a hipótese de Libet. Eles constataram que, quando uma pessoa “faz uma escolha” consciente (como apertar um botão), o inconsciente dela já decidiu – a atividade cerebral ligada àquela decisão começa até 10 segundos antes de você ter como verbalizar aquela decisão.

Antes de continuarmos, precisamos fazer uma ressalva: de fato, não há consenso entre os pesquisadores a respeito da quantidade estimada de informações que o cérebro humano é capaz de captar e de processar**. Esse número só pode ser presumido, mas é praticamente incomensurável. De qualquer modo, todas as pesquisas são unânimes em afirmar que a quantidade de informação da qual temos consciência representa porcentagem diminuta quando comparada ao montante total de informações disponíveis em um dado momento.

Para efeito da nossa reflexão, o que isso significa? Que conclusões podemos tirar? 


Primeiramente, o indício de que há muito mais coisas acontecendo a nossa volta do que supúnhamos. Corolário disso é nos questionarmos se não seria provável que tais eventos estejam influenciando nossas decisões de um modo imperceptível (inconsciente). 

Ou seja, provavelmente há uma grande quantidade de julgamentos, interpretações e escolhas que fazemos, a partir de dados insuficientes... e mais: a partir de influências que ignoramos quase completamente. 
Segundo: Sempre desconfie daquilo que 'parece'... 

Nunca confie cegamente naquilo que as coisas, situações ou pessoas 'aparentam'...


Mas, afinal, que elementos ocultos poderiam influenciar nossas escolhas? Hoje não sabemos. É por isso que construímos tantas metáforas, paradigmas, e sistemas científicos, religiosos, filosóficos... Estamos apalpando, tateando, tentando entender alguma coisa. 
Mas seja qual for o sistema que você escolher, não acredite cegamente nele. Há 99,9% de chance de que seu paradigma esteja incompleto...

O único que sabemos de fato é que, definitivamente, não estamos no controle.


Em terceiro lugar: Embora se possa concluir que não sabemos até que ponto somos autônomos em nossas decisões, isso não quer dizer que não sejamos responsáveis.



Seja percebendo a realidade de modo absoluto, seja de modo relativo, de qualquer modo somos e seremos 'cobrados' todos os dias por nossas decisões, ações e omissões.




Em quarto lugar: Outra questão filosófica e metafísica que devemos ponderar, considerando os mais recentes estudos e descobertas da Neurociência, é que o cenário todo que percebemos conscientemente, por mais absurdo que pareça, é construído "EM NÓS" (em nossa consciência), "POR MEIO DE NÓS" (graças ao complexo mente-cérebro) e "PARA NÓS" (conforme nosso próprio estado mental e espiritual).
Embora tenhamos a impressão de estar tudo acontecendo "fora", a realidade não é algo que se impõe de fora para dentro do sujeito. O paradigma deve ser invertido! A realidade se faz" NA consciência... A consciência, em verdade, abarca TUDO. O corpo, meus pensamentos/emoções, as pessoas, estão "acontecendo" dentro da consciência, não fora dela. 

Senão, vejamos: Sem o corpo (e sem a consciência que o acompanha), o que chamamos de "mundo", não existiria. Não haveria cores, sons, sabores, nem cheiros, nem sensações (frio, calor, movimento, estagnação etc), nem imagens, nem situações (boas ou ruins)... para um dado sujeito (sem corpo ou com consciência adormecida), não haveria o outro, não haveria mundo... onde a realidade concreta e exterior para este sujeito?

Vejamos por um outro prisma: quando você tem sonhos à noite, as situações ou percepções que experimenta são reais ou são projeções de sua própria mente?  
É ponto pacífico que na medida em que concebo alguma "realidade" onírica, tomo consciência dela e, de algum modo, ela se concretiza para mim.
Assim, no contexto onírico, você pode andar, você come, ri, chora, corre, faz e desfaz... Nele você interage com pessoas (conversa ou briga com elas), lá você faz coisas absurdas, vive contextos bizarros e impossíveis... mas lá está você, vivendo "aquela realidade" como se fosse concreta e plausível. Tudo é tão real PARA VOCÊ,  que você chega a ficar sinceramente aflito, ansioso, contente, raivoso, com medo ou desesperado... 

Tudo aquilo é real (para você), até que você finalmente "desperte", não é assim? Na medida em que você concebe alguma "realidade" e toma consciência dela, de algum modo ela se torna real.

Seu sonho (projeção de sua própria mente), por mais fantasioso que seja (do ponto de vista físico), É a REALIDADE momentânea PARA VOCÊ naquela dimensão. 
Se o sonho não é real, por que parece real? Porque VOCÊ FEZ ACONTECER... VOCÊ tornou real, você tornou possível, até mesmo o pesadelo mais 'indesejável'. 
Caso contrário, se notasse por um segundo, o quão absurda e fantasiosa era aquele drama onírico, logo tudo evaporaria e você despertaria aliviado em sua cama.
Então, se você não consegue distinguir um simples e absurdo sonho/pesadelo no momento em que ele acontece, o que lhe garante que a "realidade" que você crê estar vivenciando agora, que está "acordado", seja substancialmente diferente daqueles tantos sonhos que lhe acontecem à noite?
O que lhe garante que tudo o que está vivendo exatamente agora, não está se passando em sua consciência (e não fora dela)?


Pessoas podem interpretar uma doença como bênção, como algo sublime, enviado por Deus... outras só verão razão de sofrimento, desalento e 'prova de que Deus não existe'...

Pessoas podem lidar bem ou mal com o sucesso e com o fracasso, podem interpretar como quiserem. O que faz com que dois sujeitos encarando a mesma "aparente realidade", tenham percepções e reações tão diversas? 
É sempre o sujeito que decide 'ver' um obstáculo ou 'ver' uma oportunidade...
É sempre o sujeito que decide se ver como 'vítima' ou como protagonista de seu "destino"...
Posso decidir reagir com gratidão ou com ressentimento, com alegria ou com irritação, com esperança ou desespero...


Quem está no comando?

Se não é nosso cérebro, nem nosso intelecto, nem a mente, então, 'QUEM/O QUÊ', em nós, está no comando?

Isso realmente é uma questão metafísica intrigante. Também nos faz pensar sobre essa 'inteligência sistêmica' que é nosso corpo e sobre como ela quase nunca depende de nossa consciência racional cerebral para operar e decidir... 

Recapitulando: 
1- nosso intelecto (mente) e até mesmo nosso cérebro (corpo) não têm a capacidade de assimilar e avaliar toda a quantidade de informação relativa a qualquer problema ou situação que se apresente.
2- Portanto, não sabemos o que realmente 'está acontecendo', em momento algum

3- Isso não quer dizer que não somos responsáveis por tudo que nos acontece. Mas essa já é uma outra história... assunto para um outro 'ensaio'.

Na verdade, o que estamos querendo dizer é que, se tem 'alguém' que sabe o que está acontecendo, este 'alguém' não é sua mente, nem seu intelecto, nem seus pensamentos, nem suas emoções.

Tudo isso pode parecer absurdo e até assustador. Essa tese é revolucionária, subverte nosso paradigma, nossa visão de mundo tradicional. É assustador porque estamos acostumados a apenas duas opções que contradizem: ou tendemos a pensar que estamos no controle das coisas (incluindo o corpo e nossa mente), ou somos inclinados a pensar que somos vítimas (dos acontecimentos, circunstâncias, ambiente, tendências viciantes etc). Além disso, fomos ensinados a acreditar que devemos controlar o que acontece "dentro de nós", mas que não temos como controlar ou determinar o que acontece "fora de nós". 
Boa parte de toda a nossa teoria do conhecimento se construiu sobre esse pressuposto. Quase toda a filosofia e ciência ocidentais se fundamentam nesse pressuposto básico e indiscutível. 

4- Também fomos convencidos a crer, em nossa cultura ocidental, que SOMOS os nossos pensamentos e emoções. E mais: que decidimos com plena autonomia, embora isso seja contraditório, pois quase nunca conseguimos controlar nossa memória, nossos pensamentos ou emoções mais básicas 
Até usamos as seguintes expressões em nosso cotidiano: eu penso... eu sinto... eu faço...  

Mas, será que é assim mesmo?

Contudo, pelas pesquisas citadas, já sabemos agora que "decisões são tomadas para nós, antes de decidirmos tê-las". Tal constatação já aparece metaforicamente retratada na arte, inclusive cinematográfica (vide filme "Matrix").
 

Restar descobrir se, de algum modo, somos manipulados o tempo todo...


Seríamos como 'marionetes', conduzidos por fios invisíveis? prisioneiros que não enxergam suas correntes, nem as grades de nossa própria prisão? 
Se somos marionetes, quem controla os fios?

A Psicologia, a Sociologia e a Antropologia já sabem que somos 'condicionados' culturalmente por paradigmas que, se por um lado nos ajudam a sobreviver e interpretar o mundo, por outro lado, filtram, direcionam e delimitam nossas percepções, influenciando decididamente nossas crenças, hábitos, gostos e preferências e assim, por que não dizer, nossas escolhas... 


Mas o condicionamento mais terrível, além mesmo desse que a ciência ratifica, é aquele que não percebemos, aquele promovido pela nossa própria mente. A ilusão da identidade! Mas isso já é uma terceira história, tema para um outro ensaio! 

Então, eis as questões interessantes que permanecem em discussão: 
1- Se o que pensamos/sentimos que é o mundo, não passa de uma 'construção' do nosso complexo cérebro-mente, não seria razoável concluir que há um pleno entrelaçamento entre o que chamamos de 'mundo exterior' e 'mundo interior'?

Noutras palavras: Haveria realmente um "fora de nós" (mundo físico) separado e independente daquilo que denominamos "dentro de nós" (mundo psíquico-mental-espiritual)?
2- Existe a possibilidade de alguém perceber o "mundo objetivo", sem que essa percepção tenha sido condicionada/construída pelo "mundo subjetivo"? 

Há de fato, dois "mundos" separados ou essencialmente distintos?  
Ou o 'exterior versus interior' no fundo constituem "dois lados de uma mesma moeda", de uma mesma realidade?

3- Corpo e mente existem como entes separados ou substâncias essencialmente distintas? 

...Ou ambos não passam de dois conceitos complementares, criados apenas para tentar explicar um 'processo sistêmico' que 'acontece' (sem que saibamos 'como')? 

Enfim:
Como a mente funciona, nenhuma ciência ou filosofia de fato sabe ao certo. Há pelo menos algumas dezenas de especulações e suposições na Neurociência, na Cibernética, na Medicina e até nas Ciências Cognitivas, da Computação, na Filosofia etc... mas todas elas se mostraram incompletas e inexatas.

Tampouco sabemos ainda como 'percebemos' o mundo, ou como nosso cérebro 'filtra' e 'escolhe' as informações que irão 'compor o quadro' que chamaremos de 'realidade'.
(Não nos referimos aqui ao sentido meramente sociológico ou antropológico, mas ao sentido físico e até metafísico)

E mais: 
4- Como nosso cérebro sabe (ante a vertiginosa profusão de bits que chegam aos sentidos), quais informações deve considerar e quais deve descartar e ignorar?

Noutras palavras: Quem ou o quê, em nosso cérebro-mente, atribui o fundamental sentido aos dados captados? 

5- Como nossa memória (em forma de pensamentos/emoções, representações...) opera? Como as memórias interagem com o mundo e conosco mesmos? 

6- o modo como 'vemos' o mundo é igual ao modo como as demais pessoas veem? 

Isto é: Como sei que o meu amarelo é o seu amarelo? como sei que o seu 'gosto azedo' é o mesmo meu 'gosto azedo'? 
Como sei que estamos realmente vendo e sentindo objetivamente as mesmas coisas?

A resposta para todas essas questões é...

...Um gigantesco "não sabemos"!

O modo como interpretamos o mundo, os fatos, as pessoas, o bonito, o feio, o gostoso e o repugnante, o sucesso e o fracasso, o bem e o mal... poderia ou não ser semelhante ao modo como todas as demais pessoas sentem e interpretam... mas jamais saberíamos...

Mas, para mim, a questão mais intrigante é:
Tudo que percebemos sensorialmente, é produzido por algo realmente externo a nós ou está acontecendo "dentro de nós mesmos" o tempo todo?

Se agora eu sei que a nossa mente não capta as coisas como elas realmente são (já que só as percebe como um simulacro, então posso dizer que as coisas muito provavelmente não estão acontecendo como nossa mente diz que estão... 

Consequentemente, o mundo não é aquilo que pensamos que é, nem tampouco somos o que pensávamos que éramos... 
"Tudo é Maya" (como dizem sabiamente os orientais).

Então, onde fica nosso livre-arbítrio?

Nosso livre-arbítrio está em como escolhemos interpretar cada situação, cada contexto, cada fenômeno que nos é dado 'conhecer', independentemente do que possa parecer.

Sempre serei eu mesmo o protagonista, pouco importa o cenário. 

É que a palavra final, no momento de decidir em quê acreditar, é sempre do próprio sujeito, ainda que ingenuamente a gente prefira delegar essa responsabilidade para terceiros (instituições políticas, religiosas, filosóficas, científicas...).  


A pessoa é que decide interpretar um fenômeno como ordinário ou extraordinário. É a pessoa que decide interpretar um fato como 'corriqueiro' ou 'milagroso', como 'lei natural' ou 'intervenção divina'. 
É a própria pessoa que decide inclusive se aceita que ela mesma é a protagonista. Ela decide que "sim, pode" ou que "não, não pode".


A fé (enquanto crença naquilo que não se vê, nem se ouve), torna-se mais crucial e decisiva do que aquilo que seu cérebro lhe 'informa' como sendo a 'verdade'. 

Podemos também dizer que:  Aquilo que seu tato, sua visão ou audição limitados permitem que você veja ou sinta, não é mais importante do que o sentido que você escolhe dar para aquilo que vê, sente ou ouve. 

Nós 'LEMOS' a realidade, muito mais do que a 'vemos'. 

O mundo é um tecido vivo, é um texto... que cada um de nós, como leitores do mundo e de nós mesmos, estamos a cada momento interpretando e reinterpretando.

E de repente, você descobre um novo paradigma
 não precisamos mais "mudar o mundo"! ****

Não precisamos mais brigar, lutar, nos debater, chorar ou nos afligir, em infindos pesadelos, dramas e tragédias... o sonho acaba. De repente, percebemos que 'a única mudança possível' é a 'mudança interna'.
Então, o jeito como interpretamos o que vemos****, torna-se mais importante do que aquilo que percebemos!


Silvio M. Maximino


* bit: unidade básica de informação
** Muitos cientistas e estudiosos do funcionamento do cérebro ainda discutem sobre o real limite de capacidade de processamento simultâneo de informação do cérebro humano. Alguns argumentam que este limite é impossível de ser quantificado. Outros dizem que, sim, é possível mensurar a informação cerebral com base no número de conexões neurais que ocorrem por segundo. Outros ainda opinam que a questão do limite de informação processada pelo cérebro depende de como o sistema nervoso central utiliza os dados que recebe e como compara estes dados com os códigos neurais pré-existentes.
Alguns afirmam que o cérebro processa 10800 tópicos informacionais por segundo, mas parece que ainda não há como demonstrar cabalmente esta tese. O psicólogo de Harvard Jeffrey Statinover e o neurofisiologista, geneticista e físico Joe Dispenza, defendem que o cérebro é capaz de processar algo em torno de 400 bilhões de bits por segundo, embora o sujeito mesmo não tenha consciência de boa parte deste conjunto de dados. Também não há consenso em relação à média de conteúdo informacional processada pelo cérebro, já que devemos considerar a existência de estados psíquicos inconscientes, da homeostasia e outros processos neurofisiológicos relacionados aos mecanismos de inibição no sistema nervoso central.  
Os que defendem a tese dos "400 bilhões de bits de informação por segundo", acreditam que apenas 2.000 bits são aproveitados para que o homem tenha 'consciência' do mundo a sua volta. Segundo essa tese, isso equivaleria a dizer que temos consciência de 0,0000005% da quantidade total de dados recebidos a cada segundo. 
***No filme Matrix, quando Neo vai consultar o oráculo, ele encontra um menino que consegue entortar colheres sem tocá-las. Observe no diálogo o que ele afirma sobre o que é a "verdade": 
Menino: Não tente dobrar a colher. Não vai ser possível. Em vez disso, tente apenas perceber a verdade. 
Neo: Que verdade?                     
Menino: Que a colher não existe.
Neo: A colher não existe?
Menino: Então verá que não é a colher que se dobra, apenas você.


**** excerto extraído do artigo "7 mistérios do cérebro – e as respostas da ciência para eles", disponível https://super.abril.com.br/especiais/7-misterios-do-cerebro-e-as-respostas-da-ciencia-para-eles/


*****a propósito, leia também:

VITALE, Joe, Ihaleakala Hew Len. Limite Zero: o sistema havaiano secreto para prosperidade, saúde, paz e mais ainda. trad. Claudia G. Duarte. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.
http://cienciaemnovotempo.wordpress.com/maicon-santiago/biografia/

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