domingo, 29 de novembro de 2015

assassinato de líderes indígenas no Brasil

CIDH condena assassinato de líderes indígenas no Brasil

Em Washington (EUA)
junho/2015
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou nesta quinta-feira (4) o assassinato de três líderes indígenas defensores dos direitos humanos nos Estados do Maranhão e da Bahia, informou a organização pan-americana em comunicado.

A CIDH relatou que no dia 26 de abril, Eusebio Ka'apor foi assassinado na terra indígena do Alto Turiaçu, no Maranhão, após se atingido por "disparos nas costas por parte de pessoas encapuzadas".

Eusebio Ka'apor participava do "movimento contra a presença de madeireiros ilegais em seus territórios", cujo trabalho levou ao fechamento de todas as operações de exploração ilegal de madeira na região em março de 2015.

A CIDH assegurou que "a informação disponível" indica que o nome de Eusebio Ka'apor estava em uma lista de pessoas que seriam assassinadas pelos madeireiros.

Outro assassinato condenado pela CIDH é o de Adenilson da Silva, um líder indígena que trabalhava como agente de saúde em sua comunidade e que foi assassinado por três pistoleiros encapuzados perto da Serra das Trempes, na Bahia.

"A informação indica que quando foi atacado estava com sua esposa, seu filho de um ano e sua filha de 15 anos, e que sua esposa recebeu tiros nas pernas e nas costas. Sua esposa e seu filho foram hospitalizados", afirmou a organização pan-americana.

O terceiro caso é o do ativista de direitos humanos Gilmar Alves da Silva, que se dirigia em sua motocicleta para o povoado de Pambú, situado no território da comunidade indígena Tumbalalá, quando foi alvejado por disparos de duas pessoas não identificadas que estavam em um automóvel.

"A informação recebida indica que a Polícia Militar localizou o automóvel e as armas utilizadas para assassiná-lo, mas que os responsáveis ainda não foram detidos", indicou a CIDH.

A comissão pediu ao Estado brasileiro que investigue "com devida diligência" esses assassinatos, julgue e puna os responsáveis.

Além disso, a comissão exigiu às autoridades competentes o acompanhamento de "todas as linhas lógicas de investigação, incluindo a possibilidade de que esses assassinatos tenham sido motivados pelas atividades desses líderes indígenas como defensores dos direitos humanos".

Além disso, a CIDH recomendou ao Brasil adotar "medidas sem demora" para proteger a vida e a integridade dos povos indígenas, seus líderes e seus defensores, respeitando sua identidade cultural, perspectiva, e concepção de direitos.

renúncias...

Abaixo, reproduzo primoroso texto de Alexandre Albertini Benegas, publicado no Jornal da Cidade no dia 16/10/15 na coluna "Opinião". 

Belíssimo texto do ponto de vista literário, interessante do ponto de vista filosófico. Aconselho a leitura com vagar, refletindo silente e lentamente sobre cada cenário pintado, sobre cada sentimento exposto...




Renúncia

 
O relógio acusava 9 horas. No quarto, brinquedos disputavam lugar e atenção. O sol, costumeiramente, acenava pelas frestas da janela, sublime presença. Crianças da vizinhança assumiam encontro marcado com a alegria. Os olhares pronunciavam espontânea meninice. Pensamentos suados corriam no ziguezaguear das brincadeiras extraordinárias. Assim, a infância acontecia.

Quando crianças, descobrir - ah! - é interjeição. Aprender, exclamação! Porquês apresentam-se em forma de curiosidade, na descoberta do saber. Pontual, a felicidade raia em acontecimentos extraordinários. Justificável, a criatividade apresenta merecedor ponto de partida e respeitoso ponto de chegada. Pudera. Em verdades ingênuas e circunstanciais, saber que a distância entre dois pontos nem sempre é uma reta, desenha similar liberdade de descoberta ao perceber que com cinco e seis retas fácil é fazer um castelo. Açucaradamente se enxerga. E, embora os olhos insistam em ver, o coração desautorizado está de sentir. Feliz idade.

Já adultos, renuncia-se  à curiosidade. A certeza é demitida pela hipótese. Acontecimentos extraordinários descortinam-se em museus de inéditas novidades. O castelo, antes feito pela geometria das retas, ocupado está e, o pior, é um restrito espaço, cujo acesso negado encontra-se. Aconchegantes interjeições e exclamações substituídas são por vírgulas da fala congestionadamente pretextual. Desamparada, a certeza perde a paternidade para a ardilosa dúvida, assinalando reticente postura em reticências. Ver a vida com dulçor? Bobagem. Diabéticos tornamo-nos.

Por tudo isto, por que ao crescermos diminuímos? Seria metabolismo celular reverso capaz de tornar o físico deficitário e a alma deficiente? Se o é, compreensível haver cegos desprovidos da vontade de ver, na brevidade da vida, o próximo, o outro. Surdos, pela sonoridade seletiva, negligenciarem os ouvidos aos apelos fraternais. Paralíticos, impossibilitados de caminhar em direção aos necessitados. Anões, incrédulos por inaceitar o crescer da gratidão à altura do reconhecimento. E, por fim, o mais doente de todos, o louco, por exigir dos outros o que eles, definitivamente, não possuem.

Desta forma, bendito seja quem souber compreender a dinâmica da vida. Semelhante a um rio, as margens, em perímetro de oposição, seriam o nascer e o morrer. A superfície, a aparência. A profundidade, a labiríntica inconsciência. Ponderável, portanto, saber banhar-se em alguns rios, sem alterar seu curso, responsáveis que somos pela direção. Afinal, um mergulho poderia emergir algo inesperado, supostamente comportado, provocando nervosa coreografia no rio, na vida que se atravessa... a travessia.

Alexandre Albertini Benegas

O autor é professor de Língua Portuguesa, especialista em Redação

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

o terrível encontro com a Verdade


todos (em sã consciência) desejam felicidade e paz. 
tem um probleminha: a ideia que fazemos da paz/felicidade geralmente está impregnada/condicionada a desejos subjetivos de nosso próprio ego, de nossos inumeráveis eus pensantes... então, nossa ideia de felicidade está quase sempre associada a certas sensações/emoções vivenciadas como experiências e cristalizadas em nós mesmos na forma de memórias... 
para nós, a felicidade geralmente está ligada a ideia de uma conquista de algo no mundo ou a aquisição de experiências sensoriais, emocionais...
para eus gulosos, felicidade é poder comer tudo aquilo que gosta, sem limite..
para eus preguiçosos, é não precisar fazer qualquer esforço...
para eus cobiçosos, é poder adquirir tudo que sempre sonhou...
para luxuriosos, é poder realizar suas mais exóticas fantasias... etc etc...

qual é a verdadeira felicidade? qual é a absoluta paz? 
Você acha mesmo que felicidade tem algo a ver com o que você deseja ou com seus apetites?



A Verdade e a morte do "mim mesmo"

"Na minha experiência, todos dizem que querem descobrir a verdade, mas só até eles perceberam que a Verdade irá lhes roubar suas ideias mais impregnadas, crenças, esperanças e sonhos. 
A ideia de liberdade pela iluminação significa muito mais que a experiência de amor e paz. Significa descobrir uma Verdade que vai virar sua visão do "eu" de cabeça para baixo. 
Para aquele que realmente está preparado, isso será inimaginavelmente libertador. Mas para aquele que ainda está apegado de qualquer maneira que seja, isso será extremamente desafiador de fato.
Mas como saber se estou pronto? 

Você está pronto quando estiver disposto a ser absolutamente consumido por um fogo sem fim."

  Adyashanti