terça-feira, 28 de abril de 2015

Gaiarsa polêmico: amor, dominação e opressão

Gaiarsa: um pensador polêmico! para entendê-lo, necessário se faz uma leitura mais profunda de pelo menos algumas de suas obras... Não se pode conhecer realmente o pensamento de um autor, por meras citações.
Uma leitura mais calma certamente vai facilitar entender seu ponto de vista ou então facilitar a crítica embasada e fundamentada...
Para refletir:  O que é o amor? o que é a família? para que serve e onde ela falha? ... (pois certamente está falhando em muitos aspectos).
Se não a família, que instituição cultural vai nos introduzir na dimensão da humanidade?
Há saída para a família? Há jeito para o humanoide?

“O amor nos tira do mundo habitual e vai criando um revolucionário, um fora-da-lei, um marginal, isto é, um agente da transformação social.”



“O amor é o fim da dominação e da opressão. Só o amor pode nos humanizar, e a família é o principal obstáculo à expansão do amor entre as pessoas.”

(José Ângelo Gaiarsa)



segunda-feira, 27 de abril de 2015

Batra traz palestra do ‘Observatório Social’

Geral

Batra traz palestra do ‘Observatório Social’

Será hoje, às 20h, no auditório da Associção Comercial e Industrial de Bauru (Acib) a palestra do Observatório Social do Brasil (OSB), evento esperado há tempos em Bauru e região. A OSB é uma organização não-governamental (ONG), sem fins lucrativos, disseminadora de um metodologia padronizada para a criação e atuação de uma rede de organizações democráticas e apartidárias do terceiro setor.
A ONG age preventivamente no controle social dos gastos públicos, sendo formada sobretudo por voluntários engajados na causa da justiça social, possibilitando a melhoria da gestão pública, antevendo fraudes e garantindo economia aos cofres do governo.
O Observatório Social do Brasil atua em frentes como: educação fiscal, inserção da micro e pequena empresa nos processos licitatórios e aumentando a concorrência e melhorando a qualidade e preço nas compras públicas. A palestra desta noite vai mostrar a experiência da OSB obtida em 80 cidades, distribuídas em 13 Estados brasileiros, incluindo dados estatísticos sobre os benefícios e vantagens que tanto empresários como cidadãos comuns estão obtendo com a atuação dos Observatórios.
A palestra de hoje é uma parceria da OSB com a ONG Bauru Transparente (Batra), com apoios da Acib e Agência Somma. São esperados no evento representantes de empresas filiadas a Acib, Ciesp e Fiesp, e de entidades de classe, Poder Judiciário e do Ministério Público.
Serviços
A palestra é gratuita e aberta a toda a comunidade, a partir das 20h de hoje, no auditório da Acib (rua Agenor Meira, 9-10 - esquina com a rua Bandeirantes, no Centro).

disponível em:
http://www.jcdigital.com.br/flip/Edicoes/16450%3D27-04-2015/003.PDF
ou
http://www.jcnet.com.br/Geral/2015/04/batra-traz-palestra-do-observatorio-social.html

domingo, 26 de abril de 2015

o debate sobre o sistema de cotas






Fundamentos sociológicos e antropológicos das políticas afirmativas voltadas às minorias étnicas

Abaixo segue interessante artigo acadêmico no qual os pesquisadores R. Franklin Ferreira e R. Mendes Mattos abordam alguns dos principais fundamentos sociológicos e antropológicos que justificam a política afirmativa do sistema de cotas para minorias étnicas no Ensino Superior Público brasileiro.

No mesmo artigo, também são apresentadas as críticas ideológicas mais comuns presentes nos discursos que ouvimos nas redes sociais, na grande mídia de massa e na boca de alguns políticos "representantes do povo brasileiro".

O presente artigo não deixa de mencionar os principais processos históricos e sociais decorrentes do problema da escravidão em território nacional e que se seguiram agravados a partir da assinatura da Lei Áurea, uma vez que não lhes foram atribuídos os mesmos direitos que se concedia aos demais brasileiros brancos.

Logo perceberemos que a suposta “democracia racial” que existiria em nosso país, era uma realidade apenas nas teses acadêmicas de pessoas desconhecedoras da crua realidade da vida das minorias no Brasil. Efetivamente, após a Abolição (1888), nenhuma medida foi tomada pelos sucessivos governantes e legisladores brasileiros, no intuito de prestar qualquer tipo de assistência ao enorme contingente de ex-escravos e descendentes, em sua maioria pobres e com pouca instrução formal. Pelo contrário, foram simplesmente despejados no mercado de trabalho sem qualquer qualificação, sem acesso à terra, sem indenização, e sem qualquer rede social de proteção (SUS, INSS, seguro-desemprego etc).

Os autores seguem abordando detalhadamente as condições de vida do afrodescendente brasileiro e encerram aprofundando seu estudo em torno do tema “Ações afirmativas e política de cotas”. Apresentam então, alguns dos principais argumentos contrários e favoráveis nas seguintes esferas: ético/jurídica, esfera étnica, esfera político/assistencial, esfera ideológica, esfera pedagógica, e, por fim, na própria esfera das relações raciais.

Ao final do seu artigo, o leitor notará que os autores admitem a atualidade e  complexidade das questões raciais no Brasil. Resta desmontada a fragilidade do argumento ideológico da "democracia racial”. A "naturalização" da desigualdade racial passa, segundo os pesquisadores, pela negação da diferença, pela discriminação do diferente, pela subalternização e inferiorização daquele que é ou pensa diferente. 

Concluem por fim que o afrodescendente no Brasil desenvolveu sua identidade étnica em torno de referências inferiorizadoras, o que favoreceu atitudes de submissão aos valores de grupos étnicos hegemônicos, mas que é possível a superação desse comportamento/atitude.
Terminam questionando:
- a política de cotas poderá ser favorável ou não para a melhoria das condições de vida dos brasileiros negros, apesar das dificuldades que dela podem advir?
- tal política poderá auxiliar na construção de identidades negras positivamente afirmadas? 
- ela pode ser considerada uma das estratégias para favorecer a ruptura do círculo vicioso ao qual o afrodescendente está submetido (pobreza, falta de condições educacionais, condições precárias de trabalho, status social considerado inferior e identidade submetida a referências de menor valor)?

Excelente artigo indicado para estudantes da Ciência Política, das Ciências Jurídicas, da Antropologia e da Sociologia.

Boa leitura!

Silvio M. Maximino





Segue abaixo, o artigo acadêmico na íntegra:











O afro-brasileiro e o debate sobre o sistema de cotas: um enfoque psicossocial

The afro-brazilian and the debate on the quotas system: a psychosocial view

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Observatório Social do Brasil agora em BAURU?




Ah, se você pudesse...

publicado no Jornal da Cidade (Bauru)
25/04/2015

Se você pudesse melhorar a forma como o seu dinheiro (em forma de tributos) é utilizado pelos governantes, você faria? ... mas o que você faria?
Somos cidadãos pela letra da lei, mas... estamos dispostos a ir além da indignação e do desabafo nas ruas ou redes sociais? Você talvez questionasse: o que podemos efetivamente fazer contra a corrupção? Há uma sensação generalizada de impotência diante da corrupção e do cinismo que não respeita bandeira partidária.
Por quanto tempo ainda esperaremos que heróis fictícios saltem das cartilhas ideológicas para nos redimir das mazelas sociais, políticas ou culturais? Para nos constituirmos como povo respeitado, tampouco nos falta algum tipo de DNA cultural (presente noutros povos politizados). Seremos sempre nós mesmos, sempre no momento presente, a cada ação e omissão, os reais responsáveis pelo nosso destino. Não há mistério, nem magia nisso.  
Fato: Você sozinho não pode mudar a sociedade. Outro fato: a sociedade não pode mudar sem você! Eis o paradoxo. Noutras palavras, um povo com postura passiva e mesquinha, só pode atrair um futuro igualmente mesquinho e miserável. Estamos a cada momento exatamente no eixo de qualquer mudança possível. O horizonte crucial da mudança não está no futuro (na próxima eleição, no próximo partido, no próximo plano econômico...), mas no hoje. O que estamos fazendo hoje?
Talvez até hoje nos faltasse conhecer o “como fazer”, os mecanismos de controle social que permitem monitorar, fiscalizar e até exigir um comportamento mais qualificado por parte de nossos representantes eleitos...  instrumentos de cidadania participativa que já estão aí, porém tão camuflados no cipoal de leis vigentes, que não sabíamos como usá-los.
A partir do próximo dia 27, a história poderá tomar outro rumo para nós bauruenses. Teremos uma oportunidade inédita de fazer a diferença, de sermos protagonistas de um processo de mudança. Pela primeira vez receberemos a visita do Observatório Social do Brasil, instituição apartidária e já reconhecida pelo sucesso no âmbito do controle social e no combate à corrupção. Temos mais uma vez a chance de ir além do mero discurso e do simples protesto indignado.
Podemos efetivamente fazer um movimento como poucas cidades brasileiras tiveram a chance de fazer até hoje. Temos mais uma vez a opção de agir ou de nos omitir.  Reserve espaço na sua agenda, dia 27, às 20h, no auditório da ACIB. Vale a pena conhecer essa história de sucesso.
Silvio Motta Maximino –
vice-presidente da Batra – Bauru Transparente

disponível em http://www.jcdigital.com.br/flip/Edicoes/16448%3D25-04-2015/002.PDF

terça-feira, 21 de abril de 2015

ativismo contra o neoliberalismo

Uma forma no mínimo inusitada e até criativa de denunciar a corrupção na política e no meio empresarial

 

The Yes Men são dois ativistas que denunciam as políticas neoliberais por meio da sátira, da ironia e do humor. 
Com suas ações, praticam o que chamam "correção de identidade"... fingem ser pessoas poderosas e porta-vozes de organizações proeminentes. 
Deste modo, conseguem espaço na grande mídia para denúncias de graves violações dos direitos humanos que acontecem impunemente, pelo mundo a fora.

The Yes Men Fix the World (Legendado)


Você pode assistir este vídeo acessando o seguinte link:

domingo, 19 de abril de 2015

Reclamar é bom... fiscalizar é melhor!

Participe! Divulgue! Conheça! 
Eis uma ótima oportunidade de fazer algo pela sua comunidade, pela sua cidade e consequentemente pelo seu país...
Você pode reclamar, protestar... mas melhor ainda é se você fizer algo concreto para mudar o cenário.
Experimente essa: 



publicado no link: http://www.jcdigital.com.br/flip/Edicoes/16442%3D19-04-2015/003.PDF

sábado, 18 de abril de 2015

imperdível!! Observatório Social do Brasil em Bauru!!

Palestra inédita em Bauru traz Observatório Social do Brasil

No próximo dia 27, segunda-feira, às 20h, Bauru será palco de evento inédito em nossa cidade e região. Receberemos pela primeira vez a visita dos principais diretores do Observatório Social do Brasil, instituição reconhecida internacionalmente pela história de sucesso que apresenta no âmbito do controle social, combate à corrupção e monitoramento dos gastos públicos.
Instituição não governamental, sem fins lucrativos, o Observatório realiza um trabalho técnico fazendo uso de uma metodologia de monitoramento das compras públicas em nível municipal, desde a publicação do edital de licitação até o acompanhamento da entrega do produto ou serviço, a ONG age preventivamente no controle social dos gastos públicos. É assim que a Rede OSB, formada por voluntários engajados na causa da justiça social, contribui para a melhoria da gestão pública, antevendo fraudes e garantindo economia para os cofres municipais. 
O Observatório Social também aposta na prevenção para combater a corrupção e atua em outras frentes, como a educação fiscal, públicos; a inserção da micro e pequena empresa nos processos licitatórios e aumentando a concorrência e melhorando qualidade e preço nas compras públicas.
Além de conhecer a experiência inédita de sucesso que o OSB vem obtendo em 80 cidades, distribuídas em 15 Estados brasileiros, os presentes também conhecerão dados estatísticos inéditos sobre os mais recentes benefícios e vantagens que empresários e cidadãos em geral estão obtendo concretamente com a atuação dos Observatórios, além da própria economia de recursos públicos.
O evento será possível graças à parceria firmada entre o OSB e a Batra -Bauru Transparente, que apoia o evento juntamente com a ACIB e a Agência Somma. São esperados na palestra, representantes de empresas filiadas a ACIB, FIESP e CIESP, além de representantes de entidades de classe, do Poder Judiciário e do próprio Ministério Público.
O evento também será aberto a qualquer cidadão, que poderá participar gratuitamente. O evento acontecerá no auditório da ACIB, é Rua Agenor Meira, 9-10, centro, no dia 27 de abril, às 20h.


Observatório Social do Brasil?
São cerca de dois mil voluntários trabalhando pela causa da justiça social nos Observatórios Sociais pelo Brasil afora. Estima-se que, com a contribuição desses voluntários, há uma economia de mais de R$ 300 milhões para os cofres municipais a cada ano (dados de fevereiro de 2014).
Mas, o mais importante não são os números, mas sim a nova cultura que está se formando: da participação do cidadão de olho no dinheiro público. Quer conhecer mais sobre os trabalhos desenvolvidos pelo Observatório Social do Brasil? Visite http://osbrasil.org.br/



O paradoxo: o que mais nego, mais se manifesta...

“O drama é este: o que mais nego em mim é o que mais aparece em mim”.
(José Ângelo Gaiarsa)
 

terça-feira, 14 de abril de 2015

Krishnamurti: A não identificação...

A não identificação com as coisas da vida diária...

2º de 3 diálogos realizados em Brockwood Park entre Krishnamurti, Dr. David Bohm, Sr. Narayan e dois estudiosos budistas; Sr. Walpola Rahula e Sra. Irmgard Schloegel. 23/06/1978.

Video legendado pelo Canal Toinor, que também tem alguns outros videos de J.Krishnamurti.
Acessem: http://www.youtube.com/user/toinor



sexta-feira, 10 de abril de 2015

Gaiarsa e a crítica da educação 'civilizadora'


Para refletir...

“Crianças de três anos, em testes compatíveis com a idade, são quase todas geniais; aos vinte, o rendimento intelectual cai a 15%, mostrando que a educação é primariamente um processo restritivo que limita, que fecha a cabeça, o corpo, prende.”

“Só crianças muito oprimidas e anuladas fazem gritarias e exigências desencontradas.”

“Quem conseguiu impedir sua criança de ser excessivamente bem educada, conserva a capacidade de perceber e reagir ao novo. Atitude verdadeiramente característica da infância- como também curiosidade e entusiasmo permanentes.”

(José Ângelo Gaiarsa)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

vida espiritual versus vida prática



O conto oriental abaixo nos convida a refletir sobre o problema da ascese mística mal compreendida e mal aplicada. Boa intenção ou a simples posse de poderes paranormais não são garantia de uma vida com sabedoria, bom senso e equilíbrio.

Em uma de suas caminhadas, Sidarta Gautama encontrou um monge solitário que vivia às margens de um rio.
Ao vê-lo, correu até Sidarta, manifestando sua alegria!
Após algumas horas de silêncio, o monge solitário desatou a falar de seus próprios progressos espirituais: ele conseguira levitar, dominando o efeito gravitacional. Agora, lhe era possível transportar-se ao outro lado do rio, sem molhar seus pés.
Sidarta perguntou-lhe quantos anos levara para alcançar o domínio desta habilidade.
O monge disse-lhe que, seguramente, mais de 40 anos.
—Não teria sido mais fácil e rápido, atravessar o rio utilizando-se do seu barco? perguntou Sidarta.

a ilusão do tempo

Acabe com a ilusão do tempo. Remova o tempo da mente e ela pára. (...)
A menos que você escolha usar a mente, ela irá usá-lo. (...)
A compulsão de viver quase exclusivamente de memória e antecipação cria preocupações sem fim (...)
- Eckhart Tolle -

assista abaixo:

O que somos e para onde vamos?


Em minha família, todos que ficaram mais velhos tiveram doença de Alzheimer. Isso nos leva a uma questão interessante: “O que é que nós somos?”. E o que seremos depois? Alguém me perguntou em uma entrevista: “E depois da morte, acaba tudo?”. E minha resposta foi que, dada a maneira como nosso universo funciona, é impossível que alguma coisa acabe.
A primeira lei da termodinâmica é a lei da conservação de energia, ou seja, a energia é constante e só pode ser transformada. A energia pode ser condensada, por exemplo, condensada e transformada em matéria. Matéria, portanto, é energia condensada. Nós somos energia condensada, mas em permanente transformação.
Em outra palestra usei o exemplo do riacho. Sempre que olhamos para o riacho ele parece ser o mesmo, mas todos sabemos que não é o mesmo. A cada segundo uma nova água se apresenta e passado suficiente tempo, os riachos cavam buracos e mudam de curso. Assim é com todo o universo, em constante transformação.
A vida está sempre mudando, sempre se transformando. Poucos minutos atrás estava chovendo, depois abriu o sol, depois chuva e sol e agora somente sol. Todo o tempo é assim, nada é estável, tudo é impermanente e está em constante mudança.
(...)
Seria muito tolo perguntarmos para uma nuvem: “Você irá morrer?”. A resposta da nuvem com certeza seria: “Não, eu me transformo em chuva”. Mas, e a chuva, ela morreria quando chegasse à terra? Não, ela se transforma em riacho. O riacho se transforma em rio e o rio em mar e, eventualmente, a água novamente evapora. Novamente teremos uma nuvem. É a mesma nuvem? Não. Mas é a mesma nuvem, a mesma água.  (...)
(continua)

Autor: Meihō Genshō,

sexta-feira, 3 de abril de 2015

a "crível" história do quilombo de Casimiro de Abreu


Pesquisadora resgata história de quilombo dizimado por suíços em Casimiro de Abreu

Janeiro 2015. em Ecologia Humana

Assunto foi tema da dissertação de mestrado de Renata em História, defendida há um ano, e deve virar livro

POR STÉFANO SALLES

RIO - A existência de um bairro chamado Quilombo, mas povoado por brancos de aspecto e hábitos europeus, sempre intrigou tanto Renata Lima que ela levou o assunto para a faculdade de História e transformou a localidade de Casimiro de Abreu em objeto de estudo. O assunto foi tema de seu trabalho de conclusão de curso durante a graduação, mas a pesquisa continuou no mestrado, defendido na UFF há um ano. Em um trabalho minucioso, que agora dará origem a um livro, ela descobriu que a área fora cedida pelo imperador Dom Pedro II a imigrantes suíços, que dizimaram os quilombolas e seus descendentes.
Nos períodos mais populosos, o Quilombo chegou a ter cerca de três mil moradores. A localização do bairro, afastado da sede do município, e o bom solo, tornaram-no uma área destinada à produção agrícola. Renata lamenta que a influência da cultura africana seja tão desconhecida pela população da cidade. Na pesquisa, ela encontrou um documento em que descendentes dos imigrantes propõem medidas para minimizar a importância da influência africana na constituição do município. De acordo com a estudiosa, os primeiros conflitos entre quilombolas e suíços datam de 1823:
— Os suíços dizimaram famílias inteiras de africanos. Encontrei até um mapa revelando que os europeus queriam transformar o distrito onde está o Quilombo em Nova Suíça, negando por completo o papel dos escravos e de seus descendentes em nossa sociedade.
Os poucos descendentes de quilombolas vivos ainda sofrem com as lembranças. O aposentado Alci Silva tem, pelas contas da própria família, 103 anos. Ele nasceu e cresceu no Quilombo, de onde, ao lado dos outros últimos sete moradores, foi expulso. Mas, antes de fazer as malas, conquistou o coração de uma filha de suíços, com quem teve três filhos. Lúcido, atualmente ele mora a 40 minutos do bairro, ao qual preferiu não retornar para não sofrer.
— A terra era muito boa para o plantio de trigo e de aipim. Trabalhávamos duro, mas era bom viver lá. Não tenho ressentimentos, apenas saudade — garante.