segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Porque somos peritos em falar, não precisamos ser tão amadores em escutar



 

O Segredo do Passeador de Humanos




Você por certo já ouviu falar no ‘passeador de cães’. Com o tempo rarefeito, terceiriza-se os passeios com os queridos peludos domésticos. Mas que tal se alguém cobrasse dinheiro para dar um passeio com seu amigo ou ente da sua família? Pois esse “serviço” já existe nos EUA, em Israel, e quem sabe mais aonde. Para dar uma voltinha básica de um quilômetro e meio, um passeador norte-americano cobra por volta de R$ 23,00. 

O fato foi manchete recente na imprensa britânica, a qual destacou ainda que “outra pessoa no Reino Unido quer que o americano se mude para lá para expandir os serviços”. O próximo passo, diz o insólito empreendedor, será criar uma espécie de Uber de passeadores, uma vez que ele não está dando conta de atender a demanda e já precisou até contratar uma ‘equipe de passeadores’. 

sábado, 26 de novembro de 2016

o divã e a espiritualidade

Qual a diferença entre um “bom divã de psicanalista” e um “encontro com a espiritualidade"?

by flaviosiqueira

A mente encontra respostas em um bom divã.
Mas somos mais do que a mente e as respostas mentais são insuficientes.
Posso interromper processos adoecidos, desfazer confusões e isso é ótimo, mas não é sobre isso que falo. Aquietar-se é mais do que um ritual mental.
É uma condição interior que está ligada ao jeito de olhar a vida como um todo. É como percebo Deus em mim, como vejo que sou parte do todo e que o todo faz parte de mim, que estamos vinculados e permito que essa percepção tangencie minha caminhada, molde meus valores e acalme minhas inquietudes.
É transcender a mente, sabendo de que os processos de “iluminação” não são processos conscientes, mentais, intelectuais ou sistemáticos, mas acontecem em dimensões muitas vezes incognoscíveis.
É a percepção de que somos seres fragmentados que se relacionam com o absoluto e por isso mesmo permanecem abertos para enxerga-lo aonde ele se manifesta, aonde ele está, livre de apontamentos intelectuais/doutrinários.
É o encontro consigo mesmo e a constatação de suas limitações que lhe projeta para o além, para o que não cabe em nós, ainda que esteja em nós.
Enxergar-se faz parte do processo, compreender a mente é importante, mas não creio que seja caminho suficiente para uma vida espiritual.
O que eu tenho tentado fazer é simplesmente lembrar as pessoas que o caminho começa dentro, em como me enxergo e consequentemente enxergo o próximo.
Em como enxergo o próximo e consequentemente o mundo.
Em como enxergo o mundo e consequentemente a vida.
Em como enxergo a vida e consequentemente Deus.
No mais, faço de tudo para estimular uma busca individual, pessoal e consciente.

domingo, 20 de novembro de 2016

vós sois deuses? a sabedoria e a consciência da sabedoria




Introdução
As seguintes passagens bíblicas que você lerá logo mais abaixo (a exemplo de tantas outras), encerram ensinamentos tão profundos quanto poderosos (e por que não dizer 'perigosos'). 
Se todo o saber camuflado sob códigos e metáforas que há nos textos sagrados das grandes religiões do mundo fossem interpretados e compreendidos "à luz da própria consciência", teríamos uma melhor noção das armas poderosas que temos em mãos. 
Mas o que fazer com tão formidáveis armas? O que acontece quando alguém inconsciente manipula uma arma? Quem serão os piores (mas não os únicos) prejudicados?
Sem a luz da consciência, não há visão clara, nem discernimento, nem compreensão objetiva da realidade... há distorção. 

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Elogio da metamorfose - Edgar Morin



O trabalho acadêmico de Edgar Morin que você lerá a seguir nos remete a uma utopia, sem dúvida. Mas não me preocupo com a utopia do texto.

Afinal, desconheço algum grande homem que não tenha professado alguma utopia. Os não utópicos são causticamente realistas e geralmente descambam para pessimismo e fatalismo... por fim tornam-se débeis ou inúteis; e seus textos, ininteligíveis... 
Há que ser, ao menos capazes de tornar a vida suportável. 

Sim... talvez o texto seja um tanto quanto ingênuo ou excessivamente otimista. Mas, a esperança está sempre de braços dados com a ação proativa e opera como vacina contra a letargia, contra a passividade e tibieza das massas (sempre acéfalas e manipuláveis). 

Hoje em dia, após ler o noticiário, é muito mais fácil chegar à conclusão de que qualquer esforço é inútil. 
Mas considero o seguinte: todas as pedagogias são propostas utópicas. Nem a pedagogia tradicional escapa desta regra. Todas as pedagogias projetam contextos ideais, desenvolvimentos e resultados ideais. Tais ideais se realizam (ou não) num "lugar que não há" (ainda).

Cabe aos homens empreenderem sua energia nelas (nas pedagogias) e, só a partir disso será possível aproximar-nos de alguma utopia, ou quem sabe concretizá-las fora do 'campo do sonhos'...

No fundo, não creio que a humanidade tenha boas perspectivas pela frente. Não que não haja propostas boas de novos paradigmas, ou de antigos paradigmas reciclados. Só não creio em mudanças ao nível das massas, no plano macro... a humanidade de modo geral não escapará ilesa das consequências de seus erros.

Minha esperança reside nos detalhes, no trabalho com o micro, com o indivíduo, com a pessoa, com o singular, com o momento, nas iniciativas que unem teoria à prática pedagógica... 
O professor real não é "aquele que ganha salário para dar aula"... O professor é aquele que ganha vida quando dá aulas! De bônus, recebe salário.

Todo professor-educador se alimenta da utopia todos os dias, desde o seu café da manhã... A utopia é seu paõzinho-francês com café de cada dia... 

Para quê ainda serve um educador hoje? para transmitir conteúdos? ou para deixar as mentes de seus alunos prenhes de utopias, de mundos ideais? 

O professor é um funcionário burocrático reprodutor/entregador de conteúdos culturais formatados, 'macdonnaldizados', ou ele é "semeador de utopias" em mentes férteis?

Até marxistas e existencialistas precisam se alimentar da utopia e beber na fonte dos ideais e das metafísicas. O materialista que nega isso, desconhece sua própria filosofia e ideologia. Ele ignora, mesmo sem notar, o próprio fundamento e a lógica da 'utopia' que defende.

Acho que detalhes podem fazer a diferença, não "para salvar a humanidade". Essa humanidade que aí está, inquilina que se acha dona, não merece sobrevida. Ela já se condenou a si mesma. A natureza por si só vai fulminá-la a seu tempo, pelos seus delitos ou pecados. 

Acho que os tais "princípios da esperança" funcionam como funcionaram há 3 mil anos, quando alguém contou, numa tenda escaldante no deserto, a história de um pequeno Davi que enfrentou e destruiu um monstruoso Golias. Ao contrário de todas as expectativas, o aparentemente fraco venceu o forte.

Você acredita que Davi possa vencer Golias?  Essa é questão fundamental . Essa é a escolha que temos que fazer, antes de mais nada. Tudo é uma questão de escolha. Sempre foi. Se um fraco com fé vence um forte, então porque não temos alguma chance?

Segue o artigo abaixo:


Elogio da metamorfose para salvar a humanidade 



“A verdadeira esperança sabe que não tem certeza. É a esperança não no melhor dos mundos, mas em um mundo melhor. A origem está diante de nós, disse Heidegger. A metamorfose seria efetivamente uma nova origem”, escreve o sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, em artigo publicado no jornal francês Le Monde, 9-01-2010. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Progresso ou Delírio?

Resta saber de que lado ficaremos: 

como parte do problema ou parte da solução


"É preciso crescer!" Você provavelmente já ouviu essa frase. Ela ilustra a visão de mundo na qual nascemos e agora vivemos. Tal paradigma nos foi introjetado culturalmente e, para muitos, tornou-se tão ‘natural’ quanto o ar que respiram. Nesta visão, a solução dos problemas sociais (desemprego, miséria, violência etc) exige dos diversos setores, “crescimento econômico e desenvolvimento”. Quem discordaria desse binômio?
O desenvolvimentismo é o totem sagrado de nosso tempo. Desafiá-lo é grave pecado, blasfêmia, heresia. A ideologia nos conclama a produzir e também a consumir mais. Então, surge um problema: até a capacidade de consumo das pessoas tem seu limite. Que fazer?
A solução nefanda chegou ainda na primeira metade do século 20, quando alguns iluminados conceberam o espantoso conceito da "obsolescência programada” (ou planejada) que salvaria a economia de um novo colapso: reduz-se propositadamente a vida útil de um produto para, assim, aumentar o consumo de versões mais recentes. Isto é: o próprio fabricante planeja deliberadamente o “envelhecimento” daquilo que produz. Após o prazo estipulado, o produto (geralmente ainda seminovo) simplesmente se quebra ou deteriora, mesmo que se utilize dele com todo o zelo. Isso se aplica a praticamente tudo: de suas meias de nylon às lâmpadas de led, de impressoras domésticas a peças de automóvel, de celulares inteligentes a liquidificadores, de computadores a colchões... é a cultura do descartável. 

Ademais, a propaganda midiática faria o resto do trabalho sujo, induzindo-nos a nos sentirmos imperfeitos e insatisfeitos, nos acenando com novas falsas ‘necessidades’. A única saída para o gado humano: Continuar consumindo, sem reflexão crítica alguma... 

Por sua vez, para atender à demanda (artificialmente estimulada), requer-se mais, muito mais recursos naturais (commodities, se preferirem o nome da moda). Mais petróleo, mais carvão e gás, mais minérios, mais hidrelétricas, mais...mais! É preciso explorar, exaurir, extrair, subtrair, sugar, arrancar, fissurar, depenar, explodir, esfolar, auferir, enfim, lucrar! 
https://2.bp.blogspot.com/-A6d2a6ZWCgU/WB0YqKNkWtI/AAAAAAAAEx0/5G12U9Lws2QxJbq0pGoOrSn0ut1GBTDXQCLcB/s1600/crescimento.jpg Eis a lógica do jogo, no qual o gado humano é doutrinado: ganhar e consumir sempre mais. Eis a ética permissível: buscar o topo! American way of life!  Ativos e derivativos! Blue chips! Superavit! Indexadores! PIB! Dividendos! Tudo resumido a cifras digitais num extrato bancário. Mas, é possível ser saudável respirando índices estatísticos de crescimento?  Quando tivermos fome, comeremos papel-moeda? Beberemos a liquidez de nossos investimentos financeiros se tivermos sede?
 
Dentre tantos exemplos de insanidade, citemos um bem próximo: vivenciamos no Brasil, talvez a pior crise hídrica da nossa história. Ao mesmo tempo, descobrimos que a indústria consome de 3 a 7 litros de água para produzir uma única garrafa plástica descartável, que acondicionará por alguns dias um único litro de água. Agora, considere que só no Brasil, são produzidas 550 mil toneladas de garrafas PET por ano! Essa “água virtual”, consumida durante o processo de produção de tantos supérfluos, está 'oculta' a nossos olhos. Reciclar é interessante, mas não será nossa redenção se considerarmos o exponencial crescimento demográfico. Mesmo as pequenas ações antrópicas, amplificadas em escala mundial, produzem efeitos catastróficos. Tudo que consumimos deixa uma “pegada hídrica”, uma pegada ecológica gigantesca atrás de nós. 

Tentem calcular quantos recursos já desperdiçamos com nossa ânsia por aceitação social? Quantas bugigangas ainda precisaremos para reforçar nossa frágil autoestima e sustentar nossa primitiva identidade egóica? A obsolescência planejada, bem como os atuais níveis de produção e consumo são absolutamente imorais e escandalosos. Qualquer criatura de razoável inteligência se recusaria a viver de modo tão doentio. Estamos cronicamente viciados em consumir e como qualquer viciado clássico, não admitimos o próprio vício.

Concluímos que a abjeta ideologia do crescimento predatório não se sustenta porque nosso ego é simplesmente insaciável. Ele é a fonte de nossas ansiedades e compulsões. Compreender seu mecanismo nos coloca num patamar de consciência que nos permite romper o círculo vicioso no qual entramos. Qual espelho, a sociedade só reflete a nós mesmos.  Por isso, perdemos o foco e tempo precioso quando culpamos exclusivamente nossos governos e políticos, ou a crise econômica capitalista ou a ameaça comunista... ficamos cegos para o óbvio: a real ameaça e ao mesmo tempo a solução, é o próprio elemento humano.

Nosso suposto "crescimento" está implicando em sofrimento para muitas criaturas. Ouso dizer uma blasfêmia: Não precisamos de mais, precisamos desesperadamente de menos!! menos cobiça, menos avidez, menos supérfluos, menos tóxicos, menos velocidade e menos sangue e sofrimento em nossas mãos, menos insanidade em nossas vidas.

Todas as formas de vida merecem respeito. Sem motivo plausível, não temos o direito de destruir ou causar qualquer sofrimento. Essa é a única ética possível. Ou a abraçamos ou desaparecemos. 
 



Silvio Motta Maximino –
publicado no Jornal da Cidade (Bauru) em 14/11/16

sábado, 12 de novembro de 2016

A Paz sem Esforço: o poder da quietude - Papaji



Fique quieto, não pense, não faça esforço algum. Para estar aprisionado é necessário algum esforço, mas não para ser livre. A Paz está além do pensamento e do esforço. 
Não pense e não faça nenhum esforço, porque isso apenas obscurecerá Aquilo, mas não o revelará. É por isso que permanecer em silêncio é a chave do oceano de amor e paz.
Essa quietude é a não mente; esse não-pensamento é a liberdade. Identifique-se com este Nada, esse Silêncio, mas tome cuidado para não fazer disso uma experiência, pois aí seria a mente aplicando-lhe um truque com a armadilha da dualidade.

Papaji (H.W.L. Poonja- 1913-1997)



quinta-feira, 10 de novembro de 2016

a projeção de nossas sombras



"Não existe como criar consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, não importa o quão absurdo seja, para evitar encarar a própria alma. Não nos tornamos iluminados apenas imaginando figuras de luz, mas criando consciência da escuridão. Porém, esse procedimento é desagradável, portanto, não popular."
Carl Gustav Jung (1875 a 1961)
-psiquiatra e psicanalista suíço, fundador da Escola Analítica-

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

a pessoa que mudará sua vida


Filosofia da Linguagem: O argumento da linguagem privada

P. M. S. Hacker
Tradução de Filipe Lazzeri

A expressão “o argumento da linguagem privada” é às vezes usada em referência a uma bateria de argumentos presentes nas Investigações Filosóficas de Wittgenstein, §§ 243-315, que dizem respeito ao conceito de mente e às suas relações com as suas manifestações comportamentais (o interno e o externo), ao autoconhecimento e ao conhecimento de estados mentais alheios, às exteriorizações de experiências e às descrições de experiências.

A expressão é usada ainda, em outros casos, de um modo mais restrito, em referência a uma única cadeia argumentativa na qual Wittgenstein demonstra a incoerência da idéia de que nomes para sensações e nomes para experiências ganham significado pela associação com um “objeto” mental (por exemplo, a palavra “dor” pela associação com a sensação de dor), ou por definição ostensiva mental (privada), na qual uma “entidade” mental supostamente funcionaria como um exemplar (por exemplo, uma imagem mental, armazenada na memória, tomada como paradigma para a aplicação do nome).

Vivendo e aprendendo




Nasce-se, e nascendo, vive-se. E vivendo, aprende-se. Aprende-se muito, desde muito cedo, é certo.
Vive-se para se aprender a viver, é o que parece. Aprende-se a arte de viver ou se aprende a ciência do viver: pensar, sentir e agir...
Merecer viver, eis a questão! Fazer-se digno da vida, eis o sentido, pode ser.
Compreender o significado da vida, apreender sua significação, pressentir as regras relativas e intuir as leis absolutas. Vive-se e se aprende a viver sempre. Com erros, acertos, desacertos, arranjos, jeitos e trejeitos.
Pode se aprender a ser? Ou já nascemos sendo?
Aprende-se ensinando, e mesmo sem querer se aprende também.
Tempo: grande círculo no qual giramos, aparentemente nos movemos. Será que saímos do lugar? Mas não é ele, tempo, que se move e passa... nós é que, talvez, estejamos nos movendo.
Tempo que é mestre, carrasco, amigo e enganador, também é, às vezes, só tempo perdido.
Eternidade: ausência de tempo, ausência de movimento, sem início, nem fim.
Para sentir-se fora do tempo, livre do tempo, é preciso apenas parar. Na ausência de movimento, cessa o tempo. Mas onde é que há movimento?
Na mente há muito movimento. Cada pensamento, cada lembrança, cada imagem projetada, um movimento.
A dualidade: Outro mestre na vida. Discernir o justo no injusto, o bom gosto no pior desgosto, a alegria bem no fundo da tristeza, a ânsia e a apatia, o ânimo e o cansaço, beber o caldo e engolir o bagaço.
Compreender a dualidade é esperar no desespero, é ver loucura na sanidade, involução na evolução, é ver progresso quando há regresso.
Tudo é vida que segue. E vai, até concluir a parábola e retornar ao ponto de partida. Para que mesmo se nasce e se morre?
E para que se ganha e se perde?
A luta é sabor da vida, às vezes salgado, às vezes doce, ora amargo, ora azedo, e ainda não é tudo. Espera-se mais da vida, além da decepção e das vitórias vãs. Espera-se mais que quimquilharias e bugigangas, juntadas na estante como troféus.
Mas tudo isso que chamamos 'vida', qual antecâmara e vestíbulo da realidade, é apenas a nossa pré-escola. Temos ainda muito que aprender.
Quando se aprende a 'morrer' ainda vivendo, é que se começa a viver, e a aprender, desaprendendo.