sábado, 10 de dezembro de 2016

Heróis: entre deuses e homens



Heróis e anti-heróis: onde estão?


É sério! Heróis e heroínas não são invenção de Hollywood! Muito antes da escrita existir, já eram cantados entre os indígenas, nórdicos, asiáticos, orientais, africanos e aborígenes. Posteriormente, valiosos livros sagrados passaram a narrar poeticamente seus dramas e tragédias, seus conflitos, dilemas, derrotas e vitórias. Ainda que dotados de admiráveis habilidades, heróis e heroínas sempre foram mortais e também cometiam erros. Isso não os impedia de se consagrarem legítimos líderes e inspiradores de suas gentes. Sua natureza híbrida (parte humana, parte divina), lhes conferia uma dignidade que geralmente lhes custava caro, muito caro. 

Uma coisa se sabe: eram legítimos líderes! Não se permitiam viver mediocremente e lutavam por fé, por ideal. Seu gênio, sua lealdade e coragem conferiam-lhes a relevância que lhes permitiu serem celebrados e, seus feitos, reinterpretados e recontados ao longo dos séculos, a ponto de muitos deles se tornarem paradigmas morais e pedagógicos de seus respectivos povos e nações. 


O comportamento e a visão de mundo de um líder nos afeta, afeta nossa humanidade! É nisso que um líder se distancia de um simples genitor biológico, de um mero chefe, presidente ou político medíocre. O chefe pode ser obedecido porque é temido, mas o herói, aquele que é líder, é sinceramente admirado, comanda pela adesão consciente de seus liderados. 


É verdade que a recente indústria cultural se apercebeu do potencial comercial do tema, trazendo à luz os midiáticos super-heróis das revistas em quadrinhos e da cinematografia. Pergunto: indo mais além da liberdade artística, haveria ainda hoje, espaço para líderes reais, de carne e osso? Onde estão e como vivem?


Sim, eles existem! Os autênticos líderes são os heróis e heroínas de nosso tempo. São aqueles que nos inspiram e animam com seus exemplos, não com teorias e discursos ao vento. Líderes, repare bem, são raros... sempre foram. Mas por certo, você já conheceu alguns: de repente aquele educador ou educadora impossível de esquecer, aquele pai ou mãe valoroso, aquele religioso ou político que demonstrou com sua conduta, mais do que com a retórica, ser possível promover mudanças significativas na mente e na vida das pessoas. 


Agora, esqueçamos por ora os falsários falastrões que traíram a confiança de seus filhos, alunos ou de seus eleitores. Esses são os anti-heróis! Como tais, já conquistaram, com sua pequenez moral, seu merecido espaço no livro universal da infâmia. 


Proponho um exercício simples:  pegue papel e lápis e anote! Quem são seus heróis e heroínas? Faça sua lista de honra! Quem fez real diferença em sua vida? Agora, feita a lista, honremos sua humanidade e também sua origem divina. A divindade, antropologicamente adornada, se faz refletir em cada líder, herói ou heroína que cruza nosso caminho. São os guardiões de nossa esperança, de nossa fé. Fé na humanidade que resta, em nós e nos outros.


Desgraçado e medíocre o povo que não reconhece seus heróis e heroínas! A esses líderes que nos inspiram a não desistir, a ir além de nossas próprias limitações, nossa profunda gratidão. E também nossa petição de perdão, pelas vezes em que fomos indignos de seu sacrifício e dedicação. Agora, só falta mais uma coisa para nossa homenagem ser completa: seguir seus exemplos. 

texto publicado no Jornal da Cidade em 10 de dezembro de 2016, pág. 02
http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=246166


2 comentários:

  1. Belíssima reflexão!!! Tão importante quanto a existencia dos heróis é a existência do reconhecimento de seus feitos pelo seu povo!

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    1. Muito grato pelo seu comentário, Samuel!
      não devemos transformar os heróis e heroínas em ídolos, mas seus exemplos são importantes para inspirar as novas gerações, para mostrar que é possível lutar contra as injustiças, com ética e com honra.

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