domingo, 28 de maio de 2017

condicionamento, apego e acúmulo - parte IV

(…) Estamos condicionados, mas pode o pensamento ultrapassar as próprias limitações? Só o pode se estivermos cônscios de nosso condicionamento. Desenvolvemos certa qualidade de inteligência, em nossa atividade de expansão pessoal: com a nossa avidez, (…) o nosso instinto aquisitivo, (…) os nossos conflitos e penas; criamos uma inteligência voltada à proteção e à expansão do “ego”. Pode essa inteligência compreender o Real, o único capaz de resolver todos os nossos problemas?
(O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 201)

O que é conhecido não é o Real. Nosso pensamento está ocupado numa constante busca de segurança, de certeza. A inteligência que promove a expansão do “ego” busca, por força de sua própria natureza, um refúgio, seja pela negação seja pela afirmação. (…)
 (O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 264)

(…) O essencial é sabermos se essa inteligência que foi cultivada na expansão do “eu”, é capaz de perceber ou descobrir a verdade; ou existirá outra espécie de atividade, (…) de percepção capaz de receber a verdade? Para descobrir a verdade, é necessário estarmos livres da inteligência que está ligada à expansão do “ego”, porquanto esta é sempre circunscritiva, sempre limitante.
(O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 201)

Acreditamos que, acumulando conhecimentos e experiências, estaremos capacitados para compreender a vida com todas as suas lutas complexas. (…) Com essa carga do passado, não nos é possível ver as coisas diretamente; (…) Nunca enfrentamos coisa alguma de maneira nova, mas sempre em conformidade com o “velho” (…)
(Percepção Criadora, pág. 100)

(…) Nosso pensamento-sentimento está colhido no processo horizontal do “vir-a-ser”; o que vem a ser está sempre acumulando, sempre adquirindo, sempre sempre a expandir-se. O “ego”, o que vem a ser, o criador do tempo, jamais pode conhecer o Atemporal. O ego (…) é a causa do conflito e do sofrimento.
(O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 176)

(…) Nós acumulamos as lembranças psicológicas e a elas nos apegamos, dando assim continuidade ao “ego”; consequentemente, o ” ego”, o passado, cresce continuamente, pois está sempre acrescentando algo a si próprio. É essa memória cumulativa, o “ego”, que cumpre desaparecer;(…) enquanto o pensamento-sentimento continuar a vir-a-ser, não poderá conhecer a bem-aventurança do Real. (…)
(Idem, pág. 179)

Identicamente, acumulamos conhecimentos na esperança de que nossa pequenina mente será ampliada e sua superficialidade superada, graças à acumulação cada vez maior de erudição e saber. Mas pode o saber libertar a mente (…)? O saber, pois, se torna um obstáculo, em vez de ser um “processo” libertador.
(Viver sem Temor, pág. 52)


Se deseja um indivíduo compreender um problema vital, não deve pôr à margem as sua tendências, preconceitos, temores e esperanças, o seu condicionamento, e ficar vigilante, simples e diretamente? (…) Essa auto-revelação é de grande importância, porquanto nos desvendará o processo de nossos pensamentos-sentimentos. Devemos penetrar profundamente em nós mesmos, para acharmos a verdade” (…)
(O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 200-201)

(…) Você diz que o instrumento se aperfeiçoa por meio do pensamento. Para mim o enfoque tradicional de aperfeiçoar o instrumento pelo ato de pensar e assim ir mais além do pensamento, e o ato de cultivar a inteligência e ir mais além do tempo, tudo isso continua na área do pensamento. (…) Portanto, nesse mesmo pensamento está o pensador. (…)
(Tradición y Revolución, pág. 36)

(…) Se aprendo com o fim de adquirir conhecimentos com base nos quais vou atuar, essa ação se torna mecânica. Porém, quando aprendo sem acumular - o que significa perceber, escutar sem adquirir - a mente está sempre vazia (…)
(Tradición y Revolución, pág. 48)

Pode a mente vazia estar alguma vez condicionada, e, se é assim, por que se condiciona? Uma mente que na verdade está escutando, pode alguma vez ser condicionada? Sempre está aprendendo, sempre se acha em movimento. (…) Esse movimento não pode ter um começo e um fim. É algo vivo, jamais condicionado. Uma mente que adquire conhecimento para funcionar é uma mente condicionada por seu próprio conhecimento.
(Idem, pág. 48)

E o que nós dizemos é por completo diferente; dizemos que esse condicionamento pode ser totalmente erradicado para que o homem seja livre. (…) Vamos ver se esse condicionamento - que está tão profundamente enraizado nos esconderijos da mente, e que também está ativo na superfície - pode ser compreendido de tal modo que o homem se liberte de toda dor e ansiedade.
(La Llama de la Atención, pág. 82)

Como quase todos nós estamos inconscientes do nosso condicionamento, não é essencial, antes de tudo, que nos tornemos cônscios dele? (…) Ora, é óbvio que são justamente essas crenças e dogmas que criam inimizade entre os homens (…)
(Viver sem Temor, pág. 23)

(…) O libertarmo-nos de todo condicionamento não significa procurarmos um condicionamento melhor. Acho que essa é a parte essencial da questão, porque só quando a mente não está condicionada é ela capaz de resolver o problema do viver, como um processo total e não apenas num dado nível, num segmento da existência. (Idem, pág. 24)

Vendo-nos condicionados, inventamos um agente divino que, como piamente acreditamos, irá libertar-nos desse estado mecânico. (…) Assim, sentindo-nos incapazes de nos descondicionarmos neste mundo, (…) pensamos que a liberdade se encontra no céu, em Moksha, no Nirvana. (…)
Atualmente os psicólogos estão também lutando para resolver este problema - e condicionam-nos mais ainda. Assim, os especialistas religiosos nos condicionaram, a ordem social nos condicionou, a família (…) nos condicionou. Tudo isso é passado, que constitui todas as camadas claras e ocultas da mente (…)
(A Luz que não se Apaga, pág. 120-130)

(…) E podemos conhecer nosso condicionamento, nossas limitações, nosso background, sem procurar forçá-lo ou analisá-lo, sublimá-lo ou reprimi-lo? Pois tal processo implica a entidade que observa e se separa da coisa observada (…) Enquanto houver observador e coisa observada, o condicionamento tem de continuar. Por mais que o observador, o pensador, o censor, lute para livrar-se de seu condicionamento, continuará preso nesse condicionamento, uma vez que a divisão entre “pensador” e “pensamento”, “experimentador” e “experiência”, é o próprio fator que perpetua o condicionamento; (…)
(Realização sem Esforço, pág. 42)

Todos estamos condicionados - como ingleses, russos, hinduístas, cristãos, budistas (…) Somos moldados pela sociedade, pelo ambiente; nós somos o ambiente. (…) A totalidade do condicionamento da mente é o “conhecido”, e esse condicionamento pode ser quebrado, mas não por meio de análise. Só pode ser quebrado quando considerado de maneira negativa, e essa maneira negativa não é oposto da positiva. (…)
 (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 93)

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