quinta-feira, 19 de julho de 2018

vida material e vida espiritual - parte I

O lado material e o lado espiritual da vida - I

No mundo da Verdade (o mundo real) não há dualidade (mas unicidade). 
Porém, a crença ortodoxa comumente ensinada em nossa cultura nos diz: "há um corpo físico e há uma mente", "são substâncias distintas"... a teoria é essa, ainda que a interação entre corpo e mente não seja satisfatoriamente explicada até hoje. 

Há, contudo, outro paradigma: 
Tudo que existe constitui uma unidade, constituída de uma única substância, tudo está conectado, não havendo separação  real entre corpo e mente (vida material e vida espiritual)... 
Pense então nessa divisão como meramente didática, criada para facilitar o aprendizado de 'neófitos' como nós. 

Analisando profundamente, podemos notar que ambos os aspectos se fundem num todo único. Muito facilmente se pode constatar, pela simples observação e experiência pessoal, que um aspecto da vida sempre se reflete no outro tão intrínseca e detalhadamente, que aquelas distinções, antes aceitadas como óbvias, vão se tornando cada vez mais questionáveis e até mesmo obsoletas em muitos casos...

Logo, faço um convite: ousemos por um momento, olhar o ser humano, seu corpo e sua mente, sua psicologia e sua fisiologia, ambos como um todo único!

Sendo mais ousados ainda e dando um passo adiante, pensemos agora a sociedade, o mundo, os animais, os vegetais, o planeta... tudo formando um organismo vivo único, uma unidade complexa.

Assim é que "formamos uma unidade"... em inúmeros sentidos. 

Quando um dos elementos (na aparência distintos, isolados, diferenciados) sofre um desequilíbrio, todo o organismo é afetado de algum modo...  Noutras palavras, todo 'indivíduo', como se fosse uma célula desse grande corpo, é afetado em maior ou menor grau, em maior ou menor intensidade.

Outro exemplo de que a aparente dualidade corpo/mente é de certo modo ilusória, são as doenças psicossomáticas, cujo rol, segundo o CID (código internacional de doenças), aumenta a cada dia. 
Há não muito tempo apenas psicólogos abraçavam a tarefa de estudá-las. Hoje, tais enfermidades fazem parte obrigatória da formação profissional de qualquer médico, neurologista, fisiologista ou psiquiatra. E a cada dia que passa, mais pesquisadores vão desconfiando e constatando que enfermidades antes consideradas como de origem exclusivamente física (meramente 'biológica'), na verdade tem origem (ou ao menos influência) de 'mecanismos psíquicos'.

Outro aspecto interessante que podemos considerar/analisar quando estamos avaliando a distinção entre o mundo interior e o exterior é a questão do sonho. Então, pergunte-se:

Agora mesmo, neste exato momento, você está sonhando ou está acordado?

Ou pergunte-se: Como sabemos que estamos no mundo físico?
Você poderia provar/demonstrar que está vivenciando uma experiência no 'mundo exterior' (estritamente material)?
 
Vejamos: No mundo dos sonhos, não há distinção nítida entre passado, presente e futuro, podemos até nos ver flutuando e voando, atravessando paredes compactas, podemos conversar usando apenas o pensamento, visitar mundos desconhecidos etc...
Mas, mesmo com todas essas diferenças notórias entre um mundo e outro, ainda assim nossa consciência comumente não percebe que se trata de um sonho, de uma vivência onírica em outra dimensão "não física".
Isto é: mesmo com todas essas informações, enquanto dormimos em nossa cama, geralmente não nos damos conta que naquele momento, estamos sonhando, não é mesmo? 
Mesmo isso ocorrendo todos os dias, sem exceção, por que raramente notamos que se trata de um sonho?
A constatação é que nossa consciência segue hipnotizada, dormindo em qualquer dimensão (já que tampouco há separação absoluta entre elas). 
O fato é que não importa se estamos 'experimentando' materialidade ou espiritualidade, se estamos 'sintonizados' com algo 'físico' ou 'energético', simplesmente continuamos sonhando

Por que as pessoas então resistem tanto em aceitar que, agora mesmo, neste exato instante, estão também dormindo profundamente?
Por que achamos que agora, só por estarmos aparentemente manipulando um corpo físico, estaríamos 'acordados'? 
Não é possível que agora mesmo, estejamos vivendo "dentro" de um outro tipo específico de sonho?

Este sonho é o que se denomina "o sonho da consciência".

E ele ocorre rotineiramente, não importa se estamos usando corpo físico, ou se ele está repousando numa cama. Nossa consciência simplesmente segue lá, no mundo dos sonhos, tal qual se estivesse aqui. O fato de não termos lá os mesmos limites corpóreos e morais da dimensão física, dá um outro colorido, é verdade. Mas o sonho continua sendo sonho. O sonho não deixa de ser sonho só porque ele ocorre em outra dimensão (nível de percepção).

Costumamos pensar que somos muito espertos, mas corriqueiramente nos debatemos em dramas e tramas ridículos, projetados por nós mesmos, nos 'mundos internos/externos', oníricos, físicos ou não físicos...
 
Sonhamos (inconscientemente) à noite. Isso não seria um indício de que também sonhamos durante outras hora do dia? 
Mas, iludidos, creiamos estar “acordados”.
 
A maioria continua sonâmbula, sem sequer perceber que 'ainda dorme'... 

E quando alguém ou a Vida (o carma) vem e nos chacoalha, gritando “ACORDE!!”, ainda resmungamos, damos de ombros e viramos de lado na cama...  parece ainda não nos fartamos de tanto 'dormir'.
Além disso, aquilo que julgamos ser o "mundo físico" (tão real e concreto), não passa de uma 'criação' de nossos próprios cérebros.

E os cinco sentidos? não são "portas ou janelas" por meio das quais temos acesso direto ao "mundo exterior"; de fato, nossos sentidos são tecidos orgânicos dotados de terminações nervosas sensíveis a certo número limitado de ondas e frequências... nossos sentidos captam uma gama pequeníssima de impressões ... e é com elas que nosso cérebro/mente 'constrói' aquilo que depois chamaremos de 'realidade'... 
Aquilo que a ciência chama de 'impulsos elétricos', 'ondas', 'fótons', 'frequências', são continuamente transformadas, filtradas e depois ainda interpretadas. 

Tudo aquilo que nosso aparelho físico conseguiu captar, nosso cérebro/mente depois vai selecionar, segundo critérios de relevância completamente desconhecidos. Por fim, aquilo de que tomamos consciência (e que portanto consideramos 'real') não passa de uma mera "representação interna" subjetiva (psicológica, mental), nada mais que isso...
Então, quanto do mundo que "vemos", "ouvimos" e "apalpamos" é realmente como supomos que é?

Então, vamos combinar uma coisa? Vamos parar de fingir que sabemos alguma coisa sobre o mundo. Vamos admitir que não conhecemos a realidade ao nosso redor.
É isso mesmo! Não sabemos... não conhecemos a origem, a causa do que vivemos ou experimentamos no mundo... não sabemos como surgiu e nem onde tudo isso vai dar... só podemos imaginar, deduzir, supor, conjecturar.
Então como saber se estamos indo bem ou mal em algum aspecto de nossa vida? Estar "bem " implica em quê? Ter sucesso ou fracasso em algo, ter muita ou pouca saúde, ter vida longa, isso ou aquilo... Nada disso prova coisa alguma.


Melhor não perder tempo colando rótulos em ninguém... NEM em nós mesmos! Tais etiquetas são como roupas escondendo a nudez de nossa esplêndida ignorância.
 
O reconhecimento de que nada sabemos é o primeiro passo em direção à autêntica sabedoria (Sócrates). 
 
 
continua:

vida material ou vida espiritual – II

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário