A seguir poderemos ler uma reflexão assustadoramente radical sobre o que somos e sobre o que são as distintas situações da vida...
Aviso que a reflexão não é nada lisonjeira em relação à ideia que geralmente nutrimos sobre quem somos, sobre nossa própria identidade.
Acreditamos geralmente que somos uma substância que não se confunde com os demais, nem com o resto do mundo, que somos uma consciência, um ego, uma entidade real, substancial, uma alma ou espírito.
Mas o que de fato sabemos de nós mesmos? Realmente conhecemos a nós mesmos ou o que sabemos a nosso respeito são ideias advindas de outras pessoas, doutrinas, filosofias ou livros? De tudo, o que de fato constatamos por nós mesmos?
Nossas experiências vão se aglomerando e acontece por fim que, a este conjunto bastante difuso de vivências acumuladas, acabamos chamando de 'eu mesmo', 'mim mesmo'. Essa auto-imagem é propagandeada pela nossa personalidade. Nosso corpo e nossa personalidade nos dão a falsa sensação de que temos uma unidade egóica, contínua e coerente. Basta uma hora de prática intensa de auto-observação para constatar que essa concepção é profundamente equivocada.
No fundo, se abstrairmos o corpo físico, se o colocarmos de lado por um momento, e se fizermos o mesmo com o frágil verniz de nossa personalidade (conjunto de regras advindas da cultura do nosso grupo/sociedade), a crua realidade interior irá nos mostrar que não possuímos qualquer unidade ou constância psíquica (em verdade, a inconstância e a contradição interna são a regra)...
Se precisarmos falar com 'João', não se achará de fato um 'eu' específico ao qual possamos nos dirigir e que represente o João. Se quisermos encontrar 'Maria', a quem teríamos que nos dirigir exatamente? qual dos eus de Maria a representa? Notaremos não haver uma entidade psicológica a que possamos realmente chamar de Maria, que nos indique quem realmente Maria é.
Prova inconteste deste fato psíquico é que a cada momento, nossas opiniões, vontades, ansiedades, frustrações, suspeitas, desejos, pensamentos, emoções, anseios, medos, sentimentos, sonhos, ambições, paixões, traumas, etc se alternam num desfile tétrico e caótico, aos milhares com o passar do tempo, e ao sabor de estímulos corporais ou ambientais infinitos que recebemos.
Em uma jornada, na busca pela nossa própria identidade, absolutamente ninguém pode nos levar pela mão. Essa viagem é a única que só podemos fazê-la por nós mesmos. Ninguém pode nos conduzir até o âmago de nós mesmos. Nenhum psicólogo, mestre, anjo ou divindade. O que a divindade pode fazer? pode nos apontar o caminho. Mas ele precisa ser trilhado por cada um. Cada um de nós é que terá que constatar por si mesmo, quem de fato é... e quem não é! Nesta entrada deste caminho, aqui mesmo, caem mortas todas as teorias, teologias, poesias e fantasias...
O que há em nós que está sobrando? o que é lixo e o que tem valor? quais são as queridas falsas identidades a que temos tanto apego e apreço?
Lembre-se: os rótulos, os certificados, as credenciais, as certidões, não nos dirão nunca quem de fato somos. Nenhuma etiqueta, nenhum líder, nenhuma pessoa ou livro lhe poderá dizer quem é seu Ser Íntimo, eterno e real.
Incrivelmente, quase tudo que achamos que somos, não somos...
É disso que fala o texto abaixo. Um texto curto e duro, que deve ser lido com cuidado, mastigado e digerido aos poucos, pois em geral não gostamos de ouvir certas verdades. Preferimos os discursos de adulação, as lisonjas, os confetes, as apologias... queremos crer que somos criaturas valorosas e magnânimas, o ego quer garantir uma 'morada eterna' para si proprio, pois que teme a morte... ignoramos completamente que o único destino do ego é a aniquilação total.
Silvio MMax.
Os jogos da vida são nada mais que isso: jogos...
O que chamamos de “eu” é mais ou menos
como o eixo de um redemoinho. Há movimento, você vê o centro do redemoinho e
diz: “Há um eixo”. “Parece” que há um eixo. Na verdade, há um, enquanto existe
o redemoinho. Cessou o redemoinho, cadê o eixo? Nós somos redemoinhos nesta
existência, movimentos e fluxos de pensamentos, paixões, etc. Nosso “eu” é o
eixo, mas, na verdade, nós não somos redemoinhos. Nós somos o céu azul.