Dívida espanhola com
indígenas americanos está longe de ser paga
Publicado
em agosto 2013 na Revista Ecologia Humana
Madri,
Espanha - A
cooperação espanhola com as comunidades originárias da América ainda é muito
fraca, apesar de alguns esforços pontuais e da ação da sociedade civil,
advertiu a economista Laura Barba, diretora da organização não governamental Watu, na
véspera do Dia Internacional dos Povos Indígenas.
“Há pouca sensibilidade para considerar os indígenas como sujeitos com direitos e não como personagens exóticos”, embora a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid) tenha avançado um pouco em seus planos de ajuda nos dois últimos anos, disse a responsável da Watu (“seres humanos”, em língua swahili), com sede em Madri.
“Há pouca sensibilidade para considerar os indígenas como sujeitos com direitos e não como personagens exóticos”, embora a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid) tenha avançado um pouco em seus planos de ajuda nos dois últimos anos, disse a responsável da Watu (“seres humanos”, em língua swahili), com sede em Madri.
Este
avanço, que no momento se dirige especificamente aos indígenas da América
Latina, se deve em particular a Carlos Aragón Gil de la Serna, diretor da Aecid
e seu representante no Fundo Indígena, o órgão multilateral de cooperação
especializado na promoção e no desenvolvimento e reconhecimento dos direitos
aborígenes, criado em 1992 no contexto da Comunidade Ibero-Americana.
Barba disse à IPS que "9 de agosto de 2013 é um bom dia para se incentivar a defesa dos direitos fundamentais de todo ser humano sem distinção de raça, credo, ideologia ou condição econômica e social".
Barba disse à IPS que "9 de agosto de 2013 é um bom dia para se incentivar a defesa dos direitos fundamentais de todo ser humano sem distinção de raça, credo, ideologia ou condição econômica e social".
Sobre isso, a ativista deu como exemplo de promoção destes direitos as jornadas de mulheres indígenas organizadas em abril pela Aecid, em cujo contexto Jeannette Paillán, jornalista mapuche e diretora geral da Coordenadoria Latino-Americana de Cinema e Comunicação dos Povos Indígenas afirmou que “o objetivo de sua ação é aproximar o público espanhol da problemática das comunidades aborígenes da América”. “Por isso queremos mostrar filmes que abordem aspectos como a violação de nossos territórios ou as dificuldades para manter viva nossa cultura e herança”, destacou Paillán.
A
organização Cultura Indígena Principado de Astúrias joga um forte papel nessa
linha desde sua criação, em 2003, a partir de um grupo de jovens ativistas que
haviam compartilhado várias semanas em comunidades maias da Guatemala, onde
puderam conhecer a fundo a situação de extrema pobreza em que viviam. Seus
objetivos são basicamente favorecer o acesso à educação e à saúde dessas populações.
A Aecid
também conseguiu que Madri aprovasse a Estratégia da Cooperação Espanhola com
os Povos Indígenas, baseando-se nas normas da União Europeia e da Segunda
Década Internacional dos Povos Indígenas do Mundo, decidida em 2005 pela
Organização das Nações Unidas (ONU) e cujo objetivo é atender as reclamações
das comunidades originárias e reconhecer seus direitos. As demandas se resumem
em respeitar as identidades dos povos e seus próprios processos de
desenvolvimento social, econômico, político e cultural.
A este
respeito, a Estratégia definiu as prioridades da cooperação espanhola na
matéria e estabeleceu como se deve identificar, desenhar e implantar atividades
de cooperação respeitosas com os direitos e as identidades indígenas. Em
particular, ser conscientes das vulnerabilidades das comunidades pela
marginalização sofrida durante séculos, que inclui a perda de suas terras
ancestrais.
Para
essas atividades, a Aecid conta com o Plano Diretor da Cooperação Espanhola
para 2013-2016 para a América Latina, norte da África, Oriente Médio e África
subsaariana. Para sustentar essa estratégia, é mantido o Programa Indígena, que
coordena e articula as ações de cooperação espanholas especialmente na América
Latina. A estratégia de cooperação se vê, por exemplo, no desenvolvimento do
Programa Regional sobre Direitos da Infância e da Adolescência Indígena, que
desde 2006 é executado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em
17 países latino-americanos.
Também
são executados programas no contexto do Fundo Espanha-Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento, com ações no Brasil para promover a segurança
alimentar e a nutrição de meninos e meninas indígenas, e na Nicarágua, Costa
Rica e no Equador, por meio da geração de políticas interculturais e de
respeito à diversidade cultural e contra as desigualdades.
Outras
ações cofinanciadas pela Aecid são o Programa Integral de Desenvolvimento em
Comunidades Indígenas, que a entidade Mãos Unidas realiza no Equador, e o
convênio “Exercício pleno de direitos humanos e redução da pobreza nas
populações indígenas e camponesas” em El Salvador, Guatemala e Nicarágua, com
possibilidade de se estender a outros países da área, a cargo da organização
não governamental espanhola Iepala.
O Dia
Internacional dos Povos Indígenas foi estabelecido pela Assembleia Geral da ONU
em 23 de dezembro de 1994, quando se decidiu que seria celebrado todo dia 9 de
agosto durante a Primeira Década Internacional das Populações Indígenas do
Mundo. Essa decisão foi reiterada em 2004 com o lema “uma década para a ação e
a dignidade”.
O tema
central da comemoração de hoje é “Povos indígenas construindo alianças: Em
honra aos tratados, acordos e outros documentos construtivos”, com a esperança
de conseguir que os Estados reconheçam e apoiem os direitos dos aborígines. A
Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu urgência
aos Estados no sentido de intensificarem seus esforços para que sejam
respeitados os tratados que protegem os povos indígenas.
Fonte: Envolverde / IPS.
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