Segunda sem carne – Por que?
O objetivo da campanha é incentivar a redução do consumo de carne e,
consequentemente, o aumento do consumo de leguminosas, frutas, cereais e
verduras, como recomendado pelo Guia
Alimentar para a População Brasileira do Ministério da Saúde.
Também há a preocupação com os animais. A competição acirrada do agronegócio tem levado os
produtores a tratar os animais como objetos e mercadorias, muitas vezes
sendo criados e abatidos em condições muito precárias.
Outros dois pilares da Segunda Sem Carne são a preservação do
planeta Terra e a saúde da população humana.
Segundo os dados do site oficial da campanha no Brasil, o consumo médio de carne atualmente tem uma pegada hídrica de 3800 litros de água por pessoa por dia.
Cada quilo de carne bovina demanda 5
quilos de alimentos de origem vegetal, que poderiam alimentar muitas
pessoas, e produz 335 quilos de gás carbônico (CO2), que são liberados na atmosfera, o que equivale a dirigir um carro por 1600 quilômetros
Além disso, não comer carne uma vez por semana fará muito bem para a sua
saúde. Segundo um estudo do Departamento de Saúde Pública da
Universidade de Oxford, se todos na Inglaterra deixassem de comer carne
quatro dias por semana, seriam evitadas 31 mil mortes por doenças
cardíacas e nove mil mortes por AVC (acidente vascular cerebral) todo
ano. Mas atenção: não adianta muito trocar a carne por derivados animais
como queijos e manteigas. Para ter uma alimentação saudável aumente o
consumo de vegetais!
Meio Ambiente
A criação de animais para consumo é
ambientalmente desastrosa. Uma das formas mais eficazes de mudar os
nossos hábitos em favor de um meio ambiente mais saudável e equilibrado
é, sem dúvida, adotar uma alimentação vegetariana.
Veja, de maneira bastante simples e resumida, o impacto ambiental positivo de tirar a carne do prato mesmo durante apenas 1 dia.
Água
Nossos esforços cotidianos para reduzir o
uso de água em casa e no trabalho são importantes, mas tornam-se quase
insignificantes comparados à eliminação da carne do cardápio, uma vez
que são utilizados entre 10 e 20 mil litros de água para produzir apenas
1 Kg de carne bovina.
Outros tipos de carne e produtos animais também requerem um aporte de água muito superior ao de alimentos vegetarianos.
Devido ao uso intensivo de água na
cadeia de produção de carnes, um típico e bem-nutrido consumidor de
carne demanda indiretamente mais de 3.800 litros de água a cada dia, ou
seja, inacreditáveis 1.387.000 litros por ano! (U.S. Department of State, 2011).
As granjas industriais também geram
grande poluição de água, visto que ocorre o despejo dos dejetos de
bilhões de animais em corpos d’água (Pew Commission, 2008).
Há milhares de granjas industriais no
Brasil e, segundo dados do governo dos EUA, “uma granja com uma grande
população de animais é o mesmo que uma pequena cidade em termos de
produção de dejetos” (EPA, 2004).
Estas granjas tipicamente borrifam
dejetos minimamente tratados ou não-tratados nos campos, eventualmente
contaminando a água, o solo e o ar (Pew Commission, 2008).
Dejetos de granjas industriais, em geral, contêm, entre outros
contaminantes, resíduos de antibióticos que estão contidos na
alimentação de engorda dos animais.
Estes resíduos, assim, terminam
excretados no meio ambiente e já foram recorrentemente encontrados como
contaminantes de água subterrânea, superficial e encanada (FAO/ONU, 2006).
Segundo a ONU, o setor da pecuária é
inegavelmente a maior fonte setorial de poluição de água, contribuindo
para eutrofização de ecossistemas aquáticos, “zonas mortas” em áreas
costeiras, degradação de recifes de corais, problemas de saúde humana e
de emergência de resistência a antibióticos, entre outros impactos (FAO/ONU, 2006).
Mudanças Climáticas
Produzir 1 quilograma de carne bovina no
Brasil envolve, sobretudo, a emissão de 335 Kg de CO2, equivalentes às
emissões geradas ao dirigir-se um carro médio por 1.600 Km (Schmidinger K, Stehfest E, 2012).
Considerando todas as emissões da
cadeia, desde os cultivos que viram ração animal até o transporte e
varejo da carne processada, a Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO) estima que o setor pecuário é
responsável por 14,5% das emissões de gases do efeito estufa globais
oriundas de atividades humanas (FAO/ONU, 2013).
Por estas razões, a saber, são muito
expressivos os impactos positivos da alimentação vegetariana – também em
termos da contribuição para mudanças climáticas.
Um estudo indicou que o impacto positivo de tirar a carne do prato apenas um dia por semana é maior do que o impacto de que comprar 100% da sua comida com fornecedores locais, de tal sorte que é um caso a se pensar. (Weber CL, Matthews HS. 2008).
Desmatamento
A pecuária é responsável pela maior parte do desmatamento na Amazônia Legal (Governo Federal, 2009).
Desde os anos 1970, em particular, o Brasil tem sofrido extensivo
desmatamento em sua região amazônica para a pecuária (Barona E,
Ramankutty N, Hyman G, Coomes OT, 2010). 80% de todo o crescimento do rebanho bovino brasileiro ocorrido entre 1990 e 2002 deu-se na Amazônia (Kaimowitz D, Mertens B, Wunder S, Pacheco P, 2004).
Para se ter uma ideia, para cada 1
quilograma de carne bovina que é produzido, são requeridos de 5 a 10
quilogramas de alimentos vegetais – uma taxa de conversão alimentar muito desfavorável, representando um desperdício de área plantada e de alimentos vegetais que poderiam ser melhor utilizados (FAO/ONU, 2012).
Por consumir mais insumos vegetais (em
geral, produzidos em monoculturas de larga escala), a alimentação à base
de carne implica em consumo maior de fertilizantes, terra, agrotóxicos,
água e recursos em geral.
Por todas estas razões, a adoção do
vegetarianismo tem o potencial de reduzir em até 35% a Pegada Ecológica
relacionada a alimentos de um cidadão residente na cidade de São Paulo (WWF, 2012). Os alimentos vegetais contêm todos os aminoácidos essenciais.
Segunda sem carne – Por que aderir?
A ética é o principal pilar que sustenta
o vegetarianismo. Os animais que consumimos, como vacas, porcos,
galinhas e peixes, são seres sencientes (capazes de sofrer e
experimentar contentamento) e que, portanto, merecem respeito e
consideração moral.
Além disso, esses animais são capazes de tomar conta de si mesmos, de escolherem o que querem para si.
Nessa perspectiva, tais animais possuem
valor intrínseco, ou seja, devem ser considerados como fins em si mesmos
– e não como mero objetos para satisfazer os interesses humanos.
Apesar da imagem geralmente divulgada ao
público de “fazendas felizes”, não é isso o que realmente ocorre na
esmagadora maioria dos casos.