domingo, 7 de maio de 2023

resenha filme O Feitiço do Tempo


O Feitiço do Tempo

O que você faria se estivesse preso em um lugar e todos os dias fossem praticamente iguais?

Além disso, parece que nada do que você faz consegue de fato mudar a sequência repetitiva dos acontecimentos... parece desesperador, não?

Então, o que era para ser engraçado, se transforma em uma profunda reflexão sobre o sentido da vida e sobre nosso próprio protagonismo na sequência de acontecimentos que vivenciamos, já que muitas vezes também nos sentimos de certo modo "repetindo" sequências de eventos e padrões de comportamento. 

É possível escapar dessa recorrência?

O enredo do filme "Feitiço do Tempo" começa retratando um dia comum de trabalho de um insuportável meteorologista de Pittsburgh. Ele acredita estar destinado a uma carreira brilhante num futuro próximo, então se ressente de ter sido designado para reportar uma certa celebração folclórica denominada "Dia da Marmota " numa cidadezinha do interior da Pensilvânia. Então, o tal repórter só pensar em escapar o mais rápido possível daquele lugar.

Contudo, algo bizarro de repente acontece: o protagonista repórter, ao acordar no "dia seguinte", nota que ficou literalmente "preso" no mesmo tal "Dia da Marmota", já que ele agora sempre acorda momentos antes de fazer a reportagem novamente.

Quando percebe que não consegue mais escapar daquele dia e daquela inevitável repetição de acontecimentos, o protagonista vai de um extremo ao outro: primeiro se desespera e até tenta o suicídio, para tempos depois perceber-se como "poderoso e imortal". Ele se vê capaz, pelo exaustivo processo de "tentativa e erro", de realizar muitos de seus desejos materiais, como por exemplo, seduzir uma mulher, enriquecer... porém, como o amanhã nunca chega, apesar da aparente vantagem, ele se vê primeiramente preso e entediado. 

Só após um longo tempo preso na "lei da recorrência", ele consegue finalmente perceber algum sentido naquilo tudo. Como ele continua infeliz e percebe que nada material consegue trazer-lhe satisfação por muito tempo, ele acaba enxergando pela primeira vez, uma oportunidade de modificar seu comportamento imaturo diante da vida e dos acontecimentos aparentemente mais simples e insignificantes. Aos poucos, a forma de pensar materialista e imediatista vai cedendo e o protagonista começa finalmente a aproveitar aquela repetição incessante de eventos para amadurecer psicologicamente e valorizar outros aspectos de sua vida que antes lhe passavam desapercebidos. Ele finalmente começa a notar qual o sentido da vida.

É então que o espectador, quando menos percebe, não está mais diante de um simples filme de comédia, mas sim diante de uma excelente oportunidade de reflexão sobre sua própria vida, sobre o sentido de suas ações e repetições diárias.

Quando se observa com mais atenção, pode-se notar a presença de inúmeros elementos filosóficos valiosíssimos, caros tanto ao Ocidente, como ao Oriente, explorando metáforas e sabedorias de filosofias e culturas indianas, chinesas, tibetanas, dentre outras).  

Pode-se então, pensar o filme como uma alegoria contemporânea para tratar de vários temas filosóficos e espiritualistas bastante profundos, voltados para a temática do autoconhecimento e da autorrealização íntima. 

Não faz diferença se o espectador acredita ou não em reencarnação, por exemplo. O fato é que nossas vidas, nosso dia-a-dia ordinário, costuma ser uma sucessão de repetições...

Você já reparou quantos comportamentos, pensamentos e emoções você repete diariamente? Desde o simples ato de despertar na cama, fazer seu asseio matinal, tomar a refeição, vestir-se, a rotina do trabalho, e até mesmo seus momentos de lazer...  

Qual então seria o sentido de tantas repetições? O que a "Vida" está querendo nos ensinar? Que lições não estamos conseguindo ver ou aprender?

Sim, é possível sair do círculo vicioso das repetições... mas tudo tem um preço. A lei de causa e efeito mais uma vez é que vai determinar quais repetições deverão desaparecer e quais ainda precisam ficar...

Uma forma de buscar compreender o que é que de fato está acontecendo conosco, é praticando o autoconhecimento diário, vivendo cada instante plenamente, sem divagar no futuro ou no passado.

Viver o momento presente é a grande chave para que o enredo tenha, afinal, um bom desfecho, como no caso do filme.

Vale a pena assistir... e refletir!

 

Ficha técnica do filme

Groundhog Day (1993) – Estados Unidos
Direção: Harold Ramis
Roteiro: Danny Rubin e Harold Ramis
Edição: Pembroke J. Herring
Fotografia: John Bailey
Design de Produção: David Nichols
Trilha Sonora: George Fenton
Elenco: Bill Murray, Andie MacDowell, Chris Elliott, Stephen Tobolowsky & Marita Geraghty
Duração: 101 min

 

 

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