Que é Meditar? Como é meditar?
Quando
você não está fazendo absolutamente nada - corporalmente, mentalmente, em
qualquer nível - quando toda a atividade cessou e você simplesmente é, apenas
sendo, isso é meditação.
Você não pode fazê-la, você não pode praticá-la; você
tem apenas que compreendê-la.
Sempre
que você encontrar tempo para apenas ser, abandone todo o fazer. Pensar também
é um fazer, concentração também é um fazer, contemplação também é um fazer.
Mesmo que apenas por um único momento você fique sem nada fazer, simplesmente
permanecendo no seu centro, totalmente relaxado - isso é meditação. E uma vez
que você tenha descoberto o jeito, você pode permanecer nesse estado tanto
tempo quanto quiser; por fim você poderá permanecer nesse estado durante as
vinte e quatro horas do dia.
Uma
vez que você tenha se tornado consciente de como o seu ser pode permanecer sem
perturbação, então, vagarosamente, você pode começar a fazer coisas,
mantendo-se alerta para que o seu ser não se agite. Essa é a segunda parte da
meditação - a primeira é aprender a simplesmente ser, e em seguida aprender
pequenas ações como limpar o chão, tomar um banho, mas permanecendo centrado.
Depois você poderá fazer coisas mais complicadas....
Assim,
a meditação não é contra a ação. Não é que você tenha que escapar da vida. Ela
simplesmente lhe ensina uma nova maneira de viver: você se torna o centro do
ciclone.
A
sua vida continua; continua de uma maneira muito mais intensa - com mais
alegria, com mais clareza, mais visão, mais criatividade - todavia você está
distanciado, é apenas um observador nas colinas, assistindo simplesmente o que
está acontecendo ao seu redor.
Você
não é aquele que faz, você é o observador.
Esse
é todo o segredo da meditação: você se tornar o observador. O fazer continua em
seu próprio nível, não há nenhum problema nisso: cortar madeira, tirar água do
poço. Você pode fazer coisas pequenas e coisas grandes; só uma coisa não é
permitida: o seu centramento não pode se perder.
Essa
consciência, esse estado de observação deve permanecer absolutamente
desanuviado, sem perturbação."
Como meditar
Não
há necessidade de meditar todo o tempo. Umas poucas vezes no dia e apenas por
uns poucos minutos é o bastante.
Existem
algumas poucas coisas que se fizer demais podem ser prejudiciais.
Por
exemplo, os últimos estudos dizem que se você fizer algum exercício corporal
por vinte minutos e depois fizer o mesmo exercício por quarenta minutos, o
benefício não será dobrado. E se você fizer por sessenta minutos o benefício se
tornará prejudicial. É exatamente como quando você come algo que é benéfico. Se
você comer muito não será benéfico, isso se tornará prejudicial. Assim, a
matemática comum não funciona.
Sempre
que você encontrar tempo, apenas por uns poucos minutos, relaxe o sistema de
respiração, nada mais – não há necessidade de relaxar o corpo inteiro. Sentado
num ônibus, ou num avião, ou num carro, ninguém perceberá que você está fazendo
alguma coisa. Apenas relaxe o sistema de respiração. Deixe que ele seja como
quando ele está funcionando naturalmente. Então feche os olhos e observe a
respiração entrando, saindo, entrando, saindo...
Não
concentre. Se você concentrar, irá criar problemas, porque então tudo se
tornará uma perturbação. Se você tentar se concentrar sentado num carro, então
o barulho do carro se tornará uma perturbação, a pessoa sentada ao seu lado se
tornará uma perturbação.
Meditação
não é concentração. Ela é simples consciência. Você simplesmente relaxa e
observa a respiração. Em tal observação, nada é excluído. O carro está fazendo
barulho – isso está perfeitamente Ok, aceite isso. O trânsito está movimentando
– isso está Ok, faz parte da vida. A pessoa sentada ao seu lado está roncando,
aceite isso. Nada é rejeitado. Você não tem que estreitar sua consciência.
Concentração
é um estreitamento de sua consciência de modo que você se torne focado num
ponto, mas tudo mais se torna uma concorrência. Você está brigando com tudo
mais porque você tem medo de que aquele ponto seja perdido. Você pode se
distrair e isso se torna uma perturbação. Por isso você precisa de isolamento,
dos Himalaias. Você precisa ir a Índia e para um quarto onde você possa
sentar-se silenciosamente, sem ninguém perturbando você de modo algum.
Não,
isso não é certo – isso não pode se tornar um método de vida. Isso é isolar a
si mesmo. Isso tem alguns bons resultados – você se sente mais tranquilo, mais
calmo – mas esses resultados são temporários. É por isso que você sente repetidas
vezes que aquela sintonia foi perdida. Uma vez que você não tenha as condições
nas quais ela pode acontecer, ela se perde.
A
meditação na qual você precisa de certos pré-requisitos, na qual certas
condições precisam ser atendidas, não é meditação de modo algum – porque você
não será capaz de fazê-la quando estiver morrendo. A morte será uma dispersão.
Se a vida dispersa, pense sobre a morte. Você não será capaz de morrer
meditativamente, e então toda essa coisa é inútil, é perdida. Você novamente
morrerá tenso, ansioso, na miséria, no sofrimento e criará imediatamente o seu
próximo nascimento no mesmo padrão.
Deixe
que a morte seja o critério. Qualquer coisa que possa ser feita mesmo enquanto
você estiver morrendo é real – e isso pode ser feito em qualquer lugar; em
qualquer lugar e sem condições como requisito. Se algumas vezes as boas
condições estiverem ali, tudo bem, você desfruta delas. Se não, isso não faz
qualquer diferença. Mesmo na praça do mercado você pode fazê-la.
Não
deve haver qualquer tentativa de se controlar a respiração, porque todo
controle é da mente, assim a meditação nunca pode ser uma coisa controlada.
A
mente não consegue meditar. Meditação é alguma coisa além da mente, ou abaixo
da mente, mas nunca na mente. Assim, se a mente permanecer observando e
controlando, isso não é meditação; isso é concentração.
Concentração
é um esforço da mente, ela traz as qualidades da mente ao seu ponto máximo. Um
cientista se concentra, um soldado se concentra, um caçador, um pesquisador, um
matemático, todos se concentram. Essas são atividades da mente.
A
qualquer tempo medite. Não há necessidade de ter um tempo pré-determinado. Use
qualquer tempo que tiver disponível. No banheiro, quando você tiver dez
minutos, simplesmente sente-se debaixo do chuveiro e medite. De manhã, depois
do almoço, por quatro, cinco vezes, em pequenos intervalos – apenas de cinco
minutos – medite, e você verá que isso se tornará uma constante nutrição.
Não
há necessidade de fazê-la por vinte e quatro horas.
Apenas
uma xícara de meditação é o bastante. Não precisa beber todo o rio. Apenas uma
xícara. E faça isso o mais fácil possível. O fácil é o certo. Faça o mais
natural possível. Simplesmente faça quando você encontrar tempo. E não faça
disso um hábito, porque todos os hábitos são da mente e, na verdade, a pessoa
real não tem qualquer hábito.
(OSHO – Nothing to Lose But Your
Head - Cap. 5)