Exposição "Genesis"
O que ressalta aos olhos dos visitantes é a beleza das imagens, que carregam em si a missão pedagógica de seu autor: testemunhar a presença da vida em lugares onde o ser humano ainda não se instalou ou em comunidades que se organizam em torno de atos para manter sua sobrevivência mais simples na terra em que vivem, realizando uma reportagem fotográfica que se apresenta ao público de duas formas: na exposição, a partir de 13 de novembro no Sesc Bauru, e no livro Gênesis, publicado pela editora Taschen.
Nas palavras da curadora da exposição e editora do livro, Lélia Wanick Salgado,
Genesis é uma jornada em busca do planeta como existiu, desde sua formação e em sua evolução, antes que a vida moderna se acelerasse e nos afastasse do núcleo essencial. É uma busca das paisagens terrestres e aquáticas até hoje intocadas; uma viagem em direção aos animais e grupos humanos que conseguiram escapar das transformações impostas pelo mundo contemporâneo. E Genesis comprova que o nosso planeta ainda abriga vastas e remotas regiões onde a natureza reina em imaculada e silenciosa majestade.
O casal afirma ainda que em suas pesquisas chegaram à seguinte informação: 46% da área total de nosso planeta continua tão preservada quanto nas eras mais remotas, justamente pela dificuldade de acesso, em terras desérticas e muito quentes, ou ainda em lugares de clima insuportavelmente frio.
CURADORIA – LÉLIA WANICK SALGADO
Exposição ‘Genesis”, do famoso fotógrafo Sebastião Salgado,
está aberta ao público de 13 de novembro de 2014 a 15 de fevereiro de 2015, de
terça a sexta, das 08h às 12h e 13h às 21h30 e sábados, domingos e feriados,
das 09h30 às 18h, na Área de Convivência do Sesc.
A entrada é gratuita.
Mais informações no portal: sescsp.org.br/bauru
A entrada é gratuita.
Mais informações no portal: sescsp.org.br/bauru
• Agendamento:
para visitas educativas é necessário realizar o agendamento, que pode ser
realizado pelo email agendamento@bauru.sescsp.org.br ou pelos telefones
(14 – 3235-1790 / 3235-1760).
• participantes
por grupo: cada grupo agendado deve ter até 40 estudantes.
• confirmação
de agendamento: a confirmação do agendamento será feita por e-mail juntamente
com o envio de um formulário a ser preenchido. No dia da visita, o responsável
pelo grupo deverá apresentar o formulário o e-mail de confirmação de
agendamento impresso e assinado.
• O
embarque e desembarque dos visitantes é realizado na entrada situada à Avenida
Aureliano Cardia, 6-71, Vila Cardia, Bauru, SP.
O projeto
Gênesis,
palavra conhecida por remeter à origem do mundo no primeiro livro da Bíblia, é
o título de um grande projeto realizado pelo fotógrafo Sebastião Salgado, sua
esposa Lélia Wanick Salgado e uma equipe de colaboradores.
Para sua
realização, foram realizadas trinta e duas viagens, com duração média de dois
meses. Em busca de lugares onde a natureza permanece preservada como em suas
origens, Sebastião e sua equipe enfrentaram temperaturas extremas de frio e
calor, viveram em acampamentos improvisados e utilizaram os mais variados meios
de transporte, de navios e canoas a aviões, trenós, a pé ou com o auxílio de
animais.
O que ressalta aos olhos dos visitantes é a beleza das imagens, que carregam em si a missão pedagógica de seu autor: testemunhar a presença da vida em lugares onde o ser humano ainda não se instalou ou em comunidades que se organizam em torno de atos para manter sua sobrevivência mais simples na terra em que vivem, realizando uma reportagem fotográfica que se apresenta ao público de duas formas: na exposição, a partir de 13 de novembro no Sesc Bauru, e no livro Gênesis, publicado pela editora Taschen.
Nas palavras da curadora da exposição e editora do livro, Lélia Wanick Salgado,
Genesis é uma jornada em busca do planeta como existiu, desde sua formação e em sua evolução, antes que a vida moderna se acelerasse e nos afastasse do núcleo essencial. É uma busca das paisagens terrestres e aquáticas até hoje intocadas; uma viagem em direção aos animais e grupos humanos que conseguiram escapar das transformações impostas pelo mundo contemporâneo. E Genesis comprova que o nosso planeta ainda abriga vastas e remotas regiões onde a natureza reina em imaculada e silenciosa majestade.
O casal afirma ainda que em suas pesquisas chegaram à seguinte informação: 46% da área total de nosso planeta continua tão preservada quanto nas eras mais remotas, justamente pela dificuldade de acesso, em terras desérticas e muito quentes, ou ainda em lugares de clima insuportavelmente frio.
Lélia e
Sebastião esperam que nos sensibilizemos para a questão da sustentabilidade
ecológica, mobilizando nossos saberes e recursos para transformar o planeta.
A exposição
Genesis e o projeto de Sebastião Salgado: a exposição
como plataforma de trabalho para os professores e educadores
Como educadores, consideramos esta exposição um convite à pesquisa e descoberta de uma série de temas e possibilidades a serem abordadas em processos pedagógicos.
Do ponto de vista da contextualização de temas da Geografia e da História, as imagens nos remetem a contextos bastante diversos dos que vivenciamos nas cidades e centros urbanos, com outras formas de organização da vida e da relação com as riquezas naturais da fauna e da flora. O trabalho de edição do livro e da elaboração da exposição, realizado por Lélia Salgado, inclui legendas em cada fotografia, oferecendo pistas para o aprofundamento das pesquisas em sala de aula junto aos alunos após a visita, sendo o trabalho com mapas e enciclopédias uma possibilidade de ampliar e adensar a aproximação dos estudantes com os assuntos.
Do ponto de vista da arte e da produção de imagens, nas fotografias criadas por Sebastião Salgado visualizamos junto aos alunos o enfoque na construção de diferentes narrativas, e também da noção de passagem de tempo que se mostra nas sequências e espaços presentes nas paredes da exposição.
Em relação à composição das fotografias, é possível
perceber nas imagens formas de organizar e enquadrar as cenas que lembram as
pinturas de retrato e paisagem, especialmente as realizadas pelos artistas
modernos dos séculos XIX
e
XX.
Outro ponto interessante para abordar junto aos
estudantes é a evolução dos processos fotográficos: Sebastião Salgado utilizou
durante quase toda a sua carreira os processos tradicionais de captura de
imagens fotográficas, com filmes e câmeras analógicas. No projeto Genesis,
entretanto, passou a utilizar máquinas digitais para capturar as imagens,
diminuindo a quantidade de equipamentos e bagagens que precisava carregar
durante as viagens.
O processamento das
imagens, entretanto, continua acontecendo em laboratórios que transmitem as
imagens digitais a rolos de filmes, revelados a partir dos mesmos
procedimentos que utilizou durante toda a sua carreira de fotógrafo, num
processo de elaboração química para a ambientação de luzes e sombras que
caracterizam seu trabalho.
O trabalho de criação em arte e
cultura é sempre o
resultado de um processo de escolhas. Em fotografia, é importante lembrar que
para cada imagem exposta, uma série de dezenas de outras foram realizadas, o
que nos leva a pensar para além do momento em que a imagem foi capturada.
Assim, ao olhar uma fotografia de Sebastião Salgado, é
preciso levar em consideração todas as etapas de realização da imagem, que
podem ser sistematizadas a partir da seguinte sequência:
• escolha de um tema a ser
pesquisado e organização do trabalho em seus aspectos práticos de realização (necessidades
das viagens, materiais a serem utilizados etc.)
• escolha do local em que a
imagem será capturada,
• captura de uma sequência de
imagem no local escolhido,
• impressão das imagens em
folhas de contato que reúnem as imagens de uma mesma coleção,
• observação e seleção de
imagens a serem ampliadas para melhor estudo de composição e características,
• processo de revelação das
fotografias em estúdio e estudo de luz e sombras de cada imagem,
• seleção de imagens para
exibir em livros e exposições, bem como a escolha das imagens que serão
veiculadas como divulgação das exposições e publicações.
Podemos considerar que todas essas escolhas são igualmente fundamentais para a realização e veiculação das reportagens realizadas por Sebastião Salgado, que decidiu tornar-se fotógrafo durante uma viagem de trabalho como economista a Angola, no início dos anos 1970, para denunciar muitos tipos de problemas sociais e políticos em diferentes localidades do mundo.
Após fixar-se em Paris, no ano de 1974, passou a realizar
a cobertura fotográfica das condições de vida de imigrantes em países europeus,
e acontecimentos de grande tensão social, como a atuação do Exército
Republicano Irlandês (IRA) em meio aos conflitos religiosos na Irlanda.
Outras Américas foi o projeto que reuniu, em 1986, o
fruto de seu trabalho de investigação nas viagens realizadas pelos países da
América Latina, seguido pelo projeto Sahel, realizado em viagem com os Médicos
sem Fronteiras às regiões desérticas do norte da África.
Se no primeiro projeto Sebastião pôde registrar as
condições precárias e simples de vidas em que a religiosidade era um traço
cultural marcante, na África o fotógrafo conheceu a miséria total, na forma de
doenças, mortes e total abandono face à seca.
As imagens fizeram grande sucesso em diversos países. Em
sua grande maioria, o público que tinha acesso pela primeira vez às imagens
belíssimas que apresentavam contextos que causavam indignação, se sentia
convocado a agir, ou comovido em busca de certo tipo de solidariedade face
àquelas pessoas retratadas, vivendo em condições revoltantes sem desistir de
buscar dignidade na manutenção da sobrevivência. O trabalho foi conquistando
espaços em jornais e revistas, mas também em museus, galerias de arte,
instituições culturais e organizações governamentais de todo o tipo.
A
fotografia de Sebastião Salgado: o fotojornalismo
O campo de atuação de
Sebastião Salgado é o fotojornalismo,
sendo que o fotógrafo denomina cada projeto como reportagem.
No fotojornalismo, as
imagens carregam narrativas objetivas e claras, que podem tornar-se mensagens
acerca de um tema ou acontecimento, transmitindo informações. As imagens do
fotojornalismo circulam em jornais e revistas, bem como em livros e exposições
fotográficas, dedicadas pelo menos quatro tipos de abordagem:
• reportagem
fotográfica social: trabalhos em que os
fotógrafos se dedicam a pesquisar acontecimentos e condições de vida do ser
humano em contextos sociais, políticos e econômicos, incluindo a fotografia de testemunho
e denúncia,
• reportagem
fotográfica esportiva: cobertura de
acontecimentos esportivos e contextos em que se desenvolvem,
• reportagem
fotográfica cultural: registro de contextos
culturais diversos, em geral ligados à produção cultural e de arte em suas múltiplas
manifestações,
• reportagem
fotográfica policial: investigação que
contempla o registro de imagens de crimes, combates, repressões e outros
acontecimentos no âmbito da ação policial.
No Brasil, durante cerca de um século, a fotografia em preto e branco caracterizou o fotojornalismo. Foi na década de 1970 que a imagem colorida passou a ganhar espaço, inicialmente em revistas e só mais tardiamente em jornais.
Sebastião Salgado está ligado ao fotojornalismo independente, uma forma de trabalho que teve início logo após a Segunda Guerra Mundial, na França. Os fotógrafos engajados neste tipo de ação realizavam suas reportagens e, filiados a agências de imagens, circulavam seus trabalhos em publicações do mundo todo, sem restringir a circulação de seu trabalho a apenas um jornal ou revista.
As reportagens de Sebastião Salgado questionaram, por muitos anos, a desequilibrada relação política e econômica entre diferentes esferas sociais, bem como entre as duras realidades de quem trabalha no campo ou na terra em diferentes países. Talvez por isso, os trabalhos anteriores ao projeto Genesis (Outras Américas, Trabalhadores, Êxodos, Sahel ) são considerados por muitos um tributo à dignidade e à resistência humana, em composições clássicas.
Genesis é o projeto em que o ativismo de Sebastião Salgado assume uma abordagem mais intencionalmente pedagógica, com um discurso de defesa do planeta para a manutenção das riquezas naturais e da vida humana. As fotos não carregam mais o tom de dramaticidade e denúncia dos projetos anteriores, mas sim de testemunha da existência de lugares ainda tão intocados quanto nos primeiros tempos da vida na Terra.
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