Nenhum
de nós é capaz de amar incondicionalmente. Antes de se incomodar, pense
comigo: Se o amor é absoluto, eu não sou e, ainda que meu sentimento
seja nobre, refletirá apenas minha própria fragmentação. Nada que sai de
mim pode ser absoluto porque sou movimento. Não ocupo todos os espaços.
Em mim há sombras, contextos, variações, ambivalências. Para amar
preciso conhecer, no mínimo ter um objeto de amor; eis uma condição! Sou
o ponto de partida do mEU amor: mEU filho, mEU cônjuge, mEU país, mEU
pai. Se não fossem mEUs, amaria? Tudo o que amo me revela. Se eu não
tiver pudores para ver, enxergarei.
"Quando você se questiona 'quem está pensando?', você interrompe o processo mental e retorna à sua verdadeira natureza'
O despertar perfeito é possível aqui e
agora, para todos os seres humanos, independente da sua educação,
prática, ou circunstâncias pessoais. Você já é livre!
Qualquer coisa
nova que seja obtida será perdida. O que é interno está sempre dentro de
você, como seu Eu Real. Este é o substrato imutável sobre o qual suas
esperanças e desejos são refletidos. São essas esperanças e desejos que
ocultam a sempre-pura Consciência. O Eu Real revelará a si mesmo para si
mesmo em um piscar de olhos assim que você abandonar toda esperança e
desejo, que são doenças da mente. Mantenha-se em silêncio. Não deixe que
surja nenhum pensamento. Não faça nenhum esforço e então em um instante
descobrirá que você sempre foi livre.
Você é aquilo dentro do qual todos os
acontecimentos acontecem. O que acontece deve acontecer, então
permaneça enquanto Paz, não afetado por nada. Seja pacífico e esta Paz
se espalhará.
A melhor posição a tomar é aquela de
não esquecer-se. Cumpra seu papel no mundo, mas não esqueça que tudo é
apenas uma peça no palco. (…) Se você viver assim, sabendo que você é o
Eu Real, poderá agir em qualquer lugar. Se você souber disso, todas as
suas atividades serão muito bonitas, e você nunca irá sofrer. Quando
você tiver um insight, uma experiência desse Vazio, você estará feliz o
tempo todo, pois saberá que toda a manifestação, todo samsara, é a sua
própria projeção.
Para alcançar a felicidade, simplesmente não pense, não deseje, mantenha-se em silêncio, porque pensamentos são o cemitério.
Se o desejo por liberdade é contínuo,
todos os hábitos mentais e distrações cairão por terra. Pense apenas na
Liberdade e você se tornará Liberdade, porque você é o que pensa.
Pense
no Ser com a mesma persistência de uma dor de dente.
Jenny Simon – As pessoas ao seu redor devem pensar que você é um
pouco lunático. Em sua experiência interior, você nunca questionou o que
aconteceu?
Eckhart – Não. Era tão claro e não havia nenhuma pergunta
sobre uma realidade que era tão óbvia. Uma vez eu disse que mesmo se tivesse
encontrado o Buda e ele me apontasse “não, não é isso”, eu diria – “que
interessante, mesmo Buda pode estar errado”. Isto não é algo do ego, é só para
deixar claro como essa realidade é tão óbvia que nenhuma questão mental,
nenhuma pergunta adiantaria. Por exemplo, se alguém me desse uma maçã e
dissesse “não, não é uma maçã”, eu diria “não, eu sei que é”.
Jenny Simon – Você aponta que seu estado de consciência implicou numa
redução de 80% na atividade de sua mente pensante. Isso criou alguma espécie de
carência ou algo parecido?
Eckhart- Bem, não tanto para mim, mas para as pessoas ao
meu redor (risos). Isso é certo, pois as pessoas que me conheciam,
especialmente a família, pais, alguns amigos, pensaram que algo errado tinha
acontecido comigo – isto porque por algum tempo, após a mudança, eu prossegui
com as estruturas externas de minha vida. Apenas prosseguia como se nada
houvesse acontecido, porque ainda havia um “momentum” e continuei seguindo-o
durante três ou quatro anos. Então percebi que essas estruturas externas
estavam totalmente fora do alinhamento com meu ser – no mundo acadêmico
totalmente dominado pela mente, o ego dominado completamente. Então aconteceu
um momento em que deixei tudo para trás…
"Ele (Ramana) diz que, quando
você tem um desejo, digamos que tenha um desejo por um objeto... E é um
desejo forte, então existe um foco muito forte nisso. Mesmo quando você
está falando sobre outras coisas, com outras pessoas, isso ainda está em
algum lugar dentro de você. Uma parte de sua atenção está focada no
objeto desejado.
Algumas vezes até suas
interações com outras pessoas são apenas uma forma de alcançar isso,
porque você sente que quando obtiver isso sentirá uma felicidade
tremenda.
Mas enquanto você não tem,
existe uma inquietude em você. Você nunca vê o presente, porque está
dividido por dentro. E uma parte de sua atenção está com algo que deseja
ter. Então, você só está presente parcialmente.
Ouça
o que Ramana diz. Ele diz que não existe amor nisso. Não existe
satisfação nisso. É apenas um objeto. Mas você imagina que terá um
tremendo prazer obtendo esse objeto. E o seu desejo de ter isso está na
verdade lhe molestando.
Um dia eu venho e lhe dou esse
objeto. E, naquele momento: "ahhh!" Você está em êxtase! Tanta alegria!
Tanta plenitude! Mas isso não está lhe dando nada...
Ele diz que, na verdade, o que
está acontecendo é que no momento em que você recebe o objeto a sua
agitação e inquietude param e você desfruta o estar livre dessa
agitação. E isso você interpreta como o prazer vindo do objeto... O
prazer vem de você. O apego vem de você. A paz vem de você.
Nós podemos estar fazendo isso
com muitas coisas no mundo. Imaginando que um certo estado, certo
objeto, certo relacionamento irá nos preencher. Mesmo agora, muitas
vezes, nós estamos vivendo no prazer de "preces respondidas".
Mas então, Elas já não são mais, o apetite se foi. Existem sempre apetites novos. A barriga da mente nunca está cheia." (Mooji)
Cena do filme francês de 2005 "Angel-A", do diretor Luc Besson. (http://www.imdb.com/title/tt0473753/)
Nesta cena, Angela faz André enxergar que tem valor e o ajuda a ganhar um pouco de auto confiança através do amor próprio. Duas coisas interessantes a notar nesta cena: 1) A sensibilidade de Angela ao conduzir os pensamentos e emoções de André. 2) A angústia demonstrada por André perante a dificuldade em encarar a si mesmo.