domingo, 4 de dezembro de 2022

Thich Nhat Hanh - Como Acalmar a Mente?

O vídeo abaixo, (mais uma excelente contribuição do Canal Corvo Seco) trata a respeito do papel dos nossos hábitos e das emoções na determinação e no condicionamento do nosso comportamento. 

Há uma forma de evitar ser subjugado pela força avassaladora de nossas emoções e hábitos mecânicos... somos prisioneiros dessas forças, quando não somos conscientes delas.

Como podemos fazer cessar o medo, a raiva, o desespero e os desejos? 

Como Acalmar a Mente?

 Podemos fazer isso a partir da prática da atenção plena: "respiração consciente", do "caminhar consciente" e da "contemplação profunda". Focalize totalmente sua atenção na realidade presente, aqui e agora... 

Deste modo, você poderá percorrer os cinco estágios que nos levam a não mais sermos vítimas das circunstâncias, das emoções e dos pensamentos descontrolados:

1)Reconhecimento, 

2)Aceitação, 

3)Acolhimento 

4) Olhar em profundidade e 

5) Insight (iluminação)

Esses são os cinco estágios para acalmar corpo e mente.

(...) "Reconhecimento: se estamos zangados, dizemos "reconheço que a raiva está dentro de mim".

Aceitação: quando estamos zangados, não negamos a raiva.

Aceitamos aquilo que está presente.

Ouvir e entender nossos sofrimentos internos resolverá a maioria dos problemas que encontramos.

Acolhimento: abraçamos a raiva como faz uma mãe com o filho que chora.

Nossa atenção plena acolhe a emoção, e só isso já é capaz de acalmar a raiva e a nós mesmos.

Olhar em profundidade: quando nos acalmamos o suficiente, conseguimos observar profundamente para entender o que provocou a raiva, ou seja, 'o que está fazendo o bebê chorar".

Insight: o fruto do olhar profundo é a compreensão das causas e condições, tanto primárias quanto secundárias, que provocaram a raiva e fizeram nosso bebê chorar.

Talvez ele esteja com fome. Talvez o alfinete da fralda o esteja machucando.

Talvez nossa raiva tenha surgido quando um amigo nos falou em um tom ofensivo, mas de repente nos lembramos de que essa pessoa não está bem hoje porque seu pai está muito doente.

Continuamos a refletir dessa forma até compreendermos a causa de nosso sofrimento atual.

A compreensão nos dirá o que fazer ou não fazer para mudar a situação." (...)


 Segue abaixo o vídeo:

 
Thich Nhat Hanh (Vietnã, 1926 - 2022) é um dos mais respeitados líderes espirituais do mundo. Mestre do zen-budismo responsável por popularizar o mindfulness.

Defensor da paz, autor e palestrante, Hanh escreveu mais de 100 livros e espalhou pelo mundo técnicas meditativas de como levar uma vida repleta de consciência, de forma leve e sustentável. 

O ensinamento-chave do Nhat Hanh é que, através da atenção plena, pode-se aprender a viver com felicidade no momento presente – a única forma de, verdadeiramente, se desenvolver a paz, tanto em si próprio quanto no mundo. 

 

 

Trechos do livro “The Heart’ of the Buddha’s Teaching”, de Thich Nhat Han. 

“Precisamos irradiar a luz da atenção plena em tudo o que fizermos, para que a escuridão do esquecimento desapareça”. Thich Nhat Hanh. 

“Quando praticamos a respiração consciente, estamos praticando a volta ao momento presente, no qual tudo está acontecendo. Aqui e agora”. Thich Nhat Hanh. 

“Meu objetivo está no aqui e agora, o único tempo e lugar onde uma vida autêntica é possível”. Thich Nhat Hanh.  

“A força do hábito costuma ser mais forte do que nossa vontade. Dizemos e fazemos coisas que não queremos e depois nos arrependemos. Causamos sofrimento a nós mesmos e aos outros, e de forma geral produzimos grande quantidade de destruição. Podemos ter a firme intenção de nunca mais fazer isso, mas sempre acabamos fazendo de novo. Por quê? Porque a força do hábito (vashana) acaba vencendo e nos levando de roldão. Precisamos da energia da atenção plena para perceber quando o hábito nos arrasta, e fazer cessar esse comportamento destrutivo. Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito a cada vez que ela se manifesta. ‘Alô força do hábito, sei que você está aí!’ Nessa altura, se conseguirmos simplesmente sorrir, o hábito perderá grande parte de sua força. A atenção plena é a energia que nos permite reconhecer a força do hábito e impedi-la de nos dominar”. - Thich Nhat Han.  

“Vigilante entre os desatentos, desperto entre os sonolentos, o sábio abre caminho assim como um cavalo de guerra se distancia de um cavalo fraco”. - Shakyamuni Buda.

 

 

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livros de Thich Nhat Hanh: 

Medo - Sabedoria Indispensável para Transpor a Tempestade: https://amzn.to/3rtKXRs 

A Essência dos Ensinamentos de Buda: https://amzn.to/3kPMFvm 

 O Milagre da Atenção Plena: https://amzn.to/2V7JcNM 

 Lista de livros de Thich Nhat Hanh: https://amzn.to/3wVndXC 


Papaji - Descanse em Eterna Paz

 Quando a mente se agita, o mundo surge... portanto, fique quieto!

Tudo o que tem que fazer é parar todo o movimento da mente. Seja gentil com si mesmo. Abra seu coração e simplesmente seja. Apenas descanse em paz. Descanse naquilo que é sempre permanente e desapegue-se do resto. Tudo a que você é apegado, tudo que você ama,  tudo que você sabe, algum dia irá embora.

Mergulhe profundamente em si mesmo e acorde na Realidade... Este momento está disponível agora mesmo... Olhe para este momento, para este instante de tempo, olha para ele agora, e veja como você se sente. 

 

Papaji, ou Sri H.W.L. Poonja (1910 - 1997) foi um mestre de Advaita Vedanta discípulo de Ramana Maharshi e mestre de Mooji. Através de sua sabedoria profunda e autêntica Papaji ensinou a auto-inquirição (Atma-Vichara) que envolvia localizar o senso de “eu”, focalizando apenas nisso através de uma investigação direta. Entre 1991 e 1997, milhares de devotos desejando sinceramente por liberdade foram à Índia para se sentar em sua presença e receber seu “não ensino”, sua transmissão de mente silenciosa e a realização direta de Si Mesmo.

 

 No vídeo abaixo seguem trechos de gravações em satsangs. 

Papaji - Descanse em Eterna Paz

 
“Esta é uma boa prática: Manter a atenção em seu diamante e manter os ladrões longe dele. Permanecer quieto, e estar ciente dos pensamentos. Quando estiver ciente, você não terá nenhum pensamento, porque nenhum pensamento surge quando você observa. Quando você faz isso, você está naturalmente na própria Consciência. Nenhuma atenção, nenhuma intenção, simplesmente atenção. Nenhuma luta entre o dentro e o fora, apenas fique relaxado e à vontade. Sente-se quieto e observe a mente. Ela vai querer ir aqui e ali para aproveitar as experiências passadas e os prazeres. Traga-a de volta. Se você está ciente do ladrão ele não vai roubar você, mas se você não está ciente, então ele não vai deixar você ser feliz, ele vai roubar a propriedade da paz”. - Papaji. 

 “Não há diferença entre olhar para dentro na realidade, e fora no sonho, a criação. Isto não pode ser explicado. Em silêncio, na quietude ou no campo de batalha - ainda estar tranquila no campo de batalha, ou nos altos picos do Himalaia, meditando com ninguém ao seu redor. Não existe qualquer diferença. Quer seja agora ou no próximo ano ou no próximo nascimento, não importa”. Papaji. 

“Permaneça em Satsang, permaneça quieto, e sempre tenha amor pelo seu próprio Ser. Você não irá ganhá-lo por nenhuma tentativa ou esforço. São essas esperanças e desejos que ocultam a sempre-pura Consciência. Seu Eu Real pode se revelar num piscar de olhos, assim que você abandonar toda sua esperança e todo seu desejo, que são as doenças da mente”. Papaji. 

“Os desejos são problemas quando deixam traços na mente. São os traços que são perigosos, e não os desejos em si. Quando um pássaro voa, ele não deixa marcas no ar. Quando um peixe nada, ele não deixa qualquer marca na superfície da água. Se nós pudéssemos viver sem deixar quaisquer traços e marcas na mente, nós não teríamos nenhum problema. Este ciclo interminável é alimentado pelo desejo, o desejo de desfrutar de objetos sensoriais em um corpo. Quando cessa o desejo, o ciclo cessa. Este aparentemente interminável ciclo de nascimentos e mortes cessa com a cessação do desejo. O universo cessa, como se nunca houvesse existido. É assim que é”. Papaji.

 

Rupert Spira - A Causa do Conflito nas Relações



Rupert Spira (nascido em 1960, em Londres) é autor, palestrante e professor da filosofia Advaita (não-dualidade). 

Através do “caminho direto” - auto-investigação - seu ensino trata sobre a natureza essencial de nosso eu antes de ser condicionado ou qualificado pelo conteúdo da experiência. 

Trabalhando continuamente para investigar a natureza da mente e da realidade por meio de sua filosofia, Rupert explora e celebra a verdade do que essencialmente somos: a consciência de ser que brilha em cada mente como o conhecimento “eu sou”, que é temporariamente colorido pela experiência, mas nunca é modificado, alterado ou prejudicado por ela. 

Além de textos e ensaios, Rupert Spira publicou vários livros, e mantém reuniões regulares e retiros no Reino Unido, Europa e Estados Unidos. 

 

 

Trechos retirados de gravações em Satsang.

“A tragédia e comédia da condição humana é que passamos a maior parte das nossas vidas pensando, sentindo, agindo, percebendo e relacionando-se em nome de um eu inexistente”. Rupert Spira. 

“Se você se aproxima de outras pessoas com o desejo de obter a felicidade ou o amor deles, o relacionamento está condenado, no melhor dos casos, será um pacto entre duas pessoas que investem sua felicidade um no outro. Mas desta forma não pode haver verdadeira intimidade, não pode haver amor verdadeiro, é dependência, não é amor, o amor parece de fora, mas não é, é realmente o medo de perder o outro mascarado no amor”. Rupert Spira. 

“Em outras palavras, quanto mais liberdade se dá ao outro, menos eles precisarão um do outro, menos exigirão um do outro, menos felicidade eles investem um no outro, assim, maior é a profundidade do amor, maior a alegria. Mais divertido, mais carinhoso, mais espontâneo, mais liberdade terá o relacionamento”. Rupert Spira.

“A descoberta que a paz, a felicidade e o amor estão sempre presentes dentro de nosso próprio ser, e completamente disponível a cada momento de experiência, sob todas as condições, é a descoberta mais importante que qualquer um pode fazer”. - Rupert Spira. 









domingo, 11 de setembro de 2022

Alan Watts - Você Não Está Separado

 O que significa quando a filosofia oriental afirma categoricamente "Você Não Está Separado"?

Sofremos de uma alucinação, sofremos de uma sensação falsa e distorcida de nossa própria existência como organismos vivos independentes de todo o resto do mundo... a maioria de nós tem a sensação de que "eu mesmo" é um centro separado de sentimento e ação.

Construiu-se em nós essa crença tão bizarra de que “viemos a este mundo” e que vivemos temporariamente em um saco de pele. Cremos que nosso ego é um tipo de observador isolado e  independente - para quem o resto do mundo é absolutamente externo e “outro”. 
Isto é totalmente falso. Nem a neurologia, nem a biologia, nem a sociologia podem concordar com isso. Essa sensação predominante de si mesmo como um ego separado é uma alucinação que não está de acordo com a ciência ocidental, nem com a filosofia oriental. 
Como essa farsa começa?


 

Alan Wilson Watts (1915 - 1973) foi um filósofo britânico, escritor, palestrante e um dos pioneiros na divulgação da sabedoria oriental ao ocidente. 

Baseando-se em uma grande variedade de tradições (como a filosofia chinesa, o hinduísmo, o budismo, o taoísmo e a ciência moderna) Watts sintetiza os principais ensinamentos que permitem o indivíduo a encontrar-se com sua profunda natureza. 

Com grande lucidez de pensamento e simplicidade na linguagem, Watts apresenta respostas ao mal-entendido fundamental, o mistério central da existência, a realidade sobre quem somos nós. Como um grande intérprete das disciplinas orientais, Watts difundiu que nossa concepção sobre nós mesmos é um mito; sendo as entidades que chamamos de “coisas separadas” meramente aspectos ou características de uma mesma unidade.

 


 “Como a onda está para o oceano, o indivíduo está para o universo......ou seja: Eu não existo, nem há outro, nem você, nem esses, não há mente, nem sentidos. Só há um, a consciência pura. A consciência que é a base e o substrato de todas as noções: Brahman”. - Yoga Vasistha.  

"O mundano e o sagrado são um e o mesmo... Faça uma falsa divisão de um processo em dois, esqueça que o fez, e depois passe séculos tentando resolver este enigma sobre como os dois podem se unir". Alan Watts. 

 

 Trechos dos livros “The Book” e “The Spirit of Zen”

“Assim como o verdadeiro humor é rir de si mesmo, a verdadeira humanidade é o conhecimento de si mesmo. Outras criaturas podem amar e rir, falar e pensar, mas parece ser a peculiaridade especial dos seres humanos que eles refletem: eles pensam sobre o pensamento e sabem que sabem. Isso, como outros sistemas de feedback, pode levar a círculos viciosos e confusões se gerenciado de forma inadequada, mas a autoconsciência torna a experiência humana ressonante. Ele transmite esse "eco" simultâneo a tudo o que pensamos e sentimos, como a caixa de um violino reverbera com o som das cordas. Dá profundidade e volume ao que de outra forma seria raso e plano. O autoconhecimento leva à admiração, e a admiração à curiosidade e à investigação, de modo que nada interessa mais às pessoas do que as pessoas, mesmo que apenas a própria pessoa. Todo indivíduo inteligente quer saber o que o motiva, mas ao mesmo tempo fica fascinado e frustrado pelo fato de que a si mesmo é a coisa mais difícil de se conhecer. Pois o organismo humano é, aparentemente, o mais complexo de todos os organismos, e embora se tenha a vantagem de conhecer seu próprio organismo tão intimamente ­ de dentro ­ há também a desvantagem de estar tão perto dele que nunca se pode chegar a conhecê-lo. Nisso. Nada escapa tanto à inspeção consciente quanto a própria consciência. É por isso que a raiz da consciência tem sido chamada, paradoxalmente, de inconsciente”. Alan Watts. 
 
“O primeiro resultado dessa ilusão é que nossa atitude para com o mundo ‘fora’ de nós é amplamente hostil. Estamos sempre "conquistando" a natureza, o espaço, as montanhas, os desertos, as bactérias e os insetos, em vez de aprender a cooperar com eles em uma ordem harmoniosa. ‘Quem não luta não tem identidade; quem não é egoísta não tem eu’. A atitude hostil de conquistar a natureza ignora a interdependência básica de todas as coisas e eventos - que o mundo além da pele é na verdade uma extensão de nossos próprios corpos - e terminará destruindo o próprio ambiente do qual emergimos e do qual toda a nossa vida depende”. Alan Watts. “Veja, sair de sua mente pelo menos uma vez por dia é tremendamente importante, porque ao sair de sua mente você volta aos seus sentidos. E se você ficar em sua mente o tempo todo, você é mais racional. Em outras palavras, você é como uma ponte muito rígida que, por não se permitir, sem loucuras, será derrubada no primeiro furacão”. Alan Watts. 
 
“Quando somos crianças, somos enganados pelo sentimento do ego através das atitudes, palavras e ações da sociedade que nos cerca - nossos pais, parentes, professores e, acima de tudo, nossos colegas igualmente enganados. Outras pessoas nos ensinam quem somos. Suas atitudes para conosco são o espelho no qual aprendemos a nos ver, mas o espelho é distorcido. Todos fazem todo o possível para nos confirmar a ilusão da separação, para nos ajudar a ser falsos genuínos, que é precisamente o que significa “ser uma pessoa real”. Pois a pessoa, do latim persona, era originalmente a máscara com boca de megafone usada pelos atores nos teatros ao ar livre da antiga Grécia e Roma, a máscara através (per) pela qual o som (sonus) vinha. Como a pessoa é amplamente definida como separada, em um universo irracional e desconhecido, sua principal tarefa é obter uma vantagem sobre o universo e conquistar a natureza. Assim enganado, o indivíduo - em vez de cumprir sua função única no mundo - fica exausto e frustrado nos esforços para atingir objetivos autocontraditórios. Em uma avaliação exagerada sobre a identidade separada, o ego pessoal está serrando o galho em que ele está sentado, e depois ficando cada vez mais ansioso com a colisão iminente!”. - Alan Watts. 

Nisargadatta Maharaj - O Autoconhecimento Supremo

Qual é a verdade libertadora que você atinge quando se autoconhece?

O que se ganha quando se consegue discernir o real, do irreal?

Quando você sofre dentro de um sonho, de uma experiência onírica, quando é que seu sofrimento acaba? a resposta é muito simples! O sofrimento acaba assim que você percebe que está sonhando e acorda. 

Esse despertar só é possível quando você compreende sua própria identidade básica, quando você compreende quem você é, e quem você não é... o que é real, e o que é imaginário...

As perguntas nunca terminam... você não precisa conhecer todos os "porquês" e os "comos"... Mantenha a mente em silêncio e você descobrirá... vai compreender em si mesmo que "tudo é Um" ... 

"O mundo parece real porque pensamos nele o tempo todo. Enquanto você se considerar uma pessoa, um corpo e uma mente separados da corrente da vida, tendo vontade própria, perseguindo seus próprios objetivos, estaremos vivendo apenas na superfície e seja o que for que façamos, será temporário e de pouco valor"...

O mundo existe somente como um sonho na consciência... Pare de buscar felicidade e realidade num sonho e você despertará!

 

Nisargadatta Maharaj (1897 - 1981) foi um dos mestres espirituais da não-dualidade mais importantes de sua época. Filósofo, guru indiano e um dos principais nomes da filosofia Advaita Vedanta. 

Em 1951, Maharaj começou a aceitar visitantes e passou a dar palestras em sua casa, onde respondia perguntas e explicava conceitos da maneira simples, sem complexidade religiosa. 

Seu pensamento acerca da espiritualidade é que cada ser vivo deveria ter plena consciência de sua vida, ou seja, o entendimento sobre sua verdadeira natureza, e então, buscar e se desenvolver a partir daí. Pertencente ao Inchegeri Sampradaya, discípulo de Siddharameshwar Maharaj, 

Nisargadatta alcançou reconhecimento mundial através da publicação de 1973, de "Eu Sou Aquilo" (I Am That). 

 

O Autoconhecimento Supremo

 

 Trechos retirados do livro “I Am That”, de Nisargadatta Maharaj.

 “Cedo ou tarde você está condenado a perceber que, se realmente quiser descobrir o Ser, só há um lugar a procurar: dentro de você”. Nisargadatta Maharaj. 

“Buscamos o real porque estamos infelizes com o irreal. A felicidade é nossa própria natureza real e não devemos descansar até que a encontremos. Mas raramente sabemos onde buscá-la”. Nisargadatta Maharaj. 

“Uma vez que você possa dizer, com a confiança da experiência direta, que: ‘Eu sou o mundo e o mundo sou eu mesmo’, você é livre do desejo e do medo por um lado e, do outro, torna-se totalmente responsável pelo mundo. A aflição inconsciente da humanidade toma-se seu único interesse”. Nisargadatta Maharaj. 

“O autoconhecimento é o conhecimento a respeito do seu Ser. O ser humano esquece seu Verdadeiro Ser, e não entende quem ele realmente é. Chegamos a descobrir quem somos apenas ao pensar sobre isso. Qual é nosso dever quando ganhamos o nascimento como seres humanos?” - Siddharameshwar Maharaj. 

“A mente e o mundo não estão separados. Entenda que o que você pensa ser o mundo é sua própria mente. Todo o espaço e todo o tempo estão na mente. Onde você localizaria um mundo além da mente? Existem muitos níveis de mente e cada um projeta sua própria versão, mesmo assim, todos estão na mente e são criados por ela. Compreenda que tudo acontece na consciência e que você é a raiz, a origem, o fundamento da consciência. O mundo não é senão uma sucessão de experiências e você é o que as faz conscientes, permanecendo, ainda assim, além de toda experiência”. - Nisargadatta Maharaj.


 

Bhausaheb Maharaj - Sadhana - A Disciplina Espiritual

 Na vida, ninguém atinge o autoconhecimento instantaneamente, sem disciplina. Disciplina, é óbvio, não é tudo... Mas tudo depende da continuidade da prática. E a continuidade da prática depende de disciplina... Além disso, a prática deve ser realizada com sinceridade e de todo o coração... Só assim haverá avanço...

Mas a mente é extremamente inconstante... ela não gosta de meditar. Entenda: A mente pode ir onde quiser,... é da natureza dela divagar... mas o que não se deve fazer é segui-la ou persegui-la... se fizer isso, depois de algum tempo, ela retorna por si mesma... só então a meditação vai começar.

Então, a regularidade da prática nos permitirá compreender a natureza dos impulsos mentais e ganharíamos equilíbrio mental, aprenderíamos a discriminar o essencial do não essencial e então experimentaríamos a paz.

Ainda assim, apesar de todo o esforço resultante da disciplina, deve-se agir com o máximo cuidado e diligência no cumprimento de nossos deveres mundanos... não se deve evitá-los por preguiça. Devemos, assim,  conciliar seus deveres mundanos com a prática espiritual, examinando sua conduta a cada passo.  Ainda assim, com toda a nossa prudência, não devemos deixar de observar que só a vontade de Deus prevalece...

A prática constante da meditação é a chave para a fusão entre nosso ser e Deus.  



Bhausaheb Maharaj ou Venkatesh Khanderao Deshpande (1843 - 1914) foi o fundador de sua tradição “Inchagiri Sampradaya”, difundida por seu discípulo Siddharameshwar Maharaj, mestre de Nisargadatta Maharaj e de outros grandes professores. 

Nascido em Umdi na Índia, ainda criança, Bhausaheb desenvolveu uma profunda devoção ao Senhor Hanuman e costumava realizar adoração diariamente em um templo próximo. Aos quatorze anos conheceu seu guru Sri Nimbargi Maharaj. 

Com um coração bondoso, Bhausaheb dedicou sua vida ao seu Sadguru e a Deus. Em 1875, após seu despertar, ele foi autorizado por Nimbargi a continuar sua linhagem. Ao partir, seu Mestre Nimbargi lhe pediu para espalhar os ensinamentos por toda parte. 

Assim, Bhausaheb estabeleceu seu Ashram em Inchgiri, uma vila perto de Umadi, e começou a realizar suas atividades espirituais. Logo, Inchgiri tornou-se famosa e um local de atividade espiritual. 

Os ensinamentos de Bhausaheb Maharaj são chamados de Jnana-Marga e Nama-Yoga. Em qualquer situação que um aspirante possa se encontrar, Maharaj costumava instruí-lo a continuar sua meditação, da melhor maneira possível e a viver de acordo com os princípios: 

1. Dhir - atitude resoluta e duradoura na vida. 

2. Udar - nobre e generosa magnanimidade de coração. 

3. Gambhir - visão séria e atenciosa ao enfrentar a vida. 

 

Bhausaheb Maharaj - Sadhana - A Disciplina Espiritual

 

“Perdão, Compaixão e Paz concederiam felicidade. Tanto na vida mundana quanto na espiritual, o Senhor concedeu alguns de Seus poderes ao homem. Portanto, ele deve entreter o perdão, a compaixão e a paz em suas atividades mundanas. O Senhor não possui nem grandeza nem pequenez. Ele é inteiramente dependente de Seus devotos. Sua grandeza ou pequenez é percebida pelas pessoas, observando o comportamento de Seus devotos. Portanto, os devotos devem expressar perdão em seu comportamento, tanto na vida mundana quanto na espiritual. Mesmo um pingo de perdão daria intenso deleite tanto à vida mundana quanto à espiritual. Portanto, atos constantes de perdão resultaria em satisfação, deleite e glória em ambos os caminhos. Essas virtudes também dariam um impulso ao Caminho do Conhecimento. A exibição de perdão, compaixão e paz no comportamento dos devotos inspiraria as pessoas a adorar o Senhor com devoção reverente. Portanto, um buscador do Caminho do Conhecimento deve desenvolver essas virtudes”. Bhausaheb Maharaj. 

“A meditação deve ser realizada, pelo menos uma hora pela manhã e uma hora à noite. Nossa determinação deve ser firme ­ inabalável. O processo adequado a ser adotado deve consistir em uma postura firme, olhar fixo na ponta ou no topo do nariz, repetição mental do Nome junto com a respiração. Por último, a meditação deve ser realizada com amor sincero e alegria. Tal meditação, remove as dificuldades e caprichos mentais, aumentaria nossa devoção e, pela graça do Senhor, nos permite alcançar Sua realização e bem-aventurança. Uma hora de manhã e uma hora à noite sem falta. Isso eliminará todas as impressões impuras recebidas por nossa mente nos assuntos mundanos em que estamos envolvidos durante as onze horas anteriores. Então começaremos a perceber nossas deficiências e aprenderemos a discriminar entre o essencial e o não essencial. Nosso ardor pela meditação crescerá e começaremos a amar a Deus e Seu Nome. Esse amor então aumentará gradualmente e finalmente culminará em “Devoção de Amizade” com e de "Autoentrega" ao Senhor. O buscador, depois disso, lança todo o seu fardo sobre Ele. Uma tão absoluta autoentrega atrai a graça do Senhor e capacita o buscador a desfrutar da bem-aventurança. Esses são os estágios ascendentes da devoção, para os quais a fé firme é o principal requisito. Se assim fizermos a meditação da alma duas vezes, todos os impulsos mentais desaparecerão automaticamente. E logo começaremos a perceber que nosso mestre interno é atraído para nós por sua própria vontade”. Bhausaheb Maharaj. 

“Se a aprendizagem não for apoiada pela Auto-Realização, a pessoa se tornará uma presa do egoísmo. Mas se for baseado na Auto-Realização, se tiver o respaldo da Auto-Realização, preencherá todos os quadrantes com a retumbante glória da devoção a Deus. Nada além da Auto-Realização pode conferir esse poder ao aprendizado. Recentemente, encontrei vários santos, mas não encontrei sequer um que saiba, como você sabe, o que realmente significa a Auto-Realização. Portanto, muito poucos conhecem a real grandeza da Auto-Realização e, consequentemente, a real grandeza do Seu Eu Sagrado”. Bhausaheb Maharaj.

“Aqueles que se conscientizam de seus vícios e se arrependem sinceramente de seus erros passados são purificados por meio de seu arrependimento sincero. E então, aos poucos, adquirem bons sentimentos, pensamentos e ações. Assim é a purificação interna através do arrependimento: ‘Eu sou um pecador; Eu sou uma pessoa má, vil! Na minha infância e juventude, cometi más ações por ignorância. Por isso, misericórdia de mim, ó Senhor! Me perdoe!’ Se uma pessoa nutrir tais sentimentos e for abrasada por intenso arrependimento, seu coração será automaticamente purificado. E aquele cujo coração está purificado não precisa de palavras de conselho. Ele deve esquecer seus pecados passados e não deve mais se preocupar com eles. Ele deve, a partir de então, continuar meditando no Nome Divino. Em nossa vida mundana, o perdão desempenha um papel importante. É nosso dever sagrado perdoar as faltas dos outros e fazê-los felizes. Isso eliminará nosso egoísmo e desenvolverá nossa caridade, que é muito útil na vida espiritual para seu progresso. Mesmo um pouco de prática desta virtude traria felicidade a todos”. - Bhausaheb Maharaj. 

Hsu Yun - Examine a Origem do Pensamento

"Examinar a origem do pensamento" é uma forma de observar a causa do sofrimento, da infelicidade.

Esse "pensamento fonte" é a chave para compreender o movimento de todos os nossos eus psicológicos. É o que Hsu Yun chamada de "Hua t'ou".

Todas as formas "Hua t'ou" indicam em direção à questão mais básica de todas, a qual devemos estar determinados a encontrar a resposta:  “Quem sou eu?”
Não importando como a questão é colocada,  a resposta não pode ser dada simplesmente com a mente, de forma intelectual.
O que é isto que torna minha mente consciente de ser eu?
O que é a mente, afinal?
O que é a consciência? 
Como sei quem eu sou?

 

 

Hsü Yun ou Xuyun (1840 - 1959), foi durante seus 119 anos de vida, um dos mestres do budismo Chan (Zen) mais influentes da China. Sua primeira exposição ao budismo foi durante o funeral de sua avó. 

Logo após, ele passou a ler sutras e a fazer peregrinações. Aos 14 anos Hsu Yun anunciou sua vontade de desistir do mundo material em troca de uma vida monástica, porém, com forte oposição posta pela sua família, teve de esperar até 20 anos, quando partiu ao mosteiro de Gu Shan, onde recebeu sua ordenação como monge através do grande mestre Miao-lian. Durante seus anos como eremita, Hsu Yun fez algumas de suas descobertas mais profundas. 

Disse ele em sua autobiografia: “Na pureza da minha 'unicidade da mente', eu esqueci completamente do meu corpo. A partir daquele momento, quando todos os meus pensamentos foram apagados, minha prática dia e noite mostrou meus passos, tornando-se tão rápidos, como se eu estivesse voando pelo ar. Uma noite, depois de meditar, abri meus olhos e de repente vi um brilho comparável à luz do dia. À medida que o espaço era pulverizado, a mente louca parou”. 

Hsu Yun tornou-se particularmente conhecido pelos seus esforços de espalhar o Dharma ao longo da sua excepcionalmente longa vida. Trabalhando incansavelmente, como um bodhisattva, Hsu Yun ensinou estudantes, expôs sutras e dedicou-se à restauração de templos antigos. 

Os ensinamentos de Hsu Yun foram absorvidos por grande parte da Ásia e espalhados por todo o mundo, tornando seu nome uma autoridade no Budismo da Terra Pura.

 


 Trechos retirados do livro “Nuvem Vazia”, de Hsu Yun.

“Um Hua wei ou ‘palavra cauda’ traça um pensamento de volta à sua origem. Ele, também, pode ser bastante útil. Por exemplo, uma criança na companhia de seus amigos pergunta a seu pai, digamos: ‘Podemos ir à praia neste fim de semana?’, e seu pai responde rudemente: ‘Não me amole!’, e empurra a criança, causando nela um embaraço e a dor da rejeição. A resposta pode ser um Hua wei. 

O homem deve se perguntar, ‘Por que respondi ao meu filho dessa forma? Por que fiquei repentinamente tão agitado?’. Ele sabe que antes de seu filho se aproximar ele estava de bom humor. Assim, o que havia na pergunta que o deixou agitado? Ele, assim, começa a rememorar cada uma de suas palavras. Foi a palavra ‘fim de semana’? O que ele associou com essa palavra? Se não puder encontrar nada, ele tenta a palavra ‘praia’. E começa a se lembrar de suas experiências na praia. Ele pensa sobre os muitos eventos e, de repente, se lembra de um que o perturbou. Ele não quer pensar sobre isso, ainda assim, a disciplina do Hua wei requer que examine esse evento. Por que a memória desse fato o perturbou? O que era tão desconfortável nela? Ele continua a investigar esse evento até chegar na causa raiz de sua perturbação. 

Caros amigos, essa causa-raiz certamente envolve dano ao seu orgulho, à sua autoestima. E, assim, o homem se lembra e de alguma forma revive a experiência, só que, agora, ele é capaz de ver de uma perspectiva diferente, mais madura. Talvez uma experiência amarga que, de fato, envolveu um tratamento duro que ele recebeu de seu próprio pai! De qualquer forma, certamente verá que transferiu a dor de sua experiência na praia, na infância, para seu filho inocente. Ele será capaz de corrigir a sua resposta mal-educada e, dessa forma, o seu caráter crescerá ou melhorará. 

Algumas vezes, o Hua t'ou funciona como uma instrução, um tipo de guia que nos ajuda a lidar com os problemas da vida. Esse Hua t'ou nos sustenta e nos dirige pela viagem na dura estrada até a iluminação”. Hsu Yun. 

“Mantenha sua mente no Hua t'ou sempre que você estiver fazendo qualquer coisa que não requeira sua completa atenção. Naturalmente, se você está dirigindo um avião, não queira começar a pensar sobre o Hua t'ou. Descobrir se um cachorro tem a Natureza de Buddha ou não, não será de muita valia se você despedaçar o avião! Um automóvel é algo que também requer sua completa atenção. Você não pode se arriscar a matar os pequenos egos das outras pessoas, só porque você está tentando acabar com o seu! Mas há várias ocasiões durante o dia em que você pode tranquilamente trabalhar com seu Hua t'ou”. Hsu Yun. 

“As pessoas pensam que o mundo as incomoda. Elas não entendem que são as guardiãs de suas próprias mentes, que podem facilmente fechar e trancar as portas de suas mentes. Se as pessoas se intrometem é porque o guardião deixou as portas abertas”. Hsu Yun.

“O Buddha viu que a ignorância de uma vida não iluminada é uma condição de doença. Suas Quatro Nobres Verdades têm uma conotação médica. Primeiramente, a vida no samsara é amarga e dolorosa. Segundo, o desejo é a causa dessa amargura e dor. Terceiro, há uma cura para essa doença. Quarto, a cura é seguir o Caminho Óctuplo. Primeiro, precisamos reconhecer que estamos todos doentes. Segundo, necessitamos de um diagnóstico. Terceiro, necessitamos estar certos de que aquilo que está errado conosco responderá ao tratamento. Quarto, necessitamos de um regime terapêutico”. - Hsu Yun.