Eis uma das partes mais difíceis da vida: aceitá-la tal como ela é... incluindo as pessoas, como elas são... os eventos, tal como aconteceram... as circunstâncias, tal como se apresentaram.
Isso não quer dizer que não devemos agir no mundo, que não possamos fazer a nossa parte, para atenuar o sofrimento que vivenciamos de algum modo... O problema é a resistência psicológica e o sofrimento que isso acarreta e acumula além do necessário para nossas vidas.
Então tome as pessoas como ela são e faça o que puder. Mas não acumule dentro de si a resistência (aos outros, aos acontecimentos que sucedem).
A dificuldade aparece porque fomos condicionados a acreditar que nosso inconformismo, nosso anseio, nossa indignação ou nossas reações vão fazer a mínima diferença no desenrolar dos acontecimentos, ou no comportamento das outras pessoas.
Eis o engano: não perceber que nada do que você fala ou faz, vai impedir que aquilo que tem de acontecer, aconteça; Ou então, que suas reações planejadas mentalmente vão fazer com que algo que não deveria ocorrer, agora magicamente aconteça, só porque queremos que aconteça.
A verdade é que não estamos no controle, mas pensamos/sonhamos que sim. Teimamos em acreditar nessa ilusão, apesar de todos os acontecimentos, grandes ou pequenos, durante toda a nossa vida, mostrarem constantemente, o contrário.
E sofremos, e perdemos a pouca paz que cultivamos...
E sofremos duplamente: Primeiro por não aceitarmos a realidade, tal qual é... e em seguida, por insistir em mudá-la à força, acreditando que as coisas ou as pessoas ao seu redor serão diferentes, pela nossa insistência para que mudem e fiquem do nosso agrado.
É sobre isso que a mensagem do vídeo abaixo vai tratar, ensinando uma prática diária de meditação específica, justamente para trabalhar com esse condicionamento tão fortemente arraigado:
Swami Dayananda Saraswati ou Natarajan (1930 - 2015), foi um sannyasa, professor tradicional de Advaita Vedanta e fundador do Arsha Vidya Gurukulam e AIM For Seva. Swamiji nasceu em Manjakkudi no sul da Índia.
Em 1953, morando e trabalhando em Chennai, conheceu Swami Chinmayananda, que se tornou um de seus mestres. Então, aprofundando-se no conhecimento de Vedanta e Sânscrito, em 1962 tornou-se um renunciante.
Dayananda começou a ensinar às margens do rio Ganges, e em 1973 foi chamado para ensinar em Mumbai. Seus cursos, também ministrados em Inglês, abriram aos estudantes do Ocidente a oportunidade de acesso a este ensinamento.
Swamiji viajou por toda a Índia ministrando cursos e palestras, e desde 1976 foi para os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Suécia, Austrália, África do Sul, Brasil e Argentina. Em todos esses países, assim como na Índia, era conhecido por sua facilidade de comunicação e pela clareza e profundidade de seu conhecimento de Vedanta e da complexidade humana.
Dayananda estabeleceu dois Ashrams na Índia, um em Rishikesh e outro em Coimbatore, e o Arsha Vidya Gurukulam, nos Estados Unidos. Nessas instituições, Swamiji era o principal professor. Nos cursos de Vedanta e Sânscrito o ensinamento é passado de mestre a discípulo, num fluir permanente, que tem como objetivo desdobrar a visão do “eu” como um Ser completo e livre.
Trechos de gravações em satsangs (Rio de Janeiro, janeiro de 1984).
“Todos os dias, antes de ir para a cama, faça essa meditação (Aceite a Vida como Ela É).
Ela neutralizará os problemas do dia. Também poderá começar o dia com ela, se tiver tempo.
Mas tenha certeza de terminar o dia com essa meditação. Dessa forma, não haverá resíduos. Os problemas do dia serão neutralizados antes de você ir para a cama.
Você irá para a cama como uma pessoa, não como uma personalidade. Levantar-se-á como uma pessoa, não uma personalidade”.
- Swami Dayananda.
“Olhe para a Terra. O fato de ser um globo não incomoda você. Por ela estar inclinada a mover-se ao redor do Sol, você não tem reclamação a fazer. Por ter oceanos e continentes, por ter montanhas e vales, por ter rios e riachos, por ter lagos e lagoas e por ter florestas e desertos, você não tem reclamação a fazer”. Swami Dayananda.
“Olhe para seus pais. Seu pai, aceite essa pessoa como ela é. Sua mãe, aceite essa pessoa como ela é. Suas limitações, suas virtudes, tome-as todas como elas são. Por trás de suas exigências existe sempre um amor. Um amor que deseja, que deseja que você seja grande, que seja alguma coisa. Eles têm um ideal de você: que você seja grande à sua própria imagem. Bem, eles são humanos. Portanto, aprecie o amor que eles lhe têm. Você descobrirá que não tem nada contra eles, mas é grato a eles. Pelo menos há pessoas na vida que se preocupam com o seu bem-estar. Tome-os como eles são. Se pode comunicar-se com eles, comunique-se. Se quiser que haja alguma mudança em seus valores, por favor tente mudá-los, mas tome-os como eles são. Olhe para o seu próprio país e as diferentes pessoas. Tome-as todas como elas são. Se você pode ajudar uma determinada comunidade, faça o que puder para ajudar para melhorar sua saúde e bem-estar, mas tome-os como eles são. Tome as pessoas como elas são. O governo, tome-o como ele é. Não tenha raiva pela sua política. Se quiser, tente modificar o governo. Não tem nenhum sentido reclamar consigo mesmo e não fazer nada. As pessoas que comandam o governo também são como você. Elas fazem o que podem. Se forem incapazes... bem, são incapazes. Se você é capaz, faça alguma coisa. Se você acha que alguma política melhor pode ser iniciada, faça o que puder. Pelo menos escreva uma carta para o seu jornal. Tudo o que eu digo é: aja! Faça o que puder! Mas não deixe que os políticos criem em você uma reação de raiva, frustração ou desespero”. Swami Dayananda.
“Olhe para seu parceiro da sua vida, tome essa pessoa como ela é. Sua aparência, sua capacidade, suas habilidades, suas emoções, seu conhecimento, sua história...
Tome essa pessoa como ela é. Aqui está uma pessoa com quem você partilha sua vida. Não é importante que você a tome como ela é?
Pode haver uma vida feliz se a pessoa não é tomada como ela é?
Quando você exige, você não compreende.
Quando rejeita, também não compreende.
Tome a pessoa como ela é, e descobrirá que você tem todo o amor para compreender. Nessa aceitação você descobrirá que tem uma atmosfera de amor na qual todas as mudanças, e mudanças miraculosas, são possíveis.
Seus filhos, olhe para eles como pessoas independentes.
Eles não são como suas mãos e pernas. Não são parte de você.
Cada um é uma pessoa independente, com corpo, mente e alma.
Portanto, olhe para eles como pessoas independentes que estão crescendo sob seu amor, cuidado e orientação.
Tome-os como eles são e faça o que deve ser feito'”.
Swami Dayananda.