domingo, 11 de setembro de 2022

Hsu Yun - Examine a Origem do Pensamento

"Examinar a origem do pensamento" é uma forma de observar a causa do sofrimento, da infelicidade.

Esse "pensamento fonte" é a chave para compreender o movimento de todos os nossos eus psicológicos. É o que Hsu Yun chamada de "Hua t'ou".

Todas as formas "Hua t'ou" indicam em direção à questão mais básica de todas, a qual devemos estar determinados a encontrar a resposta:  “Quem sou eu?”
Não importando como a questão é colocada,  a resposta não pode ser dada simplesmente com a mente, de forma intelectual.
O que é isto que torna minha mente consciente de ser eu?
O que é a mente, afinal?
O que é a consciência? 
Como sei quem eu sou?

 

 

Hsü Yun ou Xuyun (1840 - 1959), foi durante seus 119 anos de vida, um dos mestres do budismo Chan (Zen) mais influentes da China. Sua primeira exposição ao budismo foi durante o funeral de sua avó. 

Logo após, ele passou a ler sutras e a fazer peregrinações. Aos 14 anos Hsu Yun anunciou sua vontade de desistir do mundo material em troca de uma vida monástica, porém, com forte oposição posta pela sua família, teve de esperar até 20 anos, quando partiu ao mosteiro de Gu Shan, onde recebeu sua ordenação como monge através do grande mestre Miao-lian. Durante seus anos como eremita, Hsu Yun fez algumas de suas descobertas mais profundas. 

Disse ele em sua autobiografia: “Na pureza da minha 'unicidade da mente', eu esqueci completamente do meu corpo. A partir daquele momento, quando todos os meus pensamentos foram apagados, minha prática dia e noite mostrou meus passos, tornando-se tão rápidos, como se eu estivesse voando pelo ar. Uma noite, depois de meditar, abri meus olhos e de repente vi um brilho comparável à luz do dia. À medida que o espaço era pulverizado, a mente louca parou”. 

Hsu Yun tornou-se particularmente conhecido pelos seus esforços de espalhar o Dharma ao longo da sua excepcionalmente longa vida. Trabalhando incansavelmente, como um bodhisattva, Hsu Yun ensinou estudantes, expôs sutras e dedicou-se à restauração de templos antigos. 

Os ensinamentos de Hsu Yun foram absorvidos por grande parte da Ásia e espalhados por todo o mundo, tornando seu nome uma autoridade no Budismo da Terra Pura.

 


 Trechos retirados do livro “Nuvem Vazia”, de Hsu Yun.

“Um Hua wei ou ‘palavra cauda’ traça um pensamento de volta à sua origem. Ele, também, pode ser bastante útil. Por exemplo, uma criança na companhia de seus amigos pergunta a seu pai, digamos: ‘Podemos ir à praia neste fim de semana?’, e seu pai responde rudemente: ‘Não me amole!’, e empurra a criança, causando nela um embaraço e a dor da rejeição. A resposta pode ser um Hua wei. 

O homem deve se perguntar, ‘Por que respondi ao meu filho dessa forma? Por que fiquei repentinamente tão agitado?’. Ele sabe que antes de seu filho se aproximar ele estava de bom humor. Assim, o que havia na pergunta que o deixou agitado? Ele, assim, começa a rememorar cada uma de suas palavras. Foi a palavra ‘fim de semana’? O que ele associou com essa palavra? Se não puder encontrar nada, ele tenta a palavra ‘praia’. E começa a se lembrar de suas experiências na praia. Ele pensa sobre os muitos eventos e, de repente, se lembra de um que o perturbou. Ele não quer pensar sobre isso, ainda assim, a disciplina do Hua wei requer que examine esse evento. Por que a memória desse fato o perturbou? O que era tão desconfortável nela? Ele continua a investigar esse evento até chegar na causa raiz de sua perturbação. 

Caros amigos, essa causa-raiz certamente envolve dano ao seu orgulho, à sua autoestima. E, assim, o homem se lembra e de alguma forma revive a experiência, só que, agora, ele é capaz de ver de uma perspectiva diferente, mais madura. Talvez uma experiência amarga que, de fato, envolveu um tratamento duro que ele recebeu de seu próprio pai! De qualquer forma, certamente verá que transferiu a dor de sua experiência na praia, na infância, para seu filho inocente. Ele será capaz de corrigir a sua resposta mal-educada e, dessa forma, o seu caráter crescerá ou melhorará. 

Algumas vezes, o Hua t'ou funciona como uma instrução, um tipo de guia que nos ajuda a lidar com os problemas da vida. Esse Hua t'ou nos sustenta e nos dirige pela viagem na dura estrada até a iluminação”. Hsu Yun. 

“Mantenha sua mente no Hua t'ou sempre que você estiver fazendo qualquer coisa que não requeira sua completa atenção. Naturalmente, se você está dirigindo um avião, não queira começar a pensar sobre o Hua t'ou. Descobrir se um cachorro tem a Natureza de Buddha ou não, não será de muita valia se você despedaçar o avião! Um automóvel é algo que também requer sua completa atenção. Você não pode se arriscar a matar os pequenos egos das outras pessoas, só porque você está tentando acabar com o seu! Mas há várias ocasiões durante o dia em que você pode tranquilamente trabalhar com seu Hua t'ou”. Hsu Yun. 

“As pessoas pensam que o mundo as incomoda. Elas não entendem que são as guardiãs de suas próprias mentes, que podem facilmente fechar e trancar as portas de suas mentes. Se as pessoas se intrometem é porque o guardião deixou as portas abertas”. Hsu Yun.

“O Buddha viu que a ignorância de uma vida não iluminada é uma condição de doença. Suas Quatro Nobres Verdades têm uma conotação médica. Primeiramente, a vida no samsara é amarga e dolorosa. Segundo, o desejo é a causa dessa amargura e dor. Terceiro, há uma cura para essa doença. Quarto, a cura é seguir o Caminho Óctuplo. Primeiro, precisamos reconhecer que estamos todos doentes. Segundo, necessitamos de um diagnóstico. Terceiro, necessitamos estar certos de que aquilo que está errado conosco responderá ao tratamento. Quarto, necessitamos de um regime terapêutico”. - Hsu Yun. 

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