terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Jean Klein - Esvazie-se em Silêncio

 as carências, os desejos, os conflitos pessoais e sociais, o mecanismo humano das compensações, os sofrimentos, as guerras... tudo isso é inerente à condição humana? quem sou eu?

J. Klein aborda a essas questões e a necessidade da autoinvestigação, de tornar-se consciente dos processos do nosso corpo e de nossa mente...

mais uma contribuição do canal "Corvo Seco".

Jean Klein (1912 - 1998) foi um autor francês, professor espiritual e filósofo Advaita. 

Seu ensino trata de uma abordagem direta para além de qualquer atividade ou esforço mental. 

Apontando para o ponto final, onde tudo o que pertence à mente, tempo e espaço, está integrado. 

Klein não se baseou na terminologia ou na doutrina de qualquer tradição, mas falou diretamente através de sua própria experiência, constantemente buscando novas maneiras de expressar o inexprimível, percebendo que se ele usasse uma palavra ou frase por muito tempo, seus alunos se apegariam a ela e, assim, deixariam de ver a realidade.

  

 Jean Klein - Esvazie-se em Silêncio

 

 Citações e trechos do Livro “La Joie Sans Objet” de Jean Klein

Quando alguém disse que gostaria de fazer algumas perguntas pessoais, ele respondeu: "Não há ninguém para responder a perguntas pessoais. Eu ouço sua pergunta e ouço a resposta. A resposta vem do silêncio". 

“A identificação com o corpo e a personalidade, criam a escravidão; ao se colocar como observador de ambos, tudo se resolve e existe a liberdade”. Jean Klein. 

“Na realidade, o mundo é criado a cada momento. É apenas a memória que nos dá a falsa impressão de continuidade”. Jean Klein. 

 “Testemunhe suas atividades ininterruptamente, a vigilância limpa da mente mais cedo ou mais tarde o colocará além dela”. Jean Klein.

“Deixe-se fundir com o silêncio sempre que ele surja. Não cultive ideias a respeito de si mesmo, muito menos as que a sociedade faz de você. Não seja alguém, nem algo, permaneça totalmente fora do jogo; isto lhe proporcionará um estado de constante alerta. Observe sem ideias preconcebidas, escute sua mente, como ela entra em ação, como atua. Descobrirá que você é o vigilante, a testemunha; mais adiante compreenderá que você é a Luz do observador; esta toda-possibilidade está na origem; tudo surge dela e não é mais que ela”. - Jean Klein.  

 

 

Observe e Não Faça Nada


 

 Citações e trechos do livro “La Liberté d'être”, de Jean Klein

 “Enganados pela satisfação que nos proporcionam os objetos, chegamos a constatar que causam saciedade e, até mesmo, indiferença: nos preenchem num momento, nos levam à não carência, nos devolvem a nós mesmos e logo nos cansam; perderam sua magia evocadora. Portanto, a plenitude que experimentamos não se encontra neles, está em nós; Durante um momento o objeto tem a faculdade de suscitá-la e tiramos a conclusão equivocada de que ele foi o artesão desta paz. Mas na verdade, durante estes períodos, a alegria existe em si mesma, não há nada além. Logo, aplicamos essa felicidade a um objeto que, segundo acreditamos, foi o que a ocasionou. Portanto, objetivamos a alegria transformando a alegria em um objeto. O erro consiste em considerar este objeto como uma condição da dita plenitude. Observemos mais de perto”. Jean Klein. 

 

“Veja que você está condicionado na aceitação e na rejeição. No estado de rejeição ou aceitação há apenas um jogo com as palavras, com a memória e com o intelecto. Mas, no estado de escuta silenciosa, não há lugar para certo ou errado, compensação ou conclusão. Eles se tornam, através da compreensão intuitiva, conhecidos ou não. O intelecto é uma defesa contra algo que você aceita ou rejeita. Quando o intelecto está ausente, há atenção total; escutar e falar podem espontaneamente acontecer, mas brotam da Realidade. Não há mais produção por parte da mente”. Jean Klein. 

 

“Testemunhe suas atividades ininterruptamente, a vigilância limpa a mente e mais cedo ou mais tarde o colocará além dela”. Jean Klein.

 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Krishnamurti: o que é meditação


 

O que é meditação

Pergunta: O senhor parece descartar a ioga como coisa inútil, e concordo com o senhor em que a ioga é, com frequência, praticada como um método de fuga àquilo que é. Mas, se evitarmos a fixação artificial da mente em um objeto escolhido, e permitirmos que a nossa chamada meditação tome a forma de uma investigação sobre todo o campo do que é, sem esperarmos nenhuma respostas específica, isso certamente é o que o senhor recomenda. O senhor não acha também que poderemos fazer essa coisa difícil com mais facilidade se tivermos aprendido a aquietar o corpo e a respiração?

Krishnamurti: O interrogante quer saber, realmente, como meditar – se a quietação do corpo e a estabilização da respiração não ajuda na meditação – que é o processo de investigar o inteiro campo do que é, e não fugir dele. Então vamos descobrir como meditar.

Agora, se puderem gentilmente escutar sem focar a atenção em nenhuma sentença particular, em nenhuma frase da resposta, poderemos investigar toda a questão de como meditar. Para mim, o “como” não é, de modo algum, o problema. O problema é: “O que é meditação?” Se eu não souber o que é meditação, o simples inquirir sobre como meditar não tem significado nenhum. Portanto, minha investigação não consiste em como meditar, que método seguir, como ficar consciente daquilo que é, sem fugir, como sentar-se quieto, como repetir certas palavras, e assim por diante. Não estamos discutindo nada disso. Se eu souber o que é meditação, então a questão de como meditar não será um problema, certamente.

O que é meditação? Como não sabemos o que é meditação, não temos ideia de como começar a meditar; então, precisamos abordar este assunto com a mente aberta, não é verdade? Vocês entenderam? Vocês precisam abordar este assunto com uma mente livre, que diga “eu não sei”, e não com uma mente ocupada, que pergunte “como é que devo meditar?” Por favor, se quiserem mesmo seguir isto – e não aferrar-se ao que estou dizendo, mas realmente experimentar a coisa enquanto prosseguimos – então vocês descobrirão, por si mesmos, o significado da meditação.

Até agora abordamos este problema com uma atitude de perguntar como meditar, qual sistema seguir, como respirar, quais práticas de ioga realizar, e tudo o mais – porque pensamos saber o que é meditação e que o “como” nos levará a alguma coisa. Mas, realmente, sabemos o que é meditação? Eu não sei, nem vocês, penso eu. Então, ambos precisamos abordar a questão com uma mente que diga “Eu não sei” – embora possamos ter lido centenas de livros e praticado muitas disciplinas de ioga. Vocês não sabem realmente. Vocês apenas esperam, vocês apenas desejam, vocês apenas querem, por meio de determinado padrão de ação, de disciplina, chegar a determinado estado. E tal estado pode ser totalmente ilusório; ele pode ser apenas o seu desejo. E certamente é assim; ele é a sua projeção, uma reação à miséria da existência diária.

Portanto, a primeira coisa essencial não é como meditar, mas sim descobrir o que é meditação. Assim, a mente precisa abordar esse assunto sem conhecimento prévio – e isso é extremamente difícil. Estamos de tal modo acostumados a pensar que determinado sistema é essencial à meditação – seja a repetição de palavras, como oração, ou o assumir dada postura corporal, ou fixar a mente em dada frase ou num quadro, ou respirar regularmente, fazer o corpo ficar muito quieto, ter controle completo da mente; com tais coisas estamos familiarizados. E acreditamos que essas coisas nos levarão a algo que pensamos estar além da mente, além do transitório processo de pensamento. Pensamos já saber o que queremos, e agora estamos tentando comparar qual é o melhor caminho. Essa questão de “como meditar” é completamente falsa. Mas, posso descobrir o que é meditação? Esta é a pergunta real. Meditar, saber o que é meditação, é algo extraordinário; assim, descubramo-lo.

Certamente, meditação não consiste em seguir nenhum sistema. Será que minha mente tem condições de eliminar completamente essa tradição de seguir uma disciplina, um método? – que existe não só aqui, mas também na Índia? Isso é essencial porque não sei o que é meditação. Sei como me concentrar, como controlar, como disciplinar, o que fazer, mas não sei o que é que está no fim disso. A única coisa que me disseram foi: “Se você praticar essas coisas, conseguirá o que deseja”; e, sendo eu ambicioso, realizo essas práticas. Então, será que posso eliminar essa exigência de método para descobrir o que é meditação?

A própria investigação de tudo isso é meditação, não é verdade? Já estou meditando no próprio instante em que começo a investigar o que é meditação – em vez de procurar saber como meditar. No momento em que começo a descobrir por mim mesmo o que é meditação, minha mente, não sabendo, precisa rejeitar tudo quanto ela conhece – o que significa que preciso pôr de lado o meu desejo de alcançar um estado. Porque o desejo de alcançar é a raiz, a base, da minha busca de um método. Já conheci momentos de paz, de tranquilidade, e um sentido da “outra coisa”, e quero alcançar isso de novo, torná-lo um estado permanente; então, procuro o “como”. Penso que já sei o que é o outro estado e que um método me levará a ele. Mas, se já sei o que é a outra coisa, então essa coisa não é verdadeira; é somente uma projeção do meu desejo.

Minha mente, quando está realmente investigando o que é meditação, compreende o desejo de alcançar, de chegar a um resultado, e, assim, fica livre dessas coisas. Portanto, ela descartou completamente toda autoridade, porque não sabemos o que é meditação e ninguém pode ensinar-nos. Minha mente está completamente num estado de “não-saber”; não há método nenhum, nenhuma oração, nenhuma repetição de palavras, nenhuma concentração, pois ela sabe que a concentração é só outra forma de alcançar alguma coisa. A concentração da mente numa determinada ideia, esperando assim treinar-se para avançar por meio de exclusão, implica novamente um estado de “saber”. Então, se eu não souber, todas essas coisas precisam desaparecer. Já não penso em termos de alcançar, chegar. Já não há um sentimento de acumulação que me ajudará a alcançar a outra margem.

Assim, quando eu tiver feito isso, porventura não terei descoberto o que é meditação? Não há conflito, não há luta; há um sentimento de não-acumulação – todo o tempo e não em um momento específico. Portanto, meditação é o processo de completo desnudamento da mente, a purgação de todo sentimento de acumulação e realização – que é a própria essência do ego, do “eu”. A prática dos diversos métodos só faz fortalecer esse “eu”. Você pode encobri-lo, pode embelezá-lo, refiná-lo, mas ele continua sendo o “eu”. Então, meditação é o desnudamento dos caminhos do ego.

E você descobrirá, se puder aprofundar-se nisso, que nunca há um momento em que a meditação se torna um hábito. Pois o hábito implica acumulação, e, onde houver acumulação, há o processo do ego pedindo mais, exigindo mais acumulação. Tal meditação está dentro do campo do conhecido e não significa nada senão um meio de auto-hipnose.

A mente só consegue dizer “Eu não sei” – realmente e não só verbalmente – quando tiver varrido de si, mediante percepção, mediante autoconhecimento, todo esse sentimento de acumulação. Então, meditação é morrer para as próprias acumulações – e não alcançar um estado de silêncio, de quietação. Enquanto a mente for capaz de acumular, haverá sempre o desejo de mais. E o “mais” exige o sistema, o método, o estabelecimento de autoridade – coisas que constituem os próprios caminhos do ego. Quando a mente tiver visto completamente a falácia disso, então ela estará em constante estado de “não-saber”. Tal mente terá condições de receber aquilo que não pode ser mensurado e que só se manifesta de momento a momento.

 

fonte: https://textosk.wordpress.com/trechos-curtos/o-que-e-meditacao/

domingo, 26 de dezembro de 2021

Shunryu Suzuki - Tudo Muda

 

Shunryu Suzuki. 

Monge, filósofo e mestre do budismo Sōtō Zen, Shunryu Suzuki, ou Suzuki Roshi (1905 - 1971) foi um dos professores espirituais mais influentes do século XX. 

Profundamente respeitado no Japão, Suzuki deixou seu país e foi para os Estados Unidos em 1958, onde fundou o primeiro mosteiro Zen Budista fora da Ásia, em São Francisco (Califórnia). 

Através de sua grande sabedoria e personalidade carismática, Suzuki foi o primeiro mestre zen a ganhar popularidade no mundo ocidental, e seu livro “Mente Zen, Mente de Principiante” se tornou um dos mais vendidos da literatura espiritual moderna. Saiba mais em: https://www.dharmalog.com/2012/08/22/...

 

Shunryu Suzuki - Tudo Muda 

 


 Citações e trechos do livro “Mente Zen, Mente de Principiante"

“No Japão, dispomos do termo shoshin, que significa 'mente de principiante'. O objetivo da prática é conservar nossa 'mente de principiante'. Suponhamos que você recite o Prajna Paramita Sutra uma só vez. Poderia ser uma boa recitação. Mas o que lhe acontecerá se o recitar duas, três, quatro ou mais vezes? Você poderia facilmente perder sua atitude original em relação a ele. O mesmo acontecerá com suas outras práticas Zen. Por algum tempo você manterá sua mente de principiante, porém, se continuar a prática um, dois, três anos ou mais, embora você possa melhorar em alguns aspectos, é possível que perca o sentido ilimitado da 'mente original'. A coisa mais importante é manter sua 'mente de principiante'”. Shunryu Suzuki. 

“Quando você está sentado em meio ao seu próprio problema, o que é mais real para você: seu problema ou você mesmo? A consciência de que você está aqui, neste exato instante, é o fato incontestável”. Shunryu Suzuki. 

“Você deve ser fiel ao seu próprio caminho até que, finalmente, chegue ao ponto em que veja que é necessário esquecer tudo sobre si mesmo”. Shunryu Suzuki.  

“Assim que você vê algo, já começa a intelectualizar. Assim que intelectualiza algo, não é mais o que você viu. Deixe seus ouvidos ouvirem sem tentar ouvir. Deixe a mente pensar sem tentar pensar e sem tentar detê-la. Isso é prática”. - Shunryu Suzuki. 

 

livros de Shunryu Suzuki na Amazon: Mente Zen, Mente de Principiante: https://amzn.to/3lVrRBB 

Nem Sempre É Assim: https://amzn.to/39z16gn

 

 

sábado, 25 de dezembro de 2021

Robert Adams - Não Reaja

Ótima dica de vídeo para quem está interessado no tema "autoconhecimento", "meditação" e "autorrealização".

fonte: canal "Corvo Seco"


Discípulo de Sri Ramana Maharshi, Robert Adams (1928 - 1997) foi um professor americano do não-dualismo, amplamente divulgado entre aqueles que investigam a filosofia Advaita e entre os devotos ocidentais de Bhagavan. 

Adams afirmou que não existia um novo ensino, e que este conhecimento pode ser encontrado nos Upanishads, nos Vedas e em outras escrituras milenares. 

Adams não escreveu nenhum livro nem publicou seus ensinamentos, pois não desejava ganhar muitos seguidores. Em vez disso, ele preferiu ensinar um pequeno número de buscadores dedicados. Seu ensino baseava-se no caminho de jñāna yoga, com ênfase na prática da auto-investigação. 

Aos 16 anos, o primeiro mentor espiritual de Adams foi Joel S. Goldsmith, que o ajudou a compreender melhor sua iluminação e o aconselhou a ir visitar Paramahansa Yogananda. 

Adams o fez e foi até a Self-Realization Fellowship, onde pretendia ser iniciado como monge. No entanto, após falar com ele, Yogananda sentiu que Adams tinha seu próprio caminho, e recomendou que ele fosse para a Índia visitar seu verdadeiro mestre, Sri Ramana Maharshi, mas que fosse rápido, pois Ramana já estava velho e com problemas de saúde. 

Assim, Adams permaneceu em Sri Ramanasramam pelos três anos finais da vida de Ramana. 

Ao longo deste tempo ele teve muitas conversas, e através de permanecer em sua presença foi capaz de confirmar e entender melhor sua própria experiência de despertar para a Realidade não-dual.

Robert Adams - Não Reaja

 


Citações de Robert Adams. 

“Para a maioria das pessoas, para ser feliz deve haver uma pessoa, lugar ou coisa envolvida em sua felicidade. Na verdadeira felicidade, não há coisas envolvidas. É um estado natural. Você permanecerá nesse estado para sempre”. Robert Adams. 

“O professor é realmente você mesmo. Você criou um professor para acordá-lo. O professor não estaria aqui se você não estivesse sonhando com o professor. Você criou um professor de sua mente para despertar, para ver que não há professor, nem mundo - nada. Você fez isso sozinho”. Robert Adams. 

 “O único fardo que você já teve na sua vida foi a sua própria mente”. Robert Adams.

“Trabalhe em si mesmo e nunca reaja à condição. Esta é a liberdade que você obteve do dharma e do carma. Quando você começar a ver a verdade em si mesmo, automaticamente será captado pelo Poder que Conhece o Caminho, e será colocado em uma posição ou lugar onde deveria estar neste momento. É por isso que eu digo a vocês tantas vezes, não há erros. 

 Parece complicado para a mente finita, mas você está no lugar certo, passando por aquelas experiências que são certas para você neste momento. Somente se você for grato e abençoar a posição em que está, você se torna um ser superior, se eleva e, finalmente, encontra a liberdade. Mas tudo começa e termina com você. 

Nunca ore a Deus pela liberação de seus problemas. Nunca ore a Deus para mudar sua vida e dar-lhe algo melhor. Esta é a oração errada. Se você tem que orar a Deus, ore a Deus para lhe dar a força, a sabedoria e a coragem de que você precisa para ser capaz de lidar com a situação em que está. Esta é a oração correta.  

Não tente mudar nada. Seja você mesmo. Trabalhe em você mesmo . Comece a ver as coisas sob uma nova luz. Veja sua situação de forma diferente. Não existem coisas ruins, não existem coisas boas. Mas o pensamento o torna assim. Pare de pensar nos extremos, bons e maus, certos e errados. Em vez disso, olhe para si mesmo no momento. Fique centrado . Veja-se como um Ser Divino, um Ser Infinito, totalmente livre e liberado. 

Não sinta pena de si mesmo porque está em uma posição e em uma situação da qual não gosta. Isso apenas o mantém lá por mais tempo. E, novamente, como mencionamos antes, mesmo se você fugir de uma situação, atrairá algumas das circunstâncias em um outro lugar. Fugir nunca é a resposta. Mudar a si mesmo é a resposta ”. - Robert Adams. 

 

 

 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Alan Watts - Torne-se o que Você É

 

Alan Wilson Watts (1915 - 1973) foi um filósofo britânico, escritor, palestrante e um dos pioneiros na divulgação da sabedoria oriental ao ocidente. 

Baseando-se em uma grande variedade de tradições (como a filosofia chinesa, o hinduísmo, o budismo, o taoismo e a ciência moderna) Watts sintetiza os principais ensinamentos que permitem o indivíduo a encontrar-se com sua profunda natureza. 

Com grande lucidez de pensamento e simplicidade na linguagem, Watts apresenta respostas ao mal-entendido fundamental, o mistério central da existência, a realidade sobre quem somos nós. 

Como um grande intérprete das disciplinas orientais, Watts difundiu que nossa concepção sobre nós mesmos é um mito; sendo as entidades que chamamos de “coisas separadas” meramente aspectos ou características de uma mesma unidade.

Alan Watts - Torne-se o que Você É

 

Citações e trechos retirados de gravações em satsangs

“A arte de viver não é um vagar descuidado por um lado, nem um apego medroso ao passado, por outro. Consiste em ser sensível a cada momento, em considerá-lo totalmente novo e único, em ter a mente aberta e totalmente receptiva. ” Alan Watts. 

“Meditação é a descoberta de que o objetivo da vida é sempre alcançado no momento imediato”. Alan Watts. 

“Acordar para quem você é requer desapego de quem você imagina ser”. Alan Watts. 


livros de Alan Watts na Amazon:

Torne-se o que Você É: https://amzn.to/3ySB9D3 

O que é Tao?: https://amzn.to/3r556x0 

Filosofias da Ásia: https://amzn.to/2ZNXHbT 

A Cultura da Contracultura: https://amzn.to/3wDwB1O 

A Sabedoria da Insegurança: https://amzn.to/3e9qb4j

 

A Meditação - Como aprender - a Impermanência - Jiddu Krishnamurti

Abaixo seguem 03 vídeos, contendo excertos muito interessantes do sábio contemporâneo Krishnamurti. Todos os vídeos foram produzidos pelo Canal "Corvo Seco", que muito tem contribuído para a difusão dos valiosos ensinamentos de muitos mestres e sábios, da antiguidade ou da atualidade.

Aproveitem!

Como Aprender

A Arte da Meditação

A Vida é Impermanência

 

Jiddu Krishnamurti (1895 - 1986) foi um filósofo, escritor, orador e educador indiano. 

Proferiu discursos que envolveram temas como revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global. 

Constantemente ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, política ou social. 

Uma revolução que só poderia ocorrer através do autoconhecimento; bem como da prática correta da meditação ao homem liberto de toda e qualquer forma de autoridade psicológica. 

 

“Queremos ordem no mundo, politicamente, religiosamente, economicamente, socialmente, mas a crise não está lá fora, a crise é interna, e não queremos encarar isso”. Jiddu Krishnamurti. 

“Só a mente tranquila está apta a receber algo que não é 'projeção' dela própria”. Jiddu Krishnamurti. 

 

 

livros de Jiddu Krishnamurti na Amazon: 

O Livro da Vida: https://amzn.to/3w3XL24 

A Mente Imensurável: https://amzn.to/3uNiA1u 

A Primeira e a Última Liberdade: https://amzn.to/3eLiBgY 

 Liberte-se do Passado: https://amzn.to/3ojfUGz 

 

 
 

 

 

 

Kabir - Não Procure Fora

 

Um dos maiores místicos da Índia, Kabīr (1440 - 1518) foi um dos grandes poetas místicos ou santos-poetas da Índia medieval. 

Filósofo, igualmente imerso em teologia e pensamento social, música e política. 

Kabir não se definia como hindu, muçulmano ou sufi. Ele desprezava credos, denominações e ascetismos, levando a filosofia oriental a um novo rumo. 

Tecelão e iletrado, o grande mestre indiano do século XV discorreu, em linguagem acessível, sobre o amor místico e a comunhão com o divino. 

Suas palavras são marcadas por ousadia retórica e sutileza conceitual. Irreverente e acusado de heresia, veio a ser considerado santo por hinduístas, muçulmanos e siques. 

Para Kabir, a vida foi reduzida a um jogo entre a alma de cada homem (atman) e Deus (paramatma); Alcançar a união de ambos seria a missão da vida terrena. Transmitidos de geração a geração, seus poemas orais condensam e harmonizam as mais sublimes aquisições do ioga e do sufismo. 


Kabir - Não Procure Fora


Citações de Kabir

“Não sou hindu, nem muçulmano, sou eu! Sou este corpo, um jogo de cinco elementos; um drama do espírito dançando com alegria e tristeza”. Kabir. 

“A fechadura do erro mantém fechada a porta: Abre-a com a chave do amor”. Kabir. 

“Este corpo no final será misturado com a lama. Por que permanecer na arrogância?”. Kabir.

"Música sem palavras significa deixar a mente para trás. E deixar a mente para trás é meditação. A meditação leva você de volta à fonte. E a fonte de tudo é o som. Kabir diz: Só são puros aqueles que purificaram completamente seus pensamentos”. - Kabir. 

 

livros de Kabir na Amazon: Kabir - Cem Poemas: https://amzn.to/3gFobRG

 



 

o lado material e o lado espiritual da vida - parte II

 

vida material ou vida espiritual – II


Vivemos em um mundo e estamos a todo tempo diante do dilema: vida espiritual e vida material... Qual dessas vidas realmente pode nos trazer paz e felicidade?

A matéria ou o espírito? Qual deve ser nossa prioridade? 

Salvar a alma? O que significa ter "alma"? Nós temos uma alma?

Alguém pode ser feliz psicologicamente ou ter paz espiritual se estiver com alguma dor terrível no corpo ou sentindo fome ou com sede?

Com o quê vale a pena realmente se preocupar?

E, afinal, por que é importante se questionar sobre isso?

 

Porque aquilo em que você acredita (o paradigma que você aceita como explicação do mundo), pode moldar e alterar seu julgamento, seu comportamento e a própria forma como você experimenta/vivencia aquilo que você chama de realidade. 

O mundo, a realidade, é aquilo que você percebe como sendo o mundo, a realidade.

Tudo, absolutamente tudo, está na dependência da sua percepção. O que o permeia, tanto o que está aparentemente "fora", como o que parece estar "dentro", tudo depende do que você percebe... e só você experimenta o mundo do modo como você experimenta (seja essa experiência repleta de sofrimento, seja de felicidade).

Talvez o mais comum seja a pessoa acreditar que vive em um mundo real e objetivo, portanto, idêntico para todos os outros. Pouquíssimos se questionam a esse respeito.

Assim, do mesmo modo, poucas pessoas questionam sua própria visão de mundo. Nossa "visão de mundo", contudo, é nossa própria forma particular de enxergar (interpretar) as coisas, e os acontecimentos.

Acontece que é a “visão de mundo” que sempre se sobrepõe àquilo que todos entendem como sendo a “realidade objetiva"... 

Ou seja:  o mundo é como eu vejo"... e se alguém vê diferente de mim, provavelmente está enganado, pois como é que o mundo poderia ser diferente do modo como eu vejo?...”

Só que geralmente nos esquecemos que o mundo que nossos sentidos captam (primeiro filtro), é quase instantaneamente decodificado pelo cérebro (segundo filtro), para, logo em seguida, ser submetido à interpretação de nossa mente individual (terceiro filtro), incluído aí todos os moldes e recortes culturais, linguísticos e semânticos de nossos paradigmas.

Assim é que, aquilo que eu chamo de “realidade”, de fato é um produto específico e subjetivo, fabricado por mim mesmo, pelo meu modo muito particular de interpretar aquilo que eu acredito que está acontecendo ao meu redor e simultaneamente, dentro de mim... 

De fato, aquilo que julgamos ser o "mundo físico" (real e concreto), não passa de uma 'criação' de nosso próprio conjunto mente-cérebro*. Se a Física já sabe que a maior parte do espaço é absolutamente vazio, se já se sabe que a quantidade de matéria existente em um átomo é tão pequena que é quase "inexistente", seria importante pararmos por um instante para refletirmos sobre qual é a real diferença entre o "mundo físico", em oposição àquilo que comumente chamamos "mundo não físico".

A Física Quântica tem demonstrado que aquilo que nos dá a aparência de materialidade, a aparente solidez e "realidade" das coisas, é de fato, apenas "campos de energia", "padrões vibratórios". O modo como tais campos são 'percebidos' por nossos cérebros é que nos dá a sensação de materialidade e aparente densidade das coisas do mundo dito "exterior".

A Ciência ortodoxa, assim como os místicos, já sabem que tudo que percebemos como "externo" a nós, na verdade é fabricado "dentro" de nosso corpo, no âmbito do cérebro-mente*.

Idêntico processo acontece a cada momento dentro de cada pessoa, sem que possamos, é claro, garantir, qualquer similitude ou igualdade entre como cada um "capta" e interpreta as impressões/sensações que percebe...

É nesse ponto que as coisas realmente ficam confusas, pois se aquilo que acredito ser a “realidade”, não passa de uma projeção criada/fabricada pela minha consciência condicionada, vale dizer, fabricada pela mente e pelo corpo, então como seria possível distinguir entre mundo exterior e mundo interior, entre vida material e vida espiritual?

Se nosso paradigma é dualista, será óbvio pensar/imaginar o mundo por intermédio de dualidades, por pares de opostos definidos e quase sempre irreconciliáveis e inconfundíveis: 

"mundo material e mundo imaterial/espiritual", 

"intelecto/racional versus emoção/irracional", 

"corpo versus alma/espírito", 

"sujeito versus objeto", 

"mundo interior e mundo exterior",

"mundo das aparências (fenômenos) e mundo verdadeiro (essências)... 

 

Tais pares de opostos inspiraram dezenas de correntes filosóficas, místicas e artísticas, pelo menos ao longo dos últimos 2.500 anos de história.

No final das contas, não é necessário discutir sobre a realidade das coisas, já que sequer sabemos diferenciar mundo real e mundo irreal.

A única coisa que importa sempre, é como reagimos àquilo que chamamos realidade, seja ela de qual natureza for...

Observe seus sonhos e irá entender o porquê:

Enquanto sonhamos em nossas camas, nossa “experiência” nos diz que estamos vivendo o mundo real. Raras vezes o sonhador dá-se conta de que seu sonho é apenas isso: um sonho, uma criação de sua mente-cérebro.

O sonho é um ótimo exemplo de como uma criação subjetiva de nossa própria mente, pode ser facilmente confundida com a “realidade externa e objetiva”. Para o sonhador, sua vivência é tão real quanto qualquer experiência do estado de vigília (aquela de quando seu corpo físico está "acordado").

Então, o que você pode concluir? Seja a ilusão, seja a realidade, o que importa é como reagimos.

Seja no mundo material, seja no espiritual, seja no aparente exterior, seja no aparente interior... a ilusão está lá!  nós mesmos a criamos, é claro.

Não é que nada exista, além de nós mesmos. Não se pode incorrer nesse erro simplista de interpretação literal. Quando dizemos que o "mundo é ilusório", isso não quer dizer que não exista... Ele, de algum modo existe, sim, é óbvio. Só que não existe do modo como a maioria de nós acredita que exista. Ele é tão efêmero, tão impermanente, tão mutável e transitório, que não podemos nos iludir acreditando que o possuímos, que o detemos, que o podemos agarrar e segurar com nossas mãos... não... não....não...

Mas o fato é que nossa imaginação “cria” a aparência dos objetos, dos entes e dos acontecimentos... e confia que "as coisas/situações são como aparentam ser"... eis a ilusão! 

Sim, nossa capacidade imaginativa mental “cria” as imagens, as ideias e os pensamentos (crenças) sobre tudo, desde os objetos mais ordinários e grosseiros até os mais inefáveis e espirituais...

Não se espante que nossas ideias sobre os objetos mais simples do dia a dia sejam tão equivocadas quanto nossas ideias sobre Deus, sobre o Nirvana, sobre os Céus e sobre os Infernos...

Assim, o mundo (com absolutamente tudo que nele há) é naturalmente efêmero, transitório e passageiro, como tudo que nossa mente/corpo cria. Por trás desse véu, há aquilo que permite que tudo seja, o Ser que não se pode definir, o indizível, a base de sustentação imutável e sem dimensões, sem forma e sem atributos... base esta a qual nossa mente não tem acesso pela experiência empírica...

Ora, a própria mente pensante, em si mesma, também é impermanente... consequentemente, também ela é, de certo modo ilusória... Sua única realidade é aquela que nós atribuímos a ela. Nossos pensamentos, ideias, medos, conceitos, suposições, crenças, etc, tem o valor que nós damos a eles, tem o poder que damos a eles, nada mais, nada menos. Pensamentos, ideias, fantasias, emoções e sentimentos oscilam, surgem e duram, às vezes, alguns dias ou algumas horas, mas o mais comum é que durem alguns minutos ou segundos...  para logo desaparecerem.

Pergunte-se: O quê é que nossos pensamentos, ideias, fantasias, emoções e sentimentos tem a ver com a Verdade imutável?

Responda a essa pergunta e saberá o valor de tudo o que você pensa e imagina incessantemente.

Por isso, não leve seus pensamentos tão a sério... eles não vale a sua energia, a sua atenção, o seu esgotamento e o seu sofrimento.

Pense: se algo muda, deixando de ser aquilo que parecia ser, então isso que muda não é o real/verdadeiro. Busque o que é real, verdadeiro, perene e imutável! Só aquilo que permanece eternamente, É. 

 

Algumas conclusões:

Aquilo que oscila e se transforma, incessantemente, aponta para aquilo que NÃO É.

O bonito, em dado momento, se torna feio...

o jovem envelhece...

o cheiroso torna-se mal-cheiroso...

o prazeiroso torna-se monótono, cansativo e aborrecedor... fonte de dor e sofrimento...

o quente se torna frio...

etc...etc...etc...

Então, qual a realidade de tudo que você experimenta?

O mundo material (que chamamos “exterior”) ou o imaterial (“interior” ou “espiritual”)?

Se ambos mudam constantemente, qual deles é a expressão da Verdade?

Por fim, ambos os aspectos (material e espiritual) se fundem num todo único. O corpo reflete o que se passa na mente... e a mente só espelha o que se passa no corpo.

O que nosso corpo sente depende daquilo que a mente “vê”.

E aquilo que a mente vivencia depende do que o corpo lhe apresenta por meio de sentidos e do seu aparato cerebral.

Então, simplesmente não podemos provar que estamos vivenciando um “mundo exterior” ou um “mundo interior”. 

Nossa percepção e entendimento são tão facilmente enganados, que sequer podemos garantir que neste momento, estamos "acordados".

Então, enquanto não despertamos nossa consciência, indo além do que a mente nos apresenta, continuamos sonhando, seja em um nível, seja noutro.

A matéria em si, é apenas um conceito. Ninguém sabe o que é a matéria, nem a ciência, nem a filosofia... os poetas, pelo menos, admitem que não sabem.

Então, podemos parar de alimentar essa dualidade entre mundo espiritual e mundo material, pois não há absoluta separação entre eles. É verdade que podemos "perceber" difeerentes dimensões, umas mais sutis que outras... mas uma análise intelectual de tudo isso em nada nos ajuda a despertar consciência.

O que desperta consciência é o autoconhecimento. Só o conhecimento absoluto de si mesmo nos permite conhecer o “mundo” e o “Criador do mundo”.

E como despertamos consciência? Parando de acreditar na ilusão projetada pelos pensamentos, conceitos, crenças etc... Indo além do corpo, da mente, do pensamento e do ego. Indo do pensamento para a meditação. Do pensar para o não-pensar... ou seja, meditando.

Em que consiste a meditação? Ao contrário do que muitos pensam, meditação não significa não-ação, inação ou passividade.

Meditar é ver quando estiver vendo, comer quando estiver comendo, andar quando estiver andando, fazer quando estiver fazendo. Só isso.

 

 

para saber mais:

vida material ou vida espiritual – I

https://oficina-de-filosofia.blogspot.com/2018/07/vida-material-e-vida-espiritual.html

 

O que é a matéria?

https://oficina-de-filosofia.blogspot.com/2014/07/o-que-e-materia-o-que-e-voce.html?q=o+que+%C3%A9+a+materia

 

O que é o tempo e o espaço?

https://oficina-de-filosofia.blogspot.com/2020/04/tempo-e-espaco-o-que-sao-eu-e-o-outro-o.html?q=mundo+interior

 

* Os sentidos do corpo não são "portas ou janelas" por meio das quais temos acesso direto ao "mundo exterior"; Nossos sentidos são, objetivamente, tecidos orgânicos dotados de terminações nervosas sensíveis a certo número limitado de ondas e frequências... nossos sentidos captam uma gama pequeníssima de impressões que nos circundam fisicamente... e é com elas que nosso cérebro/mente 'constrói' aquilo que depois chamaremos de 'realidade exterior'... 

Aquilo que a ciência chama de 'impulsos elétricos', 'ondas', 'fótons', 'frequências', são continuamente transformadas, filtradas e depois ainda interpretadas. Tudo aquilo que nosso aparelho físico conseguiu 'perceber', o cérebro/mente vai 'selecionar', segundo critérios de relevância pouco conhecidos. Assim, aquilo de que tomamos ciência (e que portanto consideramos 'real') trata-se de mera "representação interna", psicológica e mental.