sexta-feira, 17 de abril de 2020

Falácia, Sofisma, Convencimento e Retórica


Retórica: a arte de convencer e persuadir


  • conceitos introdutórios

  • como elaborar um discurso

  • valor e limite da lógica

  • sofismas e falácias: conceito e exemplos


    observação importante: este texto foi elaborado com base nos artigos filosóficos de autoria de Flora Silva, Sérgio Biagi Gregório e Fredric M. Litto, cujas referências bibliográficas seguem no final.

    Retórica: convencer ou persuadir?

    Uma breve introdução

    Evidentemente, não precisamos ser especialistas em lógica para argumentar.

    Fazemos isso em nosso dia a dia quase que sem perceber. Mas é óbvio que conhecer um pouco algumas regras, torna mais fácil a tarefa de avaliar e identificar argumentos válidos e inválidos. Grande parte dos discursos está assentada sobre base argumentativa.

    Perelman acha importante distinguir o ato de convencer do ato de persuadir. Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente à razão, o ato de persuadir, visa atingir a vontade e o sentimento do interlocutor. No primeiro, os únicos recursos são o raciocínio lógico e as provas objetivas, aplicáveis a qualquer “auditório”. Seu caráter é, pois, estritamente demonstrativo e atemporal (como num raciocínio matemático).  Na persuasão, há liberdade para o uso de argumentos verossímeis e seu caráter é mais ideológico, subjetivo e temporal. 

    O primeiro conduziria a certezas, enquanto o segundo deveria ser capaz de levar o auditório à adesão aos argumentos apresentados.

    Bom, independente dessa questão terminológica, o fato é que a “arte de bem falar” e de mostrar eloquência diante de um grupo de pessoas tem sido objeto de interesse do homem há milênios. 

    O caráter argumentativo da fala humana está presente desde a infância e nas questões mais corriqueiras. 

    Os pais argumentam com a criança e esta argumenta com seus pais, com todas as ferramentas de que dispõe. O namorado argumenta com a namorada, os amigos entre si, o professor com seus alunos, o político com seus futuros eleitores e assim sucessivamente. 

    A retórica está intimamente ligada à argumentação. Retórica é bem mais que um simples conjunto de regras de oratória. No mundo grego, a oratória tornou-se uma necessidade fundamental do cidadão, que deveria defender suas ideias perante as assembleias. Aos poucos, começaram a surgir os profissionais da retórica – os primeiros advogados. 


    Há hoje, em razão do abuso dos princípios da Retórica, um sentido pejorativo para esta atividade. Falar bem sem conteúdo ou com objetivos censuráveis torna-se cada vez mais comum. Alguns acabam exercitando mais a forma do que o conteúdo, preocupando-se mais com o malabarismo da voz e dos gestos do que com o tema em si mesmo.  Neste caso, se diz: este sujeito está sendo “retórico”...

    Muitas pessoas, por diversas razões, buscam mudar nossas atitudes, crenças e comportamentos. Em nosso cotidiano estamos cercados por estratégias persuasivas, sendo utilizadas pelos políticos, vendedores, missionários, professores, pais, amigos, publicitários. Cada um deles em seus contextos, desejam influenciar ou persuadir-nos a acreditar em algo e a agir de certa forma que entendem como a mais adequada.

    Para Aristóteles, primeiro filósofo a expor uma teoria da argumentação, a Retórica era uma arte que visava descobrir os meios de persuasão possíveis para os vários argumentos.  Seu objetivo é o de obter uma comunicação mais eficaz para o saber que se supõe possuir. 

    É neste contexto que o argumentador deve atentar para o conjunto de opiniões, valores e juízos que o seu auditório partilha. Tais elementos serão fundamentais na recepção do argumento, determinando a sua aceitação, a sua rejeição ou o seu grau de adesão.

    Se considerarmos que qualquer um pode apresentar contra-argumentos à tese do orador, este acaba forçado a apresentar novos argumentos a fim de mantê-la crível.

    O uso da retórica, entendida como o “uso da arte do bem falar para defender argumentos verdadeiros ou falsos”, depende muito dos valores morais de cada orador. A retórica em si, não é boa nem má. O seu uso é que a torna boa ou má. Sendo o homem livre para se exprimir, serão as suas intenções que determinarão o uso que fará da palavra.

    “A retórica não é meramente uma arte de persuasão, mas antes uma faculdade de descobrir especulativamente o que, caso a caso, pode servir para persuadir”, dizia Aristóteles.

    A Retórica assim evoluiu, preocupada com a técnica de compor discursos que primavam pela sua organização e estética, desvalorizando-se com o tempo, a dimensão argumentativa.

    O pressuposto básico da persuasão é o amplificatio (amplificação). O nosso discurso deve ampliar-se nas pessoas que nos ouvem.
     

    Como identificar a presença da retórica?



    Algumas são as características básicas para identificarmos o uso da retórica: 
     
    a) Ela deve exercer a persuasão por meio de um discurso argumentativo. 

    b) Seu objetivo é obter o assentimento do auditório à tese do orador que a apresenta, sendo irrelevante estabelecer se a tese é verdadeira ou falsa.

    c) Utiliza linguagem comum e não técnica ou especializada. d) É dirigida a todos, e não a um grupo específico;

    e)Não se limita a transmitir noções neutras, mas visa sempre, por meio da persuasão ou do convencimento, a mudança de um determinado comportamento.

    Quando se avalia os resultados de uma boa retórica, considera-se três aspectos:

    Ethos do orador. A força moral, o reconhecimento da idoneidade e credibilidade do orador. Tal aspecto confere autoridade ao discurso.
    Contratar Pelé para falar sobre futebol é sempre mais interessante do que um jogador da 3ª divisão.

    Pathos da audiência: a forma como o discurso é acolhido pela platéia, as emoções que desencadeia, a reação ao discurso.
    Um mesmo discurso atinge de modos diferentes a distintos tipos de audiência.

    Logos da linguagem: refere-se ao estilo utilizado, ao encadeamento dos argumentos, as figuras de estilo empregadas (sejam baseadas na racionalidade, seja na mobilização pelo sentir, pela emoção, argumentação ou estilística).


    Saber pensar e saber dizer


    A retórica pode ser utilizada em praticamente quaisquer situações.

    Os efeitos que o discurso persuasivo pode acarretar são: afetivos (nível do sentimento), cognitivos (conhecimento, crenças, opiniões) e comportamentais.

    Persuadir é gênero e compreende três espécies, a saber, convencer, comover, agradar. A primeira é de natureza lógica, a segunda, afetiva e a terceira é de natureza estética.

    Convencer é “vencer o opositor com sua participação”, por meio de provas lógicas (exemplos ou argumentos);
    Comover é persuadir pela afetividade, pela excitação que arrasta o intelecto a aderir ao ponto de vista do orador;
    Agradar é a persuasão no domínio afetivo.

    Importa saber, dentre outras coisas, é se vamos assumir uma postura defensiva ou de ataque.

    Na postura defensiva, busca-se conquistar em primeiro lugar a simpatia do interlocutor (cliente, entrevistador, platéia, auditório). Conquistada a simpatia e a confiança, faz-se uso das técnicas mais diretas.

    Na postura ofensiva, o objetivo principal é vencer o embate de ideias. Não há intenção de conquistar a simpatia do interlocutor que contra-argumenta, mas de apontar suas falhas, amplifica-las, enquanto miniminiza os pontos fracos dos próprios argumentos. Ou seja, o foco é a destruição dos principais argumentos e a desestruturação emocional do oponente, enquanto aproveita para fazer a apologia dos seus próprios. 

    Tudo vai depender da situação concreta que estamos enfrentando. 

    Se pretendemos participar de um torneio de debates, por exemplo, devemos adotar uma “postura ofensiva”, deixando a diplomacia de lado, o que não quer dizer que seremos grosseiros ou mal-educados.
    Se não estamos numa competição e o objetivo principal é conquistar o apoio e a confiança do interlocutor, as técnicas defensivas são mais aconselháveis. Ninguém gosta de ver seus erros apontados. Todos em geral querem achar que tem a razão. Todos em geral gostam de ver suas ideias sendo elogiadas etc. Demonstrar os erros do adversário certamente despertará uma atitude inflexível por parte do interlocutor. Sendo assim, se a intenção não é provocar um debate ou uma sensação de derrota, só devemos utilizar esse recurso em último caso.

    Tratar com o ser humano é sempre algo complicado. As pessoas acham que, em geral, são convencidas por argumentos. Não é bem assim. 

    Muito mais do que argumentos, está em jogo a imagem pessoal e social do interlocutor, seu orgulho, sua auto-estima, sua auto-imagem, seus preconceitos, suas emoções, seu medo, sua insegurança, sua história de vida, seus sentimentos... Só depois de passar sem causar estragos por esses aspectos do interlocutor é que chegamos ao ponto em que nossas técnicas argumentativas poderão ser úteis.

    A arte da retórica não é uma ciência, envolve técnicas, mas não lida com variáveis sempre previsíveis, nem respeita as leis da matemática. Como ela lida diretamente com o ser humano, não podemos nos esquecer de que os efeitos são incomensuráveis. 

    A retórica não promete resultados, promete dotar seu estudante de um olhar clínico, atento, perspicaz e concentrado sobre seu objeto: a argumentação.



    Como se elabora um discurso?

    Um bom discurso segue geralmente as seguintes etapas:

    1- Invenção: o orador deve encontrar os pensamentos mais adequados ao tema, atentando para o interesse da plateia.

    2- Disposição: Em seguida, deve escolher a ordem de uso desses pensamentos e dos demais recursos linguísticos que usará no discurso.

    3- Elocução: É a forma como vai expressar linguisticamente os pensamentos encontrados e incluem o estilo e a gramática.  Deve-se tomar cuidado com o uso de hipérboles (substituição de um verbo próprio por outro que visa realçar a ideia). Deste modo, o orador acaba extrapolando os limites da credibilidade que se desejava conquistar.

    4-. Memorização: Memorizar o discurso facilita o trabalho do orador. Excesso de leitura dá a ideia de falta de estudo e preparo, bem como falta de segurança nas próprias ideias.

    5. Pronunciação: Enunciar o discurso. Isso inclui os recursos vocais e a métrica.

    (Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional)

     

    O valor e os limites da Lógica

    Grande parte dos discursos está assentado em base argumentativa, em menor ou maior grau.

    Argumentar visa a obter do outro algo que se deseja (uma resposta, uma atitude etc). Deve-se atentar para o fato de que a argumentação procura não forçar, mas convencer, persuadir de forma que se alcance o objetivo com a livre cooperação do outro.

    O uso da lógica é essencial, seja para construir ou destruir um argumento. Não há conversação coerente, nem formulação válida de conceitos e juízos sem o uso da lógica. 

    Veremos agora alguns aspectos elementares da lógica formal, necessários para podermos posteriormente compreender o uso adequado da lógica não-formal. A lógica formal é o alicerce. 

    O papel da lógica torna-se manifesto quando compreendemos que todo argumentador busca argumentos sólidos e relevantes para defender suas ideias. Mas, para sabermos se um argumento é sólido e relevante, precisamos saber antes se é válido. E é a lógica que vai nos dizer se um dado argumento é ou não é válido.

    Em síntese, podemos afirmar que a lógica tem dois papéis na filosofia: clarificar o nosso pensamento e ajudar-nos a evitar erros de raciocínio. A filosofia é identificada por um conjunto de problemas. Os filósofos, ao longo da história, têm apresentado respostas a esses problemas, tentando solucioná-los. Para isso, apresentam teorias e argumentos.

    Precisamos da lógica para avaliar com critério os problemas propostos. Precisamos da lógica para avaliar criticamente as teorias e argumentos, diagnosticando a presença de um falso problema ou até de uma falsa solução.  Sabemos que a lógica tem seus limites, mas é sempre muito importante saber quando estamos diante de um erro de raciocínio.

    A lógica representa para a filosofia o que o laboratório representa para o cientista: é o palco onde as ideias são testadas e avaliadas criticamente. 

    É importante, porém, entender, que a presença de um raciocínio lógico não é garantia de que tenhamos encontrado uma verdade absoluta. Porque algo é logicamente impossível (em vista da ciência de uma certa época), não quer dizer que “deve ser necessariamente impossível de qualquer outro modo”. Do mesmo modo, também é um erro acreditar que, se algo é coerentemente lógico, isso equivale a dizer que é necessário e universal. 

    Acreditava-se, por exemplo, que a geometria euclidiana era uma lei universal, pois era logicamente consistente, mas hoje sabemos que as regras da geometria euclidiana não são universais.

    Lógica tampouco é um grupo de regras que governam o comportamento humano. Os humanos podem ter objetivos logicamente conflitantes. Lembre-se de que a resposta racional e aparentemente lógica pode ser inaplicável ou desastrosa na vida real. 

    Ressalva importante: Em cada situação, devemos antes refletir se a lógica escolhida é a ferramenta adequada para o trabalho proposto. Existem outros meios de se comunicar, debater e de se chegar a conclusões válidas, sem que necessariamente tenhamos que no ater exclusivamente às leis rígidas da lógica.

    Apesar de ter ultrapassado grande parte das limitações e dos erros da lógica aristotélica, a lógica atual ainda possui limitações. Há, porém, várias lógicas modernas que vão muito além desses limites: as lógicas paraconsistentes violam a lei da não-contradição; as lógicas intuicionistas violam a lei do terceiro-excluído. E a lei da identidade não é usada na silogística, nem na lógica proposicional. 

    Não é, contudo, objetivo deste trabalho, efetuar um estudo das diferentes lógicas. Estudamos aqui apenas os princípios e principais regras do raciocínio correto. Apesar do conhecimento destes princípios e regras, o homem continua sujeito a erro, e de fato se engana muitas vezes, tomando o falso pelo verdadeiro. 

    Assim, torna-se necessário e urgente conhecer os processos sofísticos pelos quais o erro se apresenta com a aparência da verdade, bem como enumerar alguns indícios que permitem distinguir a verdade do erro.

    Mais relevante na atualidade, contudo, além de estudar a lógica formal, é saber identificar os tipos de falácias não-formais mais comuns do nosso dia a dia.


     A Retórica e o uso dos sofismas


    Erros de raciocínio

    (Baseado no texto de autoria de Fredric M. Litto)

    Ainda que cometamos um número infinito de erros, só há, do ponto de vista lógico, três maneiras de errar: erramos raciocinando mal com dados corretos (vício de forma), raciocinando bem com dados falsos (vício de matéria) ou, o que é ainda pior, raciocinando mal com dados falsos. 

    Todo mundo sabe o que é uma mentira: é uma afirmação, cujos fatos enunciados não correspondem à verdade. A vítima da mentira está em desvantagem, pois desconhece a verdade, não tem a informação correta. Ela acredita no que supõe ser verdadeiro quando não o é. Contudo, podemos ser vítimas também de outro tipo de desvio de pensamento que é tão perigoso e enganador quanto a mentira: a falácia.

    O conhecimento do que é ou não um raciocínio falacioso certamente é um dos mais úteis que existem quando vamos analisar criticamente qualquer assunto. As falácias e inconsistências lógicas abundam em nossa sociedade, sendo utilizadas o tempo todo. Basta observar os discursos de políticos demagogos, as propagandas comerciais, os pronunciamentos de pretensos líderes espirituais, entre outros.  

    Uma vez aprendendo a identificar falácias, podemos começar a percebê-las por todo lado. Reconhecê-las sem um estudo prévio nem sempre é fácil, especialmente quando aparecem em diálogos, onde acabamos por aceitar argumentos que, uma vez submetidos a uma análise mais profunda, se revelariam sem fundamento. 

    Enquanto a mentira é uma informação falsa, a falácia é um argumento falso, ou uma falha num argumento, ou ainda, um argumento mal conduzido. Um argumento falacioso não respeita uma lógica correta ou honesta, já que foram manipuladas certas evidências ou pode haver insuficiência de prova. A origem da palavra "falaz" remete à idéia de fraude, ardil, engano.

    ConheCIÊNCIA - O SOFISMA E OS SOFISTAS Sofisma ou... | FacebookQuando pessoas esclarecidas tentam convencer outras a acreditarem em suas afirmações, precisam usar argumentos, isto é, exemplos, evidências ou ilustrações que confirmem a veracidade de sua tese ou enunciado.

    A diferença entre uma pessoa esclarecida e uma não-esclarecida é a maneira como ambas lidam com o discurso: a primeira tem critérios para aceitar ou rejeitar argumentos; a segunda ainda não aprendeu, por exemplo, os critérios para distinguir argumentos que carecem de fundamentação.


    Uma afirmação falaciosa pode ser composta de fatos verdadeiros, mas sua forma de apresentação conduz a conclusões erradas. Toda pessoa esclarecida, instada a elaborar argumentos, pode e deve ser capaz de reconhecer o uso proposital do raciocínio falacioso ou a imperícia de raciocínio (que ocorre quando sua lógica fica acidentalmente comprometida).

    Podemos cometer falácias sem malícia, por um raciocínio apressado ou ingênuo. Mas também é frequente encontrar falácias em argumentos de quem deseja iludir ou manipular o ouvinte, na intenção de convencê-lo (seja a votar, a comprar ou decidir). Nestes casos, alguns autores preferem usar a expressão sofisma. O que então distinguiria o sofisma da falácia seria a vontade do argumentador: enquanto a falácia é involuntária, o sofisma contaria com a intenção consciente de induzir a audiência ao engano. Quem usa sofismas, portanto, sabe bem que a conclusão a qual quer conduzir seu interlocutor, não dispõe de dados ou de demonstração suficiente.

    É mais importante entender como identificar falácias e como não cometê-las do que passar meses decorando uma quantidade de leis e regras sobre raciocínio abstrato. O estudo das falácias é uma ótima forma de nos proteger de discursos capciosos, de vendedores oportunistas ou de políticos mal intencionados.




    Falácias mais comuns

    A falácia, como dito antes, tem todo o aspecto de um argumento correto e válido, embora não o seja. 
     
    Esse é seu perigo: parece correto, mas não é. 

    Com isso, leva-nos a outros erros de pensamento ou a conclusões erradas.

    A seguir, veremos uma lista de algumas das falácias não formais mais comuns, organizadas em três grupos: 

    - truques de palavras;

    - perversão de métodos legítimos;

    - argumentos extraviados.




    - Truques de Palavras
    1. equívoco
    Definição:
    Ocorre quando se introduz uma modificação no sentido de uma palavra; então, o que é verdade na primeira definição, não necessariamente será verdadeiro na segunda. Exemplo:
    "Durante a última década, nossos Estados soberanos têm se juntado para formar uma grande unidade político-econômica: o Pacto Hemisférico. Assim sendo, o Pacto está unido, pronto para lutar contra agressões do exterior de todos os tipos".
    Análise:
    Na primeira frase, o "Pacto Hemisférico" significa uma reunião de cooperação econômica entre entidades políticas distintas. Na segunda, significa uma união geral. O que é verdade na primeira frase não é necessariamente verdade na segunda. Talvez alguns Estados membros queiram agir independentemente no caso de eventos não-econômicos, como incidentes de desrespeito a limites de fronteiras nacionais ou outros, por exemplo.

    2. Conotação Contrabandeada
    Definição:
    O uso infundado ou improcedente de termos. Exemplo:
    "Paulo bebe cachaça diariamente, em grande quantidade. Devemos elegê-lo deputado, colocando nossa comunidade nas mãos de um pinguço?"
    Análise:
    Um pinguço não é simplesmente alguém que bebe exageradamente. A palavra tem outras conotações sociais, como, por ex., a delinqüência; não foi demonstrado que Paulo se enquadra nessa circunstância. Trata-se, pois, de manipulação semântica ostensiva.

    3. Eufemismo e Hipérbole
    Definição:
    O uso de palavras de exagero e com sentido conotativo (hipérboles metafóricas) ou de suavização eufemística (tentativa de diminuir o impacto), para mascarar uma realidade indesejável, para dessensibilizar a consciência.
    Exemplo:
    (a) "campo de recolocação" (eufemismo para designar locais de detenção de prisoneiros)
    (b) "campo de concentração" (eufemismo usado durante a II Guerra Mundial para designar locais de execução de pessoas inocentes)
    (c) "genocídio" (exagero metafórico usado por sindicatos de empregados para designar a demissão maciça de funcionários)
    Análise:
    O uso de palavras que distorcem a realidade, acentuando determinados aspectos positivos ou negativos, é um exemplo de manipulação semântica

    4. Ênfase Incorreta na Frase
    Definição:
    O uso proposital de ênfase numa frase para dissimular uma intenção que o falante prefere esconder. Exemplo:
    "NOSSO PLANO DE SAÚDE OFERECE ASSISTÊNCIA E COBERTURA INTEGRAL!!
    exceto em casos de parto e doenças preexistentes"
    Análise:
    A primeira frase está destacada para chamar atenção, dar ênfase, enquanto a segunda está em caixa baixa e fonte pequena, disfarçando a noção da palavra "integral", conforme prometido na primeira parte, em letras maiúsculas.

    5. Uso Incorreto de Etimologia
    Definição:
    O uso indevido das origens das palavras para provar um sentido que não é mais o usual da palavra. Exemplo:
    "'Educação' vem das raízes latinas 'e' (significando 'para fora'), mais 'ducere' (significando 'conduzir' ou 'trazer'). Assim sendo, 'Educação' significa, literalmente, revelar o que está dentro do estudante. A instituição que tenta impor um saber de fora para dentro está pervertendo o objetivo da Educação".
    Análise:
    O amplo termo "Educação" hoje em dia acomoda muitos significados, seja qual for o sentido de sua raiz. De qualquer maneira, não é possível provar que certas práticas são boas ou ruins pela simples análise do significado vocabular. Isso também é exemplo de uma definição tendenciosa, porque desconsidera a perda da significação etimológica e os novos valores investidos na palavra "Educação".

    6. Acidente
    Definição:
    O erro de tratar como permanente uma qualidade que pode ser apenas temporária. Exemplo:
    "Na época da ditadura militar, o Professor Silva apoiava o regime vigente. Hoje ele é candidato à chefia do departamento. Devemos eleger um reacionário como nosso chefe?”
    Análise:
    O fato de uma pessoa ter sido reacionária há vinte anos não significa que continue a sê-lo. Deste modo, não se autoriza conclusões generalizantes sobre a conduta atual do professor. O argumento desconsidera a possível mudança de ideário do professor.


    7. Coisificação, ou Reificação
    Definição:
    O erro de tratar um conceito abstrato (por exemplo, "Liberdade", "Justiça" ou "Progresso") como um ente real e concreto, como uma "coisa". Exemplo:
    "O Brasil se tornará uma grande potência porque esse é o seu destino. O país caminha prometido ao sucesso".
    Análise:
    Aqui, se designa algo chamado "destino" como sendo a causa de algum acontecimento. Mas, tudo o que sucede ao país é obra do destino? Se isso é verdade, então "destino" parece ser um conceito determinista que deriva de um sofisma decorrente do conceito de potência. Que ente misterioso é o destino, que seria capaz de tão significantes eventos? A segunda enunciação mostra também a falácia da circularidade, isto é, de argüir "em círculo", tautologicamente, sem provas para embasar as afirmações.

    - Perversão de Métodos Legítimos de Argumentação
    8. Falácia “post hoc, ergo propter hoc” (depois do fato, portanto devido a ele)
    Definição:
    Consiste em empregar cronologia para sustentar uma prova de causa e efeito, ou seja, é o erro de acreditar que porque um evento precede outro, o primeiro deve causar o segundo: Se B segue A, então A deve ter causado B.
    Exemplo 1:
    "Estávamos perdendo dinheiro na firma há muitos anos. Então, eu fui nomeado gerente. Agora estamos lucrando. A razão é óbvia".
    Análise:
    Talvez sim, talvez não. Mas é possível que outros fatores tenham influenciado o andamento da empresa (alterações no perfil do mercado, uma melhoria no poder aquisitivo dos clientes, o desaparecimento de um concorrente forte...)
    Exemplo 2:
    "Tanto a Revolução Francesa como a Revolução Russa foram seguidas de rebelião literária. Claramente, revolta política causa rebelião nas artes".
    Análise:
    Revoluções artísticas não necessariamente decorrem de revoluções políticas; talvez rebelião política e artística sejam ambas causadas por um terceiro fator; é possível também que não haja outra relação além de mera coincidência. Os fatos apresentados não admitem, em si mesmos, qualquer conclusão, pois desconsideram outras incidências possíveis (por exemplo, tecnológicas ou demográficas). Pela mesma lógica falaciosa, a Primeira Guerra Mundial deveria ser considerada a causa da Semana de Arte Moderna em São Paulo, em 1922.

    9. Falácia de Números Grandes
    Definição:
    O erro de tentar "impressionar" com grandes números. Exemplo:
    "Dez milhões de pessoas sofrem de doenças mentais no Brasil. Esse é o nosso principal problema social".
    Análise:
    Num país com cerca de duzentos milhões de habitantes, mais pessoas ainda podem sofrer de outros tipos de distúrbios. Quase todo mundo tem cáries dentárias, mas as cáries não constituem nosso principal problema de saúde. E qual é a regra que mede a seriedade dos problemas sociais em simples números? Grandes cifras nos impressionam muito, mas não deveriam eliminar a lógica para determinar a primazia de uma questão social.

    10. Falácia de Significância Ambígua
    Definição:
    O erro de tentar convencer através de ambigüidade proposital nos termos ou nas premissas. Exemplo:
    "89% dos brasileiros têm problemas de cáries nos dentes".
    Análise:
    Antes de saber se esta é ou não uma afirmação significante, o leitor teria que verificar como o Brasil se compara a outros países do mesmo tamanho ou situação sócio-econômica para saber se este índice está alto ou baixo. O bom jornalista procura estabelecer o contexto do problema para o leitor. Este exemplo também demonstra as falácias de "contextualização" e "números grandes".

    11. Falácia de “Citação Fora do Contexto”, ou Contextualização
    Definição:
    Selecionar de uma citação, apenas os trechos mais convenientes para o ponto de vista do argumentador, distorcendo assim o sentido do original. Exemplo:
    O crítico literário escreve: "Eu leria este livro com prazer apenas se fosse o único livro no mundo, ou se eu estivesse numa ilha deserta e não tivesse mais nada para ler". Na sua publicidade, a editora cita o crítico: "Eu leria este livro com prazer....se eu estivesse numa ilha deserta....".
    Análise:
    Mutilando o conteúdo, a editora, para enganar o leitor, dá a impressão de uma resenha favorável, o que não é o caso.

    12. Falácias de Estatística
    Definição:
    Existem muitos tipos de falácias com relação ao uso de estatística, entre os quais está a apresentação ambígua do contexto no qual a quantificação foi determinada. Exemplo:
    "LAVOL, o fantástico detergente, lava 95 vezes mais branco que qualquer outro sabão" (sem maiores detalhes e comprovações).
    Análise:
    Não sabemos como foram feitos os testes, ou quais as referências comparativas utilizadas para chegar ao sentido da expressão "mais branco". O uso de estatística obriga o relator a dizer os métodos usados, os controles do fabricante sobre a fórmula do produto e outras variáveis relativas aos concorrentes.

    13. Falácia de Composição
    Definição:
    É o erro de argumentar que o que é válido para todos os membros de um grupo é válido para o grupo como um todo. Exemplo:
    "Esta comissão deve ser preconceituosa, uma vez que todos os seus membros, como todas as pessoas, têm preconceitos".
    Análise:
    Certo, mas talvez os preconceitos individuais se neutralizem um ao outro, ou se contrabalancem.

    14. Falácia de Divisão
    Definição:
    Oposto a composição, é o erro de supor que o que é válido para o grupo como um tudo, também é válido para cada um dos seus membros. Exemplo:
    "Se nós aplicarmos mais 20% em aumentos salariais, todo mundo terá mais 20% para gastar".
    Análise:
    Isso depende de como o dinheiro é proporcionalmente dividido. Alguns podem receber mais do que outros na distribuição desse percentual.


    15. Falácia Genética
    Definição:
    O erro de supor que o conhecimento das origens de um produto do intelecto (um poema, um romance, um relato histórico...) permite explicar sua forma ou sua estrutura. É freqüentemente encontrada em críticas literárias que enfatizam excessivamente as influências biográficas na criação literária de autores, como o caso do alemão Johann Goethe e seu romance Os Sofrimentos do Jovem Werther. Exemplo:
    "Sabemos que o poema 'Kubla Khan' veio ao poeta inglês Samuel Coleridge num sonho; assim sendo, deve carecer de estrutura racional".
    Análise:
    Uma obra, como esta do exemplo, na verdade tem estrutura racional, apesar de sua origem num contexto normalmente não associado ao racional. O crítico assume como conclusivo que o automatismo da linguagem onírica só pode ser um delírio, nunca um discurso coerente, como ocorre no poeta Coleridge.

    16. Falácia da “Ladeira Escorregadia”
    Definição:
    Sugere que se permitimos que algo aconteça ou se inicie, conseqüentemente uma outra coisa acontecerá, com certeza ou boa probabilidade, seguida ainda de outra coisa, e assim por diante, descendo uma "ladeira escorregadia", até chegar a uma situação claramente indesejável. Exemplo:
    "Agora querem registrar armas de uso pessoal. Depois serão todas as armas; e mais tarde vão querer confiscar todas as nossas armas. Será um estado totalmente controlado pela polícia".
    Análise:
    Pensando na possibilidade de um "Estado policial", esquecemos que não ficou demonstrada a inevitabilidade da seqüência de eventos sugeridos. Se existir qualquer dúvida sobre a conexão entre um evento e outro, não é possível acreditar no enunciado, muito menos em sua conclusão. 

    - Argumentos Extraviados

    17. Reivindicação à Perfeição, ou Exigência de Perfeição
    Definição:
    Argumento que exige "solução perfeita" para um dado problema, desprezando ou ridicularizando as demais sugestões. Normalmente, toma a forma de uma objeção a uma idéia oferecida. Exemplo:
    "A automação da indústria desemprega muitas pessoas; assim, é economicamente desaconselhável".
    Análise:
    Talvez as vantagens duradouras da iniciativa superem a desvantagem de suas conseqüências imediatas; ou talvez qualquer plano alternativo tenha desvantagens maiores. Objeções existem para qualquer plano. Soluções propostas não devem ser vistas como integralmente perfeitas ou totalmente prejudiciais.

    18. Falácia de Circularidade (petitio principii)
    Definição:
    É o erro de usar a repetição ou reiteração como evidência ou prova numa discussão de relação entre causa e efeito. É o mesmo que argumentar "num círculo" (circularidade), tendenciosamente e tautalogicamente. Exemplo 1:
    "O seu trabalho é inferior porque é ordinário. Sendo ordinário é simplesmente inaceitável. E, uma vez que seu trabalho não presta, nós não devíamos aceitá-lo".
    Análise:
    O enunciador não ofereceu nenhuma crítica clara e objetiva ao trabalho, apenas o depreciou, revelando uma observação de caráter emocional em lugar de um julgamento pertinente e referencial.
    Exemplo 2:
    "Advogados são honestos. Sua integridade é comprovada pelo livro Homens e a Lei, obra elogiada sem reservas por sua fidedignidade pelo Professor Ortiz, inquestionavelmente digno de confiança, uma vez que ele mesmo é um jurista proeminente".
    Análise:
    O valor do testemunho do Professor Ortiz ganha credibilidade como discurso de autoridade, ou seja, pressupõe que advogados são honestos. Tais argumentos podem ser altamente enganosos, sobretudo quando um falso mérito (o culto de "doutor") torna-se sinônimo de qualificação profissional, representando status junto à opinião pública.
    Exemplo 3:
    A: "Moisés foi divinamente inspirado".
    B: "Como você sabe?"
    A: "Porque a Bíblia disse que foi".
    B: "Mas como vou saber se a Bíblia é fidedigna?"
    A: "Porque foi escrita por Moisés, que é divino".
    Análise:
    O interlocutor assume como tácito aquilo mesmo que tenta provar, usando a mesma afirmação tanto como premissa, como conclusão. O enunciador continua repetindo sua enunciação, preso a um círculo no qual ele não oferece nenhuma prova para dar mérito a sua afirmação. Esta falácia normalmente é de fácil identificação, mas quando o discurso é longo, fica mais difícil reconhecê-la. É bastante encontrada no discurso religioso, que se sustenta no peso da autoridade de uma pessoa ou de um certo texto, não admitindo refutação (daí os princípios fundamentalistas que sustentam a fé cega).

    19. Autocontradição ou “cortina de fumaça”
    Definição:
    Apresentar dados logicamente incompatíveis. Exemplo 1:
    "Isto não é o que o senhor pediu, mas trabalhei muito nisto; então o senhor deve ficar satisfeito, pois, de fato, trabalhei horas extras na biblioteca e em casa. Logo, o senhor deve me premiar pelo esforço e tempo consumido nesse projeto".
    Análise:
    Não sendo o tipo de trabalho solicitado, não adianta criar uma cortina de fumaça. Os argumentos são irrelevantes. O enunciador faz um apelo emocional para que o esforço seja aceito em lugar da competência.
    Exemplo 2:
    "Apesar dos aumentos em nossa empresa só serem concedidos por merecimento, o senhor deve aumentar meu salário, mesmo que meu trabalho não seja tão bom, pois, afinal de contas, faço parte da firma há muito tempo, e o senhor sabe que eu sempre fiz o melhor que pude".
    Análise:
    Trata-se de apelação emocional, totalmente desprovida da evidência fatual ou lógica.

    20. Non-sequitur, ou "Não Segue"
    Definição:
    O erro de apresentar uma conclusão que não é derivada das premissas ou evidências dadas. Exemplo 1:
    "Esse é o melhor anúncio que eu já vi. Então, deve melhorar nossas vendas".
    Análise:
    A conclusão depende inteiramente da opinião subjetiva do falante, e como tal não permite tirar uma conclusão segura e precisa.
    Exemplo 2:
    "Você tem um título de MBA? Então, você deve ser um estudante muito aplicado".
    Análise:
    A informação que põe em relevo certos prestígios e conquistas de reconhecimento notório não representa garantia de competência.

    21. Generalização Precipitada (secundum quid)
     Definição:
    O erro de afirmar que o que é verdade em algumas instâncias deve ser verdade em todas ou em quase todas as instâncias, ou de tentar estabelecer uma regra geral após achar algumas poucas evidências. É tentar caracterizar uma grande população a partir da evidência de poucos de seus membros. Exemplo 1:
    "João estava atrasado para o serviço na segunda-feira. Suzana e José estavam atrasados na terça-feira. João, Suzana e José fazem parte do mesmo departamento, que tem vinte funcionários. Evidentemente, os funcionários daquele departamento sempre chegam atrasados ao serviço".
    Análise:
    As palavras "sempre", "nunca" e "única" são termos absolutos, que não permitem qualificação (como "quase sempre"), e só devem ser usadas quando realmente apropriadas. Três pessoas entre vinte não representam uma "tendência", mas uma amostragem baseada em ocorrências circunstanciais e, portanto, não são de caráter representativo; logo, a afirmação é incorreta.
    Exemplo 2:
    "Escrevemos ao Senhor Camargo sobre sua fatura atrasada nos dias 7, 14 e 22 de maio. Ele não respondeu a esses pedidos. Ele não responderia a nenhum outro pedido que pudéssemos mandar. Vamos processá-lo".
    Análise:
    O enunciador pode provar que o Senhor Camargo não respondeu? Talvez suas mensagens tenham se extraviado. O enunciador pode provar que ele não vai responder a futuros pedidos?
    Exemplo 3:
    "Entrevistei cem pessoas em duas favelas de São Paulo sobre seus hábitos alimentares. Acredito que as minhas conclusões dão um retrato fiel da situação alimentar da população favelada na cidade".
    Análise:
    Numa cidade com 1500 bolsões de pobreza, é possível que haja mais variedade de respostas a permitir outras conclusões.

    22. Generalização Desmedida (dicto simplicitir)
    Definição:
    Ocorre quando se faz afirmações sem apresentar evidência convincente, ultrapassando tanto a lógica quanto a complexidade inerente a contextos distintos. Neste tipo de generalização, se reúne pessoas ou coisas numa só categoria na qual, na realidade, não se enquadrariam. É fazer uma enunciação que, em essência, não tem valor nenhum. Exemplo:
    "Todo mundo sabe que todos os brasileiros são apaixonados por café, carnaval, praia e futebol".
    Análise:
    Não são. Embora consensualmente aceitemos certas preferências coletivas como traços de uma cultura, é preciso respeitar diferenças de gosto e costumes de caráter individual. Muitos brasileiros não gostam de café, carnaval, praia e futebol.


    23. Argumentando a partir da Ignorância (argumentum ad ignorantiam)
    Definição:
    Afirmar que um determinado enunciado deve ser verdadeiro porque não há evidência para refutá-la. Exemplo:
    Um viajante afirma a seus amigos "Há elefantes na Tailândia tão inteligentes que aprendem a se esconder em árvores". Outro protesta, dizendo que passou um ano na Tailândia e nunca os viu. O primeiro responde: eu disse!! Aqueles danados são inteligentes demais!"
    Análise:
    Por este meio, não é possível provar que não existam dragões, gnomos, serpentes do mar, unicórnios e similares, uma vez que não há evidências contra eles. Disputas religiosas frequentemente usam essa estratégia. Alguns alegam que a enunciação "Deus existe" é verdadeira, já que não há evidência que comprove o contrário. Quando usada para discutir conspirações na política, fica difícil combater essa falácia.

    24. Jogo da Meia-Verdade
    Definição:
    Persuadir o interlocutor a acreditar numa afirmação, por meio da ocultação de alguns elementos principais do conteúdo informativo. É uma falácia difícil de detectar porque a parte faltante da informação é invisível. Exemplo:
    "A atual Lei para reduzir uso de armas de fogo merece ser suprimida porque, desde que entrou em vigor, houve aumento da criminalidade".
    Análise:
    É necessário averiguar o que de fato aconteceu antes de acreditar na afirmação. Temos que examinar, sobretudo com levantamentos estatísticos, o que aconteceu em outros locais (Estados, países), no mesmo período em discussão. Não se deve aceitar tão facilmente que A causou B. Este também é um exemplo da falácia Post Hoc Ergo Propter Hoc (nº 8).

    25. Falácia do "Homem de Palha"
    Definição:
    É a técnica de descrever enganosamente ou de deturpar as ideias do oponente (a fim de destruí-las mais facilmente), para em seguida atacar essas ideias e concluir que foram demolidas. É uma falácia, pois abandona a argumentação feita pelo oponente. Exemplo 1:
    "A minha oponente nesta batalha para a prefeitura da cidade é favorável à prática do aborto e acreditem, se for eleita, ela e seu partido farão tudo para favorecer sua legalização. Quem vota nela vai ter que responder a Deus por isso."
    Análise:
    A prática de aborto no Brasil não é um assunto da esfera municipal, mas, sim, da esfera federal. Assim, o enunciador criou um "homem de palha" (ou espantalho), usando um assunto irrelevante à eleição municipal, e sugerindo indiretamente que seu adversário é incapaz de separar suas crenças pessoais das suas ações políticas.
    Exemplo 2:
    "Devemos proibir todas as armas. Aqueles que são contra essa proibição não acreditam que muitos crimes envolvem armas, mas as estatísticas provam o contrário".
    Análise:
    Citando um argumento que é obviamente fraco, o locutor espera ganhar a nossa concordância. A manipulação do apoio argumentativo é evidente e não convincente.

    26. Falácia de Bifurcação, ou de "Branco ou Preto"
    Definição:
    É a apresentação de uma situação ou condição com apenas duas alternativas, quando na verdade há ou pode haver outras alternativas. A tentativa é de forçar o ouvinte a concordar com a posição do argumentador. Exemplo:
    "Brasil--Ame-o ou deixe-o". (Slogan usado pelo governo militar brasileiro na década de 1970)
    Análise:
    Se não amo o Brasil do jeito que está, não existe a opção de ficar aqui e tentar melhorar a situação? Este maniqueísmo é uma forma de reducionismo, de simplificação excessiva do questão apresentada.

    27. Mudança do Ônus da Prova
    Definição:
    É transferir, do falante ao ouvinte, a necessidade de dar provas ou evidências para apoiar uma ideia, dando a impressão de que a afirmação é verdadeira, a não ser que seu interlocutor seja capaz de comprovar que está errado. O "ônus da prova", isto é, a responsabilidade de comprovar um enunciado, é sempre da pessoa que faz a afirmação. Transferir essa responsabilidade para o ouvinte é uma tática desonesta. Exemplo:
    "É claro que foi Deus quem criou o mundo e todas as coisas nele. Se você não acredita nisso, então como você explica a beleza do mundo natural e a perfeição do corpo humano?"
    Análise:
    Fé em Deus e em suas obras é uma questão de foro intimo. O falante nesse caso se esquiva de sua responsabilidade em fornecer evidência para sua própria afirmação e convenientemente lança toda a responsabilidade de oferecer prova a quem não concordar com ele.

    28. Falácia das Premissas Escondidas
    Definição:
    É a falácia de fazer uma pergunta contendo uma pressuposição que faz supor que a suspeita levantada pela interrogativa seja verdadeira. Qualquer resposta à pergunta pressupõe que tal fato ocorre. Exemplo:
    "A minha concorrente nas eleições para a prefeitura tem recebido apoio de todos os partidos políticos que antes eram seus inimigos. Por que será? O que está atrás disso?"
    Análise:
    O enunciador faz uma insinuação seguida de perguntas retóricas que têm premissas ocultas. A insinuação de que há algo comprometedor no apoio dos antigos inimigos é clara, mas o falante não oferece evidência de sua suspeita. Ele só oferece suposições e induções.

    29. Estereótipos
    Definição:
    O erro de tratar um indivíduo como se fosse totalmente definido pela condição de pertencer a um grupo, ignorando-se totalmente sua individualidade. Ex:
    "Ah, você sabe como é....meninos são sempre desorganizados!"
    Exemplo 2:
    "Ora, que mais você poderia ter esperado de um norte-americano... você sabe como eles são....".
    Análise:
    Desprezar, ridicularizar ou tratar paternalisticamente uma ou mais pessoas por pertencerem a um determinado grupo é injusto e preconceituoso, por deixar de lado seu aspecto mais importante: sua individualidade, sua condição pessoal.

    30. Condenando a Fonte (argumento ad hominem)
    Definição:
    É a tentativa de desacreditar o oponente, transferindo a atenção da ideia em discussão para a pessoa associada a ela. O falante tenta tirar a veracidade ou credibilidade das ideias do seu oponente através do ataque à pessoa que representa as ideias. 
    Exemplo 1:
    O deputado do partido de "esquerda" afirma: "É importante limitar o desenvolvimento de armas nucleares em nosso país porque é possível que os seus efeitos envenenem a atmosfera". E um deputado de um partido considerado de "direita" responde: "Não podemos acreditar na opinião do meu colega porque ele é 'esquerdista', e todo mundo sabe que a 'esquerda' está sempre tentando controlar despesas militares".
    Análise:
    O segundo orador não provou a falsidade daquilo que o primeiro falou. Argumentos têm que ser avaliados pelas suas qualidades intrínsecas e não pelas qualidades das pessoas que os apresentaram.
    Exemplo 2:
    "Talvez nossa empresa precise de uma cooperativa; mas se João está atrás dessa ideia, sou contra. Acho que ele é comunista".
    Análise:
    É irrelevante a questão das convicções pessoais de quem propõe uma ideia: os únicos propósitos que merecem ser discutidos são a validade das afirmações e a qualidade da evidência apresentada para o suporte das afirmações.
    Exemplo 3:
    "Aquele pedido parece bom, mas foi José quem o assinou. A família dele é rica e ele está acostumado a esbanjar; assim sendo, seu pedido vai nos custar mais do que podemos gastar".
    Análise:
    As qualidades boas ou ruins de quem propõe uma ideia não devem entrar na discussão de argumentos, a favor ou contra o que quer que seja. O foco de atenção deve ser apenas o conjunto de ideias apresentadas.
    Exemplo 4:
    "Você disse que a maioria dos policiais não aceita suborno, mas, afinal de contas, você mesmo é um policial -o que mais você poderia dizer?"
    Análise:
    Supor que a fonte da informação é tendenciosa (a favor ou contra um grupo ou ideia) é agir de forma igualmente tendenciosa, mantendo insolvente o que se pôs em questão. Num debate de ideias, é menos relevante quem a pessoa "é ", do que aquilo que a pessoa "fez ou está fazendo".


    31. Argumento ao Povo (argumentum ad populum)
    Definição:
    É a tentativa de distrair a atenção da ideia em discussão e criar no ouvinte o desejo de ser aceito dentro do grupo. Sugere que, quanto mais pessoas apoiam uma ideia, mais correta ou verdadeira ela é. Em vez de apresentar evidência referente à falsidade ou veracidade de uma enunciação, substitui a informação por um apelo emocional. Exemplo 1:
    "Talvez José fosse o melhor candidato à presidência do clube, mas todo mundo vai votar em João. Entre na onda. Por que gastar seu voto em alguém que não vai ganhar?"
    Análise:
    Aqui o falante está pedindo que o seu ouvinte ignore sua inteligência, bom senso e caráter para votar em alguém em quem ele não acredita. É uma apelação às emoções, aos sentimentos, ao desejo de estar inserido no grupo que pode vencer; induz o interlocutor a sentir-se isolado e diminuído, caso não acompanhe a maioria.
    Exemplo 2:
    "Todo bom brasileiro deve reconhecer a importância do que estou dizendo. Você é um bom brasileiro, não é? Você concorda comigo?"
    Análise:
    Ninguém tem o direito de forçar os outros a concordar com suas definições sobre quem é bom e quem não é. Intimidação é inaceitável num debate de ideias. Silogismos construídos com juízos de valor (bom/mau) representam uma forma oblíqua de persuasão, totalmente contra-indicada.
    Exemplo 3:
    "A terra é achatada! Veja!! todo mundo acredita nisso!"
    Análise:
    Não é possível provar se a terra é achatada ou não, citando crenças coletivas. Na história humana, crenças falsas foram rebatidas com conhecimento de áreas específicas do saber, como a astronomia e a geologia, por exemplo.

    32. Argumento da Autoridade ou Antigüidade (argumentum ad antiquitam)
    Definição:
    O erro de afirmar que algo está "correto" ou que é “bom" apenas porque é tradicional, antigo ou porque foi ratificado por alguém importante e respeitável. Exemplo 1:
    "Maradona é um jogador melhor que Pelé. Acredito nisso porque o chefe do meu pai disse que é".
    Análise:
    Ninguém pode provar se uma determinada enunciação é verdadeira ou não apenas porque alguém, mesmo sendo uma autoridade, disse que é. Não é o prestígio da autoridade que faz a enunciação verdadeira ou não, mas, sim, a apresentação de evidência para confirmar ou refutar a enunciação. Deve-se também levar em conta que a autoridade esteja em seu campo de especialização.
    Exemplo 2:
    "Nós sempre fizemos assim.....".
    Análise:
    Pode ser, mas isso não quer dizer que não está na hora de averiguar se não há uma maneira melhor de fazer aquela tarefa.
    33. Apelação ao Status Sócio-Econômico (argumentum ad crumenam)
    Definição:
    É sugerir que a classe social (ou o poder econômico) do falante é critério para ele ter razão ou não; é assumir como certo que pessoas bem-sucedidas financeiramente são honestas. Exemplo:
    "O meu candidato a prefeito não precisa roubar. Ele já é muito rico".
    Análise:
    Não há uma verdadeira relação de causa e efeito entre a primeira parte da frase e a segunda. O falante não oferece evidência convincente sobre a honestidade do candidato (por exemplo, ter apresentado uma conduta digna quando ocupava cargos políticos anteriormente).

    34. Apelação à Pobreza (argumentum ad lazarum)
    Definição:
    É acreditar ou sugerir que a pobreza do falante garante que ele ou ela seja mais virtuoso, mais honesto, mais "puro" do que alguém que seja rico. Ex:
    "Sou melhor candidato, porque não sou nem doutor, nem madame".
    Análise:
    Usar uma condição social desfavorável como argumento é ocultar um silogismo, induzindo-nos a inferir falsamente que pobres são incorruptíveis e ricos ("doutor" e "madame"), por oposição, seriam venais.

    35. Apelo às Emoções ou à Pena (argumentum ad misericordiam)
    Definição:
    É a tentativa de ignorar a evidência, buscando convencer o ouvinte a aceitar uma afirmação baseada no seu sentimento de comiseração ou de superstição. Exemplo 1:
    "Membros do júri, o réu nunca poderia ter cometido esse crime. Afinal de contas, ele tem esposa e seis filhos".
    Análise:
    Suas responsabilidades familiares são irrelevantes em relação à sua culpabilidade; o papel social de marido e pai não isenta um indivíduo de ter interesses criminosos ou desvios patológicos de comportamento.
    Exemplo 2:
    "Meus amigos, a minha concorrente para a prefeitura tem o '13' como número do seu partido. Não vote no '13'. Dá um tremendo azar!"
    Análise:
    Argumentos de ordem mística não são relevantes. Visam à intimidação pela crença infundada ou pelo temor a uma superstição.

    36. Falácia da Conclusão Irrelevante (ignoratio elenchi)
    Definição:
    É o erro de começar a provar um fato, mas acabar provando outro. Exemplo:
    "Para a imprensa, que quer saber se eu mantenho contas bancárias em paraísos fiscais, eu lembro as obras mais importantes da minha administração, entre elas um hospital, e que estive de férias na Suíça quando me acusaram injustamente".
    Análise:
    Certos políticos, em debates televisivos, por exemplo, são brilhantes em não responder diretamente às perguntas que lhes são feitas; em vez disso, respondem sobre outro assunto tangencial e mais "conveniente".

    37. Falácia de "Dois Erros Fazem um Certo" (tu quoquo)
    Definição:
    É o erro de justificar a idéia de que duas ações erradas se cancelam e terminam com um valor positivo. É óbvio que não é possível corrigir uma ação errada através de outra errada. Essa falácia é uma apelação à idéia de consistência; o procedimento falacioso está em colocar "panos quentes" num problema, sem lidar diretamente com o assunto em discussão. Exemplo 1:
    "Nixon não deveria ter sofrido processo de impeachment no escândalo Watergate; outros presidentes permitiram escândalos piores".
    Análise:
    O que outros presidentes fizeram não tem nada a ver com a questão, a não ser que o arguidor possa provar que eles também não deveriam ter sido depostos por impeachment.
    Exemplo 2:
    "Vou votar naquele político embora saiba que ele é do tipo "rouba-mas-faz".
    Análise:
    O falante aceita a desonestidade como inevitável e até a aprova, pois acredita que um comprometimento moral (desonestidade) é irrelevante para quem administra uma cidade ou um Estado. O mais importante parece ser o caráter empreendedor (fazer obras).

    38. Apelação para Consideração Especial
    Definição:
    É a falácia de sugerir que sejam feitas menos exigências ao considerar seus argumentos. É pedir consideração menos exigente ou menos rigorosa do que normalmente seria o caso em instâncias similares. Exemplo:
    "Senhores juízes, defendo o direito a tratamento médico fora da detenção (em cadeias e prisões) para portadores de diploma de curso superior e acho desnecessário ter que enumerar as muitas justificativas inerentes ao assunto".
    Análise:
    As injustiças em muitas sociedades derivam da arbitrariedade entre dois pesos e duas medidas na avaliação de argumentos. Um ideal de justiça corresponde à equidade de critérios de julgamento, numa lógica comum a todos os cidadãos, sem a possibilidade de prerrogativas.

    39. Apelação pela Novidade (argumentum ad novitam)
    Definição:
    É o erro de afirmar que uma escolha ou uma atitude é melhor simplesmente porque é nova, ou mais nova que outra. Exemplo:
    "Voe pelo Concord, a mais nova maneira de reduzir distâncias(...) A avançada tecnologia faz do Concord a melhor expressão de inovação, conforto e segurança nos céus. Sua vida se renovará nas asas do Concord".
    Análise:
    O termo "progresso" é frequentemente usado para justificar certas decisões. A expressão "inovação tecnológica" que lembra a ideia de progresso, não implica “renovação de vida” e nem garante totalmente a “segurança” ou integridade física dos passageiros contra qualquer sinistro.

    40. Apelação pela Repetição (argumentum ad nauseum)
    Definição:
    Ocorre quando se crê que uma afirmação é mais provável de ser verdadeira quanto mais vezes for dita. É tentar persuadir não pela qualidade da evidência, mas pela constância com que se repete. Exemplo:
    "Vamos enfiar esta mensagem do nosso candidato goela abaixo do povão com 'spots' de trinta segundos a cada quinze minutos o dia inteiro, em todas as rádios do país. Vamos saturar o eleitorado com nossa visibilidade. Vamos vencer a oposição pela saturação".
    Análise:
    Ceder aos imperativos da publicidade repetitiva é embotar a capacidade de discernir e questionar.

    41. Falácia da Redução ao Absurdo (reductio ad absurdum)
    Definição:
    Consiste no erro de levar uma ideia ou conjunto de ideias a suas consequências lógicas mais absurdas, e com isso tentar destruir qualquer validade inerente a elas. Exemplo:
    "Se permitirmos a substituição generalizada de indivíduos por robôs em todos os setores industriais, inevitavelmente chegaremos ao nível do desemprego total dos trabalhadores e a uma revolução social de enormes proporções".
    Análise:
    Desconsiderar os fatores sociais que geram uma mudança radical é reduzir os argumentos a uma suposição extremada. Por exemplo, podemos considerar as mudanças que sucederiam no setor de prestação de serviços (como consequência do avanço industrial), a absorver parte da mão-de-obra excedente.

    42. Diversão
    Definição:
    É o erro de introduzir no discurso, uma anedota com efeitos humorísticos, para distrair a atenção do ouvinte dos argumentos pertinentes à discussão. Não é logicamente válido desviar uma corrente de raciocínio com casos tangenciais. Exemplo:
    "Os argumentos da indústria tabagista contrários à criação de leis contra o fumo me lembram da fábula do lobo gordo que provou com um grande 'show' de lógica que estava na natureza dos carneiros serem comidos".
    Análise:
    Digressões, cujo mote é anedótico, são inofensivas, mas não devem ser interpretadas como provas; são ilustrações que carregam juízos parciais ou preconceituosos. A metáfora ou representação simbólica é válida apenas em sentido figurado, sendo muito útil como ilustração. Contudo, não devemos admitir fábulas ou anedotas na hora de fundamentar uma tese ou enunciado.

    43. A Falácia Temática
    Definição:
    É o erro de assumir que temas ou títulos pretensiosos garantam a importância de teses, livros ou outras obras. Exemplo:
    "A Missão Divina do Educador" (como título de uma dissertação).
    Análise:
    O esforço de usar um título tão abstrato garante não o estabelecimento da importância da obra, mas a tentativa de impressionar por recursos semânticos ("missão" e "divina"). A provável superficialidade do trabalho foi camuflada com o  acréscimo de uma aura mística, a fim de que o olhemos com respeito.

    44. Reducionismo Excessivo (plurium interrogationum)
    Definição:
    Consiste no erro de simplificar excessivamente ideias que fazem parte de contextos complexos e intelectualmente sofisticados, como os discursos científicos e teológicos. A simplificação excessiva acaba sendo um jogo de meias-verdades. Exemplo:
    "A idéia expressa por Darwin de que o Homem descende do macaco é absolutamente inaceitável, pois a Bíblia diz que descendemos de Adão e Eva".
    Análise:
    Uma teoria, comprovada ou não, não pode ser reduzida ao fundamentalismo de qualquer religião. A teoria da evolução é apenas um exemplo. Mesmo ideias de cunho científico, até serem confirmadas ou refutadas, merecem nosso ceticismo. Albert Einstein alertou para os perigos de popularização de ideias científicas ao salientar que, se as explanações são fáceis ou simples demais, o leitor pode ser enganado e acreditar que compreende algo, quando na verdade não captou a verdadeira profundidade de uma conquista científica".

    45. Ameaça de Uso de Força (argumentum ad baculum)
    Definição:
    Ocorre no argumento que tenta intimidar o ouvinte para garantir sua concordância com as idéias da afirmação. Exemplo:
    "Faça assim ou você vai para o inferno quando morrer!"
    Análise:
    Ameaças normalmente são usadas quando não há argumentos coerentes para a defesa de uma idéia. Não é admissível buscar convencer alguém, incutindo-lhe medo ou pavor, abusando, por exemplo, do fundamentalismo religioso.



    Referências bibliográficas:

    Retórica Aristotélica, de Flora Silva, disponível em:
    Persuasão e Retórica, de Sérgio Biagi Gregório, disponível em 
    Texto de Fredric M. Litto 







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