sofismas e falácias: conceito e exemplos
observação importante: este texto foi elaborado com base nos artigos filosóficos de autoria de Flora Silva, Sérgio Biagi Gregório e Fredric M. Litto, cujas referências bibliográficas seguem no final.
Retórica:
convencer ou persuadir?
Uma breve introdução
Evidentemente, não precisamos ser especialistas em lógica
para argumentar.
Fazemos isso em nosso dia a dia quase que sem perceber. Mas
é óbvio que conhecer um pouco algumas regras, torna mais fácil a tarefa de
avaliar e identificar argumentos válidos e inválidos. Grande parte dos
discursos está assentada sobre base argumentativa.
Perelman acha importante distinguir o ato de convencer do
ato de persuadir. Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente à
razão, o ato de persuadir, visa atingir a vontade e o sentimento do
interlocutor. No primeiro, os únicos recursos são o raciocínio lógico e as
provas objetivas, aplicáveis a qualquer “auditório”. Seu caráter é, pois, estritamente
demonstrativo e atemporal (como num raciocínio matemático). Na persuasão, há liberdade para o uso de argumentos
verossímeis e seu caráter é mais ideológico, subjetivo e temporal.
O primeiro conduziria a certezas, enquanto o segundo deveria
ser capaz de levar o auditório à adesão aos argumentos apresentados.
Bom,
independente dessa questão terminológica, o fato é que a “arte de bem falar” e
de mostrar eloquência diante de um grupo de pessoas tem sido objeto de
interesse do homem há milênios.
O caráter
argumentativo da fala humana está presente desde a infância e nas questões mais
corriqueiras.
Os pais argumentam com a criança e esta argumenta com seus pais,
com todas as ferramentas de que dispõe. O namorado argumenta com a namorada, os
amigos entre si, o professor com seus alunos, o político com seus futuros
eleitores e assim sucessivamente.
A retórica está intimamente ligada à
argumentação. Retórica é bem mais que um simples conjunto de regras de
oratória. No mundo grego, a oratória tornou-se uma necessidade fundamental do
cidadão, que deveria defender suas ideias perante as assembleias. Aos poucos,
começaram a surgir os profissionais da retórica – os primeiros advogados.
Há
hoje, em razão do abuso dos princípios da Retórica, um sentido pejorativo para
esta atividade. Falar bem sem conteúdo ou com objetivos censuráveis torna-se
cada vez mais comum. Alguns acabam exercitando mais a forma do que o conteúdo,
preocupando-se mais com o malabarismo da voz e dos gestos do que com o tema em
si mesmo. Neste caso, se diz: este
sujeito está sendo “retórico”...
Muitas
pessoas, por diversas razões, buscam mudar nossas atitudes, crenças e
comportamentos. Em nosso cotidiano estamos cercados por estratégias persuasivas,
sendo utilizadas pelos políticos, vendedores, missionários, professores, pais,
amigos, publicitários. Cada um deles em seus contextos, desejam influenciar ou
persuadir-nos a acreditar em algo e a agir de certa forma que entendem como a
mais adequada.
Para Aristóteles, primeiro filósofo a expor uma teoria da
argumentação, a Retórica era uma arte que visava descobrir os meios de
persuasão possíveis para os vários argumentos. Seu objetivo é o de obter uma comunicação mais
eficaz para o saber que se supõe possuir.
É neste contexto que o argumentador deve atentar para o conjunto
de opiniões, valores e juízos que o seu auditório partilha. Tais elementos
serão fundamentais na recepção do argumento, determinando a sua aceitação, a
sua rejeição ou o seu grau de adesão.
Se considerarmos que qualquer um pode apresentar
contra-argumentos à tese do orador, este acaba forçado a apresentar novos
argumentos a fim de mantê-la crível.
O uso da retórica, entendida como o “uso da arte do bem
falar para defender argumentos verdadeiros ou falsos”, depende muito dos valores
morais de cada orador. A retórica em si, não é boa nem má. O seu uso é que a
torna boa ou má. Sendo o homem livre para se exprimir, serão as suas intenções
que determinarão o uso que fará da palavra.
“A retórica não é meramente uma arte de persuasão, mas
antes uma faculdade de descobrir especulativamente o que, caso a caso, pode
servir para persuadir”, dizia Aristóteles.
A Retórica assim evoluiu, preocupada com a técnica de
compor discursos que primavam pela sua organização e estética, desvalorizando-se
com o tempo, a dimensão argumentativa.
O pressuposto básico da
persuasão é o amplificatio (amplificação). O nosso discurso deve
ampliar-se nas pessoas que nos ouvem.
Como identificar a presença da retórica?
Algumas são as
características básicas para identificarmos o uso da retórica:
a) Ela deve exercer a
persuasão por meio de um discurso argumentativo.
b) Seu objetivo é obter o assentimento do auditório
à tese do orador que a apresenta, sendo irrelevante estabelecer se a tese é
verdadeira ou falsa.
c) Utiliza linguagem comum e não técnica ou
especializada. d) É dirigida a todos, e não a um grupo específico;
e)Não se limita a transmitir noções neutras,
mas visa sempre, por meio da persuasão ou do convencimento, a mudança de um
determinado comportamento.
Quando se avalia os
resultados de uma boa retórica, considera-se três aspectos:
Ethos do orador.
A força moral, o reconhecimento da idoneidade e credibilidade do orador. Tal
aspecto confere autoridade ao discurso.
Contratar Pelé para
falar sobre futebol é sempre mais interessante do que um jogador da 3ª divisão.
Pathos da audiência:
a forma como o discurso é acolhido pela platéia, as emoções que desencadeia, a
reação ao discurso.
Um mesmo discurso
atinge de modos diferentes a distintos tipos de audiência.
Logos da linguagem:
refere-se ao estilo utilizado, ao encadeamento dos argumentos, as figuras de
estilo empregadas (sejam baseadas na racionalidade, seja na mobilização pelo
sentir, pela emoção, argumentação ou estilística).
Saber
pensar e saber dizer
A retórica pode ser utilizada em praticamente quaisquer
situações.
Os efeitos que o discurso persuasivo pode acarretar são:
afetivos (nível do sentimento), cognitivos (conhecimento, crenças, opiniões) e
comportamentais.
Persuadir é gênero e compreende três espécies, a saber, convencer,
comover, agradar. A primeira é de natureza lógica, a segunda,
afetiva e a terceira é de natureza estética.
Convencer é
“vencer o opositor com sua participação”, por meio de provas lógicas (exemplos
ou argumentos);
Comover é persuadir pela
afetividade, pela excitação que arrasta o intelecto a aderir ao ponto de vista
do orador;
Agradar é a persuasão no
domínio afetivo.
Importa saber, dentre outras coisas, é se vamos assumir uma
postura defensiva ou de ataque.
Na postura defensiva, busca-se conquistar em primeiro lugar
a simpatia do interlocutor (cliente, entrevistador, platéia, auditório).
Conquistada a simpatia e a confiança, faz-se uso das técnicas mais diretas.
Na postura ofensiva, o objetivo principal é vencer o embate
de ideias. Não há intenção de conquistar a simpatia do interlocutor que
contra-argumenta, mas de apontar suas falhas, amplifica-las, enquanto
miniminiza os pontos fracos dos próprios argumentos. Ou seja, o foco é a
destruição dos principais argumentos e a desestruturação emocional do oponente,
enquanto aproveita para fazer a apologia dos seus próprios.
Tudo vai depender da situação concreta que estamos
enfrentando.
Se pretendemos participar de um torneio de debates, por
exemplo, devemos adotar uma “postura ofensiva”, deixando a diplomacia de lado,
o que não quer dizer que seremos grosseiros ou mal-educados.
Se não estamos numa competição e o objetivo principal é
conquistar o apoio e a confiança do interlocutor, as técnicas defensivas são
mais aconselháveis. Ninguém gosta de ver seus erros apontados. Todos em geral
querem achar que tem a razão. Todos em geral gostam de ver suas ideias sendo
elogiadas etc. Demonstrar os erros do adversário certamente despertará uma
atitude inflexível por parte do interlocutor. Sendo assim, se a intenção não é
provocar um debate ou uma sensação de derrota, só devemos utilizar esse recurso
em último caso.
Tratar com o ser humano é sempre algo complicado. As
pessoas acham que, em geral, são convencidas por argumentos. Não é bem assim.
Muito mais do que argumentos, está em jogo a imagem pessoal
e social do interlocutor, seu orgulho, sua auto-estima, sua auto-imagem, seus
preconceitos, suas emoções, seu medo, sua insegurança, sua história de vida,
seus sentimentos... Só depois de passar sem causar estragos por esses aspectos
do interlocutor é que chegamos ao ponto em que nossas técnicas argumentativas
poderão ser úteis.
A arte da retórica não é uma ciência, envolve técnicas, mas
não lida com variáveis sempre previsíveis, nem respeita as leis da matemática.
Como ela lida diretamente com o ser humano, não podemos nos esquecer de que os
efeitos são incomensuráveis.
A retórica não promete resultados, promete dotar seu
estudante de um olhar clínico, atento, perspicaz e concentrado sobre seu
objeto: a argumentação.
Como se elabora um discurso?
Um bom discurso segue geralmente as seguintes etapas:
1- Invenção:
o orador deve encontrar os pensamentos mais adequados ao tema, atentando para o
interesse da plateia.
2- Disposição:
Em seguida, deve escolher a ordem de uso desses pensamentos e dos demais
recursos linguísticos que usará no discurso.
3- Elocução:
É a forma como vai expressar linguisticamente os pensamentos encontrados e
incluem o estilo e a gramática. Deve-se
tomar cuidado com o uso de hipérboles (substituição de um verbo próprio por outro que visa realçar a ideia). Deste modo, o
orador acaba extrapolando os limites da credibilidade que se desejava
conquistar.
4-. Memorização:
Memorizar o discurso facilita o trabalho do orador. Excesso de leitura dá a
ideia de falta de estudo e preparo, bem como falta de segurança nas próprias
ideias.
5. Pronunciação:
Enunciar o discurso. Isso inclui os recursos vocais e a métrica.
(Fonte: Enciclopédia
Mirador Internacional)
O valor e os limites da
Lógica
Grande parte dos discursos está assentado em base argumentativa,
em menor ou maior grau.
Argumentar visa a obter do outro algo que se deseja (uma
resposta, uma atitude etc). Deve-se atentar para o fato de que a argumentação
procura não forçar, mas convencer, persuadir de forma que se alcance o objetivo
com a livre cooperação do outro.
O uso da lógica é essencial, seja para construir ou
destruir um argumento. Não há conversação coerente, nem formulação válida de
conceitos e juízos sem o uso da lógica.
Veremos agora alguns aspectos elementares da lógica formal,
necessários para podermos posteriormente compreender o uso adequado da lógica não-formal. A
lógica formal é o alicerce.
O papel da lógica torna-se manifesto quando compreendemos
que todo argumentador busca argumentos sólidos e relevantes para defender suas
ideias. Mas, para sabermos se um argumento é sólido e relevante, precisamos
saber antes se é válido. E é a lógica que vai nos dizer se um dado argumento é
ou não é válido.
Em síntese, podemos afirmar que a lógica tem dois papéis na
filosofia: clarificar o nosso pensamento e ajudar-nos a evitar erros de
raciocínio. A filosofia é identificada por um conjunto de problemas. Os
filósofos, ao longo da história, têm apresentado respostas a esses problemas,
tentando solucioná-los. Para isso, apresentam teorias e argumentos.
Precisamos da lógica para avaliar com critério os problemas
propostos. Precisamos da lógica para avaliar criticamente as teorias e
argumentos, diagnosticando a presença de um falso problema ou até de uma falsa
solução. Sabemos que a lógica tem seus
limites, mas é sempre muito importante saber quando estamos diante de um erro
de raciocínio.
A lógica representa para a filosofia o que o laboratório
representa para o cientista: é o palco onde as ideias são testadas e avaliadas
criticamente.
É importante, porém, entender, que a presença de um raciocínio
lógico não é garantia de que tenhamos encontrado uma verdade absoluta. Porque
algo é logicamente impossível (em vista da ciência de uma certa época), não
quer dizer que “deve ser necessariamente impossível de qualquer outro modo”. Do
mesmo modo, também é um erro acreditar que, se algo é coerentemente lógico,
isso equivale a dizer que é necessário e universal.
Acreditava-se, por exemplo, que a geometria euclidiana era
uma lei universal, pois era logicamente consistente, mas hoje sabemos que as
regras da geometria euclidiana não são universais.
Lógica tampouco é um grupo de regras que governam o
comportamento humano. Os humanos podem ter objetivos logicamente conflitantes. Lembre-se de que a
resposta racional e aparentemente lógica pode ser inaplicável ou desastrosa na vida real.
Ressalva importante: Em cada situação, devemos antes refletir se a lógica escolhida
é a ferramenta adequada para o trabalho proposto. Existem outros meios de se
comunicar, debater e de se chegar a conclusões válidas, sem que necessariamente
tenhamos que no ater exclusivamente às leis rígidas da lógica.
Apesar de ter ultrapassado grande parte das limitações e
dos erros da lógica aristotélica, a lógica atual ainda possui limitações. Há,
porém, várias lógicas modernas que vão muito além desses limites: as lógicas
paraconsistentes violam a lei da não-contradição; as lógicas intuicionistas
violam a lei do terceiro-excluído. E a lei da identidade não é usada na
silogística, nem na lógica proposicional.
Não é, contudo, objetivo deste trabalho, efetuar um estudo
das diferentes lógicas. Estudamos aqui apenas os princípios e principais regras
do raciocínio correto. Apesar do conhecimento destes princípios e regras, o
homem continua sujeito a erro, e de fato se engana muitas vezes, tomando o
falso pelo verdadeiro.
Assim, torna-se necessário e urgente conhecer os processos sofísticos pelos
quais o erro se apresenta com a aparência da verdade, bem como enumerar alguns
indícios que permitem distinguir a verdade do erro.
Mais relevante na atualidade, contudo, além de estudar a lógica formal, é saber
identificar os tipos de falácias não-formais mais comuns do nosso dia a dia.
A Retórica e o uso dos sofismas
Erros
de raciocínio
(Baseado no texto de
autoria de Fredric M. Litto)
Ainda que cometamos um número infinito de
erros, só há, do ponto de vista lógico, três maneiras de errar: erramos
raciocinando mal com dados corretos (vício de forma), raciocinando bem com
dados falsos (vício de matéria) ou, o que é ainda pior, raciocinando mal com
dados falsos.
Todo mundo sabe o que é uma mentira: é uma
afirmação, cujos fatos enunciados não correspondem à verdade. A vítima da
mentira está em desvantagem, pois desconhece a verdade, não tem a informação
correta. Ela acredita no que supõe ser verdadeiro quando não o é. Contudo,
podemos ser vítimas também de outro tipo de desvio de pensamento que é tão
perigoso e enganador quanto a mentira: a falácia.
O conhecimento do que é ou não um raciocínio
falacioso certamente é um dos mais úteis que existem quando vamos analisar
criticamente qualquer assunto. As falácias e inconsistências lógicas
abundam em nossa sociedade, sendo utilizadas o tempo todo. Basta observar os discursos
de políticos demagogos, as propagandas comerciais, os pronunciamentos de
pretensos líderes espirituais, entre outros.
Uma vez aprendendo a
identificar falácias, podemos começar a percebê-las por todo lado. Reconhecê-las
sem um estudo prévio nem sempre é fácil, especialmente quando aparecem em
diálogos, onde acabamos por aceitar argumentos que, uma vez submetidos a uma
análise mais profunda, se revelariam sem fundamento.
Enquanto a mentira é uma informação falsa, a
falácia é um argumento falso, ou uma falha num argumento, ou ainda, um
argumento mal conduzido. Um argumento falacioso não respeita uma lógica
correta ou honesta, já que foram manipuladas certas evidências ou pode haver
insuficiência de prova. A origem da palavra "falaz" remete à idéia de
fraude, ardil, engano.
Quando pessoas esclarecidas tentam convencer
outras a acreditarem em suas afirmações, precisam usar argumentos, isto é,
exemplos, evidências ou ilustrações que confirmem a veracidade de sua tese ou
enunciado.
A diferença entre uma pessoa esclarecida e uma
não-esclarecida é a maneira como ambas lidam com o discurso: a primeira tem
critérios para aceitar ou rejeitar argumentos; a segunda ainda não aprendeu,
por exemplo, os critérios para distinguir argumentos que carecem de
fundamentação.
Uma
afirmação falaciosa pode ser composta de fatos verdadeiros, mas sua forma de
apresentação conduz a conclusões erradas.
Toda pessoa esclarecida, instada a elaborar argumentos, pode e deve ser capaz
de reconhecer o uso proposital do raciocínio falacioso ou a imperícia de
raciocínio (que ocorre quando sua lógica fica acidentalmente comprometida).
Podemos cometer falácias sem malícia, por um
raciocínio apressado ou ingênuo. Mas também é frequente encontrar falácias em
argumentos de quem deseja iludir ou manipular o ouvinte, na intenção de
convencê-lo (seja a votar, a comprar ou decidir). Nestes casos, alguns autores
preferem usar a expressão sofisma. O
que então distinguiria o sofisma da falácia seria a vontade do argumentador:
enquanto a falácia é involuntária, o
sofisma contaria com a intenção consciente de induzir a audiência ao
engano. Quem usa sofismas, portanto, sabe bem que a conclusão a qual quer
conduzir seu interlocutor, não dispõe de dados ou de demonstração suficiente.
É mais importante entender como identificar
falácias e como não cometê-las do que passar meses decorando uma quantidade de
leis e regras sobre raciocínio abstrato. O estudo das falácias é uma ótima
forma de nos proteger de discursos capciosos, de vendedores oportunistas ou de
políticos mal intencionados.
Falácias
mais comuns
A falácia, como dito antes, tem todo o aspecto
de um argumento correto e válido, embora não o seja.
Esse é seu perigo: parece
correto, mas não é.
Com isso, leva-nos a outros erros de pensamento ou a
conclusões erradas.
A seguir, veremos uma lista de algumas das
falácias não formais mais comuns, organizadas em três grupos:
- truques de
palavras;
- perversão de métodos
legítimos;
- argumentos extraviados.
- Truques de Palavras
1.
equívoco
Definição:
Ocorre quando se introduz uma modificação no
sentido de uma palavra; então, o que é verdade na primeira definição, não
necessariamente será verdadeiro na segunda. Exemplo:
"Durante a última década, nossos Estados
soberanos têm se juntado para formar uma grande unidade político-econômica: o
Pacto Hemisférico. Assim sendo, o Pacto está unido, pronto para lutar contra
agressões do exterior de todos os tipos".
Análise:
Na primeira frase, o "Pacto
Hemisférico" significa uma reunião de cooperação econômica entre entidades
políticas distintas. Na segunda, significa uma união geral. O que é verdade na
primeira frase não é necessariamente verdade na segunda. Talvez alguns Estados
membros queiram agir independentemente no caso de eventos não-econômicos, como
incidentes de desrespeito a limites de fronteiras nacionais ou outros, por
exemplo.
2. Conotação Contrabandeada
Definição:
O uso infundado ou improcedente de termos. Exemplo:
"Paulo bebe cachaça diariamente, em grande
quantidade. Devemos elegê-lo deputado, colocando nossa comunidade nas mãos de
um pinguço?"
Análise:
Um pinguço não é simplesmente alguém que bebe
exageradamente. A palavra tem outras conotações sociais, como, por ex., a
delinqüência; não foi demonstrado que Paulo se enquadra nessa circunstância.
Trata-se, pois, de manipulação semântica ostensiva.
3. Eufemismo e Hipérbole
Definição:
O uso de palavras de exagero e com sentido conotativo
(hipérboles metafóricas) ou de suavização eufemística (tentativa de diminuir o
impacto), para mascarar uma realidade indesejável, para dessensibilizar a
consciência.
Exemplo:
(a) "campo de recolocação" (eufemismo
para designar locais de detenção de prisoneiros)
(b) "campo de concentração"
(eufemismo usado durante a II Guerra Mundial para designar locais de execução
de pessoas inocentes)
(c) "genocídio" (exagero metafórico
usado por sindicatos de empregados para designar a demissão maciça de funcionários)
Análise:
O uso de palavras que distorcem a realidade,
acentuando determinados aspectos positivos ou negativos, é um exemplo de
manipulação semântica
4. Ênfase Incorreta na Frase
Definição:
O uso proposital de ênfase numa frase para
dissimular uma intenção que o falante prefere esconder. Exemplo:
"NOSSO PLANO DE SAÚDE OFERECE ASSISTÊNCIA E
COBERTURA INTEGRAL!!
exceto em casos de parto e doenças preexistentes"
Análise:
A primeira frase está destacada para chamar
atenção, dar ênfase, enquanto a segunda está em caixa baixa e fonte pequena, disfarçando
a noção da palavra "integral", conforme prometido na primeira parte,
em letras maiúsculas.
5. Uso Incorreto de Etimologia
Definição:
O uso indevido das origens das palavras para
provar um sentido que não é mais o usual da palavra. Exemplo:
"'Educação' vem das raízes latinas 'e'
(significando 'para fora'), mais 'ducere' (significando 'conduzir' ou
'trazer'). Assim sendo, 'Educação' significa, literalmente, revelar o que está
dentro do estudante. A instituição que tenta impor um saber de fora para dentro
está pervertendo o objetivo da Educação".
Análise:
O amplo termo "Educação" hoje em dia
acomoda muitos significados, seja qual for o sentido de sua raiz. De qualquer
maneira, não é possível provar que certas práticas são boas ou ruins pela
simples análise do significado vocabular. Isso também é exemplo de uma
definição tendenciosa, porque desconsidera a perda da significação etimológica
e os novos valores investidos na palavra "Educação".
6. Acidente
Definição:
O erro de tratar como permanente uma qualidade
que pode ser apenas temporária. Exemplo:
"Na época da ditadura militar, o Professor
Silva apoiava o regime vigente. Hoje ele é candidato à chefia do departamento.
Devemos eleger um reacionário como nosso chefe?”
Análise:
O fato de uma pessoa ter sido reacionária há
vinte anos não significa que continue a sê-lo. Deste modo, não se autoriza
conclusões generalizantes sobre a conduta atual do professor. O argumento
desconsidera a possível mudança de ideário do professor.
7. Coisificação, ou Reificação
Definição:
O erro de tratar um conceito abstrato (por
exemplo, "Liberdade", "Justiça" ou "Progresso")
como um ente real e concreto, como uma "coisa". Exemplo:
"O Brasil se tornará uma grande potência
porque esse é o seu destino. O país caminha prometido ao sucesso".
Análise:
Aqui, se designa algo chamado
"destino" como sendo a causa de algum acontecimento. Mas, tudo o que
sucede ao país é obra do destino? Se isso é verdade, então "destino"
parece ser um conceito determinista que deriva de um sofisma decorrente do
conceito de potência. Que ente misterioso é o destino, que seria capaz de tão
significantes eventos? A segunda enunciação mostra também a falácia da
circularidade, isto é, de argüir "em círculo", tautologicamente, sem
provas para embasar as afirmações.
- Perversão de Métodos Legítimos de Argumentação
8. Falácia “post hoc,
ergo propter hoc” (depois do fato, portanto devido a ele)
Definição:
Consiste em empregar cronologia para sustentar
uma prova de causa e efeito, ou seja, é o erro de acreditar que porque um
evento precede outro, o primeiro deve causar o segundo: Se B segue A, então A
deve ter causado B.
Exemplo 1:
"Estávamos perdendo dinheiro na firma há
muitos anos. Então, eu fui nomeado gerente. Agora estamos lucrando. A razão é
óbvia".
Análise:
Talvez sim, talvez não. Mas é possível que
outros fatores tenham influenciado o andamento da empresa (alterações no perfil
do mercado, uma melhoria no poder aquisitivo dos clientes, o desaparecimento de
um concorrente forte...)
Exemplo 2:
"Tanto a Revolução Francesa como a
Revolução Russa foram seguidas de rebelião literária. Claramente, revolta
política causa rebelião nas artes".
Análise:
Revoluções artísticas não necessariamente
decorrem de revoluções políticas; talvez rebelião política e artística sejam
ambas causadas por um terceiro fator; é possível também que não haja outra
relação além de mera coincidência. Os fatos apresentados não admitem, em si
mesmos, qualquer conclusão, pois desconsideram outras incidências possíveis
(por exemplo, tecnológicas ou demográficas). Pela mesma lógica falaciosa, a
Primeira Guerra Mundial deveria ser considerada a causa da Semana de Arte
Moderna em São Paulo, em 1922.
9. Falácia de Números Grandes
Definição:
O erro de tentar "impressionar" com
grandes números. Exemplo:
"Dez milhões de pessoas sofrem de doenças
mentais no Brasil. Esse é o nosso principal problema social".
Análise:
Num país com cerca de duzentos milhões de
habitantes, mais pessoas ainda podem sofrer de outros tipos de distúrbios.
Quase todo mundo tem cáries dentárias, mas as cáries não constituem nosso
principal problema de saúde. E qual é a regra que mede a seriedade dos
problemas sociais em simples números? Grandes cifras nos impressionam muito,
mas não deveriam eliminar a lógica para determinar a primazia de uma questão
social.
10. Falácia de Significância Ambígua
Definição:
O erro de tentar convencer através de
ambigüidade proposital nos termos ou nas premissas. Exemplo:
"89% dos brasileiros têm problemas de
cáries nos dentes".
Análise:
Antes de saber se esta é ou não uma afirmação
significante, o leitor teria que verificar como o Brasil se compara a outros
países do mesmo tamanho ou situação sócio-econômica para saber se este índice
está alto ou baixo. O bom jornalista procura estabelecer o contexto do problema
para o leitor. Este exemplo também demonstra as falácias de
"contextualização" e "números grandes".
11. Falácia de “Citação Fora do Contexto”, ou
Contextualização
Definição:
Selecionar de uma citação, apenas os trechos
mais convenientes para o ponto de vista do argumentador, distorcendo assim o
sentido do original. Exemplo:
O crítico literário escreve: "Eu leria
este livro com prazer apenas se fosse o único livro no mundo, ou se eu
estivesse numa ilha deserta e não tivesse mais nada para ler". Na sua
publicidade, a editora cita o crítico: "Eu leria este livro com
prazer....se eu estivesse numa ilha deserta....".
Análise:
Mutilando o conteúdo, a editora, para enganar o
leitor, dá a impressão de uma resenha favorável, o que não é o caso.
12. Falácias de Estatística
Definição:
Existem muitos tipos de falácias com relação ao
uso de estatística, entre os quais está a apresentação ambígua do contexto no
qual a quantificação foi determinada. Exemplo:
"LAVOL, o fantástico detergente, lava 95
vezes mais branco que qualquer outro sabão" (sem maiores detalhes e
comprovações).
Análise:
Não sabemos como foram feitos os testes, ou
quais as referências comparativas utilizadas para chegar ao sentido da
expressão "mais branco". O uso de estatística obriga o relator a
dizer os métodos usados, os controles do fabricante sobre a fórmula do produto
e outras variáveis relativas aos concorrentes.
13. Falácia de Composição
Definição:
É o erro de argumentar que o que é válido para
todos os membros de um grupo é válido para o grupo como um todo. Exemplo:
"Esta comissão deve ser preconceituosa,
uma vez que todos os seus membros, como todas as pessoas, têm
preconceitos".
Análise:
Certo, mas talvez os preconceitos individuais se
neutralizem um ao outro, ou se contrabalancem.
14. Falácia de Divisão
Definição:
Oposto a composição, é o erro de supor que o
que é válido para o grupo como um tudo, também é válido para cada um dos seus
membros. Exemplo:
"Se nós aplicarmos mais 20% em aumentos
salariais, todo mundo terá mais 20% para gastar".
Análise:
Isso depende de como o dinheiro é
proporcionalmente dividido. Alguns podem receber mais do que outros na
distribuição desse percentual.
15. Falácia Genética
Definição:
O erro de supor que o conhecimento das origens
de um produto do intelecto (um poema, um romance, um relato histórico...)
permite explicar sua forma ou sua estrutura. É freqüentemente encontrada em
críticas literárias que enfatizam excessivamente as influências biográficas na
criação literária de autores, como o caso do alemão Johann Goethe e seu romance
Os Sofrimentos do Jovem Werther. Exemplo:
"Sabemos que o poema 'Kubla Khan' veio ao
poeta inglês Samuel Coleridge num sonho; assim sendo, deve carecer de estrutura
racional".
Análise:
Uma obra, como esta do exemplo, na verdade tem
estrutura racional, apesar de sua origem num contexto normalmente não associado
ao racional. O crítico assume como conclusivo que o automatismo da linguagem
onírica só pode ser um delírio, nunca um discurso coerente, como ocorre no poeta
Coleridge.
16. Falácia da “Ladeira Escorregadia”
Definição:
Sugere que se permitimos que algo aconteça ou se
inicie, conseqüentemente uma outra coisa acontecerá, com certeza ou boa
probabilidade, seguida ainda de outra coisa, e assim por diante, descendo uma
"ladeira escorregadia", até chegar a uma situação claramente
indesejável. Exemplo:
"Agora querem registrar armas de uso
pessoal. Depois serão todas as armas; e mais tarde vão querer confiscar todas
as nossas armas. Será um estado totalmente controlado pela polícia".
Análise:
Pensando na possibilidade de um "Estado
policial", esquecemos que não ficou demonstrada a inevitabilidade da
seqüência de eventos sugeridos. Se existir qualquer dúvida sobre a conexão entre
um evento e outro, não é possível acreditar no enunciado, muito menos em sua
conclusão.
- Argumentos
Extraviados
17. Reivindicação à Perfeição, ou Exigência de
Perfeição
Definição:
Argumento que exige "solução
perfeita" para um dado problema, desprezando ou ridicularizando as demais
sugestões. Normalmente, toma a forma de uma objeção a uma idéia oferecida. Exemplo:
"A automação da indústria desemprega
muitas pessoas; assim, é economicamente desaconselhável".
Análise:
Talvez as vantagens duradouras da iniciativa
superem a desvantagem de suas conseqüências imediatas; ou talvez qualquer plano
alternativo tenha desvantagens maiores. Objeções existem para qualquer plano.
Soluções propostas não devem ser vistas como integralmente perfeitas ou totalmente
prejudiciais.
18. Falácia de Circularidade (petitio principii)
Definição:
É o erro de usar a repetição ou reiteração como
evidência ou prova numa discussão de relação entre causa e efeito. É o mesmo
que argumentar "num círculo" (circularidade), tendenciosamente e
tautalogicamente. Exemplo 1:
"O seu trabalho é inferior porque é
ordinário. Sendo ordinário é simplesmente inaceitável. E, uma vez que seu
trabalho não presta, nós não devíamos aceitá-lo".
Análise:
O enunciador não ofereceu nenhuma crítica clara
e objetiva ao trabalho, apenas o depreciou, revelando uma observação de caráter
emocional em lugar de um julgamento pertinente e referencial.
Exemplo 2:
"Advogados são honestos. Sua integridade é
comprovada pelo livro Homens e a Lei, obra elogiada sem reservas por sua
fidedignidade pelo Professor Ortiz, inquestionavelmente digno de confiança, uma
vez que ele mesmo é um jurista proeminente".
Análise:
O valor do testemunho do Professor Ortiz ganha
credibilidade como discurso de autoridade, ou seja, pressupõe que advogados são
honestos. Tais argumentos podem ser altamente enganosos, sobretudo quando um
falso mérito (o culto de "doutor") torna-se sinônimo de qualificação
profissional, representando status junto à opinião pública.
Exemplo 3:
A: "Moisés foi divinamente
inspirado".
B: "Como você sabe?"
A: "Porque a Bíblia disse que foi".
B: "Mas como vou saber se a Bíblia é
fidedigna?"
A: "Porque foi escrita por Moisés, que é
divino".
Análise:
O interlocutor assume como tácito aquilo mesmo que
tenta provar, usando a mesma afirmação tanto como premissa, como conclusão. O
enunciador continua repetindo sua enunciação, preso a um círculo no qual ele
não oferece nenhuma prova para dar mérito a sua afirmação. Esta falácia normalmente
é de fácil identificação, mas quando o discurso é longo, fica mais difícil
reconhecê-la. É bastante encontrada no discurso religioso, que se sustenta no peso
da autoridade de uma pessoa ou de um certo texto, não admitindo refutação (daí
os princípios fundamentalistas que sustentam a fé cega).
19. Autocontradição ou “cortina de fumaça”
Definição:
Apresentar dados logicamente incompatíveis. Exemplo
1:
"Isto não é o que o senhor pediu, mas
trabalhei muito nisto; então o senhor deve ficar satisfeito, pois, de fato,
trabalhei horas extras na biblioteca e em casa. Logo, o senhor deve me premiar
pelo esforço e tempo consumido nesse projeto".
Análise:
Não sendo o tipo de trabalho solicitado, não
adianta criar uma cortina de fumaça. Os argumentos são irrelevantes. O
enunciador faz um apelo emocional para que o esforço seja aceito em lugar da
competência.
Exemplo 2:
"Apesar dos aumentos em nossa empresa só
serem concedidos por merecimento, o senhor deve aumentar meu salário, mesmo que
meu trabalho não seja tão bom, pois, afinal de contas, faço parte da firma há
muito tempo, e o senhor sabe que eu sempre fiz o melhor que pude".
Análise:
Trata-se de apelação emocional, totalmente
desprovida da evidência fatual ou lógica.
20. Non-sequitur, ou "Não Segue"
Definição:
O erro de apresentar uma conclusão que não é
derivada das premissas ou evidências dadas. Exemplo 1:
"Esse é o melhor anúncio que eu já vi.
Então, deve melhorar nossas vendas".
Análise:
A conclusão depende inteiramente da opinião
subjetiva do falante, e como tal não permite tirar uma conclusão segura e
precisa.
Exemplo 2:
"Você tem um título de MBA? Então, você
deve ser um estudante muito aplicado".
Análise:
A informação que põe em relevo certos
prestígios e conquistas de reconhecimento notório não representa garantia de
competência.
21. Generalização Precipitada (secundum quid)
Definição:
O erro de afirmar que o que é verdade em
algumas instâncias deve ser verdade em todas ou em quase todas as instâncias,
ou de tentar estabelecer uma regra geral após achar algumas poucas evidências.
É tentar caracterizar uma grande população a partir da evidência de poucos de
seus membros. Exemplo 1:
"João estava atrasado para o serviço na
segunda-feira. Suzana e José estavam atrasados na terça-feira. João, Suzana e
José fazem parte do mesmo departamento, que tem vinte funcionários.
Evidentemente, os funcionários daquele departamento sempre chegam atrasados ao
serviço".
Análise:
As palavras "sempre",
"nunca" e "única" são termos absolutos, que não permitem
qualificação (como "quase sempre"), e só devem ser usadas quando
realmente apropriadas. Três pessoas entre vinte não representam uma
"tendência", mas uma amostragem baseada em ocorrências
circunstanciais e, portanto, não são de caráter representativo; logo, a
afirmação é incorreta.
Exemplo 2:
"Escrevemos ao Senhor Camargo sobre sua
fatura atrasada nos dias 7, 14 e 22 de maio. Ele não respondeu a esses pedidos.
Ele não responderia a nenhum outro pedido que pudéssemos mandar. Vamos
processá-lo".
Análise:
O enunciador pode provar que o Senhor Camargo
não respondeu? Talvez suas mensagens tenham se extraviado. O enunciador pode
provar que ele não vai responder a futuros pedidos?
Exemplo 3:
"Entrevistei cem pessoas em duas favelas
de São Paulo sobre seus hábitos alimentares. Acredito que as minhas conclusões
dão um retrato fiel da situação alimentar da população favelada na
cidade".
Análise:
Numa cidade com 1500 bolsões de pobreza, é
possível que haja mais variedade de respostas a permitir outras conclusões.
22. Generalização Desmedida (dicto simplicitir)
Definição:
Ocorre quando se faz afirmações sem apresentar
evidência convincente, ultrapassando tanto a lógica quanto a complexidade
inerente a contextos distintos. Neste tipo de generalização, se reúne pessoas
ou coisas numa só categoria na qual, na realidade, não se enquadrariam. É fazer
uma enunciação que, em essência, não tem valor nenhum. Exemplo:
"Todo mundo sabe que todos os brasileiros
são apaixonados por café, carnaval, praia e futebol".
Análise:
Não são. Embora consensualmente aceitemos
certas preferências coletivas como traços de uma cultura, é preciso respeitar
diferenças de gosto e costumes de caráter individual. Muitos brasileiros não
gostam de café, carnaval, praia e futebol.
23. Argumentando a partir da Ignorância (argumentum ad
ignorantiam)
Definição:
Afirmar que um determinado enunciado deve ser
verdadeiro porque não há evidência para refutá-la. Exemplo:
Um viajante afirma a seus amigos "Há
elefantes na Tailândia tão inteligentes que aprendem a se esconder em
árvores". Outro protesta, dizendo que passou um ano na Tailândia e nunca
os viu. O primeiro responde: eu disse!! Aqueles danados são inteligentes
demais!"
Análise:
Por este meio, não é possível provar que não
existam dragões, gnomos, serpentes do mar, unicórnios e similares, uma vez que
não há evidências contra eles. Disputas religiosas frequentemente usam essa
estratégia. Alguns alegam que a enunciação "Deus existe" é
verdadeira, já que não há evidência que comprove o contrário. Quando usada para
discutir conspirações na política, fica difícil combater essa falácia.
24. Jogo da Meia-Verdade
Definição:
Persuadir o interlocutor a acreditar numa
afirmação, por meio da ocultação de alguns elementos principais do conteúdo
informativo. É uma falácia difícil de detectar porque a parte faltante da
informação é invisível. Exemplo:
"A atual Lei para reduzir uso de armas de
fogo merece ser suprimida porque, desde que entrou em vigor, houve aumento da
criminalidade".
Análise:
É necessário averiguar o que de fato aconteceu
antes de acreditar na afirmação. Temos que examinar, sobretudo com
levantamentos estatísticos, o que aconteceu em outros locais (Estados, países),
no mesmo período em discussão. Não se deve aceitar tão facilmente que A causou
B. Este também é um exemplo da falácia Post Hoc Ergo Propter Hoc (nº 8).
25. Falácia do "Homem de Palha"
Definição:
É a técnica de descrever enganosamente ou de
deturpar as ideias do oponente (a fim de destruí-las mais facilmente), para em
seguida atacar essas ideias e concluir que foram demolidas. É uma falácia, pois
abandona a argumentação feita pelo oponente. Exemplo 1:
"A minha oponente nesta batalha para a
prefeitura da cidade é favorável à prática do aborto e acreditem, se for
eleita, ela e seu partido farão tudo para favorecer sua legalização. Quem vota
nela vai ter que responder a Deus por isso."
Análise:
A prática de aborto no Brasil não é um assunto
da esfera municipal, mas, sim, da esfera federal. Assim, o enunciador criou um
"homem de palha" (ou espantalho), usando um assunto irrelevante à
eleição municipal, e sugerindo indiretamente que seu adversário é incapaz de
separar suas crenças pessoais das suas ações políticas.
Exemplo 2:
"Devemos proibir todas as armas. Aqueles
que são contra essa proibição não acreditam que muitos crimes envolvem armas,
mas as estatísticas provam o contrário".
Análise:
Citando um argumento que é obviamente fraco, o
locutor espera ganhar a nossa concordância. A manipulação do apoio
argumentativo é evidente e não convincente.
26. Falácia de Bifurcação, ou de "Branco
ou Preto"
Definição:
É a apresentação de uma situação ou condição
com apenas duas alternativas, quando na verdade há ou pode haver outras
alternativas. A tentativa é de forçar o ouvinte a concordar com a posição do argumentador.
Exemplo:
"Brasil--Ame-o ou deixe-o". (Slogan
usado pelo governo militar brasileiro na década de 1970)
Análise:
Se não amo o Brasil do jeito que está, não
existe a opção de ficar aqui e tentar melhorar a situação? Este maniqueísmo é
uma forma de reducionismo, de simplificação excessiva do questão apresentada.
27. Mudança do Ônus da Prova
Definição:
É transferir, do falante ao ouvinte, a
necessidade de dar provas ou evidências para apoiar uma ideia, dando a
impressão de que a afirmação é verdadeira, a não ser que seu interlocutor seja
capaz de comprovar que está errado. O "ônus da prova", isto é, a
responsabilidade de comprovar um enunciado, é sempre da pessoa que faz a
afirmação. Transferir essa responsabilidade para o ouvinte é uma tática
desonesta. Exemplo:
"É claro que foi Deus quem criou o mundo e
todas as coisas nele. Se você não acredita nisso, então como você explica a
beleza do mundo natural e a perfeição do corpo humano?"
Análise:
Fé em Deus e em suas obras é uma questão de
foro intimo. O falante nesse caso se esquiva de sua responsabilidade em fornecer
evidência para sua própria afirmação e convenientemente lança toda a
responsabilidade de oferecer prova a quem não concordar com ele.
28. Falácia das Premissas Escondidas
Definição:
É a falácia de fazer uma pergunta contendo uma
pressuposição que faz supor que a suspeita levantada pela interrogativa seja
verdadeira. Qualquer resposta à pergunta pressupõe que tal fato ocorre. Exemplo:
"A minha concorrente nas eleições para a
prefeitura tem recebido apoio de todos os partidos políticos que antes eram seus
inimigos. Por que será? O que está atrás disso?"
Análise:
O enunciador faz uma insinuação seguida de
perguntas retóricas que têm premissas ocultas. A insinuação de que há algo
comprometedor no apoio dos antigos inimigos é clara, mas o falante não oferece
evidência de sua suspeita. Ele só oferece suposições e induções.
29. Estereótipos
Definição:
O erro de tratar um indivíduo como se fosse
totalmente definido pela condição de pertencer a um grupo, ignorando-se
totalmente sua individualidade. Ex:
"Ah, você sabe como é....meninos são
sempre desorganizados!"
Exemplo 2:
"Ora, que mais você poderia ter esperado
de um norte-americano... você sabe como eles são....".
Análise:
Desprezar, ridicularizar ou tratar
paternalisticamente uma ou mais pessoas por pertencerem a um determinado grupo
é injusto e preconceituoso, por deixar de lado seu aspecto mais importante: sua
individualidade, sua condição pessoal.
30. Condenando a Fonte (argumento ad hominem)
Definição:
É a tentativa de desacreditar o oponente,
transferindo a atenção da ideia em discussão para a pessoa associada a ela. O
falante tenta tirar a veracidade ou credibilidade das ideias do seu oponente
através do ataque à pessoa que representa as ideias.
Exemplo 1:
O deputado do partido de "esquerda"
afirma: "É importante limitar o desenvolvimento de armas nucleares em
nosso país porque é possível que os seus efeitos envenenem a atmosfera". E
um deputado de um partido considerado de "direita" responde:
"Não podemos acreditar na opinião do meu colega porque ele é
'esquerdista', e todo mundo sabe que a 'esquerda' está sempre tentando
controlar despesas militares".
Análise:
O segundo orador não provou a falsidade daquilo
que o primeiro falou. Argumentos têm que ser avaliados pelas suas qualidades
intrínsecas e não pelas qualidades das pessoas que os apresentaram.
Exemplo 2:
"Talvez nossa empresa precise de uma
cooperativa; mas se João está atrás dessa ideia, sou contra. Acho que ele é
comunista".
Análise:
É irrelevante a questão das convicções pessoais
de quem propõe uma ideia: os únicos propósitos que merecem ser discutidos são a
validade das afirmações e a qualidade da evidência apresentada para o suporte
das afirmações.
Exemplo 3:
"Aquele pedido parece bom, mas foi José
quem o assinou. A família dele é rica e ele está acostumado a esbanjar; assim
sendo, seu pedido vai nos custar mais do que podemos gastar".
Análise:
As qualidades boas ou ruins de quem propõe uma
ideia não devem entrar na discussão de argumentos, a favor ou contra o que quer
que seja. O foco de atenção deve ser apenas o conjunto de ideias apresentadas.
Exemplo 4:
"Você disse que a maioria dos policiais
não aceita suborno, mas, afinal de contas, você mesmo é um policial -o que mais
você poderia dizer?"
Análise:
Supor que a fonte da informação é tendenciosa
(a favor ou contra um grupo ou ideia) é agir de forma igualmente tendenciosa,
mantendo insolvente o que se pôs em questão. Num debate de ideias, é menos
relevante quem a pessoa "é ", do que aquilo que a pessoa "fez ou
está fazendo".
31. Argumento ao Povo (argumentum ad populum)
Definição:
É a tentativa de distrair a atenção da ideia em
discussão e criar no ouvinte o desejo de ser aceito dentro do grupo. Sugere que,
quanto mais pessoas apoiam uma ideia, mais correta ou verdadeira ela é. Em vez
de apresentar evidência referente à falsidade ou veracidade de uma enunciação,
substitui a informação por um apelo emocional. Exemplo 1:
"Talvez José fosse o melhor candidato à presidência
do clube, mas todo mundo vai votar em João. Entre na onda. Por que gastar seu
voto em alguém que não vai ganhar?"
Análise:
Aqui o falante está pedindo que o seu ouvinte ignore
sua inteligência, bom senso e caráter para votar em alguém em quem ele não
acredita. É uma apelação às emoções, aos sentimentos, ao desejo de estar inserido
no grupo que pode vencer; induz o interlocutor a sentir-se isolado e diminuído,
caso não acompanhe a maioria.
Exemplo 2:
"Todo bom brasileiro deve reconhecer a
importância do que estou dizendo. Você é um bom brasileiro, não é? Você
concorda comigo?"
Análise:
Ninguém tem o direito de forçar os outros a
concordar com suas definições sobre quem é bom e quem não é. Intimidação é
inaceitável num debate de ideias. Silogismos construídos com juízos de valor
(bom/mau) representam uma forma oblíqua de persuasão, totalmente
contra-indicada.
Exemplo 3:
"A terra é achatada! Veja!! todo mundo
acredita nisso!"
Análise:
Não é possível provar se a terra é achatada ou
não, citando crenças coletivas. Na história humana, crenças falsas foram
rebatidas com conhecimento de áreas específicas do saber, como a astronomia e a
geologia, por exemplo.
32. Argumento da Autoridade ou Antigüidade (argumentum ad antiquitam)
Definição:
O erro de afirmar que algo está
"correto" ou que é “bom" apenas porque é tradicional, antigo ou porque
foi ratificado por alguém importante e respeitável. Exemplo 1:
"Maradona é um jogador melhor que Pelé.
Acredito nisso porque o chefe do meu pai disse que é".
Análise:
Ninguém pode provar se uma determinada
enunciação é verdadeira ou não apenas porque alguém, mesmo sendo uma
autoridade, disse que é. Não é o prestígio da autoridade que faz a enunciação
verdadeira ou não, mas, sim, a apresentação de evidência para confirmar ou
refutar a enunciação. Deve-se também levar em conta que a autoridade esteja em
seu campo de especialização.
Exemplo 2:
"Nós sempre fizemos assim.....".
Análise:
Pode ser, mas isso não quer dizer que não está
na hora de averiguar se não há uma maneira melhor de fazer aquela tarefa.
33. Apelação ao Status Sócio-Econômico (argumentum ad crumenam)
Definição:
É sugerir que a classe social (ou o poder
econômico) do falante é critério para ele ter razão ou não; é assumir como certo
que pessoas bem-sucedidas financeiramente são honestas. Exemplo:
"O meu candidato a prefeito não precisa
roubar. Ele já é muito rico".
Análise:
Não há uma verdadeira relação de causa e efeito
entre a primeira parte da frase e a segunda. O falante não oferece evidência
convincente sobre a honestidade do candidato (por exemplo, ter apresentado uma
conduta digna quando ocupava cargos políticos anteriormente).
34. Apelação à Pobreza (argumentum ad lazarum)
Definição:
É acreditar ou sugerir que a pobreza do falante
garante que ele ou ela seja mais virtuoso, mais honesto, mais "puro"
do que alguém que seja rico. Ex:
"Sou melhor candidato, porque não sou nem
doutor, nem madame".
Análise:
Usar uma condição social desfavorável como
argumento é ocultar um silogismo, induzindo-nos a inferir falsamente que pobres
são incorruptíveis e ricos ("doutor" e "madame"), por
oposição, seriam venais.
35. Apelo às Emoções ou à Pena (argumentum ad
misericordiam)
Definição:
É a tentativa de ignorar a evidência, buscando
convencer o ouvinte a aceitar uma afirmação baseada no seu sentimento de
comiseração ou de superstição. Exemplo 1:
"Membros do júri, o réu nunca poderia ter
cometido esse crime. Afinal de contas, ele tem esposa e seis filhos".
Análise:
Suas responsabilidades familiares são
irrelevantes em relação à sua culpabilidade; o papel social de marido e pai não
isenta um indivíduo de ter interesses criminosos ou desvios patológicos de
comportamento.
Exemplo 2:
"Meus amigos, a minha concorrente para a
prefeitura tem o '13' como número do seu partido. Não vote no '13'. Dá um
tremendo azar!"
Análise:
Argumentos de ordem mística não são relevantes.
Visam à intimidação pela crença infundada ou pelo temor a uma superstição.
36. Falácia da Conclusão Irrelevante (ignoratio elenchi)
Definição:
É o erro de começar a provar um fato, mas
acabar provando outro. Exemplo:
"Para a imprensa, que quer saber se eu
mantenho contas bancárias em paraísos fiscais, eu lembro as obras mais
importantes da minha administração, entre elas um hospital, e que estive de
férias na Suíça quando me acusaram injustamente".
Análise:
Certos políticos, em debates televisivos, por
exemplo, são brilhantes em não responder diretamente às perguntas que lhes são feitas;
em vez disso, respondem sobre outro assunto tangencial e mais
"conveniente".
37. Falácia de "Dois Erros Fazem um
Certo" (tu quoquo)
Definição:
É o erro de justificar a idéia de que duas
ações erradas se cancelam e terminam com um valor positivo. É óbvio que não é
possível corrigir uma ação errada através de outra errada. Essa falácia é uma
apelação à idéia de consistência; o procedimento falacioso está em colocar
"panos quentes" num problema, sem lidar diretamente com o assunto em
discussão. Exemplo 1:
"Nixon não deveria ter sofrido processo de
impeachment no escândalo Watergate; outros presidentes permitiram
escândalos piores".
Análise:
O que outros presidentes fizeram não tem nada a
ver com a questão, a não ser que o arguidor possa provar que eles também não
deveriam ter sido depostos por impeachment.
Exemplo 2:
"Vou votar naquele político embora saiba
que ele é do tipo "rouba-mas-faz".
Análise:
O falante aceita a desonestidade como
inevitável e até a aprova, pois acredita que um comprometimento moral
(desonestidade) é irrelevante para quem administra uma cidade ou um Estado. O
mais importante parece ser o caráter empreendedor (fazer obras).
38. Apelação para Consideração Especial
Definição:
É a falácia de sugerir que sejam feitas menos exigências
ao considerar seus argumentos. É pedir consideração menos exigente ou menos rigorosa
do que normalmente seria o caso em instâncias similares. Exemplo:
"Senhores juízes, defendo o direito a
tratamento médico fora da detenção (em cadeias e prisões) para portadores de
diploma de curso superior e acho desnecessário ter que enumerar as muitas
justificativas inerentes ao assunto".
Análise:
As injustiças em muitas sociedades derivam da
arbitrariedade entre dois pesos e duas medidas na avaliação de argumentos. Um
ideal de justiça corresponde à equidade de critérios de julgamento, numa lógica
comum a todos os cidadãos, sem a possibilidade de prerrogativas.
39. Apelação pela Novidade (argumentum ad novitam)
Definição:
É o erro de afirmar que uma escolha ou uma
atitude é melhor simplesmente porque é nova, ou mais nova que outra. Exemplo:
"Voe pelo Concord, a mais nova maneira de reduzir distâncias(...) A avançada
tecnologia faz do Concord a melhor
expressão de inovação, conforto e segurança nos céus. Sua vida se renovará nas
asas do Concord".
Análise:
O termo "progresso" é frequentemente
usado para justificar certas decisões. A expressão "inovação
tecnológica" que lembra a ideia de progresso, não implica “renovação de
vida” e nem garante totalmente a “segurança” ou integridade física dos
passageiros contra qualquer sinistro.
40. Apelação pela Repetição (argumentum ad nauseum)
Definição:
Ocorre quando se crê que uma afirmação é mais
provável de ser verdadeira quanto mais vezes for dita. É tentar persuadir não
pela qualidade da evidência, mas pela constância com que se repete. Exemplo:
"Vamos enfiar esta mensagem do nosso
candidato goela abaixo do povão com 'spots' de trinta segundos a cada quinze
minutos o dia inteiro, em todas as rádios do país. Vamos saturar o eleitorado
com nossa visibilidade. Vamos vencer a oposição pela saturação".
Análise:
Ceder aos imperativos da publicidade repetitiva
é embotar a capacidade de discernir e questionar.
41. Falácia da Redução ao Absurdo (reductio ad absurdum)
Definição:
Consiste no erro de levar uma ideia ou conjunto
de ideias a suas consequências lógicas mais absurdas, e com isso tentar
destruir qualquer validade inerente a elas. Exemplo:
"Se permitirmos a substituição
generalizada de indivíduos por robôs em todos os setores industriais,
inevitavelmente chegaremos ao nível do desemprego total dos trabalhadores e a uma
revolução social de enormes proporções".
Análise:
Desconsiderar os fatores sociais que geram uma
mudança radical é reduzir os argumentos a uma suposição extremada. Por exemplo,
podemos considerar as mudanças que sucederiam no setor de prestação de serviços
(como consequência do avanço industrial), a absorver parte da mão-de-obra excedente.
42. Diversão
Definição:
É o erro de introduzir no discurso, uma anedota
com efeitos humorísticos, para distrair a atenção do ouvinte dos argumentos
pertinentes à discussão. Não é logicamente válido desviar uma corrente de
raciocínio com casos tangenciais. Exemplo:
"Os argumentos da indústria tabagista
contrários à criação de leis contra o fumo me lembram da fábula do lobo gordo
que provou com um grande 'show' de lógica que estava na natureza dos carneiros
serem comidos".
Análise:
Digressões, cujo mote é anedótico, são
inofensivas, mas não devem ser interpretadas como provas; são ilustrações que
carregam juízos parciais ou preconceituosos. A metáfora ou representação
simbólica é válida apenas em sentido figurado, sendo muito útil como ilustração.
Contudo, não devemos admitir fábulas ou anedotas na hora de fundamentar uma
tese ou enunciado.
43. A Falácia Temática
Definição:
É o erro de assumir que temas ou títulos pretensiosos
garantam a importância de teses, livros ou outras obras. Exemplo:
"A Missão Divina do Educador" (como
título de uma dissertação).
Análise:
O esforço de usar um título tão abstrato
garante não o estabelecimento da importância da obra, mas a tentativa de
impressionar por recursos semânticos ("missão" e "divina").
A provável superficialidade do trabalho foi camuflada com o acréscimo de uma aura mística, a fim de que o olhemos
com respeito.
44. Reducionismo Excessivo (plurium
interrogationum)
Definição:
Consiste no erro de simplificar excessivamente
ideias que fazem parte de contextos complexos e intelectualmente sofisticados,
como os discursos científicos e teológicos. A simplificação excessiva acaba
sendo um jogo de meias-verdades. Exemplo:
"A idéia expressa por Darwin de que o
Homem descende do macaco é absolutamente inaceitável, pois a Bíblia diz que
descendemos de Adão e Eva".
Análise:
Uma teoria, comprovada ou não, não pode ser
reduzida ao fundamentalismo de qualquer religião. A teoria da evolução é apenas
um exemplo. Mesmo ideias de cunho científico, até serem confirmadas ou
refutadas, merecem nosso ceticismo. Albert Einstein alertou para os perigos de
popularização de ideias científicas ao salientar que, se as explanações são
fáceis ou simples demais, o leitor pode ser enganado e acreditar que compreende
algo, quando na verdade não captou a verdadeira profundidade de uma conquista
científica".
45. Ameaça de Uso de Força (argumentum ad baculum)
Definição:
Ocorre no argumento que tenta intimidar o
ouvinte para garantir sua concordância com as idéias da afirmação. Exemplo:
"Faça assim ou você vai para o inferno
quando morrer!"
Análise:
Ameaças normalmente são usadas quando não há
argumentos coerentes para a defesa de uma idéia. Não é admissível buscar
convencer alguém, incutindo-lhe medo ou pavor, abusando, por exemplo, do fundamentalismo
religioso.
Referências
bibliográficas:
Retórica Aristotélica, de Flora Silva, disponível em:
Persuasão
e Retórica, de Sérgio Biagi Gregório, disponível em
Texto
de Fredric M. Litto
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