domingo, 8 de fevereiro de 2015

O Apagão da Ética e da Coerência na Política



O Apagão de Ética e a Desidratação da Coerência Ideológica

Você costuma ter a impressão de que os eleitores são frequentemente enganados pela demagogia dos políticos? Fica com a sensação de que fazem o oposto do que tanto prometeram ao povo?
Para seu consolo e azar da nação, você não está sozinho: há muitos milhões de cidadãos com idêntica sensação.

O "voto de cabresto", dizem que acabou... mas suspeito que tenhamos hoje outra modalidade muito mais nefasta: o "voto de antolho". o dicionário diz que antolhos são aquelas viseiras que se fixam próximo aos olhos dos equinos quando se pretende domesticá-los. Com uma visão unilateral, serão obedientes ao cavaleiro que irá montá-los e explorá-los. 

Ora, não é bem assim mesmo que os cidadãos brasileiros são tratados? Manipulados como rebanho dócil, facilmente se deixam seduzir por discursos ideológicos falaciosos e sempre recheados de manipulação semiótica rasa. Vítimas fáceis da rede midiática do 'marketing' eleitoral, caem no canto da sereia das 'bondades' infinitas e das balelas ideológicas: eis o retrato do eleitor brasileiro contemporâneo.

Após a eleição, o que você vê? além da absoluta ausência de criatividade e competência administrativa para resolver as questões mais básicas que prometeu resolver (o que mais sabem fazer além de aumentar a carga tributária?), o governante não se sente minimamente constrangido em executar ações administrativas manifestamente opostas e contraditórias àquelas que caracterizavam até ontem sua ideologia partidária. 

Ignorando completamente o programa de governo do próprio partido político pelo qual se elegeu, o que importa agora é contentar os financiadores da campanha, antes que estes últimos comecem a rosnar e a mostrar os dentes. Se não bastasse o 'vale-tudo' bizarro das alianças políticas espúrias e imorais do período de campanha, agora ainda teremos de engolir de uma só vez a incompetência e a incoerência ideológico-partidária dos eleitos, seja na esfera federal, seja na municipal.

Por outro lado, encontrar um brasileiro votando por ideal ligado ao interesse comum costuma ser mais raro que achar dinheiro vivo perdido na rua. A maioria parece visar apenas seus próprios interesses particulares ou familiares. Esse costuma ser seu principal, senão único critério de escolha. Eis, portanto, a isca que o político velhaco lança ao mar de eleitores espertalhões... 

Enquanto essa cultura burra não mudar, continuaremos assistindo a políticos, magistrados e administradores públicos nos fazendo de trouxas. Continuaremos inutilmente indignados. 

A simples divulgação de tais imoralidades por si só não resolve o problema de fundo. Se a mesma mídia que atinge milhões não se preocupa em gerar uma nova cultura, em educar esse cidadão para o exercício pleno de sua cidadania, então o resultado continuará o mesmo: a sensação frustrante e generalizada de que todos os políticos e partidos constituem “farinhas do mesmo saco” podre e que, assim, de nada adianta fiscalizar, lutar pela democracia ou pela melhoria da qualidade de nossas instituições políticas.

Desmoralizados não ficam apenas os maus políticos, mas também os bons, difíceis de se distinguir em meio ao mar de lama que toma conta do cenário... Ficam igualmente desmoralizados o sistema eleitoral, as instituições democráticas e demais mecanismos administrativos de contenção da criminalidade política. 

O que dizer do(a) governante que promete hoje um investimento significativo na Educação e amanhã cedo corta drasticamente suas verbas? O que dizer daquele que promete combate à corrupção hoje, e amanhã cedo corre proteger com unhas e dentes aos corruptos aliados? Que tratamento deve se dar para esse tipo de ratazana? 

Agora, responda: você acha que esse fenômeno tem alguma coisa a ver com a forma como votamos? Um povo que se dá ao luxo de jogar seu voto na lata de lixo ao usá-lo para protestos inócuos ou para fazer piadinhas ou ainda obter alguma vantagem pessoal, merece algo melhor? 
Que mudança positiva se pode esperar? Notem que aos poucos a nação vai sendo sugada pelo magnetismo irresistível do "buraco-negro-da-ausência-de-ética" e pior: vai achando tudo isso muito normal.

Hoje, assistimos indignados, aos nossos governantes e legisladores apelando à manipulação semiótica de símbolos e ícones de patriotismo e nacionalismo para disfarçar a própria incompetência em administrar os recursos públicos e combater eficazmente a corrupção (a qual, se não plantaram, estão pelo menos cultivando com muita boa vontade).

Os apagões de energia elétrica, a escassez de água potável, e a condição desastrosa em que se acha nossa Educação e demais setores Públicos não é mais grave do que o deserto moral no qual mergulhamos... 

O vácuo de ética segue absorvendo tudo de bom com seu  magnetismo quase irresistível... Tal "buraco-negro-de-ética" distorce o tempo e o espaço da democracia e cria um ambiente caótico e fértil para o vírus destrutivo da desesperança estúpida que chega a clamar por ditaduras e estúpidas intervenções militares. 

A solução para evitar tal apagão ético e a tamanha desertificação moral que afeta a esfera política de nossa nação passa pela mudança de cultura. Educadores, professores e cidadãos em geral, precisamos finalmente decidir que estamos fartos de tudo isso. Será que estamos? 

É urgente migrar do individualismo exacerbado e deslocar nosso foco para o interesse coletivo, pensarmos antes em nossa comunidade ou cidade. Além disso, enquanto alimentarmos a ideia de que somos débeis ou incapazes de mudar alguma coisa, continuaremos seduzidos pelo 'canto ideológico da sereia', acreditando em contos de fada da Direita e da Esquerda... 

O que você efetivamente pode fazer pela limpeza ética de sua comunidade, bairro ou cidade? Como você pode contribuir para deixar algo de bom para seus filhos e netos? Pense nisso!


Silvio mmax.

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