quarta-feira, 20 de maio de 2020

Autoconhecimento em tempos de pandemia

Autoconhecimento em tempos de pandemia


Relações entre autoconhecimento e sanidade do corpo e da mente


Vamos conversar um pouquinho sobre nós?
Sim, é verdade que conquistamos muitos avanços... analgésicos, vacinas, micro-ondas, computadores portáteis, internet, GPS, mísseis teleguiados e muito, muito mais... mas tampouco é novidade que qualquer contratempo  nos tira do sério... o que não faria conosco uma pandemia?
Toda crise estimula em nós o que temos de melhor... e de pior.
Todo o verniz cultural não é suficiente para esconder as mazelas humanas.
O paradoxo: somos frágeis e somos fortes, por distintos motivos.
Vivemos talvez mais... mas não mais felizes e conscientes. A quarentena e os conflitos decorrentes das dificuldades econômicas e de relacionamento afloram... mais irritados, mais sensíveis e instáveis, autocontrole se torna artigo de luxo.
Por que?
As filosofias, ciências, e até a metafísica da religião... podem fornecer dados, explicações e até certo ponto, ajudam... mas depois é “eu comigo mesmo”, e não tem mais conversa.
Nenhum saber, técnico ou místico, substitui o que só nós podemos fazer por nós mesmos: respirar, meditar, autoconhecer-se!
Autodomínio e autêntica felicidade? Paz e contentamento? Nada disso vem nos pacotes emergenciais ou nas cestas básicas.
Seja qual for a crise, só sobrevivemos enquanto respiramos. Respirar! Estamos esquecendo de respirar!
Ainda não somos craques na dinâmica de nossos próprios processos mentais e emocionais. Não saber como seus pensamentos e sentimentos são gestados e a pior das misérias... perder o controle e a paz é o preço que pagamos.
Se além de tudo, esquecemos de respirar conscientemente, ai de nós!
Viver é um desafio... viver é respirar! E respirar é relacionar-se com o mundo, com o outro. Todas as nossas relações são permeadas pelo ato de respirar.
Se respira mal, se relaciona mal... a pandemia é só mais uma variável na equação para mostrar que precisamos nos relacionar melhor conosco mesmos, com o mundo, com o outro... eis o mais profundo desafio!
Não ser vítima das circunstâncias, com ou sem pandemia, com ou sem Covid-19: eis o desafio!
Não somos produtos acabados de nossa herança genética ou cultural. Se fôssemos, não estaríamos aqui refletindo sobre tudo isso.
Mas é fato que as programações biológicas e culturais estão aí, influenciam sim, e muito mais determinarão nossas reações quanto mais inconscientemente respirarmos!
Nossa respiração nos diz se estamos bem ou mal... é ela que nos denuncia se estamos alegres ou deprimidos, irritados e furiosos ou contentes e relaxados.
Como você respira nas suas crises? Pois é bem assim que você está respirando agora, durante a crise da pandemia (ou durante qualquer outra das tantas crises pelas quais já passou).
Respirar é o jeito: tanto para se afogar, quanto para aprender a surfar, tudo depende da sua respiração, da sua consciência no presente, aqui e agora.
As ondas sempre vêm. Não há vida sem ondas. E mais uma vez, repito: não há vida sem respiração. Nenhum método de viver funciona sem respiração. Então respire e sobreviva! Respire e descubra mais sobre você mesmo!
Não é à toa que autoconhecimento começa com respiração: a ponte para o relaxamento e a meditação. Meditar, como respirar, pode ser a qualquer momento, do dia ou da noite. Respire e relaxe e verá tudo com maior clareza, cada vez mais...

3 comentários:

  1. Seu artigo me fez pensar que deve acontecer algo antes de percebermos a respiração e posteriormente pensarmos com clareza.

    Digo isso porque, conforme o artigo, tudo depende da sua respiração e não há vida sem ela. Ela nos fornece o diagnóstico de nosso ânimo.
    Contudo, não conseguimos perceber, principalmente durante as crises, se estamos respirando. Às vezes, não estamos por um momento e esse lapso nos joga para o fundo do abismo, empurrados por palavras ou ações inconvenientes por falta de domínio do momento.

    É verdade, não se pode ser vítima das circunstâncias, com ou sem pandemia. Por isso, é essencial que se saiba respirar e meditar a qualquer momento. Mas, me parece que precisa acontecer algo antes, para que a consciência de perceber a respiração se faça presente no momento em que mais precisamos.

    É só uma reflexão.

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  2. você tem razão, absolutamente!!!
    Sua percepção está correta.
    Algo precisa "estar aí", antes que alguém "lembre" que está respirando (ou fazendo qualquer outra coisa...rs)
    Esse "acontecer", 'isso' que "precisa acontecer antes" (utilizando suas palavras), é a própria consciência em si mesma.
    É ela que presencia o surgir e o desaparecer da atenção, dos pensamentos, das emoções, dos acontecimentos... então, é ela também que assiste a inspiração... e depois a expiração...e depois a inspiração...e depois a expiração... e depois...
    A consciência antecede a qualquer percepção, ela é anterior até mesmo o surgimento do senso de eu, da própria identidade...
    É ela que assiste a sua atenção surgindo e dispersando, saltitando daqui para acolá, incessantemente, conforme o fluxo de acontecimentos (ou de pensamentos), num processo contínuo.
    Portanto, é a consciência que acontece!
    Sem ela, nada existe para o sujeito

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    1. Perfeito, professor!
      Era a peça que faltava no meu quebra-cabeça!
      Obrigada!

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