Autoconhecimento em tempos de pandemia
Relações entre autoconhecimento e sanidade do corpo e da mente
Vamos conversar um
pouquinho sobre nós?
Sim, é verdade que
conquistamos muitos avanços... analgésicos, vacinas, micro-ondas, computadores portáteis,
internet, GPS, mísseis teleguiados e muito, muito mais... mas tampouco é
novidade que qualquer contratempo nos
tira do sério... o que não faria conosco uma pandemia?
Toda crise estimula em
nós o que temos de melhor... e de pior.
Todo o verniz cultural não
é suficiente para esconder as mazelas humanas.
O paradoxo: somos
frágeis e somos fortes, por distintos motivos.
Vivemos talvez mais...
mas não mais felizes e conscientes. A quarentena e os conflitos decorrentes das
dificuldades econômicas e de relacionamento afloram... mais irritados, mais sensíveis
e instáveis, autocontrole se torna artigo de luxo.
Por que?
As filosofias, ciências,
e até a metafísica da religião... podem fornecer dados, explicações e até certo
ponto, ajudam... mas depois é “eu comigo mesmo”, e não tem mais conversa.
Nenhum saber, técnico
ou místico, substitui o que só nós podemos fazer por nós mesmos: respirar,
meditar, autoconhecer-se!
Autodomínio e autêntica
felicidade? Paz e contentamento? Nada disso vem nos pacotes emergenciais ou nas
cestas básicas.
Seja qual for a crise, só
sobrevivemos enquanto respiramos. Respirar! Estamos esquecendo de respirar!
Ainda não somos craques
na dinâmica de nossos próprios processos mentais e emocionais. Não saber como
seus pensamentos e sentimentos são gestados e a pior das misérias... perder o
controle e a paz é o preço que pagamos.
Se além de tudo,
esquecemos de respirar conscientemente, ai de nós!
Viver é um desafio... viver
é respirar! E respirar é relacionar-se com o mundo, com o outro. Todas as
nossas relações são permeadas pelo ato de respirar.
Se respira mal, se
relaciona mal... a pandemia é só mais uma variável na equação para mostrar que
precisamos nos relacionar melhor conosco mesmos, com o mundo, com o outro... eis
o mais profundo desafio!
Não ser vítima das
circunstâncias, com ou sem pandemia, com ou sem Covid-19: eis o desafio!
Não somos produtos
acabados de nossa herança genética ou cultural. Se fôssemos, não estaríamos
aqui refletindo sobre tudo isso.
Mas é fato que as
programações biológicas e culturais estão aí, influenciam sim, e muito mais
determinarão nossas reações quanto mais inconscientemente respirarmos!
Nossa respiração nos
diz se estamos bem ou mal... é ela que nos denuncia se estamos alegres ou
deprimidos, irritados e furiosos ou contentes e relaxados.
Como você respira nas suas
crises? Pois é bem assim que você está respirando agora, durante a crise da
pandemia (ou durante qualquer outra das tantas crises pelas quais já passou).
Respirar é o jeito:
tanto para se afogar, quanto para aprender a surfar, tudo depende da sua
respiração, da sua consciência no presente, aqui e agora.
As ondas sempre vêm. Não
há vida sem ondas. E mais uma vez, repito: não há vida sem respiração. Nenhum
método de viver funciona sem respiração. Então respire e sobreviva! Respire e
descubra mais sobre você mesmo!
Não é à toa que autoconhecimento
começa com respiração: a ponte para o relaxamento e a meditação. Meditar, como
respirar, pode ser a qualquer momento, do dia ou da noite. Respire e relaxe e
verá tudo com maior clareza, cada vez mais...
Seu artigo me fez pensar que deve acontecer algo antes de percebermos a respiração e posteriormente pensarmos com clareza.
ResponderExcluirDigo isso porque, conforme o artigo, tudo depende da sua respiração e não há vida sem ela. Ela nos fornece o diagnóstico de nosso ânimo.
Contudo, não conseguimos perceber, principalmente durante as crises, se estamos respirando. Às vezes, não estamos por um momento e esse lapso nos joga para o fundo do abismo, empurrados por palavras ou ações inconvenientes por falta de domínio do momento.
É verdade, não se pode ser vítima das circunstâncias, com ou sem pandemia. Por isso, é essencial que se saiba respirar e meditar a qualquer momento. Mas, me parece que precisa acontecer algo antes, para que a consciência de perceber a respiração se faça presente no momento em que mais precisamos.
É só uma reflexão.
você tem razão, absolutamente!!!
ResponderExcluirSua percepção está correta.
Algo precisa "estar aí", antes que alguém "lembre" que está respirando (ou fazendo qualquer outra coisa...rs)
Esse "acontecer", 'isso' que "precisa acontecer antes" (utilizando suas palavras), é a própria consciência em si mesma.
É ela que presencia o surgir e o desaparecer da atenção, dos pensamentos, das emoções, dos acontecimentos... então, é ela também que assiste a inspiração... e depois a expiração...e depois a inspiração...e depois a expiração... e depois...
A consciência antecede a qualquer percepção, ela é anterior até mesmo o surgimento do senso de eu, da própria identidade...
É ela que assiste a sua atenção surgindo e dispersando, saltitando daqui para acolá, incessantemente, conforme o fluxo de acontecimentos (ou de pensamentos), num processo contínuo.
Portanto, é a consciência que acontece!
Sem ela, nada existe para o sujeito
Perfeito, professor!
ExcluirEra a peça que faltava no meu quebra-cabeça!
Obrigada!