O cerrado e as áreas de recarga dos aquíferos
publicado no Jornal da Cidade - Bauru - 30/09/2011
Quando as águas das chuvas atingem a superfície da Terra tomam três diferentes caminhos: uma parte evapora, outra escorre e outra infiltra. É esta última que nos interessa mais de perto no sentido de nos preocupar com a recarga dos respectivos aquíferos.
O processo de infiltração da água é dominado em sua maior parte pela ação da força gravitacional. Além dela, recebe influência também de outros fatores naturais ou antrópicos.
Em relação aos fatores naturais podemos destacar a mineralogia, a textura, a estrutura, umidade inicial, presença de pedregosidade, porosidade e forma do relevo, características relacionadas aos tipos e localização dos solos.
Os fatores antrópicos estão relacionados aos diferentes usos que se faz nessa superfície do solo tais como compactação, impermeabilização, retirada da vegetação natural e outros que vão afetar negativamente nos processos de infiltração da água nos solos.
Os solos, sob o ponto de vista dos recursos hídricos subterrâneos, desempenham duas funções importantes:
a de filtro – com papel importante na depuração natural das águas - e de regularização das vazões ou perenidade dos cursos de água superficiais nos períodos de seca.
Isto é bastante visível no clima de Bauru (tropical de altitude) com estação úmida no verão e estação seca no inverno. Estas funções são bastante eficientes nos solos arenosos como o de Bauru, mesmo quando situados em aquíferos fraturados em rochas cristalinas.
Observando a formação geológica de nossa região - conforme Mapa de Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo, publicado em 2005 pelo DAEE-IG-IPT-CPRM – a parte superior é formada pelo arenito Bauru que detém o Aquífero Bauru; logo abaixo temos a formação Serra Geral constituída por derrames basálticos, que podem estar fraturados e colocando em contato o aquífero inferior (Guarani) com o superior (Bauru) e o arenito Botucatu que contém o Aquífero Guarani.
Assim sendo, a área de recarga do Aquífero Bauru inicia-se praticamente no reverso da cuesta de Botucatu, estendendo-se para oeste até a calha do rio Paraná. Onde há fraturas no basalto pode também haver a recarga do Guarani.
Para se manter o fluxo de recarga dos aquíferos, temos que nos preocupar com as ações antrópicas evitando a compactação, a impermeabilização do solo e preservar as poucas reservas de vegetação natural que sobraram em nossa região como no caso as de cerrado.
O autor, José Carlos Rodrigues Rocha, é professor da Universidade Sagrado Coração - Bauru
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