Sobre
sombra, luz e sintonias
Quando
não me sinto bem, geralmente é porque não estou vendo as coisas claras o
suficiente para que eu me sinta bem...
o
"que" ou "quem" determina o meu “sentir”?
seria
algo alheio a mim, que não posso influenciar?
Será
que não me sinto bem por que as coisas não tinham ocorrido como eu gostaria?
Depois
vi que não... no fundo tudo acontecia não só como tinha que acontecer (do
melhor modo possível), mas tudo acontecia comigo conforme (inconscientemente)
eu mesmo havia escolhido. Caminhos que cada ser escolhe...
Depois
pensei...Se não é o que está “fora de mim” que determina se sou feliz ou
infeliz, como me sinto, então seria o que está dentro de mim?
alternativa
radical, e até perigosa se não se aprofundar a compreensão do que isso
significa...
no
final das contas, entender que sou absolutamente responsável, não me fez
tampouco mais “poderoso” a respeito de tudo aquilo que continuava
"acontecendo" ao meu aparente redor...
há
um “inconsciente coletivo”, como uma nuvem que perpassa todo o “ambiente
psíquico” planetário, que atinge a todos o tempo todo, porque somos humanos e
estamos conectados a tudo (e a todos, inconscientemente), sem exceção. Não é
possível não fazer parte do “todo”.
Então,
embora eu esteja de algum modo 'conectado' a toda essa massa de energia sutil
emanada por todos os demais humanos simultaneamente, ainda tenho a opção de
“sintonizar” estações diferentes, com diferentes "programações",
"espetáculos", "comédias, dramas ou tragédias", como faria
se tivesse um aparelho receptor de rádio ou TV.
Quando
olho para mim e penso: “puxa, que pensamento ruim !! que sentimento ruim! que
situação horrível!!...”, na verdade, desconfio que seja a sintonia que acabei
de fazer, que me faz sentir, e ver, e apalpar o mundo bem assim. Estou captando
aquela massa, aquela nuvem energética que está passando naquele momento. Posso
alimentá-la (se me identifico com ela) ou simplesmente deixá-la passar e
dissipar-se (quando não a julgo, não a condeno, nem me identifico com ela).
Pela
identificação, por alguns momentos (ou anos, ou décadas...), faço (como
co-criador de minha realidade que sou) faço "meus" todos aqueles
pensamentos e emoções e contextos... faço-me e entendo-me e sinto-me justamente
aquele "eu" que pensa e luta e se extasia e se arrebenta, visto-me
daquele ente/programa/memória pensante, entronizo-o, tornando-o pessoal e
íntimo, e real (ao menos a mim). Este algo que nada de mim contém, exceto minha
identificação está, mais uma vez, "vivo"!!! E graças a quem?
Se
eu mudo (consciente ou inconscientemente) o canal, a sintonia acontece em outra
faixa, noutra frequência vibratória... vou assistir, assim, a outro programa...
no qual mais uma vez, aparentemente, serei mero espectador de
acontecimentos... e mais uma vez crendo-me vítima fatal de circunstâncias aparentemente externas e sobre as quais penso
não ter qualquer controle.
Quando
mudo o canal, as ondas/frequências, mais ou menos densas, continuam por um
tempo, embora o “aparelho” já não as capte mais e já não me 'afetem' do mesmo
modo que antes...
outras
nuvens virão... e também passarão...
cada
nuvem, por pesada que seja, passa; mas enquanto não passa, vamos encarando a
tempestade, os raios, os ventos, o frio cortante e o calor escaldante... os ventos furiosos de sentimentos,
as descargas de emoções, a chuva pesada a castigar os sentidos mais
ordinários...
Às
vezes parece que procuramos as nuvens...às vezes ficamos a tentar fugir
delas... mas é sempre inútil fugir daquilo que nos cabe encarar.
Tampouco
conseguimos fugir de nossa própria sombra física. Encarando a “sombra”,
vamos entendendo que ela só existe porque um “sol” brilha sobre nós.
Sem
luz, nada de sombras. Todo esse jogo de sombra e luz tem um sentido, afinal.
E
cada um precisa descobri-lo por si mesmo.
Tudo,
no final das contas, tinha sua razão de ser!
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