Heróis e anti-heróis: onde estão?
É sério! Heróis e heroínas não são invenção de
Hollywood! Muito antes da escrita existir, já eram cantados entre os indígenas,
nórdicos, asiáticos, orientais, africanos e aborígenes. Posteriormente, valiosos
livros sagrados passaram a narrar poeticamente seus dramas e tragédias, seus conflitos,
dilemas, derrotas e vitórias. Ainda que dotados de admiráveis habilidades, heróis
e heroínas sempre foram mortais e também cometiam erros. Isso não os impedia de
se consagrarem legítimos líderes e inspiradores de suas gentes. Sua natureza híbrida
(parte humana, parte divina), lhes conferia uma dignidade que geralmente lhes custava
caro, muito caro.
Uma coisa se sabe: eram legítimos líderes! Não se permitiam viver
mediocremente e lutavam por fé, por ideal. Seu gênio, sua lealdade e coragem conferiam-lhes
a relevância que lhes permitiu serem celebrados e, seus feitos, reinterpretados
e recontados ao longo dos séculos, a ponto de muitos deles se tornarem paradigmas
morais e pedagógicos de seus respectivos povos e nações.
O
comportamento e a visão de mundo de um líder nos afeta, afeta nossa humanidade!
É nisso que um líder se distancia de um simples genitor biológico, de um mero chefe,
presidente ou político medíocre. O chefe pode ser obedecido porque é
temido, mas o herói, aquele que é líder, é sinceramente admirado, comanda pela
adesão consciente de seus liderados.
É verdade que a recente indústria cultural se apercebeu do
potencial comercial do tema, trazendo à luz os midiáticos super-heróis das
revistas em quadrinhos e da cinematografia. Pergunto: indo mais além da liberdade artística, haveria
ainda hoje, espaço para líderes reais, de carne e osso? Onde estão e como vivem?
Sim,
eles existem! Os autênticos líderes são os heróis e heroínas de nosso tempo. São
aqueles que nos inspiram e animam com seus exemplos, não com teorias e
discursos ao vento. Líderes, repare bem, são raros... sempre foram. Mas por
certo, você já conheceu alguns: de repente aquele educador ou educadora impossível
de esquecer, aquele pai ou mãe valoroso, aquele religioso ou político que demonstrou
com sua conduta, mais do que com a retórica, ser possível promover mudanças significativas
na mente e na vida das pessoas.
Agora,
esqueçamos por ora os falsários falastrões que traíram a confiança de seus
filhos, alunos ou de seus eleitores. Esses são os anti-heróis! Como tais, já conquistaram,
com sua pequenez moral, seu merecido espaço no livro universal da infâmia.
Proponho
um exercício simples: pegue papel e lápis e anote! Quem são seus heróis e
heroínas? Faça sua lista de honra! Quem fez real diferença em sua vida? Agora, feita
a lista, honremos sua humanidade e também sua origem divina. A divindade, antropologicamente
adornada, se faz refletir em cada líder, herói ou heroína que cruza nosso
caminho. São os guardiões de nossa esperança, de nossa fé. Fé na humanidade que
resta, em nós e nos outros.
Desgraçado
e medíocre o povo que não reconhece seus heróis e heroínas! A esses líderes que
nos inspiram a não desistir, a ir além de nossas próprias limitações, nossa profunda
gratidão. E também nossa petição de perdão, pelas vezes em que fomos indignos
de seu sacrifício e dedicação. Agora, só falta mais uma coisa para nossa
homenagem ser completa: seguir seus exemplos.
texto publicado no Jornal da Cidade em 10 de dezembro de 2016, pág. 02
http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=246166
Belíssima reflexão!!! Tão importante quanto a existencia dos heróis é a existência do reconhecimento de seus feitos pelo seu povo!
ResponderExcluirMuito grato pelo seu comentário, Samuel!
Excluirnão devemos transformar os heróis e heroínas em ídolos, mas seus exemplos são importantes para inspirar as novas gerações, para mostrar que é possível lutar contra as injustiças, com ética e com honra.