(…) Estamos condicionados, mas pode o pensamento ultrapassar as
próprias limitações? Só o pode se estivermos cônscios de nosso
condicionamento. Desenvolvemos certa qualidade de inteligência, em nossa
atividade de expansão pessoal: com a nossa avidez, (…) o nosso instinto
aquisitivo, (…) os nossos conflitos e penas; criamos uma inteligência
voltada à proteção e à expansão do “ego”. Pode essa inteligência
compreender o Real, o único capaz de resolver todos os nossos problemas?
(O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 201)
O que é conhecido não é o Real. Nosso pensamento está ocupado numa
constante busca de segurança, de certeza. A inteligência que promove a
expansão do “ego” busca, por força de sua própria natureza, um refúgio,
seja pela negação seja pela afirmação. (…)
(O Egoísmo e o Problema da
Paz, pág. 264)
(…) O essencial é sabermos se essa inteligência que foi cultivada na
expansão do “eu”, é capaz de perceber ou descobrir a verdade; ou
existirá outra espécie de atividade, (…) de percepção capaz de receber a
verdade? Para descobrir a verdade, é necessário estarmos livres da
inteligência que está ligada à expansão do “ego”, porquanto esta é
sempre circunscritiva, sempre limitante.
(O Egoísmo e o Problema da Paz,
pág. 201)
Acreditamos que, acumulando conhecimentos e experiências, estaremos
capacitados para compreender a vida com todas as suas lutas complexas.
(…) Com essa carga do passado, não nos é possível ver as coisas
diretamente; (…) Nunca enfrentamos coisa alguma de maneira nova, mas
sempre em conformidade com o “velho” (…)
(Percepção Criadora, pág. 100)
(…) Nosso pensamento-sentimento está colhido no processo horizontal
do “vir-a-ser”; o que vem a ser está sempre acumulando, sempre
adquirindo, sempre sempre a expandir-se. O “ego”, o que vem a ser, o
criador do tempo, jamais pode conhecer o Atemporal. O ego (…) é a causa
do conflito e do sofrimento.
(O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 176)
(…) Nós acumulamos as lembranças psicológicas e a elas nos apegamos,
dando assim continuidade ao “ego”; consequentemente, o ” ego”, o
passado, cresce continuamente, pois está sempre acrescentando algo a si
próprio. É essa memória cumulativa, o “ego”, que cumpre desaparecer;(…)
enquanto o pensamento-sentimento continuar a vir-a-ser, não poderá
conhecer a bem-aventurança do Real. (…)
(Idem, pág. 179)
Identicamente, acumulamos conhecimentos na esperança de que nossa
pequenina mente será ampliada e sua superficialidade superada, graças à
acumulação cada vez maior de erudição e saber. Mas pode o saber libertar
a mente (…)? O saber, pois, se torna um obstáculo, em vez de ser um
“processo” libertador.
(Viver sem Temor, pág. 52)
Se deseja um indivíduo
compreender um problema vital, não deve pôr à margem as sua tendências,
preconceitos, temores e esperanças, o seu condicionamento, e ficar
vigilante, simples e diretamente? (…) Essa auto-revelação é de grande
importância, porquanto nos desvendará o processo de nossos
pensamentos-sentimentos. Devemos penetrar profundamente em nós mesmos,
para acharmos a verdade” (…)
(O Egoísmo e o Problema da Paz, pág.
200-201)
(…) Você diz que o instrumento se aperfeiçoa por meio do pensamento.
Para mim o enfoque tradicional de aperfeiçoar o instrumento pelo ato de
pensar e assim ir mais além do pensamento, e o ato de cultivar a
inteligência e ir mais além do tempo, tudo isso continua na área do
pensamento. (…) Portanto, nesse mesmo pensamento está o pensador. (…)
(Tradición y Revolución, pág. 36)
(…) Se aprendo com o fim de adquirir conhecimentos com base nos quais
vou atuar, essa ação se torna mecânica. Porém, quando aprendo sem
acumular - o que significa perceber, escutar sem adquirir - a mente está
sempre vazia (…)
(Tradición y Revolución, pág. 48)
Pode a mente vazia estar alguma vez condicionada, e, se é assim, por
que se condiciona? Uma mente que na verdade está escutando, pode alguma
vez ser condicionada? Sempre está aprendendo, sempre se acha em
movimento. (…) Esse movimento não pode ter um começo e um fim. É algo
vivo, jamais condicionado. Uma mente que adquire conhecimento para
funcionar é uma mente condicionada por seu próprio conhecimento.
(Idem,
pág. 48)
E o que nós dizemos é por completo diferente; dizemos que esse
condicionamento pode ser totalmente erradicado para que o homem seja
livre. (…) Vamos ver se esse condicionamento - que está tão
profundamente enraizado nos esconderijos da mente, e que também está
ativo na superfície - pode ser compreendido de tal modo que o homem se
liberte de toda dor e ansiedade.
(La Llama de la Atención, pág. 82)
Como quase todos nós estamos inconscientes do nosso condicionamento,
não é essencial, antes de tudo, que nos tornemos cônscios dele? (…) Ora,
é óbvio que são justamente essas crenças e dogmas que criam inimizade
entre os homens (…)
(Viver sem Temor, pág. 23)
(…) O libertarmo-nos de todo condicionamento não significa
procurarmos um condicionamento melhor. Acho que essa é a parte essencial
da questão, porque só quando a mente não está condicionada é ela capaz
de resolver o problema do viver, como um processo total e não apenas num
dado nível, num segmento da existência. (Idem, pág. 24)
Vendo-nos condicionados, inventamos um agente divino que, como
piamente acreditamos, irá libertar-nos desse estado mecânico. (…) Assim,
sentindo-nos incapazes de nos descondicionarmos neste mundo, (…)
pensamos que a liberdade se encontra no céu, em Moksha, no Nirvana. (…)
Atualmente os psicólogos estão também lutando para resolver este
problema - e condicionam-nos mais ainda. Assim, os especialistas
religiosos nos condicionaram, a ordem social nos condicionou, a família
(…) nos condicionou. Tudo isso é passado, que constitui todas as camadas
claras e ocultas da mente (…)
(A Luz que não se Apaga, pág. 120-130)
(…) E podemos conhecer nosso condicionamento, nossas limitações,
nosso background, sem procurar forçá-lo ou analisá-lo, sublimá-lo ou
reprimi-lo? Pois tal processo implica a entidade que observa e se separa
da coisa observada (…) Enquanto houver observador e coisa observada, o
condicionamento tem de continuar. Por mais que o observador, o pensador,
o censor, lute para livrar-se de seu condicionamento, continuará preso
nesse condicionamento, uma vez que a divisão entre “pensador” e
“pensamento”, “experimentador” e “experiência”, é o próprio fator que
perpetua o condicionamento; (…)
(Realização sem Esforço, pág. 42)
Todos estamos condicionados - como ingleses, russos, hinduístas,
cristãos, budistas (…) Somos moldados pela sociedade, pelo ambiente; nós
somos o ambiente. (…) A totalidade do condicionamento da mente é o
“conhecido”, e esse condicionamento pode ser quebrado, mas não por meio
de análise. Só pode ser quebrado quando considerado de maneira negativa,
e essa maneira negativa não é oposto da positiva. (…)
(O Homem e seus
Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 93)
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