sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

o que é ciência?



O que é ciência?


Contemporaneamente, há dezenas de conceituações e pouco consenso sobre quais são os pressupostos definidores do que é “conhecimento científico”. Para chegarmos a um conceito razoável de ciência, devemos recorrer à filosofia da ciência.

Observando inúmeros fatos do nosso dia a dia, percebemos a ocorrência de fenômenos regulares, que se repetem: as estações do ano, a atração dos corpos, os ciclos da natureza em geral... Ao examinar as regularidades, a ciência procura chegar a uma conclusão geral que possa ser aplicada a todos os fenômenos semelhantes; ela procura estabelecer “enunciados generalizadores”, descobrir as leis que regem o mundo, tanto no âmbito macrocósmico quanto no nível microcósmico.

Conforme nos adverte Paul Davies, a ciência “envolve mais do que a mera catalogação de fatos ou a descoberta por meio da tentativa e erro, dos modos de proceder para que as coisas funcionem”. A “verdadeira ciência” envolve “a descoberta de princípios que subjazem e conectam os fenômenos naturais”. Tais princípios, para serem válidos, devem operar como leis (serem universais e necessárias). A função básica destes enunciados é explicar sinteticamente como o mundo funciona e prever novos fenômenos.

Para sabermos melhor o que é “conhecimento científico”, precisamos distingui-lo do chamado conhecimento do senso comum. Se pensarmos em como os antigos interpretavam o mundo, poderemos igualmente nos perguntar: como duvidar que o sol seja menor do que a Terra se, todo dia, vemos um pequeno círculo brilhante percorrendo o céu? Como duvidar que a terra seja imóvel se diariamente vemos apenas o sol e as estrelas se moverem e percorrer o céu? Como cada espécie de animal surgiu? Como imaginar um peixe evoluindo até tornar-se réptil ou pássaro, se não presenciamos ditas transformações em nosso cotidiano? 

Questões como estas estão presentes na nossa vida e expressam o que nós chamamos de "senso comum". Porém a astronomia nos revela que o sol é muitas vezes maior do que a Terra e que é a Terra que se move em torno deste sol, ou ainda a biologia nos sugere que certas espécies complexas surgiram de outras mais simples.

O senso comum encerra um saber não-sistematizado, mas útil para o homem na sua vida cotidiana. É obtido geralmente pelas observações realizadas pelos sentidos, sem preocupar-se com a investigação e o questionamento, ao contrário da ciência.


Classificação das ciências

Se dissermos “Ciência” (no singular), nos referimos a um modo ou ideal de conhecimento. Ao dizermos “Ciências” (no plural), referimo-nos às diferentes maneiras de realização do ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos investigados e os diferentes métodos e tecnologias empregados. Conforme salienta Marilena Chauí, a partir do século XVII, a filosofia tende a desaparecer nas classificações científicas, pois cientistas e filósofos acabam chegando ao consenso de que a filosofia é um “saber” diferente do científico.

Chauí ainda ressalta que, das inúmeras classificações propostas, as mais conhecidas e utilizadas foram feitas por filósofos franceses e alemães do século XIX, baseando-se em três critérios: tipo de objeto estudado, tipo de método empregado, tipo de resultado obtido.

Veremos a seguir um exemplo de classificação das ciências que se costuma utilizar na atualidade:

ciências matemáticas ou lógico-matemáticas (aritmética, geometria, álgebra, trigonometria, lógica, física pura, astronomia pura, etc.);

ciências naturais (física, química, biologia, geologia, astronomia, geografia física, paleontologia, etc.);

ciências humanas ou sociais (psicologia, sociologia, antropologia, geografia humana, economia, lingüística, psicanálise, arqueologia, história, etc.);

ciências aplicadas (todas as ciências que conduzem à invenção de tecnologias para intervir na Natureza, na vida humana e nas sociedades, como por exemplo, direito, engenharia, medicina, arquitetura, informática, etc.).


Cada uma destas ciências, por sua vez, subdivide-se em ramos específicos, com nova delimitação do objeto e do método de investigação. Assim, por exemplo, a física subdivide-se em mecânica, acústica, óptica, etc; a biologia em botânica, zoologia, fisiologia, genética, etc.; a psicologia subdivide-se em psicologia do comportamento, do desenvolvimento, psicologia clínica, psicologia social, etc. E assim sucessivamente. Por sua vez, os próprios ramos de cada ciência subdividem-se em disciplinas cada vez mais específicas, à medida que seus objetos conduzem a pesquisas cada vez mais detalhadas e especializadas.


Síntese produzida por Silvio Motta Maximino

Fonte bibliográfica consultada:
Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.

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