por Matthieu Ricard, página 14.
A verdadeira questão não é então se “Queremos mudar?“, mas “É possível mudar?”
Podemos, com efeito, imaginar que as emoções
perturbadoras estão intimamente associadas á mente que seria impossível
livrarmo-nos delas, a menos que destruíssemos uma parte de nós mesmos.
É certo que nossos traços de caráter geralmente mudam pouco. Se
observados com alguns anos de intervalo, raros sãos os coléricos que se
tornam pacientes, os atormentados que encontram a paz interior ou os
pretenciosos que passam a ser humildes. Entretanto, por mais raro que
seja, alguns mudam, e a mudança que neles se opera mostra que não se
trata de algo impossível.
Nossos traços de caráter perduram enquanto não fazemos nada para
melhorá-los e deixamos nossa indisposição e nosso automatismo se manter,
até mesmo ganhar força a cada pensamento, dia após dia, ano após ano.
Mas eles não são intangíveis.
A malevolência, a avidez, o ciúme e outros venenos mentais fazem,
indiscutivelmente, parte de nossa natureza, mas há diferentes formas de
fazer parte de alguma coisa. A água, por exemplo, pode conter cianureto e
nos levar a morte imediata. Entretanto, misturada com um remédio,
cura-nos. Por si mesma, ela nunca se tornou tóxica nem medicinal. Os
diferentes estados da água são temporários e anedóticos, como nossas
emoções, humores e traços de personalidade.
FONTE: http://sobrebudismo.com.br/a-arte-de-meditar-e-possivel-mudar/
Nenhum comentário:
Postar um comentário