domingo, 30 de novembro de 2014

Chomsky e a grande mídia


Observações importantes:
em geral, não se deve utilizar a wikipedia para trabalhos acadêmicos por vários motivos óbvios (ainda bem que o texto abaixo não compõe nenhum trabalho acadêmico meu...rs...). 
Porém, em se tratando de uma consulta rápida, ou se queremos uma pequena noção de certo assunto interessante, eis que ela pode ser útil.  Eis o caso!
Por isso, peço licença aos leitores para citar a wikipedia como fonte (liberdade que raramente lanço mão). 
Aconselho, contudo, para um razoável aprofundamento do tema, a leitura das obras originais (ou boas traduções) do próprio Chomsky.


A perversidade da mídia de massa

O famoso e polêmico Chomsky desenvolveu uma análise crítica e perspicaz dos meios de comunicação de massa (em especial aos norte-americanos).
Nela, ele resolveu abordar as estruturas, restrições e o apoio que essa categoria de mídia oferece à consolidação do poder político e econômico dos grandes conglomerados industriais e comerciais, bem como dos grupos políticos alojados nas principais instituições políticas e estruturas estatais.

Ao contrário do que ocorre nos sistemas políticos de tipo totalitário, nos quais a força física e a censura política explícita são sistematicamente utilizadas para coagir o povo de modo geral, nas sociedades mais democráticas (como Estados Unidos, por exemplo), por outro lado, faz-se necessário lançar mão de outros meios de controle bem mais sutis, mas não menos eficientes. 

"a propaganda representa para a democracia aquilo que o cacetete significa para o Estado totalitário." (Chomsky)

Na obra A Manipulação do Público (escrito em conjunto com Edward S. Herman), Chomsky explora apresenta numerosos estudos para fundamentar seu modelo explicativo de como a manipulação das massas a partir da ação dos meios de comunicação (veja também Teoria da Propaganda de Chosmky e Herman).

A teoria de Herman e Chomsky busca uma explicação coerente para a existência de um generalizado "viés sistêmico dos meios de comunicação em termos de causas econômicas e estruturais". Ou seja, não se trata de ficarmos imaginando "conspirações", oriundas de pessoas ou grupos contra a sociedade. O modelo elaborado por Chomsky se repete frequentemente e deriva da coexistência de cinco filtros aos quais toda notícia precisa vencer antes de ser publicada. Tais filtros combinados, perversa e sistematicamente distorcem a cobertura e veiculação das notícias.

Abaixo, segue a descrição sucinta destes filtros:


O primeiro filtro - o da propriedade dos meios de comunicação - deriva do fato de que a maioria dos principais meios de comunicação pertencem às grandes empresas (isto é, às "corporations").

O segundo filtro - o do financiamento - deriva do fato dos principais meios de comunicação obterem a maior parte de sua receita não de seus leitores mas sim de publicidade (que, claro, é paga pelas grandes empresas). Como os meios de comunicação são, na verdade, empresas orientadas para o lucro a partir da venda de seu produto - os leitores! - para outras empresas - os anunciantes! - o modelo de Herman e Chomsky prevê que se deve esperar a publicação apenas de notícias que reflitam os desejos, as expectativas e os valores dessas empresas.

O terceiro filtro - é o fato de que os meios de comunicação dependem fortemente das grandes empresas e das instituições governamentais como fonte de informações para a maior parte das notícias. Isto também cria um viés sistêmico contra a sociedade.

O quarto filtro - é a crítica realizada por vários grupos de pressão que procuram as empresas dos meios de comunicação para pressioná-los caso eles saiam de uma linha editorial que esses grupos acham a mais correta (isto é, mais de acordo com seus interesses do que de toda a sociedade).

O quinto filtro - As normas da profissão jornalista. Tal filtro se refere aos conceitos comuns divididos por aqueles que estão na profissão do jornalismo.

O modelo de Chomsky descreve como os meios de comunicação formam um sistema de propaganda descentralizado e não conspiratório o qual, no entanto, é extremamente poderoso. Esse sistema cria um consenso entre a elite da sociedade sobre os assuntos de interesse público estruturando esse debate em uma aparência de consentimento democrático que atendem aos interesses dessa elite. 

Uma conspiração é um acordo entre duas ou mais pessoas para cometer um crime ou realizar uma ação ilegal contra a sociedade. No presente caso, o sistema de propaganda não é conspiratório porque as pessoas que dele fazem parte não se juntam expressamente com o objetivo de lesar a sociedade, mas é isso mesmo que acabam fazendo.
Chomsky e Herman testaram seu modelo empiricamente tomando "exemplos pareados", isto é, pares de eventos que são objetivamente muito semelhantes entre si, exceto que um deles se alinha aos interesses da elite econômica dominante, que se consubstanciam no interesse das grandes empresas, e o outro não se alinha.
Eles citam alguns de tais exemplos para mostrar que nos casos em que um "inimigo oficial" da elite realiza "algo" (tal como o assassinato de um líder religioso), a imprensa investiga intensivamente e devota uma grande quantidade de tempo à cobertura dessa matéria. Mas quando é o governo da elite ou o governo de um país aliado que faz a mesma coisa (assassinato do religioso ou coisa ainda pior) a imprensa minimiza a cobertura da história.
De maneira crucial, Herman e Chomsky também testam seu modelo num caso que muitas vezes é tomado como o melhor exemplo de uma imprensa livre e agressivamente independente: a cobertura dos meios de comunicação da Ofensiva do Tet durante a Guerra do Vietnã. Mesmo neste caso, eles encontram evidências que a imprensa estava se comportando de modo subserviente aos interesses da elite.

fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky

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