Serão esses os "animais" políticos de Aristóteles?
Após 43 anos tão densamente vividos, a gente aprende a se irritar
cada vez menos. Tenho, contudo, minhas fraquezas. Uma delas são esses
imbecis reducionistas que, com seus ternos mal cortados e seus títulos
comprados, se arvoram de uma pretensa autoridade - na verdade
inexistente - e reduzem qualquer discussão política a “ser de esquerda
ou direita”, “ter orientações capitalistas ou socialistas”.
Ao observá-los, sempre tão engomados e orgulhosos de suas ideias irrefletidas, simplistas, quadradas, apressadas e consonantes com o discurso fácil que todos esperam ouvir (único critério a lhes guiar), não consigo tirar da mente a frase de Machado de Assis: “Há pacóvios muitos bem vestidos, assim como há tolices muito bem ornadas”.
Esquerda e direita já se revelaram historicamente como rótulos incapazes de definirem a propensão de partidos ou indivíduos ao bem comum, que é ou ao menos deveria ser o fim último de qualquer ação política. Do mesmo modo, socialismo e capitalismo falharam, por repetidas vezes, em suas tentativas de explicar ou resolver as desgraças humanas. Mesmo assim, o aparvoado apegado a rótulos não consegue transcender, não vai além, não evolui, e, como mula empacada que é, atrapalha e atrasa o trânsito da história, sempre propalando suas cretinices anacrônicas àquela gente preguiçosa que consome todo tipo de enlatado pronto, inclusive ideias. Isso realmente me irrita.
Para suavizar a irritação que causam, é preciso rir desses asnos empacados na trilha dos tempos, que, por não possuírem autoridade no argumento, tentam enfiar goela abaixo dos preguiçosos o argumento da autoridade que imaginam ser.
Tentarei explicar o erro medieval desses elos perdidos. Não com um argumento técnico, filosófico ou ao menos formalmente lógico, mas sim com duas piadas que nos foram deixadas pelo inrotulável Millôr Fernandes, pois, como já disse, quero rir dessa gente.
A primeira piada é a seguinte: “A diferença fundamental entre esquerda e direita é que a direita acredita cegamente em tudo que lhe ensinaram, e a esquerda acredita cegamente em tudo que ensina”. Fico sempre preocupado se tais imbecis obtusos entendem o fato dessa piada sugerir que esquerda e direita, apesar de se imaginarem tão diferentes, são iguais no que diz respeito a possuírem uma fé cega e fanática, e que qualquer coisa que nos cegue, por isso mesmo nos incapacita, nos limita. Vá lá... Eu sei que explicar uma piada é péssimo, mas acreditem: neste caso é necessário! Quem sabe em 20 anos eles entendam e consigam rir também?
Vamos a segunda piada: “O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O socialismo é o contrário”. Bem... Essa eu não vou explicar para deixar um certo mistério no ar ...
Pacóvios, vocês me irritam, mas eu gosto de rir de vocês.
Luciano Olavo da Silva
Analista Judiciário no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo
fonte:
https://www.linkedin.com/pulse/ser%C3%A3o-esses-os-animais-pol%C3%ADticos-de-arist%C3%B3teles-luciano-olavo?trk=prof-post
Ao observá-los, sempre tão engomados e orgulhosos de suas ideias irrefletidas, simplistas, quadradas, apressadas e consonantes com o discurso fácil que todos esperam ouvir (único critério a lhes guiar), não consigo tirar da mente a frase de Machado de Assis: “Há pacóvios muitos bem vestidos, assim como há tolices muito bem ornadas”.
Esquerda e direita já se revelaram historicamente como rótulos incapazes de definirem a propensão de partidos ou indivíduos ao bem comum, que é ou ao menos deveria ser o fim último de qualquer ação política. Do mesmo modo, socialismo e capitalismo falharam, por repetidas vezes, em suas tentativas de explicar ou resolver as desgraças humanas. Mesmo assim, o aparvoado apegado a rótulos não consegue transcender, não vai além, não evolui, e, como mula empacada que é, atrapalha e atrasa o trânsito da história, sempre propalando suas cretinices anacrônicas àquela gente preguiçosa que consome todo tipo de enlatado pronto, inclusive ideias. Isso realmente me irrita.
Para suavizar a irritação que causam, é preciso rir desses asnos empacados na trilha dos tempos, que, por não possuírem autoridade no argumento, tentam enfiar goela abaixo dos preguiçosos o argumento da autoridade que imaginam ser.
Tentarei explicar o erro medieval desses elos perdidos. Não com um argumento técnico, filosófico ou ao menos formalmente lógico, mas sim com duas piadas que nos foram deixadas pelo inrotulável Millôr Fernandes, pois, como já disse, quero rir dessa gente.
A primeira piada é a seguinte: “A diferença fundamental entre esquerda e direita é que a direita acredita cegamente em tudo que lhe ensinaram, e a esquerda acredita cegamente em tudo que ensina”. Fico sempre preocupado se tais imbecis obtusos entendem o fato dessa piada sugerir que esquerda e direita, apesar de se imaginarem tão diferentes, são iguais no que diz respeito a possuírem uma fé cega e fanática, e que qualquer coisa que nos cegue, por isso mesmo nos incapacita, nos limita. Vá lá... Eu sei que explicar uma piada é péssimo, mas acreditem: neste caso é necessário! Quem sabe em 20 anos eles entendam e consigam rir também?
Vamos a segunda piada: “O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O socialismo é o contrário”. Bem... Essa eu não vou explicar para deixar um certo mistério no ar ...
Pacóvios, vocês me irritam, mas eu gosto de rir de vocês.
Luciano Olavo da Silva
Analista Judiciário no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo
fonte:
https://www.linkedin.com/pulse/ser%C3%A3o-esses-os-animais-pol%C3%ADticos-de-arist%C3%B3teles-luciano-olavo?trk=prof-post