Nós Jamais Nascemos
Excelente vídeo produzido pelo diretor espanhol Sergi Castella, que transformou uma
carta escrita em janeiro de 1957 de Jack Kerouac para sua então
ex-esposa Eddie Parker.
Castella transformou as palavras de Kerouac em
“We Were Never Born” (Nós Jamais Nascemos), vídeo feito em 2010 e patrocinado pela fabricante de bicicletas catalã
Dosnoventa Bike.
Para pontuar o texto dessa carta, Castella
escolheu duas canções: “Gonna Cut You Down”, tema de domínio público na versão
inspirada de Johhny Cash, e “Time”, um dos carros-chefe de “The Dark
Side of The Moon”, do Pink Floyd.
Segue trecho da carta escrita por Ti Jean:
“Tenho um bocado de coisas para te ensinar agora, no caso de nunca mais
nos vermos, relativas à mensagem que me foi transmitida embaixo de um
pinheiro na Carolina do Norte em uma noite fria e enluarada de inverno.
Diz-se que nada nunca acontece, então não se preocupe.
É tudo como um
sonho.
Tudo é êxtase, no interior.
Nós só não sabemos disso por causa de
nossas mentes pensantes.
Mas em nossa verdadeira essência da mente
sabemos que tudo está certo lá dentro.
Feche seus olhos, deixe suas mãos e terminações nervosas relaxarem, pare
de respirar por 3 segundos, escute o silêncio que está por trás da
ilusão do mundo, e você se lembrará da lição que esqueceu, e que foi
ensinada na imensa e suave nuvem da Via Láctea inumeráveis mundos atrás e
nunca mais depois disso.
Tudo e uma só coisa desperta. Eu a chamo de
Eternidade Dourada. É perfeito.
Nós nunca realmente nascemos, nós nunca iremos realmente morrer.
Isso
não tem nada a ver com a ideia imaginária de um “eu” pessoal, outros
“eus”, muitos “eus” em todos os lugares: “Eu” é apenas uma ideia, uma
ideia de mortais, que ocorre a todas as coisas que são uma coisa.
É um
sonho que já acabou.
Não há nada a temer e nada a agradecer.
Eu sei disso por olhar as
montanhas por meses a fio.
Elas nunca mostram nenhuma expressão, são
como a vacuidade do espaço.
Você acha que a vacuidade do espaço irá
algum dia desmoronar?
As montanhas irão desmoronar, mas a vacuidade do
espaço, que é a essência universal da mente, o vasto despertar, vazio e
consciente, jamais desmoronará porque jamais nasceu”.
A carta termina com um poema:
“O mundo que você vê é só um filme em sua mente
Pedras não o veem
Abençoe e sente-se
Pratique a gentileza o dia inteiro
e com todos
e você perceberá que já está no Paraíso agora
Essa é a história
Essa é a mensagem
Ninguém a compreende
Ninguém a escuta
Eles estão todos correndo por aí como galinhas com cabeças cortadas.
Eu tentarei ensinar, mas será em vão
E então irei acabar em um barraco
Orando e sendo legal e cantando na frente do meu fogão a lenha
Fazendo panquecas.”
(parte do texto retirada do site que não está mais ativo: https://www.portalbei.com.br/grings/tag/jack-kerouac/)
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