domingo, 29 de junho de 2014

O Nível do Ser





O Nível do Ser



Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Para que vivemos? Por que vivemos?...

Inquestionavelmente, o pobre "Animal Intelectual", equivocadamente chamado homem, não só não sabe como, além disso, nem sequer sabe que não sabe... 

O pior de tudo é a situação tão difícil e tão estranha em que nos encontramos. Ignoramos o segredo de todas as nossas tragédias e, não obstante, estamos convencidos de que sabemos tudo... 

Transporte-se um "mamífero racional", uma dessas pessoas que na vida se presume influente, ao centro do deserto do Saara. Deixe-o ali, longe de qualquer oásis, e observe de uma nave aérea tudo o que acontece.   

Os fatos falarão por si mesmos: o "humanóide intelectual", ainda que se presuma de forte e se ache muito homem, no fundo, resulta espantosamente débil... 


O "animal racional" é cem por cento tolo; pensa o melhor de si mesmo; acredita que pode desenvolver-se maravilhosamente mediante o jardim de infância, manuais de etiqueta social, escolas primárias e secundárias, bacharelato, universidade, do bom prestígio do papai, etc., etc., etc...
Desafortunadamente, por trás de tantas letras e bons modos, títulos e dinheiro, bem sabemos que qualquer dor de estômago nos entristece e que, no fundo, continuamos sendo infelizes e miseráveis...
Basta ler a história universal para saber que somos os mesmos bárbaros de outrora e que, em vez de melhorar, nos tornamos piores...
Este século XX, com todos os seus espetáculos de guerras, prostituição, sodomia em escala mundial, degeneração sexual, drogas, álcool, crueldade exorbitante, perversidade extrema, monstruosidade, etc., etc., etc., é o espelho no qual devemos nos olhar. Não existe, pois, razão suficiente para jactar-nos de haver chegado a uma etapa superior de desenvolvimento...
Pensar que o tempo significa progresso é absurdo. Desgraçadamente, os "ignorantes ilustrados" continuam engarrafados no "Dogma da Evolução". Em todas as páginas negras da "Negra História", encontramos sempre as mesmas horrorosas crueldades, ambições, guerras, etc...
Contudo, nossos contemporâneos supercivilizados estão convencidos de que isso de guerra é algo secundário, um acidente passageiro que nada tem a ver com sua cacarejada “civilização moderna”. Certamente, o que importa é a maneira de ser de cada pessoa. Alguns sujeitos serão bêbados, outros abstêmios, aqueles honrados e estes outros, sem-vergonhas. De tudo há na vida...
A massa é a soma dos indivíduos; o que é o indivíduo é a massa, é o governo, etc... A massa é, pois a extensão do indivíduo; não é possível a transformação das massas, dos povos, se o indivíduo, se cada pessoa, não se transforma...
Ninguém pode negar que existem distintos níveis sociais; há gentes de igreja e de prostíbulo, de comércio e de campo, etc., etc., etc. Assim, também existem diferentes Níveis do Ser. O que internamente somos, esplêndidos ou mesquinhos, generosos ou tacanhos, violentos ou tranquilos, castos ou luxuriosos, atrai as diversas circunstâncias da vida...
Um luxurioso atrairá sempre cenas, dramas e até tragédias de lascívia, nas quais se envolverá... Um bêbado atrairá outros bêbados, e se verá sempre em bares e cantinas, isso é óbvio. O que atrairá o usurário? O egoísta? Quantos problemas? Prisões? Desgraças?
No entanto, as pessoas amarguradas, cansadas de sofrer, têm ganas de mudar, virar a página de sua história... Pobres pessoas! Querem mudar e não sabem como; não conhecem o procedimento; estão metidas num beco sem saída...
O que lhes sucedeu ontem lhes sucede hoje e lhes sucederá amanhã; repetem sempre os mesmos erros e não aprendem as lições da vida, nem a canhonaço. Todas as coisas se repetem em sua própria vida; dizem as mesmas coisas, fazem as mesmas coisas, lamentam as mesmas coisas...
Esta repetição aborrecedora de dramas, comédias e tragédias continuará enquanto carreguemos em nosso interior os elementos indesejáveis da Ira, Cobiça, Luxúria, Inveja, Orgulho, Preguiça, Gula, etc., etc., etc...
Qual é nosso nível moral? Ou, melhor diríamos: qual é nosso Nível do Ser? Enquanto o Nível do Ser não mudar radicalmente, continuará a repetição de todas as nossas misérias, cenas, desgraças e infortúnios...
Todas as coisas, todas as circunstâncias que acontecem fora de nós, no cenário deste mundo, são exclusivamente o reflexo do que interiormente levamos. Com justa razão podemos afirmar solenemente que o "exterior é o reflexo do interior".
Quando alguém muda interiormente e tal mudança é radical, o exterior, as circunstâncias, a vida, transformam-se também.
Estive observando recentemente ( 1974 ) um grupo de pessoas que invadiu um terreno alheio. Aqui, no México, tais pessoas recebem o curioso qualificativo de "pára-quedistas". São vizinhos da colônia campestre de Churubusco, estão muito perto de minha casa, motivo pelo qual pude estudá-los de perto... Ser pobre jamais será um delito, mas o grave não está nisso, mas em seu Nível de Ser...
Diariamente lutam entre si, embebedam-se, insultam-se mutuamente, convertem-se em assassinos de seus próprios companheiros de infortúnio; vivem certamente em imundos casebres, dentro dos quais em vez do amor reina o ódio...
Muitas vezes pensei que, se qualquer sujeito desses eliminasse de seu interior o ódio, a ira, a luxúria, a embriagues, a maledicência, a crueldade, o egoísmo, a calúnia, a inveja, o amor próprio, o orgulho, etc., etc., etc., agradaria a outras pessoas e se associaria, por uma simples lei de afinidades psicológicas, com pessoas mais refinadas, mais espiritualizadas; essas novas relações seriam definitivas para uma mudança econômica e social...
Seria esse o sistema que permitiria a tal sujeito abandonar o chiqueiro, a cloaca imunda... Assim, pois, se realmente queremos uma mudança radical, o que devemos compreender primeiro é que cada um de nós (seja branco ou negro, amarelo ou acobreado, ignorante ou ilustrado, etc.) está em tal ou qual "Nível do Ser".  
Qual é o nosso Nível de Ser? Haveis vós refletido alguma vez sobre isso? Não seria possível passar a outro nível, se ignoramos o estado em que nos encontramos. 



Samael Aun Weor

(Capítulo 01 da obra "Tratado de Psicologia Revolucionária")













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