domingo, 31 de maio de 2015

Tudo se transforma...


"Still Life": uma alegoria da vaidade da vida humana - Harmen Steenwijk
"Todo nascimento termina em morte.
Toda criação termina em dissolução,
Todo acúmulo termina em dispersão,
Tudo que parece real é transitório.

Perceber tudo isso é atrair a própria sorte!
Seja qual for a sua descendência,
Seja qual for a sua classe social (...)


(dito da Tradição Budista)

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Supertramp - Free As A Bird

Supertramp - Free As A Bird

 

 

Free As A Bird

Free As A Bird
When a spirit is broken
Why go on
When there's nothing to say
And a love just a token
It was strong
Now it's fading away

Ah but I'm free as a bird
As I walk right out that door
You have my word
I won't bother you no more
Yes I'm doing alright
As I face the lonely night

And our love it was over
Long ago
But we just didn't say
And the years they have fallen
One by one
How they drifted away

de onde veio a crença de que "negro não tem alma"?




Com certa frequência, ressurge a questão das origens da crença de que “o negro não tinha alma”. Alguns afirmam sem titubear, mas sem indicar a fonte, que a Igreja Católica seria a responsável pela disseminação desta crença. Será?

Na obra Antropologia: uma reflexão sobre o homem, 1ª ed. Bauru: Edusc, 2011, encontramos a afirmação de que, entre os séculos XVIII e XIX, havia preconceito em nossa sociedade baseado “na crença de que negros eram desprovidos de inteligência e até de alma”, porém em nenhum momento os autores afirmam que a Igreja seria a responsável por essa esquisita ideia.

De certo modo, tal afirmação chega a ser até contraditória com certos fatos históricos que traremos a seguir. Comecemos citando três papas africanos (Victor, Gelasius e Melquiades ou Miltiades) advindos do norte da África (onde os povos eram predominantemente negros). Embora não tenhamos nenhum retrato autêntico, há desenhos e referências na Enciclopédia Católica, a respeito de serem africanos.  

Por outro lado, é possível encontrar documentos papais autorizando a escravização de pagãos e muçulmanos, por reis cujo objetivo fosse espalhar a fé cristã. Neste sentido, veja-se a bula Dum Diversas, onde o Papa Nicolau V expressamente reconhece o direito dos reis da Espanha e Portugal, de conquistar quaisquer “pagãos” e mantê-los sob “servidão perpétua”. Tal posicionamento teria sido confirmado também por papas posteriores (Calisto III, em 1456, Sixto VI, em 1481, e Leão X, em 1514). O mesmo Nicolau V, em 1455, emitiria a bula Romanus Pontifex, estendendo esse direito a outras nações católicas do continente. Se considerarmos a moral vigente à época, notar-se-á que poucos questionariam o direito de, numa guerra entre cristãos e não cristãos, os primeiros escravizarem quaisquer inimigos capturados (seria uma opção melhor ao simples assassínio dos referidos prisioneiros).

Corroborando a tese de que o assunto não tinha tratamento uniforme por parte da Igreja, veremos em janeiro de 1435, a bula Sicut Dudum, do papa Eugénio IV mandar “restituir à liberdade” os que eram mantidos presos nas ilhas Canárias.  Em setembro de 1462, foi a vez do papa Pio II também dar instruções aos bispos a respeito dos negros provenientes da Etiópia, condenando o comércio de escravos como “grande crime.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

O Desafio da Gratidão: o antídoto do sofrimento psíquico

Agradeço...


Agradecer todos os dias por algo (e por tudo) que já existe em minha vida.  


Parece simples... Pode ser simples, mas não é fácil!

Frequentemente nos perdemos na correria do dia a dia, somos levados pelas ondas do mar da vida cotidiana... é comum nos flagrarmos sonhando/desejando coisas que não temos ou fugindo de experiências que não gostaríamos de vivenciar. Quando não dá certo, qual é a nossa dinâmica psicológica? Qual é o nosso condicionamento mais comum e automático? reclamar, protestar, lamentar... reclamamos, ora em silêncio, ora fazendo ruído, porque a vida não está do nosso jeito, como gostaríamos... etc.

E é quase sempre mais fácil sentir-se grato quando as coisas estão indo bem, dando certo, seguindo o roteiro do nosso sonho de realização... 

Mas, e quando as coisas aparentemente não correm bem? Quando coisas ou pessoas não "acontecem" do jeito que a gente queria, como nos sentimos?
Há então desconforto, resistência, inconformidade, agitação, frustração, reação, negação.. Brota, surge, emerge a reclamação, a crítica, a não aceitação. 
Com a reação e a não aceitação, multiplica-se a dor em sofrimento sem fim.
A gratidão sincera é o oposto da reclamação. Posso arriscar em dizer que ela é o antídoto, o bálsamo certo, quando aplicado conscientemente.
Qual é a verdadeira importância da gratidão? Há alguma relevância ou vantagem objetiva em ser grato?
Iniciemos o dia com o gesto mental do agradecimento sincero e profundo por tudo (absolutamente tudo) que esse dia irá nos proporcionar na forma de experiências (todas necessárias e urgentes para nosso próprio melhoramento como seres vivos)... 
Dediquemos alguns momentos para no final desse mesmo dia, conscientemente agradecer... 
Mas além disso, agradeçamos durante o transcorrer desse mesmo dia, por cada situação e contexto que venhamos experienciar intimamente.
Ao invés de prontamente reclamar por tudo que gostaríamos que estivesse acontecendo de outra forma, procuremos afiar e aguçar nossa percepção para compreender o sentido do Universo estar nos brindando com tal ou qual experiência.

Sentir-se grato faz alguma diferença na sua realidade concreta do dia-a-dia? 

Faça a experiência e descubra por você mesmo, qual o resultado, qual a diferença.

Para céticos, nada disso nunca funcionaria. Então, mesmo que lessem centenas de artigos científicos, como por exemplo este abaixo, que é assinado pelos psicólogos americanos McCullogh, Tsang & Emmons, ligados à Universidade de Miami e publicado no Journal of Personality and Social Psychology (86, 2004), não faria diferença.
Segundo referido artigo "Pesquisas sugerem que sentimentos de gratidão podem ser benéficos ao bem estar emocional subjetivo. Nas pessoas que são agradecidas em geral, os acontecimentos de vida têm influência pequena na gratidão experimentada".

Mas não se trata do que a ciência oficial defende ou sugere...
Não se trata do que sua religião ensina...
Não se trata do que qualquer manual sugira. Trata-se de experimentar!   

FONTE: texto de Flávia Melissa


domingo, 24 de maio de 2015

Wittgenstein: filosofia da ciência



 


“Sentimos que, mesmo depois de serem respondidas todas as questões científicas possíveis, os problemas da vida permanecem completamente intactos.” 

Ludwig Wittgenstein, filósofo (1889- 1951)
 

sábado, 23 de maio de 2015

o que é 'meditação'... e o que não é meditação


“Meditação não é o que você tá pensando”

Neuroscientista instrui quem tentou meditar e “não conseguiu”

 


É um trocadilho óbvio mas que ainda não tinha visto: “meditação: não é o que você pensa“.

Num artigo com esse título (em inglês, Meditation: It’s Not What You Think), a neuroscientista residente do Mind and Life Institute, Wendy Hasenkamp, se confessa triste e frustrada cada vez que uma pessoa vira pra ela e diz: “Ah, meditação, tentei uma vez. Não consegui“.
Ela explica que sente “tristeza porque as pessoas experimentaram a meditação por um viés negativo e a associaram com o fracasso, e frustração porque essa associação surge de um equívoco cultural que vem se espalhando”. Pesquisadora de uma organização sem fins lucrativos que tem o XIV Dalai Lama como um dos principais colaboradores, Wendy argumenta que as próprias pesquisas mostram que o cérebro não está “engessado depois dos 20 anos” e que aprender meditação se faz como se aprende qualquer coisa, de matemática a levantar peso.
“Se você fizer uma busca rápida por imagens sobre meditação na Internet, você encontrará aquela cena popular: pessoas sentadas com as pernas cruzadas, olhos fechados, aparentemente serenas e livre de pensamentos, algumas até com feixes de luz saindo de suas cabeças. Você só precisa falar com alguém que medita regularmente para saber que essa imagem está longe de ser a realidade da meditação. Especialmente para iniciantes”. (Wendy Hasenkamp)
Essa distinção do início da prática é importante, pois a não ser que você tenha nascido com a vocação para monge e queira mergulhar na prática logo de cara, um início mais versátil e menos rigoroso pode ser vital para começar a meditar.
Segundo Maharishi Mahesh Yogi, você pode meditar sentado, no chão, numa cadeira (sem cruzar pernas), pode meditar no avião, de dia, de noite, etc. E embora a meta sejam 20 minutos em duas sessões diárias, há um respeito pelo seu ritmo e sua entrada na prática. Se eu tivesse começado com algum método que exigisse mais tempo ou determinada postura, como padmasana (postura do lótus, com os dois pés sobre as coxas), certamente  sentiria frustração (me confundiria com ela) e possivelmente desistiria.

terça-feira, 19 de maio de 2015

As 10 mentiras mais contadas sobre os indígenas

Há basicamente dois tipos de preconceitos da população em geral: o preconceito das populações rurais (que vivem em contato direto com indígenas e disputam com eles a posse da terra) e aquele oriundo das populações urbanas (que 'aprendeu' uma versão idealizada e romantizada sobre o indígena a partir de manuais escolares).
O ótimo artigo a seguir é um trabalho de pesquisa muito bem feito que aponta para os principais desdobramentos destes dois tipos de preconceito, muito presentes em nosso país na atualidade. A questão fundiária aparece sempre como pano de fundo onde se deve contextualizar a origem de tais preconceitos.
Aconselho a leitura!!
silvio m. max.


Publicado em Ecologia Humana



dezembro de 2014 



As afirmações listadas abaixo foram extraídas da vida real. Algumas nas ruas do interior do Brasil, outras nas cidades grandes, outras em discursos de políticos. Percepções diversas, vindas de pessoas com histórias diferentes, mas com um direcionamento em comum: a disseminação do discurso anti-indígena com argumentos falsos
Texto e fotos por Lilian Brandt*


As 10 mentiras mais contadas sobre os indígenas


Mentira nº 1: Quase não existe mais índio, daqui alguns anos não existirá mais nenhum
mentiras_sobre_indios1
Se as pessoas não sabem muito sobre os indígenas na atualidade, sabem menos ainda sobre o passado destes povos. Mesmo os pesquisadores não encontram um consenso, e os números variam muito conforme os critérios utilizados.
A antropóloga e demógrafa Marta Maria Azevedo estima que, na época da chegada dos europeus, a população indígena no Brasil era de 3 milhões de pessoas. Eram mais de 1.000 povos diferentes, que durante séculos foram exterminados pelos conquistadores, seja por suas armas de fogo, seja pelas doenças que eles trouxeram. De acordo com antropóloga, em 1957 havia no Brasil apenas 70 mil indígenas. O crescimento desta população é observado somente a partir da década de 1980.
Em 1991, quando o IBGE passou a coletar dados sobre a população indígena brasileira, eles somavam 294 mil pessoas. Em 2000, o Censo revelou um crescimento da população indígena muito acima da expectativa, passando para 734 mil pessoas. Em 2010, a população indígena continuou crescendo, e o Censo mostrou que mais de 817 mil brasileiros se autodeclararam indígenas, representando 0,47% da população brasileira. Eles estão distribuídos em 305 etnias e falam 274 línguas.
Esse aumento populacional jamais seria possível se fossem considerados apenas fatores demográficos, como a natalidade e a mortalidade. Esses dados revelam o crescimento do número de pessoas que passaram a se reconhecer como indígenas e o “ressurgimento” de grupos indígenas. Isto se dá porque, antes, ser índio no Brasil significava ser atrasado, inferior, escravizado, catequizado, ser alvo de discriminação, de chacinas e até mesmo não ser considerado humano. Diversos povos foram obrigados a abrir mão de suas línguas e de sua cultura. Agora os povos indígenas voltam a afirmar sua identidade, talvez porque as circunstâncias estejam mais amigáveis. Ou talvez porque este grito não suporte mais ser calado.
Tratá-los simplesmente como “índios” esconde a imensa diversidade cultural e circunstâncias de vida tão distintas. Mas algo muito mais forte que as diferenças étnicas propicia a união destes povos: o fato de se sentirem diferentes de nós.
Temos no Brasil todos os tipos de extremos: índios que possuem seu território assegurado e índios que morrem lutando por seu território; índios brancos e índios negros; índios cristãos e índios pajés; índios isolados e índios urbanos.
Os povos indígenas isolados são aqueles que não estabeleceram contato permanente com a população nacional e com o Estado. As informações sobre eles são transmitidas por outros índios, por moradores da região e por pesquisadores. A Funai (Fundação Nacional do Índio) tem cerca de 107 registros da presença de índios isolados em toda a Amazônia Legal, dos quais 26 já foram confirmados e estão sendo monitorados, seja por imagens de satélite, sobrevoos ou expedições na região. Não se sabe, no entanto, a quantidade destes povos e indivíduos que vivem voluntariamente isolados.
Muitos já tiveram alguma experiência de contato não amistosa com garimpeiros, madeireiros, grileiros e traficantes próximos à fronteira. Também é provável que tenham tido ou mantenham contato com populações ribeirinhas, seringueiros e, principalmente, com algum outro povo indígena.
Os resultados do contato conosco são trágicos, a começar pelas doenças que transmitimos, para as quais eles não têm imunidade: sarampo, rubéola, caxumba, difteria, tétano, hepatite, gripe e outras. Conhecendo esta realidade, estes povos que vivem em situação de isolamento escolheram fugir. Isso não significa, no entanto, que eles não tenham notícias de nossa sociedade. Eles observam rastros, utilizam ferramentas e se relacionam com outros indígenas que contam as novidades do mundo do branco.
Em outros tempos, como muitos devem se lembrar, o órgão governamental indigenista, na época chamado SPI (Serviço de Proteção aos Índios), deixava presentes como espelhos, panelas e ferramentas para atrair os indígenas. Hoje a Funai busca garantir que eles tenham seu território assegurado para transitarem livremente. Mas as ameaças são muitas e cada vez mais seus territórios são menores.
Os indígenas que vivem em áreas urbanas somam 324 mil, ou seja, 36% do total da população indígena, um número que vem crescendo ano após ano (IBGE, 2010). Há dois motivos recorrentes para que esses índios vivam em áreas urbanas. Um deles é a migração dos territórios tradicionais em busca de melhores condições de vida na cidade. O outro é que os limites das cidades cada vez mais alcançam as fronteiras de seus territórios.
As pessoas continuam acreditando que a população indígena está sendo reduzida, mesmo que os números digam o contrário e que eles estejam mais presentes nos centros urbanos. A desinformação tem uma consequência: fingimos que os índios estão deixando de existir e gradualmente não pensamos mais na situação deles. Assim fica mais fácil justificar nenhum respeito a seus direitos e à sua própria vida.

Mentira nº 2: Os índios estão perdendo sua cultura
mentiras_sobre_indios2

quarta-feira, 13 de maio de 2015

R$ 1 bilhão de economia aos cofres públicos



07/05/15  - Tribuna do Leitor - Jornal da Cidade

Mais de R$ 1 bilhão em economia para os cofres públicos, apenas nos últimos três anos! Esse é um dos resultados concretos alcançados com a atuação do Observatório Social do Brasil (OSB) e fez parte das estatísticas apresentadas em palestra realizada na segunda-feira da semana passada, em Bauru. O evento promovido pela Batra, com o apoio da Acib e da Agência Somma, trouxe os diretores executivos do Observatório Social do Brasil Ney da Nóbrega Ribas e Roni Enara Rodrigues, que abordaram o tema do controle social dos gastos públicos, apresentando as formas efetivas que permitem a melhor aplicação dos recursos públicos municipais, estaduais e federais. Os resultados, como puderam notar os presentes, beneficiam não apenas o empresariado local, mas toda a população de modo geral. 
Na ocasião, o Observatório Social do Brasil também oficializou o credenciamento da Batra como entidade apta para a implantação da metodologia desenvolvida pelo OSB e que já é sucesso em sua rede de observatórios, composta atualmente por mais de 90 cidades brasileiras.
Também estiveram presentes, prestigiando o evento, professores, acadêmicos, comerciantes, empresários, profissionais liberais, lideranças comunitárias e representantes do comércio e da indústria de Bauru e região. Como resultado do encontro, a Batra dará início já nas próximas semanas a uma série de encontros com cada setor representado, visando a efetiva implementação da metodologia de trabalho e do sistema de monitoramento de licitações do OSB.
O evento, sem dúvida, representou um marco importante para nossa cidade que passa a figurar a partir de agora no importante mapa das cidades onde o controle social das licitações públicas passa a acontecer de modo mais sistemático e eficaz. 
Podemos dizer que se inicia uma nova forma de relacionamento entre o cidadão bauruense e o administrador público municipal. A Rede OSB tem objetivos comuns com a Batra, uma vez que é formada por voluntários engajados na causa da justiça social, contribuindo para a melhoria da gestão pública, antevendo fraudes e garantindo economia para os cofres municipais. A partir deste momento, ambas unem esforços no sentido de incrementar o controle social em nossa cidade.

Silvio Motta Maximino - é vice-presidente da Batra (Bauru Transparente)

publicado no Jornal da Cidade (Bauru) em 07/05/2015 - pág. 26

http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=238677