essa é uma questão valiosíssima dentro das ciências humanas, em especial, da antropologia cultural.
Vale a pena assistir ao interessante vídeo a seguir:
A cada 14 dias morre um idioma
Nos últimos 10 anos mais de 100 línguas desapareceram
Tommy
George, o último dos kuku-thaypan de Cape York (Austrália), morreu no dia 29 de
julho, com 88 anos. Tommy George era o último falante de awu laya, uma língua
aborígene da Austrália. Com ele morreram 42.000 anos de história e
conhecimentos transmitidos de forma oral. Mark Kolbe / Getty Images
2016
No mês
passado, foi assassinada na floresta do norte do Peru, Rosa
Andrade, a última mulher que falava resígaro, foi assassinada em novembro, na
Amazônia peruana.(EL PAÍS)
Cristina
Calderón (nascida em 24 de maio de 1928) é a última falante nativa da língua
yagán, da Terra do Fogo. Hoje ela vive em Puerto Williams, um assentamento
militar chileno na ilha Navarino.
Alfons Rodríguez / EL PAÍS
Nos
últimos 10 anos, desapareceram mais de 100 línguas; outras 400 estão em
situação crítica e 51 são faladas por uma única pessoa. A cada 14 dias morre uma língua,
de acordo com a Unesco. Se continuar assim, metade das 7.000 línguas e dialetos falados hoje no
mundo se extinguirão ao longo deste século. Quando uma
língua morre não se perdem apenas as palavras, mas todo o universo cultural ao
qual davam forma: séculos de histórias, lendas, ideias, canções transmitidas de
geração em geração que desaparecem “como lágrimas na chuva”, junto com valiosos
conhecimentos práticos sobre plantas, animais, ecossistemas, o firmamento. Um
dano comparável à extinção de uma espécie.
Com Fanny
Cochrane, que morreu em 1905, se foi a última língua nativa da Tasmânia. Entre
1899 e 1903, ela gravou num dos primeiros fonógrafos as canções aborígenes que
conhecia para a Royal Society of Hobart, a capital da ilha australiana. O
cantor folk Bruce Watson conta a história dela em The Man and the Woman and
the Edison Phonograph (O Homem e a Mulher e o Fonógrafo Edison).
Com a
morte, em 2004, aos 98 anos, de Yang Huanyi, desapareceu o nushu, um sistema
secreto de escrita empregado durante ao menos quatro séculos pelas mulheres
chinesas para burlar o controle dos homens. Como muitas mulheres chinesas de
seu tempo, Yang Huanyi tinha pés minúsculos e deformados; a prática de amarrar
os pés das meninas foi proibida em 1912.
Charlie
Mangulda é a última pessoa na Terra que fala e entende o amurdag, língua oral
de um grupo de aborígines do norte da Austrália, como explica neste vídeo K.
David Harrison, autor do livro The Last Speakers (Os Últimos Falantes),
da National Geographic.
Harrison,
professor de linguística do Swarthmore College, na Pensilvânia (EUA), é um dos
responsáveis do projeto Enduring Voices (Vozes Duradouras), da National
Geographic. Ele viajou pelo mundo inteiro, da Sibéria e o Cáucaso ao norte da
Austrália, passando pelo sul do México e as ilhas mais remotas da Indonésia, entrevistando
os últimos guardiões de línguas minoritárias em risco de desaparecimento.
Muitas das que estudaram nunca tinham sido gravadas ou colocadas por escrito;
outras nem sequer eram conhecidas. Em 2010, documentaram pela primeira vez o
koro, língua falada por menos de mil pessoas nas montanhas de Arunachal
Pradesh, no nordeste da Índia.
Com o
mesmo objetivo nasceu o projeto Endanged Languages (Línguas Ameaçadas de
Extinção), uma iniciativa do Google para dar voz àqueles que as falam e àqueles
que se esforçam para conservá-las. Trata-se de um fórum aberto que oferece a
oportunidade de postar arquivos de vídeo, gravações e documentos, e também
compartilhar conhecimentos e experiências. Nesse vídeo do Endanged Languages, a
avó Margaret, uma senhora da tribo navajo (Novo México, EUA) explica ao neto,
com a ajuda do tradicional jogo de cordel, a origem das constelações, como
relata uma antiga lenda indígena.
Neste
outro, uma moradora do vale de Ansó, nos Pireneus de Huesca, narra em aragonês
ansotano a história As Crabitetas (As Cabrinhas). Na Espanha, também estão na
lista de línguas ameaçadas o aragonês, o asturiano (ásturo-leonês ou bable) e o
gascão do Val d’Aran (Lleida) ou aranês.
O Atlas
das Línguas em Perigo da Unesco catalogou 2.581 línguas, que são mostradas num
mapa interativo do Google. Os resultados podem ser filtrados por região
geográfica, pelo nome do idioma ou pelo número de pessoas que o falam.
Fonte:
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/12/26/cultura/1482746256_157587.html
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