De
todas as falácias socialistas que o mundo já viu, depois da China
pseudocomunista, só mesmo o Brasil. "Nunca antes na história deste
país", neoliberais, banqueiros, especuladores financeiros e imobiliários
estiveram tão felizes e entusiasmados como hoje. Engano pensar que a
hipocrisia da pseudo-Esquerda brasileira começou agora. Ela começou há
pelo menos 12 anos com um partido travestido com o manto sagrado da
ética e arvorando-se 'ícone' no combate à corrupção dos 'inimigos do
povo'. Que traíram a todos que nele acreditaram, todos já notaram. É
triste ver a melodia patética destes que começaram a praticar (e não é
de hoje), tudo que sempre combateram no discurso. Além do blá, blá, blá de palanque ideológico e moralmente vazio (e esvaziado), o que restou aos brasileiros?
O
povo, bestializado pela mídia de massa (mídia que por sua vez é refém das
verbas milionárias destinadas à propaganda e autopromoção do próprio
Governo) e bestificado pelas ilusórias bolsas que mascaram as verdadeiras causas da miséria econômica, social e moral, "assiste", ensurdecido, a
um partido político que sofre uma incrível metamorfose de princípios e
desfiguração completa de seu próprio programa de governo, esculpido antes a duras
penas, por socialistas idealistas que deram seu sangue, durante a infame
Ditadura militar dos anos 60.
Dizem
que no Brasil não tem mais o "voto de cabresto". Sim, porque o
substituíram pelo "voto de antolhos"... Aos cidadãos, se lhes vestem
antolhos, como se faz com equinos que se quer domesticar... o animal só
vê uma coisa na frente: sua incapacidade de caminhar com suas próprias pernas e "bolsas", "bolsas" e mais "bolsas"... raro vai se tornando o
brasileiro que vota guiado pela ideologia, ou por uma visão do coletivo, de sociedade, visando a valorização da cultura e dos potenciais brasileiros.
Vota-se
pensando no seu próprio umbigo, pensando no que ele próprio eleitor (ou sua família) lucrará com a eleição de fulano ou sicrano. Enquanto essa visão mesquinha não mudar, continuaremos assistindo as alianças espúrias entre Lulas e
Renans, Dilmas e Malufes, e Collors, e Magalhães, e Sarneys, Serras, Alckimins, Kassabs, Garotinhos, Aécios... todos, impressionantemente, farinhas do mesmo saco podre
da política de "cabrestos e antolhos" praticada neste país.
Leia abaixo ao mais recente acorde dissonante da política nacional brasileira:
O liberalismo e a ofensiva neoliberal
Para
acenar ao mercado, Dilma endossou as medidas defendidas por adeptos do
Estado mínimo, diz diretor do Diap. Trabalhadores terão de se mobilizar
para não perderem direitos trabalhistas, adverte
POR ANTÔNIO AUGUSTO DE QUEIROZ | 2015 |
O liberalismo é uma doutrina que entende que o papel do Estado deveria se limitar a garantir a propriedade privada e o cumprimento dos contratos, cabendo aos indivíduos – individual e coletivamente – prover suas necessidades. O Estado, no máximo, garantiria a oferta de serviços básicos, diretamente ou por intermédio da iniciativa privada, como segurança, saúde e educação.
Segundo
essa concepção, o Estado, na área econômica ou em qualquer atividade
produtiva ou de fornecimento de bens e serviços, deveria criar as
condições para o empreendimento privado, só devendo entrar quando a
iniciativa privada não tivesse interesse.
No campo administrativo, ainda segundo essa visão, o Estado deveria gastar o mínimo possível com o funcionamento de máquina pública e também com a seguridade social (previdência, assistência e saúde) e com os programas sociais.
A
remuneração do capital, por essa lógica, deveria seguir exclusivamente
as leis de mercado, ou seja, variar de acordo com a oferta e a procura.
Portanto, não deveria haver interferência do Estado.
No
caso brasileiro, em que a paz social se sustenta pela forte presença do
Estado, especialmente por meio da seguridade social e dos programas de
distribuição de renda, a adoção dessa doutrina seria uma completa
tragédia.
Essa
reflexão vem a propósito da nomeação dos ministros da área econômica do
segundo mandato da presidente Dilma, muito identificados com esse
ideário. Dos seis ministros (Fazenda, Planejamento, Banco Central,
Desenvolvimento, Industria e Comercio Exterior, Desenvolvimento Agrário,
Agricultura, Pecuária e Abastecimento), quatro são adeptos da doutrina
do Estado mínimo.
Se
isso, por si só, já era muito preocupante, as primeiras medidas só
ampliaram e agravaram essa preocupação. As medidas, com reflexos
negativos sobre os trabalhadores, sinalizam para a retirada ou redução
dos estímulos ao setor produtivo, a redução de benefícios sociais, o
aumento de tributos e da taxa de juros.
Todos
sabíamos que a presidente precisava fazer um gesto para o mercado,
sobretudo para desfazer a percepção de que seu governo era contra a
iniciativa privada. Mas, a julgar pelas mudanças nos benefícios sociais,
o governo foi muito além de um gesto. Endossou as medidas que foram
propostas e defendidas por adeptos do Estado mínimo.
Uma
coisa é corrigir distorções em benefícios sociais ou em qualquer outra
política pública, o que não apenas é um dever como também é uma
obrigação do governante. Outra, completamente diferente, é a redução dos
valores, capacidade de acesso e período de usufruto de direitos, como
houve em relação aos seis benefícios atacados (auxílio-doença,
auxílio-reclusão, abono do Pis/Pasep, seguro-desemprego, seguro-defeso e
pensão por morte).
Se
não houver uma forte reação no Congresso, assim como houve das centrais
sindicais, os próximos passos serão: i) a desvinculação do piso dos
benefícios previdenciários e assistências da LOAS do salário mínimo,
como estão fazendo com o abono; ii) o aumento da idade mínima para
efeito de aposentadoria, iii) a transformação em lei do projeto de lei
sobre terceirização em bases precarizantes; e iv) a flexibilização de
direitos trabalhistas assegurados na CLT por meio da livre negociação ou
garantias de emprego (ampliação das possibilidades de layoff), já que o discurso da presidente é que não irá suprimir direitos, dentre outros.
Assim,
ou os movimentos sociais, os partidos comprometidos com um Estado forte
e com a defesa dos direitos dos assalariados (trabalhadores, servidores
públicos e aposentados e pensionistas) e dos mais pobres se mobilizam e
exigem a derrubada dessas medidas nos aspectos que ferem direitos,
inclusive recorrendo ao STF, dada a sua inconstitucionalidade, ou os
defensores do neoliberalismo ganharão poder e força no governo e na
sociedade. Querem aproveitar a fragilidade do governo para fazê-lo refém
do mercado. O sinal amarelo acendeu.
*
Jornalista, analista político, diretor de documentação do Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), idealizador e
coordenador da publicação Cabeças do Congresso. É autor dos livros Por dentro do processo decisório – como se fazem as leis e Por dentro do governo – como funciona a máquina publica.
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