A Antropologia é uma ciência específica por adotar
métodos e procedimentos próprios, objetivos claros e uma sistematicidade singular.
Não há um conceito único e definitivo sobre o que é a antropologia. Segundo
Marconi & Presotto (2007), a Antropologia seria uma ciência do biológico e
do cultural, tendo como objeto de estudo, o homem e suas obras.
A Antropologia Cultural estuda os aspectos
socioculturais do homem, abarcando principalmente os seguintes aspectos:
- arqueológico;
- etnológico;
- lingüístico.
É o
homem que cria o seu meio cultural, por meio do somatório de suas experiências. Para
o antropólogo cultural, “cultura” é o que se pode denominar a parte do
meio ambiente feita pelo homem, ou apreendida por ele. Potes e panelas, leis e
instituições, arte, religião, filosofia, mitologia, linguagem etc. Tudo o
que um determinado grupo de pessoas aprendeu a fazer, incluindo seu próprio
modo de vida, tudo deve ser considerado cultura.
Neste
sentido, expressões como cultura
erudita e cultura popular se fundem como manifestações
genuínas do ser humano, como expressão de seus sentimentos, desejos,
necessidades etc, sendo incorreto estabelecer uma hierarquia entre ambas.
A
expressão "cultura popular" surgiu no século XIX, na Europa, como
questionamento ao modelo holístico de cultura, baseado na noção de uma cultura
única e geral para toda a sociedade. As novas abordagens marcaram, entre
outras, a concepção de "cultura popular" como o conjunto das tradições
do povo, expresso em suas lendas, crenças, canções e costumes, mas isolada,
restrita ao campo e aos camponeses analfabetos; ou como uma reprodução
“imperfeita” e “deteriorada” da cultura erudita. Na análise dessas culturas,
convencionou-se denominar "culturas eruditas", também conhecidas como
dominantes ou superiores, aquelas ligadas às elites; e culturas populares,
inferiores ou subalternas, aquelas produzidas pelo “povo”.
Ao
longo do século XX, outras considerações sobre cultura popular foram
apresentadas, principalmente depois dos anos cinquenta, em um contexto de forte
crítica ao colonialismo e à dominação de classe. Estudos de áreas como
Antropologia, Sociologia, História e Arqueologia passaram a questionar o
conceito tradicional de cultura e suas derivações “cultura inferior ou
primitiva” e “cultura superior”. Dessa perspectiva, a produção cultural de uma
sociedade passa a ser fruto da ação e manifestação de todos os seus indivíduos,
independentemente do lugar social ocupado por cada um, o que não significa
dizer que produzam a mesma coisa ou que algumas sejam mais valiosas e
preponderantes que outras.
Assim,
a designação de cultura como mera 'coleção de elementos e tradições
valorosas e imutáveis, sejam elas das elites ou dos populares', não tem mais
como ser sustentada. Isto porque estas práticas culturais redefinem-se
diariamente na dinâmica do cotidiano, nas experiências de integração, conflitos
e contradições ocorridas entre elas na organização social e em seus contatos
com culturas externas.
Críticas
são apresentadas às três ideias vinculadas, comumente, ao conceito de cultura,
quais sejam:
- de que, em uma sociedade existe uma única cultura;
-
que cultura é o que é produzido pelos grupos dominantes;
-
que a cultura seja um conjunto de tradições consolidadas e hermeticamente
transmitidas.
sobre o papel do antropólogo cultural
O
antropólogo cultural quer saber como foi que as pessoas chegaram a fazer o que
fazem de tantas maneiras diferentes, quer entender as relações entre uma
cultura e outra. Esse cientista busca, assim, descobrir os elementos comuns
presentes em todas as culturas, possíveis de serem sintetizados e conceituados.
Onde há diferenças, procura encontrar suas possíveis causas, trabalho esse
extremamente complexo e problemático.
Podemos
afirmar, deste modo, que o trabalho do antropólogo e da Antropologia, nesse
aspecto, é o de compreender profundamente as manifestações humanas nos mais
diferentes espaços geográficos, percebendo as múltiplas dimensões de uma
cultura: sua profundidade, abrangência e alcance.
Há,
atualmente, uma florescente escola de antropólogos interessada em investigar a
relação das culturas em que os seres humanos são socializados, isto é,
educados, com o tipo de personalidade que apresentam. Outros antropólogos culturais
se interessam, como especialistas, pelo estudo de certos aspectos das culturas
de diferentes povos, como as instituições legais, as organizações sociais, a
religião, a mitologia, a língua, bem como sua cultura material, como a arte, a
cerâmica, a cestaria, os instrumentos etc. Outros se consagram ao estudo de
tribos inteiras, e passam muitos meses, ou até anos, tentando compreender o
maior número possível de aspectos daquela cultura específica.
Tradicionalmente,
o antropólogo cultural tem estudado os impropriamente chamados “povos
primitivos” da Terra. Em realidade não existem “povos primitivos”. Tais povos
são tecnologicamente menos desenvolvidos que outros, mas seus sistemas de
parentesco, sua língua, dentre outros aspectos de sua cultura, podem ser
consideravelmente mais desenvolvidos do que os dos povos civilizados, ou pelo
menos, tão desenvolvidos quanto os destes últimos. Por essas razões, a
maioria dos antropólogos hoje prefere chamar aos povos tecnologicamente menos
desenvolvidos de “povos pré-letrados” (povos sem escrita, ou ágrafos).
Mais
recentemente, alguns antropólogos têm voltado a atenção para os povos
tecnologicamente mais desenvolvidos. Temos, agora, uma diversidade de
estudos antropológicos, não só dos aborígines australianos ou dos pigmeus do
Congo, mas também dos japoneses, chineses, alemães, norte-americanos, ingleses,
noruegueses e muitos outros.
Referências bibliográficas:
BARROS
Junior, Antonio Walter Ribeiro de... [et al.] (Orgs.) Antropologia: uma reflexão sobre o homem. 1ª ed. Bauru: Edusc,
2011
MARCONI, M.; PRESOTTO, Z. Antropologia: uma Introdução.ed. Atlas, 2007
MARCONI, M.; PRESOTTO, Z. Antropologia: uma Introdução.ed. Atlas, 2007
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