O surgimento da linguagem é um fato
fundamental na história humana. Não seria possível a organização dos seres
humanos em sociedade sem a linguagem e vice-versa. Isso indica que a linguagem
e a vida em sociedade devem ter surgido praticamente ao mesmo tempo. É difícil
determinar qual a origem da linguagem, pois não há muitas pistas a seguir.
As primeiras explicações sobre a origem da
linguagem têm seus fundamentos na religião. Inicialmente haveria apenas uma língua, em que
cada palavra teria apenas um significado. Mas como explicar a diversidade das
línguas? A investigação filosófica da linguagem pode ser
encontrada já nos textos de Platão, Aristóteles e estóicos.
A Linguística é o estudo científico da Linguagem. Boa parte do trabalho feito atualmente sob o nome de linguística é puramente descritivo. Seus autores tentam identificar a natureza da linguagem sem usar juízos de valor ou tentar prognosticar seu desenvolvimento futuro. Há, também, alguns que procuram estabelecer regras para a linguagem, sustentando um padrão particular que todos deveriam seguir.
Aqueles que se esforçam para realizar uma descrição e regulamentação disso que é a linguagem não têm chegado a um acordo sobre como e por que razão a linguagem deve ser estudada.
O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) supôs que a linguagem humana teria evoluído gradualmente, a partir da necessidade de exprimir os sentimentos, até formas mais complexas e abstratas. Para ele, a primeira linguagem do homem foi o "grito da natureza", que era usado pelos primeiros homens para implorar socorro no perigo ou como alívio de dores violentas, mas não era de uso comum. Deste modo, a linguagem propriamente dita só teria começado
"quando
as ideias dos homens começaram a estender-se e a multiplicar-se, e se
estabeleceu entre eles uma comunicação mais íntima, procuraram sinais mais
numerosos e uma língua mais extensa; multiplicaram as inflexões de voz e
juntaram-lhes gestos que, por sua natureza, são mais expressivos e cujo sentido
depende menos de uma determinação anterior".
(Rousseau,
"Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os
Homens").
A relação entre as palavras e as coisas é objeto de um longo debate na filosofia. Seriam os nomes que damos aos seres meras convenções ou seriam eles naturais e inerentes aos seres? Poderíamos chamar as mesas de cadeiras e as cadeiras de mesas, por exemplo?
Muitos povos antigos consideravam o nome como parte indissociável do seu ser. O nome seria tão parte da pessoa como suas mãos ou pés. Assim, o nome adquiria muitas vezes um caráter sagrado, cabendo ao indivíduo honrá-lo e defendê-lo.
A Filosofia da Linguagem, portanto, é o ramo da filosofia que estuda a essência dos fenômenos linguísticos. Ela trata, portanto, da natureza do significado linguístico, da referência, do uso da linguagem, do seu aprendizado, da criatividade humana, da compreensão da linguagem, da sua interpretação, etc.
Algumas das principais questões investigadas: Como as frases compõem um todo significativo? Qual a natureza do significado? O que é o significado? É possível haver pensamento sem linguagem? O quanto a linguagem influencia o conhecimento do mundo? É possível raciocinar sem linguagem? O que fazemos com a linguagem (como a usamos socialmente e para que fins)? Como a linguagem se relaciona com a mente das pessoas envolvidas (falante e intérprete)? Qual a relação da linguagem com o mundo?
A filosofia da linguagem também investiga a relação entre o significado e a verdade. É importante, notar, portanto, que a filosofia da linguagem não se encontra limitada à análise conceitual, ao esclarecimento dos conceitos básicos referentes à linguagem. Há várias outras tarefas como, por exemplo, a própria classificação de atos lingüísticos, "usos" ou "funções" da linguagem, tipos de indefinição, tipos de termos e espécies de metáforas. Também há estudos sobre o papel da metáfora na ampliação da linguagem; sobre as inter-relações entre linguagem, pensamento e cultura; e sobre as peculiaridades do discurso poético, religioso e moral.
Silvio M. Maximino –
Texto para leitura prévia elaborado com
base nos artigos de Josué Cândido da Silva e William P. Alston
Nenhum comentário:
Postar um comentário