Alguns conceitos básicos de Saussure, na visão de Castelar de Carvalho
A Semiologia (ou Semiótica) é a teoria
geral dos sinais. Ela difere da Linguística por sua maior abrangência: enquanto
a Linguística é o estudo científico da linguagem humana, a Semiologia
preocupa-se não apenas com a linguagem humana e verbal, mas também com a dos
animais e de todo e qualquer sistema de comunicação, seja ele natural ou
convencional. A Linguística constitui, portanto, uma parte da Semiologia.
Semiologia e Semiótica são termos permutáveis (a primeira surgiu na Europa, com
Saussure, e a segunda, nos Estados Unidos, com o filósofo Charles Sanders
Peirce).
Para Saussure, signo é a união do sentido e da imagem acústica. O que ele chama
de “sentido” é a mesma coisa que conceito ou ideia, isto é,
a representação mental de um objeto ou da realidade social em que nos situamos,
representação essa condicionada pela formação sociocultural que nos cerca desde
o berço.
Os dois elementos – significante e
significado – constituem o signo “estão intimamente unidos e um reclama
o outro” (p. 80). São interdependentes e inseparáveis, pois sem significante
não há significado e sem significado não existe significante. Exemplificando,
diríamos que quando um falante de português recebe a impressão psíquica que lhe
é transmitida pela imagem acústica ou significante / kaza /, graças à
qual se manifesta fonicamente o signo casa, essa imagem acústica, de
imediato, evoca-lhe psiquicamente a idéia de abrigo, de lugar para viver,
estudar, fazer suas refeições, descansar, etc. Figurativamente, diríamos que o
falante associa o significante / kaza / ao significado domus (tomando-se
o termo latino como ponto de referência para o conceito).
Sincronia versus Diacronia
Sincronia: do grego ‘syn’ (″juntamente″) + chrónos (“tempo”): ao mesmo tempo Diacronia: do gredo ‘dia’ (″através″) + chrónos (“tempo”): através do tempo.
A
sincronia é o eixo das simultaneidades, no qual devem ser estudadas as relações
entre os fatos existentes ao mesmo tempo num determinado momento do sistema
linguístico, que pode ser tanto no presente quanto no passado. Em outras
palavras, sincronia é sinônimo de descrição, de estudo do funcionamento da
língua. Por outro lado, no eixo das sucessividades ou diacronia, o linguista
tem por objeto de estudo a relação entre um determinado fato e outros
anteriores ou posteriores, que o precederam ou lhe sucederam. Saussure adverte
que tais fatos (diacrônicos) “não têm relação alguma com os sistemas, apesar de
os condicionarem” (p. 101). Em outras palavras, o funcionamento sincrônico da língua pode conviver harmoniosamente com
seus condicionamentos diacrônicos. Acrescente-se ainda que a diacronia divide-se
em história externa (estudo das relações existentes entre os fatores
socioculturais e a evolução linguística) e história interna (trata da evolução
estrutural – fonológica e morfossintática – da língua).
Ferdinand de Saussure enfatizou uma
visão sincrônica, um estudo descritivo da linguística em contraste à visão
diacrônica do estudo da linguística histórica, que é o estudo da mudança dos
signos no eixo das sucessões históricas (através do tempo), e era a forma como
o estudo das línguas era tradicionalmente realizado no século XIX. Com tal
visão sincrônica, Saussure procurou entender a estrutura da linguagem como um
sistema em funcionamento em um dado ponto do tempo (recorte sincrônico), para
além do processo histórico-temporal de mudanças.
Língua versus Fala
Saussure também efetua, em sua
teorização, uma separação entre língua e fala. Para ele, a língua é uma
construção coletiva, um sistema de valores que se opõem uns aos outros e que
está depositado como produto social na mente de cada falante de uma comunidade.
A língua possui homogeneidade e por isto é o objeto da linguística propriamente
dita. Já a fala é um ato individual e está sujeito a fatores externos, muitos
desses não linguísticos e, portanto, não passíveis de análise.
Significante versus Significado
O signo linguístico constitui-se numa combinação de significante e significado, como se fossem dois lados de uma moeda.- O significante do signo linguístico é uma "imagem acústica" (cadeia de sons). Consiste no plano da forma.
- O significado é o conceito, reside no plano do conteúdo.
- Conjuntamente, o significante e o significado forma o signo.
Sintagma versus Paradigma
O sintagma é definido por Saussure
como “a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior”, e
surge a partir da linearidade do signo, ou seja, ele exclui a possibilidade de
pronunciar dois elementos ao mesmo tempo: um termo só passa a ter valor a
partir do momento em que ele se contrasta com outro elemento. Já o paradigma é,
como o próprio autor define, um "banco de reservas" da língua,
fazendo com que suas unidades se oponham, pois uma exclui a outra.
Contudo, indubitavelmente, a teoria do
valor é um dos conceitos cardeais do pensamento de Saussure. Sumariamente, esta
teoria postula que os signos linguísticos estão em relação entre si no sistema
de língua. Entretanto, essa relação é diferencial e negativa, pois um signo só
tem o seu valor na medida em que não é um outro signo qualquer: um signo é
aquilo que os outros signos não são.
FONTES pesquisadas:
CARVALHO, Castelar de. Para compreender
Saussure. 12ª ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
CARVALHO, Castelar de. SAUSSURE E A LÍNGUA
PORTUGUESA, disponível em: http://www.filologia.org.br/viisenefil/09.htm
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