Osho,
Sempre estou me sentindo culpado, como se tivesse cometido grandes crimes. Como posso abandonar essa culpa? Ela está me destruindo e todas as possibilidades para viver minha vida alegremente.
Isso é o que eu estava dizendo agora mesmo: você foi programado de tal modo que não pode viver alegremente. Toda a alegria foi contaminada, toda a alegria foi envenenada, toda a alegria foi condenada.
E você ouviu a condenação repetida muitas vezes — do padre, do pai, dos professores, de todo o mundo —, tanto que ela se tornou uma ideia muito, muito enraizada em você de que há algo errado em ser alegre.
Retorne, lembre-se de seus dias de infância. Sempre que você estava contente, alguém se aproximava para dizer: “O que você está fazendo? Por que você está gritando? Por que você está dançando? Papai está lendo o jornal, ele será perturbado”. O papai e seu tolo jornal, e de repente sua alegria fica mutilada. Você quis correr ao sol e não lhe foi permitido; você foi forçado a sentar-se no quarto em um canto escuro. Você quis escalar as árvores, mas aquela tola lição de casa estava ali e tinha de ser feita. Você quis falar com os pássaros e brincar com os cachorros e as crianças e foi forçado a sentar-se dentro de uma escola como uma prisão durante seis, sete horas...
Você não percebe o que está fazendo com suas crianças, não vê o que foi feito a você. As crianças pequenas estão sendo forçadas a se tornar prisioneiras; sua vida começa a ficar mutilada desde então. Não lhes permitem se mover — e elas são energias borbulhantes. Elas gostariam de cantar, de explodir em canções e danças, de escalar árvores e montanhas, de nadar nos rios e nos oceanos. Mas a dança não é permitida, a celebração não é permitida. O que é permitido é antinatural e o que não é permitido é natural.
Temos de achar um tipo humano de educação no mundo; a educação que existe é muito desumana. Temos de achar formas para que a criança possa brincar ao sol e ainda aprender um pouco de aritmética. Isso pode ser feito — uma vez que sabemos que a aritmética não é tão importante como brincar ao sol; uma vez que o assunto foi decidido, então podemos achar formas. Um pouco de aritmética pode ser ensinada, e um pouco é preciso. Nem todo mundo vai se tornar um Albert Einstein. E esses que vão se tornar Albert Einstein, eles não se preocuparão em brincar ao sol — sua alegria é a aritmética, essa é sua poesia. Então é diferente, então é totalmente diferente; então o crescimento não é impedido e a culpa não é criada.
Eu mesmo nunca me interessei em jogar qualquer jogo em minha infância, mas ninguém me impedia. Eu estava mais interessado em grande poesia, estava mais interessado em grande filosofia, estava mais interessado em religião — esse era meu jogo, essa era minha brincadeira. Isso é outra coisa. Se alguém desfruta a poesia, deixe-o desfrutá-la, e se alguém gosta de trabalhar em uma carpintaria, deixe-o desfrutar isso — cada qual de acordo com sua necessidade.
E não deveria haver uma avaliação sobre quem é superior e quem é inferior. O carpinteiro não é inferior e o matemático não é superior; o matemático está desfrutando sua preferência e o carpinteiro está desfrutando a dele. Se qualquer coisa tiver de ser dita, esta é a idéia — é que a pessoa jovial está certa e a pessoa triste está errada.
Assim, tudo que traz alegria a sua vida é virtude. Mas apenas o oposto foi ensinado a você — tudo que traz alegria a você é pecado, e tudo que o torna miserável é virtude. O padre depende disso, a igreja depende disso; todos os tipos de explorações são possíveis.
Uma vez que um homem foi desviado de seu ser, de sua alegria, então todos os tipos de explorações são possíveis.
Osho, em "A Revolução: Conversas Sobre Kabir"
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