uma visão marxista sobre o negro e sobre o fim da escravidão no Brasil...
lanço um desafio aos historiadores que estiverem lendo esse texto. Identifiquem as verdades fáticas e as falácias contidas no artigo de Zé Maria.
Neste 20 de novembro, Zumbi vive!
Mesmo 125 anos após o fim do regime de escravidão, com a assinatura da
Lei Áurea pela Princesa Isabel, a desigualdade entre negros e brancos é
gritante e vergonhosa, escreve colunista
POR ZÉ MARIA | 19/11/2013 07:15
O
dia 20 de novembro é o Dia da Consciência Negra. A data relembra a
morte do líder Zumbi dos Palmares e é encampada pela maior parte do
movimento negro como o verdadeiro dia de combate ao racismo, em
detrimento do 13 de maio, data oficialesca da “libertação dos escravos”
pela Princesa Isabel. Isso porque o 20 de novembro e a figura de Zumbi
expressam melhor do que qualquer coisa que a luta do povo negro é a
responsável pelo fim da escravidão, e não a benevolência do Império
decadente.
A
luta dos negros e negras pela sua verdadeira libertação, porém, não
terminou aí. Findada a escravidão, a população negra foi marginalizada e
estigmatizada pelo racismo. Cento e vinte cinco anos após o fim do
regime de escravidão, a desigualdade entre negros e brancos é gritante e
vergonhosa. Dados recentes provam isso. A população negra é alvo
preferencial da violência policial nas periferias das grandes cidades.
As mulheres negras são as que mais sofrem a violência machista, e a
média salarial de negros e negras continua sendo muito inferior a dos
demais trabalhadores.POR ZÉ MARIA | 19/11/2013 07:15 |
Opressão e morte
O
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese) divulgou, em 13 de novembro, um levantamento nas regiões
metropolitanas mostrando que, embora representassem 48,2% dos
trabalhadores nessas regiões entre 2011 e 2012, a média salarial do
trabalhador negro chegava a ser 36,1% menor que a de não negros. Isso
ocorre mesmo sendo analisados os salários da mesma região, do número de
horas trabalhadas e da atividade econômica, provando que, no Brasil de
hoje, um trabalhador ganha menos tão somente pela cor da sua pele.
Mas
nada é tão dramático quanto a situação da juventude nas periferias,
classificado pelo movimento negro de “genocídio” sem nenhum exagero.
Estudo recente divulgado pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada
(IPEA), “Segurança Pública e Racismo Institucional”, revela que o
simples fato de ser negro aumenta em oito pontos percentuais as chances
de ser uma vítima de homicídio. Nas grandes cidades, as chances de um
jovem negro ser assassinado é 3,7 vezes maior que a de um branco. A taxa
de homicídio é tamanha que retira 1,73 ano da expectativa de vida de um
negro ao nascer.
Para
que fique bastante claro que não estamos aqui falando apenas de
violência de uma forma geral, mas de uma violência causada pelo racismo,
basta dizer que, de 2002 a 2010, houve redução de 24,8% de homicídios
de brancos, enquanto que as mortes entre os negros aumentaram 36%. Foram
mortos no período 271.422 negros, uma guerra não declarada à juventude
negra e pobre.
O
assassinato do jovem Douglas, de apenas 16 anos, na Zona Norte de São
Paulo é reflexo da violência policial que atinge essa parcela da
juventude. De dentro de uma viatura, o policial efetuou um tiro à
queima-roupa contra o peito do rapaz, que só teve tempo de questionar:
“Por que o senhor fez isso comigo?”. O policial que assassinou o garoto
foi autuado por “homicídio culposo” (quando não há a intenção de matar),
passou poucos dias preso e foi solto, mas a revolta popular se espalhou
pela região. Dois dias depois, outro jovem, Jean, foi assassinado pela
polícia também na Zona Norte.
Essa
escalada da violência policial contra os jovens das periferias provoca
um rechaço cada vez maior à Polícia Militar. Fica cada vez mais claro o
papel racista e elitista desta polícia, enquanto que a questão da
desmilitarização e fim da PM ganha cada vez mais força.
Lutar contra a violência e o racismo
Neste
dia 20 de novembro ocorrerão várias manifestações contra o racismo e em
defesa dos direitos da população negra. Infelizmente, parcela
significativa do movimento negro se encontra hoje atrelada aos governos,
principalmente ao governo federal. No entanto, cresce uma alternativa
independente de organização e mobilização do movimento. O Quilombo Raça e
Classe, ligado à CSP-Conlutas, defende um movimento classista e
independente dos governos e promove, em conjunto com outros movimentos e
coletivos, a Marcha Nacional da Periferia. É uma experiência muito
interessante que surgiu em São Luís (MA) e que agora está se
nacionalizando.
Neste
ano, o slogan da marcha é “Pelos nossos Amarildos, da Copa eu abro mão”
que denuncia a violência policial cujo símbolo mais marcante foi o
brutal assassinato do pedreiro Amarildo Souza, morador da favela da
Rocinha.
A
luta contra o racismo, ao contrário do que muitos podem pensar, não é
uma tarefa apenas dos setores organizados no movimento negro. É uma
questão não só de raça, mas também de classe, pois, se é verdade que
todos os negros são vítimas de racismo nessa sociedade em que vivemos,
os negros e pobres trabalhadores são os que mais sofrem. A batalha pela
igualdade de direitos e condições para negros e brancos é
responsabilidade de todos os trabalhadores e trabalhadoras organizadas
no movimento sindical, nos movimentos sociais, nos partidos de esquerda,
enfim, é uma tarefa colocada a toda a classe trabalhadora.
Como
já dizia Marx: “O trabalhador branco não pode ser emancipado onde o
negro é estigmatizado”. Nesse 20 de novembro, todos à Marcha Nacional da
Periferia! Zumbi vive!
*Zé
Maria é Presidente nacional do PSTU, é diretor da Federação Democrática
dos Metalúrgicos de Minas Gerais e integra a Coordenação Nacional da
CSP
fonte:
http://congressoemfoco.uol. com.br/opiniao/colunistas/ nesse-20-de-novembro-zumbi- vive/
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