sábado, 8 de março de 2014

Austrália pede perdão aos aborígenes



Austrália pede perdão aos aborígenes por injustiças da colonização branca
Da France Presse 

CANBERRA, 13 Fev 2008 (AFP) - O primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, fez nesta quarta-feira um histórico pedido de perdão aos aborígenes pelas injustiças cometidas durante dois séculos de colonização branca e afirmou que queria deste modo "apagar uma grande mancha da alma da nação".
O pedido de desculpas representa um momento decisivo na turbulenta história das relações raciais na Austrália. As redes de televisão o exibiram ao vivo e milhares de pessoas se reuniram diante de telões gigantes nas principais cidades para acompanhar o acontecimento.
"Pedimos perdão pelas leis e as políticas dos sucessivos parlamentos e governos que infligiram humilhação profunda, sofrimento e perdas a nossos compatriotas australianos", disse Rudd no Parlamento.
As galerias públicas do Parlamento estavam lotadas de cidadãos que queriam presenciar o gesto de reconciliação, e cerca de 3.000 pessoas assistiram ao ato em telões instalados nos jardins em frente ao edifício.

Muitos aborígenes viajaram milhares de quilômetros até Canberra e alguns choraram quando Rudd pediu perdão pelas injustiças que os australianos originais sofreram por parte dos colonos britânicos que chegaram a Sydney Cove, em 1788.
"Este é o momento mais significativo para nosso povo desde que nasci", declarou à AFP o aborígene Darryl Towney. "Para nós, isto é como a queda do Muro de Berlim", acrescentou. O pedido de perdão de Rudd foi muito mais longe do que era esperado inicialmente e provocou aplausos estrondosos, gritos de alegria e lágrimas. O ato terminou com uma ovação de pé, tanto dentro como fora do Parlamento.
O primeiro-ministro se referiu aos "maus-tratos do passado" sofridos por todos os aborígenes e não só pelas "gerações roubadas", como são chamadas as milhares de crianças mestiças retiradas de suas famílias até 1970 com o objetivo de assimilá-las pela sociedade branca, enquanto se esperava que os aborígenes puros desaparecessem.
Rudd pediu desculpas de maneira muito mais ampla e utilizou em várias oportunidades a palavra "perdão", uma expressão que teve um enorme significado simbólico para os aborígenes devido à rejeição de seu antecessor, John Howard, em pronunciar a mesma.
Rudd pediu "perdão pela dor, pelo sofrimento e pela vergonha" das gerações roubadas e de suas famílias desagregadas. "Pela indignidade e degradação infligida desta forma a um povo orgulhoso e a uma cultura orgulhosa, pedimos perdão", acrescentou. O trabalhista Rudd, que pôs fim a 11 anos de governo de Howard com uma esmagadora vitória nas eleições de novembro passado, criticou a rejeição de seu antecessor em pedir desculpas apesar de um informe oficial apresentado em 1997 que recomendava essa iniciativa. Howard foi o único ex-primeiro-ministro em vida a não assistir à cerimônia no Parlamento. Seu Partido Liberal, que agora está na oposição, apoiou a moção do pedido de perdão. Rudd afirmou que devia "retirar uma grande mancha da alma da nação e, em um verdadeiro espírito de reconciliação, abrir um novo capítulo na história deste grande país", afirmou.
Cerca de 50.000 crianças foram arrancadas de suas famílias, ressaltou Rudd, acrescentando que havia "algo terrivelmente primário" nas histórias das gerações roubadas. "É uma dor pungente que sai das páginas (do relatório) pelo grito de dano, humilhação, degradação e extrema brutalidade do ato de separar fisicamente uma mãe de seus filhos, que é um profundo ataque a nossos sentimentos", insistiu.
Acredita-se que na Austrália havia cerca de um milhão de aborígenes no início da colonização branca. Hoje, restam apenas cerca de 470.000.
Fonte:


Austrália pedirá desculpas a aborígenes

Giovana Vitola
De Sidney para a BBC Brasil

Descrição: http://www.bbc.co.uk/f/t.gif

Descrição: http://www.bbc.co.uk/f/t.gif
O governo australiano anunciou nesta quarta-feira que fará seu primeiro pedido formal de desculpas à população aborígene por injustiças cometidas no passado.

De acordo com a ministra australiana de Assuntos Indígenas, Jenny Macklin, o pedido de perdão foi marcado para o primeiro dia de atividades do novo Parlamento do país, no dia 13 de fevereiro.
Segundo Macklin, o pedido formal é uma prioridade do novo governo e vai representar um novo começo nas relações entre povos aborígenes e o resto da população.
A ministra afirmou ainda que a decisão "é o primeiro passo para deixar o passado para trás e seguir em frente".
O governo quer se desculpar pela "política de assimilação", que permitia que crianças aborígenes fossem tiradas de suas famílias para viver com famílias brancas.
Milhares de crianças aborígenes foram vítimas dessa política, adotada pelo país entre 1915 e 1969.
Perdão
O primeiro-ministro eleito, Kevin Rudd, anunciou os planos de pedir perdão aos aborígenes durante seu discurso da vitória nas eleições gerais de novembro.
O pedido de perdão já havia sido formalizado pelos governos locais dos seis estados da Austrália. No entanto, o ex-primeiro-ministro John Howard se recusava a aceitar a decisão, dizendo que os abusos cometidos no passado não tinham relação com australianos de hoje.
Mas para o novo primeiro ministro, Kevin Rudd, “o pedido vai ajudar a unir o país”.
Líderes tribais e de organizações de defesa de direitos de aborígenes fizeram campanha pedindo bilhões de dólares de indenização por causa da política de assimilação.
Mas o governo rejeitou a proposta, prometendo criar um fundo para investir na educação e saúde em comunidades aborígenes.
O povo nativo australiano soma atualmente 450 mil pessoas e é considerado o grupo étnico mais pobre do país.
O grupo registra altos índices de analfabetismo e desemprego, e a expectativa de vida dos aborígenes é 17 anos inferior ao resto da população australiana.



Nenhum comentário:

Postar um comentário