Austrália pede perdão aos aborígenes
por injustiças da colonização branca
Da France
Presse
CANBERRA,
13 Fev 2008 (AFP) - O primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, fez nesta
quarta-feira um histórico pedido de perdão aos aborígenes pelas injustiças
cometidas durante dois séculos de colonização branca e afirmou que queria deste
modo "apagar uma grande mancha da alma da nação".
O pedido
de desculpas representa um momento decisivo na turbulenta história das relações
raciais na Austrália. As redes de televisão o exibiram ao vivo e milhares de
pessoas se reuniram diante de telões gigantes nas principais cidades para
acompanhar o acontecimento.
"Pedimos
perdão pelas leis e as políticas dos sucessivos parlamentos e governos que
infligiram humilhação profunda, sofrimento e perdas a nossos compatriotas
australianos", disse Rudd no Parlamento.
As
galerias públicas do Parlamento estavam lotadas de cidadãos que queriam
presenciar o gesto de reconciliação, e cerca de 3.000 pessoas assistiram ao ato
em telões instalados nos jardins em frente ao edifício.
Muitos aborígenes viajaram milhares de quilômetros até Canberra e alguns choraram quando Rudd pediu perdão pelas injustiças que os australianos originais sofreram por parte dos colonos britânicos que chegaram a Sydney Cove, em 1788.
"Este
é o momento mais significativo para nosso povo desde que nasci", declarou
à AFP o aborígene Darryl Towney. "Para nós, isto é como a queda do Muro de
Berlim", acrescentou. O pedido de perdão de Rudd foi muito mais longe do
que era esperado inicialmente e provocou aplausos estrondosos, gritos de
alegria e lágrimas. O ato terminou com uma ovação de pé, tanto dentro como fora
do Parlamento.
O
primeiro-ministro se referiu aos "maus-tratos do passado" sofridos
por todos os aborígenes e não só pelas "gerações roubadas", como são
chamadas as milhares de crianças mestiças retiradas de suas famílias até 1970
com o objetivo de assimilá-las pela sociedade branca, enquanto se esperava que
os aborígenes puros desaparecessem.
Rudd
pediu desculpas de maneira muito mais ampla e utilizou em várias oportunidades
a palavra "perdão", uma expressão que teve um enorme significado
simbólico para os aborígenes devido à rejeição de seu antecessor, John Howard,
em pronunciar a mesma.
Rudd
pediu "perdão pela dor, pelo sofrimento e pela vergonha" das gerações
roubadas e de suas famílias desagregadas. "Pela indignidade e degradação infligida
desta forma a um povo orgulhoso e a uma cultura orgulhosa, pedimos
perdão", acrescentou. O trabalhista Rudd, que pôs fim a 11 anos de governo
de Howard com uma esmagadora vitória nas eleições de novembro passado, criticou
a rejeição de seu antecessor em pedir desculpas apesar de um informe oficial
apresentado em 1997 que recomendava essa iniciativa. Howard foi o único
ex-primeiro-ministro em vida a não assistir à cerimônia no Parlamento. Seu
Partido Liberal, que agora está na oposição, apoiou a moção do pedido de
perdão. Rudd afirmou que devia "retirar uma grande mancha da alma da nação
e, em um verdadeiro espírito de reconciliação, abrir um novo capítulo na
história deste grande país", afirmou.
Cerca de
50.000 crianças foram arrancadas de suas famílias, ressaltou Rudd,
acrescentando que havia "algo terrivelmente primário" nas histórias
das gerações roubadas. "É uma dor pungente que sai das páginas (do
relatório) pelo grito de dano, humilhação, degradação e extrema brutalidade do
ato de separar fisicamente uma mãe de seus filhos, que é um profundo ataque a
nossos sentimentos", insistiu.
Acredita-se
que na Austrália havia cerca de um milhão de aborígenes no início da
colonização branca. Hoje, restam apenas cerca de 470.000.
Fonte:
Austrália
pedirá desculpas a aborígenes
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O governo australiano anunciou nesta quarta-feira
que fará seu primeiro pedido formal de desculpas à população aborígene por
injustiças cometidas no passado.
De acordo com a ministra australiana de Assuntos
Indígenas, Jenny Macklin, o pedido de perdão foi marcado para o primeiro dia
de atividades do novo Parlamento do país, no dia 13 de fevereiro.
Segundo Macklin, o pedido formal é uma prioridade
do novo governo e vai representar um novo começo nas relações entre povos
aborígenes e o resto da população.
A ministra afirmou ainda que a decisão "é o
primeiro passo para deixar o passado para trás e seguir em frente".
O governo quer se desculpar pela "política
de assimilação", que permitia que crianças aborígenes fossem tiradas de
suas famílias para viver com famílias brancas.
Milhares de crianças aborígenes foram vítimas
dessa política, adotada pelo país entre 1915 e 1969.
Perdão
O primeiro-ministro eleito, Kevin Rudd, anunciou
os planos de pedir perdão aos aborígenes durante seu discurso da vitória nas
eleições gerais de novembro.
O pedido de perdão já havia sido formalizado
pelos governos locais dos seis estados da Austrália. No entanto, o
ex-primeiro-ministro John Howard se recusava a aceitar a decisão, dizendo que
os abusos cometidos no passado não tinham relação com australianos de hoje.
Mas para o novo primeiro ministro, Kevin Rudd, “o
pedido vai ajudar a unir o país”.
Líderes tribais e de organizações de defesa de
direitos de aborígenes fizeram campanha pedindo bilhões de dólares de
indenização por causa da política de assimilação.
Mas o governo rejeitou a proposta, prometendo
criar um fundo para investir na educação e saúde em comunidades aborígenes.
O povo nativo australiano soma atualmente 450 mil
pessoas e é considerado o grupo étnico mais pobre do país.
O grupo registra altos índices de analfabetismo e
desemprego, e a expectativa de vida dos aborígenes é 17 anos inferior ao
resto da população australiana.
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