“Quando sua mente está mais desequilibrada é que você mais precisa meditar”
(Alan Wallace)
Abaixo segue um conjunto sucinto de instruções para a prática da meditação shamatha,
um dos tipos de meditação destinada ao apaziguamento da mente
(geralmente através da atenção na respiração).
A entrevista trata da importância de 'meditar' quando estamos vivenciando desequilíbrio ou confusão em nossas mentes.
A apresentação é feita por Alan Wallace*, que traz uma abordagem sempre muito clara e detalhada sobre o
contato e o trabalho sobre a mente. A entrevista trata da importância de 'meditar' quando estamos vivenciando desequilíbrio ou confusão em nossas mentes.
Na
essência da mensagem, a importância de meditar quando mais a mente
precisa, ou seja, no desequilíbrio.
Segue abaixo o trecho das instruções, com agradecimentos ao professor Alan Wallace* e à Jeanne Pilli**.
Alan Wallace traz sempre uma abordagem bastante clara e detalhada sobre o trabalho que deve ser fazer com a mente.
Alan Wallace traz sempre uma abordagem bastante clara e detalhada sobre o trabalho que deve ser fazer com a mente.
“Para avaliarmos se estamos fazendo a prática de shamatha corretamente, há sempre duas coisas a serem consideradas: o que a sua mente está trazendo para você e o que você está trazendo para a sua mente. São duas coisas bem diferentes.
Algumas vezes durante a prática surgirão muitos pensamentos, não há
como controlar, não há como escolher que isso seja diferente. Então você
simplesmente repousa: muitos pensamentos vêm, muitos pensamentos vão.
Você não está fazendo nada de errado; é assim que as coisas são. Mas se
quando surgirem muitos pensamentos você for carregado por eles, aí sim:
isso é distração, agitação.
Outras vezes, sua mente estará bem quieta, com poucos pensamentos. E
isso também não quer dizer que você esteja fazendo a prática
corretamente. Sua mente está simplesmente quieta. Neste caso, a mente
está trazendo pouco pra você.
O que nós devemos trazer para a prática, seja lá como estiver a nossa
mente, é a habilidade de não sermos carregados pelos pensamentos, de
permitir que a nossa consciência permaneça em repouso, iluminando o
nosso objeto de meditação, seja a respiração, seja o espaço da mente e
eventos mentais, seja a própria consciência.
Portanto, é importante avaliar a sua prática em termos do que você
está trazendo para a prática e não com base no que a mente está trazendo
pra você.
Essa distinção é muito importante. Na nossa vida, alguns dias serão
piores que outros. Haverá dias muito conturbados, com muito trabalho,
muitas preocupações, dias ruins. A mente estará bastante irritada, toda a
nossa energia estará perturbada. Pode ser que você se sente
para praticar e dois minutos depois desista: “Esqueça! Hoje não vai dar
pra meditar!” E então se levante, vá ver TV, ou vá para a internet. Isso
é como estar muito doente e pensar: “Ah… estou tão doente! Estou muito
doente pra tomar remédio! Vou deixar pra quando estiver me sentindo
melhor!”
Nesses dias em que a sua mente estiver verdadeiramente uma confusão,
você pode simplesmente se deitar na sua cama, com um travesseiro macio
sob a sua cabeça e soltar completamente a tensão do corpo, a cada
expiração, relaxar completamente, deixar o corpo respirar sem esforço,
em seu ritmo natural. Relaxe até o finalzinho da expiração e nesse
momento deixe a mente bem quieta, sem nenhum blá, blá, blá. E então
permita que o ar entre novamente, sem puxá-lo, em total quietude.
Faça isso por 24 minutos. A mente que você trouxe para a prática pode
estar completamente perturbada, atirando pensamentos, pedras, lama,
tudo o que é tipo de coisa em você. Não há como controlar isso! É o que a
mente está trazendo para você. Mas o que você está trazendo para a sua
mente é tão doce, tão suave, tão tranquilizador, que após 24 minutos sua
mente estará mais calma, quieta, equilibrada. E aí sim, no final da
sessão avalie: esta foi uma boa sessão ou não? Talvez uma sessão difícil
em termos do que a mente trouxe para você mas uma boa sessão em termos
do que você trouxe para a mente.
É nos momentos em que a sua mente está mais desequilibrada que você mais precisa meditar.”
~ Alan Wallace, Retiro sobre os “Seis Bardos em A Essência Vajra”, Viamão, 23 de janeiro de 2014
FONTE: http://dharmalog.com/2014/02/04/alan-wallace-mente-meditar-meditacao/
*PhD em Estudos Religiosos na Stanford University (EUA), fundador da Santa Barbara Institute for Consciousness Studies (EUA) e autor de livros como “A Revolução da Atenção” e “Hidden Dimensions: The Unification of Physics and Consciousness”,
**Jeanne Pilli foi quem traduziu e transcreveu (Equilibrando.Me) as instruções supracitadas, gentilmente permitindo sua reprodução.
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