Perdão
Flavio Siqueira
Perdoar
é difícil porque não pressupõe reciprocidade, tampouco deve se vincular
a escancaradas ou tímidas demonstrações de arrependimento justamente
por uma razão: Não perdoo para o outro, mas para mim.
É
o perdão que me liberta do corrosivo sentimento de ter sido
injustiçado, vítima de qualquer coisa, ainda que de fato eu tenha sido
ofendido. Estou falando sobre um passo além, sobre uma perspectiva
acima, sobre um olhar que transcende e não pode se condicionar a nenhum
tipo de expectativa, deixando-se sequestrar na dependência de que, antes
que eu perdoe, o outro me peça perdão.
Arrepender-se,
pedir perdão, tomar consciência da ofensa é importante para o ofensor,
isso o libertará do peso do ato, ainda que porventura tenha que pagar
pelo que fez, no entanto, meu perdão só será genuíno se, quando o
arrependido chegar, antes mesmo, ele já estiver perdoado por mim.
Não é fácil e, talvez por isso, seja um exercício tão profundo e tão pouco praticado. Experimente !
Perdão não é um aval para que o
outro me fira, nem sinônimo de bondade, de "dar a outra face". Perdão
tem a ver com livrar-se do sentimento corrosivo de que foi injustiçado,
de que alguém te fez mal.
Pode ser que realmente tenha
feito, mas considere que tudo o que pensa está relacionado a perspectiva
de onde você está hoje e não necessariamente reflete as complexidades
da vida e das relações.
Lembre-se, todo santo é ou já foi
diabo para alguém, inclusive você. Perdoar não significa ser amigo,
conviver, dar beijinho no rosto, mas seguir adiante em liberdade, sem
cultivar em sua consciência a sensação de que tem o "direito" de
condenar quem quer que seja. Você não tem. Você quase não enxerga além
das próprias causas, como pensa que sabe as intenções do outro?
E depois que perdoar, como lidar
com a pessoa? O que fazer?
É você quem decidirá, pode ser que retomem, pode ser que não se falem novamente, creio que isso não seja tão importante. O que vale é que, decida por qual caminho decidir, o fará em liberdade, com a leveza de quem simplesmente largou a âncora do rancor e resolveu seguir adiante. Trata-se de uma escolha. Uma escolha sua.
É você quem decidirá, pode ser que retomem, pode ser que não se falem novamente, creio que isso não seja tão importante. O que vale é que, decida por qual caminho decidir, o fará em liberdade, com a leveza de quem simplesmente largou a âncora do rancor e resolveu seguir adiante. Trata-se de uma escolha. Uma escolha sua.
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