Como se define um estado
psicótico?
O aspecto fundamental da psicose é
a perda do contato com a realidade.
Os psicóticos, quando não estão em crise, zelam pelo seu bem estar,
alimentam-se, evitam machucar-se, têm interesse sexual e estabelecem contato com
pessoas reais. Isto tudo é indício da existência de um relacionamento com o
mundo real.
A psicose propriamente dita começa quando o sujeito passa a "relaciona-se" com pessoas ou coisas que não existem concretamente,
mas apenas em sua imaginação doentia. Seu comportamento passa a ser
incompreensível, ao mesmo tempo em que a realidade patente significa
pouco ou nada para ele.
Quando
crianças, pegamos
um objeto qualquer, como por exemplo, uma pedrinha ou semente e, com
nossa imaginação fértil, passamos a ver ali outra coisa! O valor
instantaneamente
se transforma. Quando olhamos a
criança brincando assim, sabemos que ela não está em surto psicótico,
alucinando... a criança simplesmente está no seu direito de brincar.
Mas, que diríamos se
continuássemos fazendo a mesma brincadeira depois de adultos?
Um médico seguramente diria que
não estamos bem. Por que? Porque, embora maduros, continuamos tomando um objeto
por outro, enxergando naquele objeto, um valor ou um poder que na
verdade o objeto não possui.
Agora, o que você diria se alguém pintasse uma
porção de tiras de papel e saísse dizendo que tais tirinhas coloridas valem uma
fortuna! Você acreditaria, levaria o sujeito a sério? O sujeito lhe diz que, com tais
papéis coloridos ou com aquelas pedrinhas coloridas, você poderia comprar casas, almoçar em
ótimos restaurantes ou adquirir belo automóvel... Você concordaria ou aconselharia urgente tratamento psiquiátrico?
Tal comportamento, antes
inofensivo, agora se torna preocupante, inconveniente,
absurdo, surreal, insano...
Mas,
se o sujeito encontrasse mais dez pessoas que aderissem ao
'faz-de-conta' e resolvessem todos apoiar a crença no valor fantástico
dos tais papéis pintados? O insano e absurdo levaria a todos para
internação em hospício. O problema não deixou de existir,
mas se agravou, não é claro?
Agora, vamos um pouco mais longe e considere que o sujeito conseguisse
convencer cem outras pessoas a se iludirem junto com ela? O cenário se tornaria menos
ou mais insano?
Só que agora, um outro fenômeno estranho começa a ocorrer. Começa a ficar cada vez mais difícil rotular tantas pessoas ao mesmo tempo, dizendo: são psicóticas!
Alguém já pensaria duas vezes antes de rotulá-las. Mas, a insanidade deixou de ser insanidade? A psicose deixou de ser psicose porque a quantidade de pessoas que aderiu à ilusão aumentou?
Só que agora, um outro fenômeno estranho começa a ocorrer. Começa a ficar cada vez mais difícil rotular tantas pessoas ao mesmo tempo, dizendo: são psicóticas!
Alguém já pensaria duas vezes antes de rotulá-las. Mas, a insanidade deixou de ser insanidade? A psicose deixou de ser psicose porque a quantidade de pessoas que aderiu à ilusão aumentou?
A
coisa toda começa a ficar muito grave quando mil pessoas começam
a entrar em idêntico surto psicótico coletivo, crendo todas que os tais
papéis pintados ou as tais pedrinhas, têm realmente o valor fantástico
que o primeiro grupo lhes disse ter.
O que aconteceria se um ou dois bilhões
de pessoas acreditassem, seguindo a mesma programação cultural iniciada assim
que nasceram, que os tais papéis coloridos e pedrinhas brilhantes são muito
valiosos?
Algumas coisas assombrosas
aconteceriam:
Primeiramente, aquilo que era definido como psicose, enfermidade,
demência mental e absurdo, passaria logo a ser visto como
normal, saudável, real e, pasme, desejável.
Numa inversão igualmente absurda, todo aquele que não se fascinasse ou encantasse pelos papéis coloridos e pedrinhas brilhantes, passaria logo a ser rotulado de insensato, desajustado, um subversivo perigoso.
Numa inversão igualmente absurda, todo aquele que não se fascinasse ou encantasse pelos papéis coloridos e pedrinhas brilhantes, passaria logo a ser rotulado de insensato, desajustado, um subversivo perigoso.
Por fim, num frenesi alucinante, muitas pessoas também começariam
a pintar seus próprios papéis ou
passariam a catar também por aí as suas próprias pedrinhas brilhantes e por fim estariam também a construir seus
próprios impérios e castelos de areia...
Por fim, seriam capazes de passar
suas vidas na beira dessa praia metafórica, entretidas nos projetos de muitos castelos de
areia... seriam bem capazes de passarem o pouco tempo de que dispõem brigando e
sofrendo de forma sádica ou masoquista, só para
depois de algum tempo, verem que a mesma praia por fim leva seus formosos castelos
de areia de volta para o mar.
Será que ninguém acha estranha essa cena? Ninguém se admira que passe
toda uma existência construindo castelos de areia na beira da praia?
Alguém um dia se perguntará o que faz ali brincando com papéis coloridos e pedrinhas brilhantes?
Por acaso não notam que seus castelos logo serão engolidos pelas ondas da praia??
Por acaso não notam que seus castelos logo serão engolidos pelas ondas da praia??
Mas se você pensa que a insanidade termina por aí, se enganou!
Porque alguém achou por bem
que não deveria haver papéis coloridos ou pedrinhas brilhantes
suficientes para todos! E logo, todos, ainda em surto psicótico, começaram também
a achar isso normal e razoável.
Agora, pedrinhas são escassas, apesar de estarem todos andando sobre quase infinita quantidade de pedras.
Agora, a doença está em um estágio tão avançado que se supõe não
haver papéis coloridos para todos!!
Alucinados, alguns comem até passarem
mal e ao lado, outros choram de fome... Tudo acontecendo ao mesmo tempo em que todos jazem sentados sobre quantidades
infinitas de alimento...
Passando agora nossa metáfora a um outro nível: notamos que alguns gozam de saúde enquanto outros definham de dor em filas dantescas, apesar de todos indistintamente disporem de mananciais inesgotáveis de remédios, de graça, ao redor ou dentro de suas 'próprias casas'!!
Mas não veem, seus
olhos seguem lamentavelmente vendados.
Em surto psicótico, enxergam apenas miséria e escassez.
A violência é o método preferido de muitos psicóticos. Ela é o “mal
necessário” dos insanos.
Eis o diagóstico de uma psicose
coletiva...
Silvio MMax.
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